segunda-feira, 4 de julho de 2011

A importância de Javi Garcia

 

Javi chegou rotulado como mais uma contratação dispendiosa e arriscada, alguém que ainda não se tinha imposto totalmente no futebol profissional e pairavam muitas sombras sobre a sua real qualidade, pese embora estivesse longe de ser um jogador desconhecido e sem cartel no seu país de origem, pois foi sempre internacional pelas camadas jovens de Espanha, e tinha boa reputação entre a La Liga. Tinha estado inserido num meio galáctico, num clube que priveligia as estrelas de outros clubes, e não tanto às suas, um clube que não valoriza a sua formação e que olha com desconfiança para os bons valores que saiem da sua cantera (deja vu), e dessa forma as chances para poder mostrar o seu valor em San Martín foram escassas e quando ainda assim aconteceram foi em algumas ocasiões deslocado para uma posição mais recuada no terreno, jogando a defesa central. Tornava-se assim difícl comprovar o seu potencial e saltava à vista que teria que rumar a outras paragens para poder crescer e evoluír - mostrar o seu valor.

Em boa hora Jesus viu nele a solução ideal para médio defensivo, e em boa hora Javi aceitou o convite do Benfica para tornar-se no novo camisola 6, sendo sucessor de dorsal de um seu compatriotra de nome Reyes. O terceiro anel ansiava por ver o reforço vindo do Real Madrid para poder avaliar afinal de contas de que material era feito este espanhol. Pois bem desde o primeiro jogo viu-se que ali estava um jogador diferente, um jogador que aliava a sua imponência física com uma inteligência na ocupação de espaços seja quando a equipa atacava, seja quando a equipa defendia. Como se isso não fosse suficiente os benfiquistas rapidamente começaram a aperceber-se também da raça que este jogador colocava em cada lance, da forma como incentivava os colegas, vibrava com os golos, sentia as derrotas. Um verdadeiro lider dentro de campo. Um exemplo.

Instantaniamente a nação Gloriosa deixou-se conquistar por um jovem que personificava o Benfica dos anos 60: atitude, raça, vontade, determinação tudo sinónimos, mas tudo entrelaçado com uma mente que sabe o que fazer a uma bola, e que possui atributos técnicos muitas vezes subestimados pelos habituais comentadores desportivos. É um jogador que em muitas ocasiões funciona como terceiro central fruto do seu excelente jogo de cabeça e capacidade de desarme, mas também é muito perigoso quando vai à grande área adversária e costuma não raras vezes fazer estragos e marcar golos.

No entanto a época passada não foi fácil para Javi Garcia, teve que carregar às costas com o meio campo do Benfica, no que toca às compensações defensivas. Não existia à frente dele um Ramires que lhe desse apoio, ou um Amorim, teve que ser ele a chamar a si quase toda a responsabilidade nos momentos em que era preciso equilibrar a equipa. E sofreu muito com isso, foi demasiado exposto, mas nunca virou cara à luta, nunca deixou de tentar na medida do possível fazer o seu trabalho. É um médio defensivo como poucos, quase perfeito para o habitual sistema de jogo do Benfica, mas não é nenhum super homem, ok Jesus? Ele não consegue apagar todos os fogos.

Quando vejo o nosso «paquetón» em campo, sei que ali está uma parede que raramente se deixa claudicar, sei que naquela zona normalmente acabam os ataques dos adversários e começam os contra-ataques do Benfica e sinto um orgulho imenso por alguém transpirar em campo aquela camisola como eu se estivesse no lugar dele o faria, e dou-me conta da preciosidade de jogador que ele é. A forma como protege os colegas em campo, o seu espírito combativo e aguerrido, mostram que é um líder nato e que um dia podia ser muito bem um digno capitão do Sport Lisboa e Benfica, como foi Mario Coluna. Um dos jogadores fundamentais na estrutura do Benfica.

17 comentários:

Anónimo disse...

Concordo plenamente, excelente texto, parabens "Far"... Silvarini

Joase disse...

Finalmente falamos de jogadores de futebol.

Eu ainda vou ver este menino como nosso Capitão. Era um excelente sinal para o Clube.

Viva ao Benfica.

John Wakefield disse...

Espero não estar enganado, mas este sim, sente o clube como poucos. Dá tudo o que tem em campo e tem orgulho da camisola que veste.
Em boa hora vieste Javi Garcia!

