quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Onde deve melhorar este Benfica?

Respondo de imediato, fundamentalmente duas situações: saber controlar o jogo e nos processos defensivos sem bola, duas coisas que estão directamente interligadas entre si. Vamos por partes.

Saber controlar o jogo

Se alguma coisa pudemos ver nestes primeiros jogos da época, é a incapacidade que o Benfica manifestou em segurar vantagens no marcador, acabando por conceder consecutivamente 2 empates. Isto acontece porquê? Há várias explicações, desde logo Aimar. Se repararmos, Aimar é o único jogador dentro do plantel do Benfica, daqueles que têm jogado pelo menos, que tem a capacidade de gerir os ritmos de jogo, conforme as necessidades da equipa. Acelera quando tem que acelerar, põe gelo no jogo, quando a equipa precisa resguardar-se. Sem Aimar o Benfica demonstra uma inabilidade em controlar o jogo, fica mais exposta ao pressing dos adversários. Aimar diga-se é a peça fundamental que faz girar todo o futebol do Benfica. O Benfica precisa aprender a jogar sem ele e Jesus tem no banco uma solução que não testou ainda: Bruno César. Indo além disso começa a ser preocupante como o nosso meio campo, seja qual for o sistema utilizado, desaparece em momentos cruciais, fazendo pouco bom uso da posse bola, revelando um nervosismo crónico no momento do passe. É verdade que existem jogadores novos, que estão ainda apreendendo a forma de jogar da equipa, mas é necessário maior acerto na altura do primeiro passe.

Processos defensivos sem bola

Este é o ponto crucial pelo qual considero que temos balançado mais durante as últimas duas partidas e um problema que vem já desde a temporada transacta. O Benfica tem defendido mal sem bola, as movimentações dos jogadores começando na defesa não são as mais correctas, as linhas entre a defesa e o meio campo apesar de muitas vezes juntas, estão posicionadas de forma errónea, abrindo espaços que um bom jogador que saiba ler o jogo, pode muito bem aproveitar. É verdade que e pensando na defesa, Artur, Garay e Emerson são jogadores recém chegados, assim como Witsel ou Nolito no meio campo e que demora tempo até toda esta máquina estar bem oleada. Mas vamos além disto, reparem quando o Benfica não tem a bola, principalmente sem Aimar em campo, onde está Javi Garcia... está na maior parte das vezes funcionando como um terceiro central. Se isso ajuda os centrais, abre ao mesmo tempo um buraco no centro do terreno, já que Witsel tem outros fogos que apagar, como não seja o apoio aos laterais. E fica ali no centro um vazio que demora a ser preenchido. Não percebo tamanho recuo do espanhol nessas situações, não estou a falar de bolas paradas. É preciso também ter em atenção, que nos momentos sem bola, os extremos ou interiores precisam recuar e ajudar os laterais, isso nem sempre é feito.

Melhorando estes dois aspectos, o Benfica pode e de forma muito saliente consolidar o seu jogo, impondo os seus pontos fortes aos adversários. Trabalho táctico que Jesus deve ter em atenção. Se tal não acontecer, temo que poderemos ter calafrios que nos poderão custar caro. Os processos ofensivos, esses estão muito mais mecanizados, saiem de forma quase natural, dada à qualidade dos jogadores que o Benfica dispoe. É o processo inverso, aquele em que Jesus precisa concentrar os seus conhecimentos. E rápido.

17 comentários:

RUI RODRIGUES disse...

quanto á primeira parte, nao podia estar mais de acordo,a realidade é que o (bom) futebol do benfica esta dependente de aimar, quando este nao esta em campo, toda articulaçao do jogo, se recente da sua ausencia...quer na distribuiçao de jogo quer a gerir os ritmos...espero que bruno cesar venha a ser a alternativa credivel neste aspecto...

quanto a segunada parte, parece-me que os medios tem que ajudar mais os respectivos laterais, pois witsel ficaria "mais livre" para ocupar a zona central...

em jeito de resumo, continuo um pouco apreensivo quanto ao futebol apresentado, sei bem que a epoca ainda esta a começar mas...ha coisas que me preocupam...as tais soluçoes que temos em relaçao ao ano passado...so fazem sentido se forem mesmo alternativas! é certo q uma equipa tem que ter um onze base mais essas alternativas...mas a verdade é que me parece que vao ser 13/14 jogadores independentemente de estarem bem ou mal...e o resto do plantel será paisagem...(ESPERO QUE NAO!!!)

Anónimo disse...

Caro Far(away).

A mim procupam-me os ofensivos. Temos optimos executantes e excelentes jogadores no ataque mas são curtos, começa a faltar os ultimos 20 metros, vamos ver se a integração de Rodrigo e do Nelson combatem essa lacuna. No Jogo da Holanda se tivessemos um jogador rápido e de passada larga tinha-mos morto o jogo.

Luis

Anónimo disse...

no banco.

e nos gabinetes.

temos jogadores e pelos vistos temos camadas jovens.

falta alguem com capacidade para aproveitar isso tudo.

