segunda-feira, 15 de maio de 2006

O balanço – Como perder um campeonato.. em holandês


Já nenhum benfiquista, salvo raras excepções, recordará saudosamente o dia 5 de Julho de 2005, dia esse em que Ronald Koeman foi apresentado como treinador do Benfica para a época de 2005\2006.

Do primeiro, e único (a não ser que consideremos a taça do confronto de gigantes em Moçambique) troféu da época, ao descalabre, passariam apenas duas semanas. Uma derrota em casa por dois golos sem resposta, frente ao colosso Gil Vicente fez alguns dos mais iluminados encarnados exigir a demissão do holandês logo à 2ª jornada.

Nélson à esquerda, Géo na direita, três centrais, três médios defensivos, experiência atrás de experiência, Ronald Koeman teimava em não estabilizar na escolha de uma equipa base, qualidade que acabaria por manter até ao final da época. Pecou ainda na péssima gestão de recuros que fez, quer em termos físicos (e aqui há que responsabilizar a gabinete médico), quer humanos. Jornada após jornada, os jogades entravam desmotivados, sem garra, sem vontade de vencer, sem saber o que é defender a camisola do Benfica.

Salvavam-se aluguns jogos, principalmente os da Champions, que deram o tónico para a motivação que o treinador não dava, ou não sabia dar. Com a moral em cima, e com as vitórias sobre o Lille e no dragão frente ao Porto, o Benfica acabou por retomar a rota dos primeiros lugares. Mas a instabilidade falou mais alto, o Benfica não manteve o nível exibicional e Koeman revelavar-se-ia como um temeroso na hora das decisões..
Eis que uma estrondosa vitória frente ao Manchester Utd catapultou a equipa para uma série de 9 vitórias consecutivas no campeonato e taça, sempre sem sofrer golos. Já era possível vislumbrar o 1º lugar no horizonte.

Veio o Natal, e com ele os reforços de Inverno. Chegou também o jogo com o Sporting, que viria a ser o ponto crucial de viragem no campeonato. Motivados com a vitória, os lagartos dispararam rumo ao título (no campeonato deles, obviamente). Seguiram-se Leira, Nacional e Guimarães, e uma série de maus resultados. As vitórias frente ao Liverpool e ao Porto não escondiam a fragilidade da equipa nas competições internas. Fomos eliminados da taça (injustamente) e perdemos todas as hipóteses de chegar ao título. E a chama apagou-se em Barcelona, tinha terminado a época.

E na verdade, quem perde 18 pontos em casa não merece ser campeão. Quem tem o melhor plantel dos últimos anos e faz 67 pontos no campeonato não merece ser campeão. Quem não está uma vez na liderança do campeonato não merece ser campeão. Quem não tem um onze base à 33ª jornada não merece ser campeão. Ainda acham que o fcp não foi um justo campeão?

Há ainda uma questão por resolver – a questão do sucessor de Ronald Koeman. Espera-se que a direcção contrate um treinador conhecedor e competente, enquanto urge uma renovação no plantel.

Melhores dias virão. E pluribus unum.

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