Num jogo muito sofrido, na Vila das Aves, perante um ruidoso mar vermelho nas bancadas, o Benfica deu mais um passo rumo ao título ao vencer a equipa da casa por uma bola a zero. Quando apenas uma formação tentou jogar futebol, tendo as outras duas feito tudo e mais alguma coisa para prejudicar o Benfica e o espectáculo, as coisas ficam complicadas. Contudo, bastou um grande golo do Nuno Gomes para dar a décima vitória em onze jogos consecutivos sem perder ao recém-aniversariante Benfica. A vitória vai inteirinha para Manuel Bento!
O Benfica entrava em campo já omnisciente do arregaçar de calcinhas por parte do amigo Jorge, a pressão era enorme. Fernando Santos escalonou o onze que já se vinha prevendo durante a semana: a única troca foi a entrada de Derlei para o lugar do castigado Luisão; Katsouranis jogou a central. Os benfiquistas envergavam aquele malfadado equipamento alternativo cor-de-vomitado que, normalmente, não nos dá sorte nenhuma. Mas a confiança era grande.
O posicionamento inicial dos jogadores do Benfica foi anormal. Fernando Santos teve o desplante de colocar Derlei a interior esquerdo, Simão a dez, e Karagounis a interior direito, muito perdido. Na maioria dos ataques, era Nuno Gomes quem descaía para a esquerda para receber a bola, permitindo inúmeras triangulações com Léo, um dos jogadores mais activos na primeira metade. O Aves estava bem organizado, defendia com onze atrás da linha da bola, e aproveitava este mau posicionamento para impedir que o Benfica criasse jogadas de perigo. Muitas vezes a falta era o recurso utilizado para parar os jogadores encarnados antes de criarem lances perigosos.
Foi neste cenário que, à passagem da meia hora, Jorge - "o arguido" - Sousa decidiu assinalar uma grande penalidade - 400 dias depois da última assinalada contra o Benfica - a favor do Desportivo num lance, no mínimo, discutível. Hernâni - a interrupção voluntária da gravidez com maior toque de bola, jamais vista - foi chamado a marcar, o que fez da melhor maneira, permitindo a defesa de Quim. Assim chegou o intervalo, com o nulo a premiar a equipa melhor organizada e a prejudicar quem não teve a garra para fazer mais.
Mas a entrada para a segunda parte foi totalmente diferente. O Engenheiro remodelou a disposição do meio-campo encarnado, deslocando Derlei para a direita, Simão para a esquerda e colocando Petit e Karagounis no centro mais recuado do meio-campo. Mais raçudos, incisivos e rematadores, os jogadores do Benfica entraram com os olhos postos na baliza. Até que, numa grande jogada, o melhor ponta-de-lança português voltou a facturar pela segunda semana consecutiva.
A partir daí, o jogo perdeu qualidade. Muito disputado a meio-campo, muitas faltas assinaladas e imensos amarelos mostrados a jogadores das duas equipas. Nem com a expulsão do ex-benfiquista Sérgio Nunes o Benfica conseguiu assumir o comando da partida: o Aves tornou-se mais agressivo e audaz o suficiente para provocar um ou dois orgasmos aos comentadores da Tvi. Nada que pusesse em causa a vitória do glorioso.
Karagounis foi, para mim, o Melhor em Campo. Vem em claro crescimento de forma e está a tornar-se num grande pesadelo para os adversários. Léo, Quim, Nuno Gomes e Petit também estiveram, a meu ver, em destaque. Destaque também para a boa exibição e polivalência do grego Katsouranis e para a habitual preponderância de Simão nos lances mais ofensivos. Quanto a Fernando Santos, a falta de rotatividade continua a ser 'O' problema. João Coimbra jogou mais um mísero minuto, Paulo Jorge jogou cerca de dez, e a outra substituição ficou por utilizar. Nada sensato quando se treina uma equipa com uma grande carga competitiva.
Jorge Sousa foi outro dos grandes protagonistas da noite, tendo exibido 12 cartões amarelos (6 para cada lado) e um cartão vermelho. Fica ainda marcada a sua exibição por mais alguns lances duvidosos, típicos de um árbitro portuense arguído no Apito Dourado.
Resumindo, o jogo valeu pelos três pontos, e o Benfica mostrou que tem estofo de campeão! Para a semana recebemos o Leiria. Mas antes, vamos a Paris, na quinta-feira.
Saudações Benfiquistas!
PS: Decidi voltar a utilizar este tipo de letra, uma vez que não fazia sentido usar uma letra diferente de todos os meus companheiros de blog. Gostava mais da outra, mas, paciência. Estamos a tentar mudar de visual, pelo que será apenas a curto prazo.
A "Dobradinha" em 1963/1964 (Parte III)
Há 7 horas
4 comentários:
Excelente crónica...
Com um reparo. Não é culpa tua, mas o Petit viu o 3ºAmarelo e não o 4º...O erro foi da TVI.
Ah! Óptimo! :)
Fez-se o necessário, mas tanto sofrimento era escusado...
Carrega Benfica!!!!!!!
Nuno Resolveu!
Saudações Gloriosas
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