sexta-feira, 18 de maio de 2007

Nothing Else Matters

Peço-vos que leiam este post com muita calma e capacidade de abstracção.

Imaginem-se no meio do nada e o vosso(a) companheiro(a) traz-vos um barco (leia-se: um sonho, um desejo) como presente. Nada de anormal, se o contexto da história não se passasse numa imensidão de… gelo (leia-se: dificuldades).

Indiferentes a tudo, mesmo sabendo que a época era de invernia e que as temperaturas não permitiriam por água dentro entrar, caminharam alegre e solidariamente até que o sonho se cumprisse. De mãos dadas e firmes no seu propósito, avançaram rumo ao rio mais próximo para libertar as amarras deste desafio. De nada serviu.

Partiam de noite e chegavam ao destino pela manhã. Fizesse chuva, vento ou sol, lá estavam eles a tentar quebrar, literalmente, o gelo que os envolvia e que os impedia de cumprir a sua vontade. Não saberiam eles que só na próxima estação o degelo aconteceria? Não poderiam eles remeter-se à conformidade do ambiente que os rodeava? Porquê tanta entrega, tanto esforço para voltar a casa sem a recompensa devida?

Mas em momento algum se lhes notaram cansaço ou desânimo. A força do querer de ambos era tal, que um qualquer sorriso disfarçava a frustração que pudesse existir. O barco haveria de navegar. Mais tarde ou mais cedo assim aconteceria.

… E um dia aconteceu! O gelo tornou-se mar, a persistência venceu as barreiras do meio adverso e o barco, finalmente, partiu. Aquele que antes não passava de um projecto, de um anseio, acabou por se tornar num elemento real de admiração e contemplação. Tudo estava consumado.

Juntos, confiantes na sua vitória e cientes que só o trabalho, a ajuda mútua e o companheirismo os trouxera até ali, renderam-se à evidência da maravilha que acabavam de provar poder existir: a fé, a crença num ideal, a busca determinada de um objectivo.

Esta não é mais que a história de muitos nós, escrita por outras linhas, naturalmente.

Não sei se já tiveram oportunidade de visionar um clip, velhinho, dos Apocalyptica, numa versão do “Nothing Else Matters” (Metallica)? Pois bem… há lições que se aprendem nas coisas mais simples da vida. No fim deste post, encontra-se o vídeo a que me refiro e que retracta estes parágrafos que atrás escrevi. Dissociá-los seria um erro.

A nossa história, como benfiquistas, poderia começar assim:

“Um dia alguém trouxe-nos uma prenda. Não importa quem. Era de um vermelho ardente que ilumina a alma. A partir daquele momento, o “antes” não existia e o “depois” seria melhor. O “agora”? O “agora” é feito de gelo”.

Hoje, poderemos não ter sido os melhores e o gelo impedir-nos de partir, mas já é noite e, antes que amanheça, quero ser um dos primeiros a acreditar que o barco vai seguir o seu rumo novamente.

Um grande reconhecimento e obrigado a todos aqueles que não desistem.

O resto? … “Nothing Else Matters


http://www.youtube.com/watch?v=rbTozgoj9OQ

2 comentários:

Marquês de Barrabás disse...

Ninguém afunda o barco!

Sir disse...

Muito bem sr. pteixeira, de regresso depois de solucionados os problemas técnicos!

Cumprimentos. :)