Excelente texto, caro Far(away)

RicardoPreto disse...

desde o dia que jogou de cabeça aberta a mostrar da raça que é feito, desde o vídeo que todos nós já vimos do Benfica te amo, ao orgulho que mostra sempre que usa o nosso manto sagrado, só um coisa: que fique muitos anos e que seja um grande capitão em breve!

ps- muito provavelmente é o meu jogador preferido, a par do Pablito ;)

Anónimo disse...

É um esteio! Foi triste ver na época passada este, o Luisão, Coentrão, Maxi, Aimar tão mal apoiados...

Mentiroso disse...

Este é de facto um texto de nível superior.

Sobre Javi pouco mais há a acrescentar. Foi uma das mais felizes contratações da última década mas não pode ser o único escudo daquele meio campo. É por isso que, na impossibilidade de contarmos com Ramires a seu lado, ou com a alternativa Danilo, eu aposto numa outra opção mais modesta, é certo, onde encaixa Matic (ou Rúben Amorim) para dar a devida consistência àquele sector.

Pedro dos Santos disse...

Que jogador...

É a unica coisa que tenho a dizer.
Avé Javi

Far(away) disse...

Precisam-se de mais Javi´s!

GM disse...

É uma aposta ganha mas é bom lembrar que assinou por 5 anos. Tem de continuar a demonstrar o seu valor enquanto jogador de excelência que é. Nunca duvidei da sua capacidade, vi-o muitas vezes no Madrid e no Osasuna.

Compará-lo a Coluna?!! Tem juìzo, rapaz. nao se podem escrever barbaridades como essa. Haja tino. Nem em craveira futebolística nem em benfiquismo nem na capacidade de liderança. Não há comparação possível. Talvez um dia se aproxime de Coluna, talvez, mas faltam-lhe, ainda, muitos anos.

Krak disse...

Far... Só te tenho que dar os Parabéns!
Excelente artigo! Bravo Companheiro ;)

Far(away) disse...

GM, parece que tens um problema de interpretação. Convido-te a ler novamente em vez de mandares-me ter juízo.

GM disse...

"mostram (...) que um dia podia ser muito bem um digno capitão do Sport Lisboa e Benfica, como foi Mario Coluna."

Isto é uma comparação com Mário Coluna.

"como" é um advérbio de grau comparativo de igualdade.
Assim sendo, o que tu fizeste foi COMPARAR o Javi Garcia com Coluna.

Logo, nao sou eu que nao sei interpretar o que escreveste, tu é que tens défices a nível gramatical e nao sabes escrever em Português correto conforme as ideias que pretendes transmitir.

Estuda, rapaz. Estuda.

Far(away) disse...

Comparação, apenas no sentido de ter perfil de capitão como tinha Mário Coluna, perfil de líder.

Portanto tudo o que disseste fora disto foi descabido e descontextualizado. Interpreta rapaz, interpreta como deve ser e não me faças perder tempo a explicar coisas óbvias.

Ricardo Chaves disse...

As grandes equipas precisam de homens a apesar da irreverência de miúdos como Coentrão e Di Maria por exemplo, sem homens como Javi ou Aimar, o Benfica não ganhava nada.

Gosto muito do Javi e faço votos para que fique muitos e bons anos e chegue a capitão, porque é um exemplo!

Far(away) disse...

O Glorioso, Javi Garcia foi uma contratação cara, mas cujo investimento foi bem aplicado. Prefiro muito mais este tipo de negócios, do que aqueles em que pagas 1,2 M por jogadores medianos que não aguentam-se mais de seis meses a um ano no clube.

DMC disse...

Grande texto a sintetizar pensamento sobre uma epoca inteira e sobre o dar devido valor a um jogador que de facto é o nosso esteio. E que jogador! Venham mais javis..

JD disse...

É só a diferença de um jogador que tem escola de clube de grande.

Sabe entrar a ganhar com a naturalidade nos jogos. Era aquilo que o Camacho dizia de : "Salir a ganar". Que a contrário do q as pessoas pensavam, não é sair com fúria de ganhar. É a naturalidade de quem é campeão e q ao sair do balneário já está a ganhar meio a zero ao adversário. Chama-se a isto cultura de vitória, coisa que nos falta nos ultimos 20 anos.

Venham mais assim.