Vou-vos contar uma história simples e espero que percebam a analogia, relativamente ao Benfica:
Este Verão subi, pela primeira vez, a montanha do Pico (ponto mais elevado de Portugal – 2351 metros). Podia ter iniciado a minha aventura pelo K2 ou pelo Evereste, mas achei prudente começar a vencer as montanhas mais pequenas, não fosse acontecer algum percalço. Imaginando eu que o caminho seria difícil de percorrer, que o esforço e a vontade de lá chegar me abririam o apetite e que, no cimo, fazia um frio de rachar, optei por me precaver com roupa suficiente, equipamento adequado e comida energética q.b.
Ah… não menos importante, contratámos um guia muito competente para nos indicar o caminho.
Qualquer que fosse o sacrifício para lá chegar, era merecedor pela maravilhosa vista que de lá teríamos. Dores nas pernas, dificuldades de respiração, cansaço ou qualquer outro obstáculo seriam presenças constantes na subida, mas o mais importante seria chegar ao cume. Frio, fome e sede não teria porque estava preparado. Houve quem não tivesse levado roupa suficiente, houve quem não tivesse usado calçado adequado, houve quem não levasse a sério os perigos da subida à montanha, tal a ânsia de lá chegar.
Como vos disse, escoriações existiram, a roupa ficou em mau estado, as dores nos músculos também foram em grande número, mas a satisfação de lá chegar superou qualquer dificuldade. Lá do topo (onde queremos ficar o maior tempo possível), avistamos aquilo que outros apenas sonham, quase que conseguimos tocar no céu (obviamente, em sentido figurado). Mas lá, o vento sente-se com maior intensidade, o frio ganha outras proporções e a perspectiva de tudo aquilo descer não é animadora. Sempre ouvi dizer que a descida da montanha é uma mini-tortura. Assim o foi.
Já ouviram, de certeza, o célebre dito popular que refere algo do género: “é fácil chegar ao topo, o difícil é mantermo-nos lá”. Não se esqueçam disso porque é a mais pura das verdades. Pensar que podemos prolongar ad eternum o tempo em que lá estamos, é pura utopia. Por mil e um motivos que devem imaginar.
Preparem-se antes para descer e encarem nesse facto um novo desafio. Um dia podem regressar.
Eis as lições de vida que retirei desta aventura:
1 – Antes de enfrentarem um desafio, preparem-se convenientemente;
2 – Estudem a melhor estratégia para abordarem possíveis percalços, sabendo que o melhor caminho é evitá-los;
3 – Antecipem os piores cenários e, psicologicamente, perguntem-se se estão preparados para os ultrapassar;
4 – De acordo com o desafio a que se propõem, não se isolem. A união faz a força e o espírito de grupo é reconfortante para etapas difíceis de ultrapassar. Nunca se sabe se precisaremos de ajuda;
5 – Uma vez no topo, gozem o momento e orgulhem-se de terem conseguido;
6 – Não percam nunca a noção da realidade e do sítio onde estão. As alturas são traiçoeiras;
7 – Mesmo sabendo que no topo estão bem, preparem-se porque uma descida aproxima-se de vós. Tudo o que sobe, também desce;
8 – Na descida, por ser mais difícil, apoiem-se e deixem que se apoiem em vós. É nessas alturas que vemos quem tem espírito de auto-sacrifício e camaradagem;
9 – Quando caírem (porque vão cair), levantem-se e andem (se puderem, claro) porque sabem que cada metro que percorrerem (para cima ou para baixo, porque só vocês sabem para onde querem ir), é menos um que têm de andar;
10 – Por fim, se estiverem no sopé da montanha, olhem para cima, agradeçam a oportunidade que Deus vos deu de lá subirem e anseiem por lá voltar. Vivam cada pequena felicidade porque é a soma destas que compõem a grande felicidade que é a vida.
NOTA: Só tenho a agradecer ao guia que, desde o início, nos alertou para as dificuldades e para os perigos da montanha (quem quisesse desistir nos primeiros momentos, podia fazê-lo) e para o facto dele (guia), fizesse chuva ou fizesse sol, sempre ter estado próximo dos que mais precisavam. Os grandes líderes assim se assumem.
A "Dobradinha" em 1963/1964 (Parte III)
Há 8 horas
4 comentários:
Como sempre, belo regresso! Peço desculpa por ter postado 'por cima', mas não tinha reparado no teu texto.
Um abraço!
O que nos falta é mesmo o guia... mas é preciso apoiá-lo, gostemos ou não! Acho que quem assobia Morettos, Betos, Nélsons, Santos e afins não é do Benfica.
Mas concordo, o que nos falta é o guia.
essa bela montanha,na Ilha do pico é linda e a mesma tem as furnas,que foram vandalizadas.por gente reles,se não entras-te nelas,mesmo vandil,são lindas.Madalena,Lages São Roque .LINDO
Soberbo.
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