Poderão dizer que foi precipitada a minha análise, aquando do anúncio do lançamento da Oferta Pública de Aquisição, bem como a presente tentativa de rectificação de alguns pressupostos que anteriormente assumi. Eu diria antes… nem tanto ao mar, nem tanto à terra! Continuo a encontrar perigos (janelas de oportunidade?) nesta operação, mas, claramente, face há uma semana atrás, o meu nível de esclarecimento é maior.
Mais importante que saber porque é que cada accionista quer vender um bocadinho da sua Sociedade Desportiva, importa perceber os propósitos que movem aquele que o quer comprar. Não estamos, propriamente, a falar de uma mera transacção financeira (também ela merecedora dos devidos esclarecimentos, diga-se) entre pessoas que só querem fazer dinheiro à custa do “timing” correcto de compra/venda. Existe sentimento envolvido!
Nesse sentido, é de louvar a exposição de ideias que o Sr. Berardo tem vindo, aos poucos e poucos, a fazer. Já todos percebemos que a sua influência na gestão far-se-á sentir, tenha ele 30%, 40% ou 50% do capital social da SAD, daí começar a desenhar-se um cenário bíblico, que passo a descrever.
Seguindo ou não a religião católica, penso ser do conhecimento geral a existência de uma época a que se chamou de “Êxodo”, em que Moisés, na tentativa de libertar o seu povo da escravidão, conduziu-o através do Mar Vermelho, em busca da Terra Prometida. Pequemos agora um pouco, correlacionando o profeta com Luís Filipe Vieira. No fundo, ele também tenta levar-nos para algum lado e, convenhamos, promessas é com ele mesmo.
Ora… como se constituía um cabo dos trabalhos explicar àquela gente toda que Moisés se tinha enganado no caminho e que, dar a volta à margem, só ia atrasar a hora da janta, lá se arranjou um vento forte que dividiu o mar em dois. Assim, os Judeus conseguiriam atravessar a seco para o outro lado. Intitulemos o “vento forte” de Berardo. Não nos enganamos na analogia se pensarmos que “convulsões” e “remexer de terra” foram e são características que o ajudaram a “abrir caminho” à sua fortuna.
Entretanto, o povo maravilhado com a possibilidade de poupar dinheiro em futuras terraplanagens (aquela técnica de abrir caminho era muito à frente), pôs-se em marcha alegremente. O que é que poderia correr mal? Antes, não tinham nada! O máximo que lhes poderia acontecer era serem engolidos pela força do mar, não fosse aquela estrutura (existia estrutura visível?) desabar. Não será necessário dizer quem é, nesta história, o “povo”, pois não?
Bem… se o povo foge, é porque alguém lhe quer fazer mal. Escusado será dizer que o Faraó e subalternos (não confundir com “Alterne”) andavam numa correria louca pelo facto da criadagem estar toda a debandar. Sem oprimidos, não se justifica a existência de opressores. Na ausência de Bobys e Tarecos, mande-se lá os cavalos e os cavaleiros à caça dos desalinhados. No entanto, eis que surge uma bola de fogo a rasgar o céu, que os impede de atingir o alvo pretendido. Ficam retidos na outra margem, assustados e renitentes em prosseguir. É escusado referir a quem chamo de “bola de fogo”, não é? Muitos nomes tem o... Senhor!
Mas o melhor ainda estava para vir. Com a esperança de alcançar a Terra Prometida, sentindo que estava a ser protegido pelo Senhor, o povo chega à outra margem (apenas um objectivo do longo caminho). No entanto, alguns foram “abalados” pela força do vento forte.
Ao constatarem este cenário provocatório contra o seu poder, julgando-se capazes de enfrentar as forças da natureza, os Egípcios investiram ferozmente por entre um caminho que consideravam seguro, mas foram engolidos pelas águas daquele a quem chamaram de Mar Vermelho. Não mais arrogância e tirania existiriam!
No desporto, como em tudo na vida, também existe a outra margem e vários são os caminhos para lá chegar. Imaginem-se de bordão na mão (tal qual Moisés) a pensar se ordenam o “milagre” ou se contornam o mar. Para o bem ou para o mal, a resposta parece-me óbvia...
Ahh… relembro só um pequeno pormenor desta história bíblica: Moisés não chegou à Terra Prometida…
7 comentários:
Tremenda capacidade de compor escritos artísticos,parabéns.
Já quanto ao assunto...ou sou mais energumeno do que penso,ou essas analogias bíblicas todas "soterraram" o esclarecimento do assunto (sério).
Perdoa-me lá pteixeira,mas foi como se lesse algo como a a primeira epístola de S. Paulo aos coríntios...ehehe ;)
No fundo, o que o texto quer dizer é o seguinte:
1º Já não vejo o Sr. Berardo como um bicho papão (traumas de Vale e Azevedo);
2º Na caminhada para a "Terra Prometida" (sucesso financeiro, vitórias desportivas, 300 mil sócios e por aí fora), existe um alguém (LFV) que conduz o povo benfiquista;
3º Perante ditadores faraónicos (Pinto da Costa, Oliveirinhas e afins), uma força superior (Berardo) teve se surgir porque senão, dificilmente íamos lá (aquilo a que chamo de força da natureza ou milagre);
4º A forma como essa força da natureza surge, não deixa de cair como "bola de fogo" (queima) em cima das cabeças desses senhores, que já preparavam alguma contra o Benfica;
5º Uma vez que o povo esteja todo do lado da margem (uma interpretação possível: capacidade financeira para poder competir), podemos deixá-los (aos Pintos e aos Oliveiras) avançar pelo meio das águas porque a força do Mar Vermelho (nós, Benfica) será implacável;
6º No meio deste processo de passagem para a outra margem, o "vento forte" já atingiu gente da casa (a questão Rui Costa);
7º Perante o objectivo de "destruição do inimigo", só nos resta, efectivamente, ir à procura da Terra Prometida. Se Moisés (LFV) lá chegará (oposição de Berardo?), isso não sei. A Bíblia conta que não. A nós… pouco mais resta que esperar o “milagre” acontecer.
Abraço.
Ok,ficou claro,lol.Compreendo as preocupações,mas para as perdermos ou elas sucederem,precisamos aguardar e ver (de preferência a solução mais favorável).
Do pouco que vi,foi um Sr.Berardo sem papas na língua (quanto muito,tava com algum espinho na boca,quando falou do Rui),o que nem sempre pode ser bom (como se viu) e uma SAD,permissiva,no sentido que deixou andar os ditos comentários,só se pronunciando sobre eles,basicamente,no término da "polémica".
Vejamos até onde este pequeno esboço,irá...
Fantástico.
Nem era preciso as explicações.
Quanto ao facto de Moisés não ter chegado à Terra Prometida não significa propriamente uma perda irreparável, pois aí quem tomou o comando do rebanho foi Josué (leia-se Rui Costa).
EHEHEH
"Nem só de pão vive o homem", nem Moisés podia fazer tudo sozinho. Levou o povo até à terra prometida, sem entrar nela, e cumpriu a sua missão. Outros vieram para a completar.
A metáfora bíblica não vive só de milagres, exige muitos sacrifícios e devoção. Eu creio em Berardo quase todo poderoso.
Católicos? A minha religião é o Benfiquismo.
Excelente, p. Como sempre!
Abraço.
Campeões, Campeões, Nós somos Campeões!!!
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Benfica Sempre, mesmo depois da morte!
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