Finalmente fez-se luz sobre um
projecto alternativo a Luís Filipe Vieira. Com todas as dificuldades inerentes
a um clube com os estatutos actuais e com máquinas de propaganda que constroem
cenários heróicos à volta de uma direcção incompetente, a candidatura de Rui
Rangel aí está para provar que ainda temos no clube gente de outra cepa, com
carácter e ambição para ir à luta, mesmo em contexto desfavorável.
Pode-se ou não concordar com as ideias,
pode-se ou não exigir maior objectividade, mas o certo é que a existência de um
programa e de linhas orientadoras já faz de Rui Rangel um candidato mais sólido
do que Luís Filipe Vieira alguma vez foi. Ainda para mais, sem os sombrios
episódios de um passado nunca explicado pelo ex-presidente do Alverca.
Voltando ao programa, tenho dado
conta de algumas questões relativas ao entendimento do que está escrito no
programa eleitoral da lista “Benfica aos Benfiquistas” e, estando activamente
empenhado em contribuir para o seu sucesso, gostaria de focar aqui três pontos
de maior incompreensão.
Em primeiro lugar, a questão dos
lugares estratégicos versus lugares operacionais. Penso que é muito simples de
entender:
- Um lugar estratégico é todo o lugar onde se planeie uma estratégia. Todo o lugar que implique decisões de alto nível. Quem contratar, como contratar, como gerir os financiamentos, para onde levar o marketing do Benfica, etc. Tudo isto é estratégia. Um director é um lugar estratégico. Um administrador, muito mais. A lista “Benfica aos Benfiquistas” deixou bem claro que nenhum destes lugares estará a mercê, como até aqui, de gente que não veste a camisola do Benfica;
- Um lugar operacional é todo o lugar onde não haja planificação de estratégia, apenas o executar das acções delegadas por alguém. Exemplos como treinadores ou jogadores são claros exemplos. Obviamente que, para estes lugares, o Benfica não pode restringir o acesso a Benfiquistas de gema.
Avançando para os direitos de TV,
a questão é clara – existe um contrato com um operador, negociado livremente pelo presidente em funções
(o contrato, recorde-se, terminava em 2012 antes de ser extendido a 2013 por
Luís Filipe Vieira) e que, também com a concordância do actual presidente, tem
uma cláusula que dá o direito de opção à Olivedesportos. Quem disser que vai
vender os direitos a outra empresa, está a mentir, porque isso só depende da
Olivedesportos. Do Benfica depende apenas uma questão: não vender os direitos a
ninguém e explorá-los por conta própria. É o único caso em que o direito de
opção não é passível de ser exercido, e em que se pode garantir que a
Olivedesportos não ficará com o contrato.
Posto isto, fundamental é ter a
informação por parte de Luís Filipe Vieira sobre o processo negocial dos
direitos de televisão. É preciso saber exactamente que tipo de clausulado tem o
contrato actual, e quais os moldes da proposta rejeitada há uns meses.
A lista “Benfica aos Benfiquistas”
deixa a porta aberta a caminhos inovadores, porque nestas questões importa
perceber por onde corre o dinheiro, para perceber em que ponto se pode
interceptar esse fluxo e ter proveitos com ele. E o dinheiro já não flui como
fluía das assinaturas de canais pagos ou de publicidade. É um mercado em
retracção, e por isso a linha do horizonte tem de ser empurrada para lá do
local onde habitualmente a vislumbrávamos.
De qualquer forma, creio que as
condições até morais impostas no programa são suficientemente claras.
Em relação à gestão financeira e
ao monstro que é o actual passivo exigível, a negociação de novas condições e
de novas fórmulas é um imperativo para evitar o esmagamento económico do clube,
com consequências que podem ser fatais. Só no project finance do Estádio,
negociado por esta direcção, o Benfica já perdeu mais de 12 milhões de Euros
por ter sido negociada uma taxa de juro fixa. E o pagamento já foi adiado para
2024!
Conceitos de cross-selling associados
a investimentos dos adeptos no clube poderão aliviar algum deste peso e trazer
para a família Benfiquista uma responsabilidade que hoje está toda centrada nos
bancos e no mercado, com um custo naturalmente muito mais elevado para o nosso
clube.
Há muito a fazer na gestão
financeira, boa parte da qual agindo na actividade económica. Reduzir custos
desnecessários na actual estrutura não é só uma forma de libertar fluxo
económico para pagar dívidas, como é também uma forma de diminuir a pressão na
tesouraria do Benfica, sendo a tesouraria a principal responsável pelos
endividamentos constantes e em espiral que têm massacrado o nosso clube.
Estou certo, porque estou ciente
do que tem sido feito e das ideias das pessoas, que a pormenorização de muitas
das ideias agora transmitiras será uma realidade até dia 26. A lista “Benfica
aos Benfiquistas” move-se desde o início pelo genuíno desejo de transparência e
frontalidade.
Vamos a isso!
9 comentários:
Subscrevo as ideias e anseio pela concretização das mesmas.
Sou a favor destas ideias, em especial na redução de custos operacionais, imaginem que correndo com determinadas personalidades da história do benfica e outros que nada fazem podemos poupar 1,5 milhões em salários.
Luis
Vamos a isto!
BORA BENFICA!
CARREGA BENFICAAAAAAAAA!!!
Resgatem o Benfica das mãos dos que lhe querem mal!
Vamos a isso! Excelentes esclarecimentos!
Viva o Benfica!
A candidatura de Rui Rangel vai beneficiar também duma evidente "maioria silenciosa" que paira e tem aumentado desde há muitos meses, descontente com a vida e o rumo do Clube.
Dependerá de Rui Rangel --o que, e como disser até dia 25-- acerca das suas propostas (inquestionavelmente certeiras, cristalinas) para o Clube. Dependerá também, essa "maioria silenciosa" das ocorrências e factos entretanto surgidos.
Estou convencido desde o anúncio da candidatura, que a tendência para o voto branco tem desaparecido cada vez mais.
Pena que a lamentável situação económica de Sócios (dada a "crise") não lhes permita solucionar quotas em atraso para poderem votar contra LFV.
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O slogan da candidatura é óptima, significante e corresponde à ambição de Rui Rangel e seus pares : "BENFICA AOS BENFIQUISTAS" !
Atenção, o Benfica contratou Swap Rates para se proteger de variações da taxa de juro, pelo que quando se afirma que se perdeu dinheiro com a taxa fixa, está-se a esquecer por esse lado se tem conseguido minimizar as perdas.
Quanto ao programa do Rangel, gostei das ideias mas estamos num campo demasiado genérico e por vezes mais para cair nas boas graças dos sócios do que ligado à realidade.
Por exemplo quando se fala de diminuir o passivo e os custos financeiros, como se propõem fazer ? E qual o problema de o financiamento sobre o Estádio ter passado para 2024 ? Se calhar para reduzir o peso dos encargos financeiros, faria sentido alargar até 2030 ou 2036, ou consideras que a renegociação de condições passa por os bancos diminuirem spreads ?
Eu sei como se aumentariam as receitas para se cobrirem parte dos custos e como se reduziriam custos financeiros adicionais, o problema é que certas soluções encontrariam muita resistência dos sócios.
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