EFS disse...

O pressing não está a sair bem. Alguns jogadores ainda não se adaptaram bem ao sistema de jogo, o que será natural. Há no entanto uma questão, relacionada com o posicionamento de Witsel que me intriga e que penso deveria ser corrigida: Witsel adianta-se demasiado, cedo demais. Conjugado com a descida de Javi contribui para o "buraco" no meio campo e a constante quebra entre a equipa que defende e a que ataca. Este adiantamento precoce também contribui para que não consigamos gerir mais a posse de bola - com Witsel, Aimar joga mais adiantado pelo que não controla a primeira saída para o ataque. Este papel deveria ser assumido pelo Witsel - contra o Twente Luisão teve que tentar muitas vezes (sem efeito) o passe longo; Javi e Garay não arriscam tanto o primeiro passe e, sem Witsel por perto, o jogo bloqueia.

Far(away) disse...

Luis, como disse os processos ofensivos preocupa-me menos, temos óptimos executantes. Onde devemos melhorar é no passe, falha-se passes a mais na altura de sair para o contra-ataque, o que "emperra" o jogo da equipa, por vezes.

Anónimo disse...

por que não te ofereces para treinar o Benfica?
chega a ser ridícula esta presunção toda a treinadores de futebol
LC

Far(away) disse...

LC, se nada tens de construtivo para dizer, é melhor ficares calado. Eu comento o que achar que devo comentar.

TA disse...

Já tinha tentado enviar o comentário antes...

O problema é que as reais alternativas a Aimar para definir os "tempos" do jogo são Bruno César e gaitán, e nem um nem outro têm tido oportunidade no lugar. Jesus tem insistido em Witsel (com Matic no seu lugar) ou em Saviola (apesar de jogador inteligente joga muito avançado, mais como 2º avançado). Quando não tivermos Aimar como vai ser?

Já para o apoio a Javi quando estivermos a vencer e o Aimar cansado não há nada como lançar Matic/David Simão para o meio campo, no seguinte esquema:
------------- PL-------------------
Ala Esq---------------------Ala Dir
----- Witsel------Matic/D. Simão---------------Javi-------------------

Assim temos alas rápidos para o "contra golpe" e o ponta de lança pode ser torre (Cardozo/Nélson) ou rápido(Saviola/Rodrigo). Sendo que quer Witsel, quer Matic/D. Simão têm capacidade para aparecer na frente e subir com bola...

Far(away) disse...

TA, Jesus tem ao seu dispor bos alternativas para a posição de Aimar, Bruno César, por exemplo, só tem é que o colocar em campo no seu lugar e não a ala. Quanto a Matic... bem estou para ver a sua utilidade neste plantel. Como alternativa directa a Javi não acho que sirva, jogando com ele em certos jogos talvez...

TA disse...

Far,
Eu acho que o Matic não é alternativa ao Javi, não é um trinco, serve quanto muito para jogar com o Witsel ou Aimar ao lado e com o Javi atrás...

O problema vai ser quando não tivermos Javi. Acabámos de dispensar o único jogador que fazia exactamente a mesma posição, mas com um estilo diferente - Nuno Coelho (não tinha tanta garra, mas no pouco que vi no SLB e em épocas anteriores, sabe ocupar bem os espaços da função e recupera bem. E se faltar um Javi contra um dos grandes, quem entra? Dispensamos Yebdas e Airtons também, mas não temos uma única alternativa credível... Ruben Amorim (adaptado)?

Luís Martins disse...

Concordo plenamente quanto ao reparo do posicionamento do Javi García , ou seja , tem de pressionar mais alto .
O resto também faz sentido , Boa análise Far .

Far(away) disse...

TA, o problema não foi a dispensa de Nuno Coelho, foi o empréstimo de Airton ao Flamengo. Abrimos dessa forma uma lacuna no plantel que antes não existia. O Javi vai ter que quase obrigatoriamente jogar quase sempre, vamos esperar que não se lesione. Do actual plantel, talvez Amorim como perguntas possa desenrascar.

SLB4EVER disse...

Boa pergunta far! Focaste 2 aspectos importantes e bem relevantes nesta fase porque é obvio q existe muito q melhorar.

Na minha opinião isso passa por rotinar a equipa para o 4-2-3-1 ou para o 4-3-3, abdicando do irrealismo do 4-4-2. Com um modelo de jogo definido e melhoria de entrosamento e conhecimento entre os jogadores e estes assimilando as suas funções em campo ñ há nada a temer.

Agora é preciso é jogos e q o treinador faça a rotação do plantel e não se acobarde de colocar jogadores como D.Simão, Urreta, Rodrigo, M.Vítor, etc, seja quem for e estiver em melhor forma no momento. O substituto natural do Aimar existe no plantel, é o David Simão que tem capacidades para gerir e ligar o jogo da equipa como poucos e é mais rápido do que o Bruno César. Se incluir aqui tb o Gaítan temos 3 bons jogadores para a posição do Aimar e um deles é maestro.

Depois ajudava tb que o Saviola perdesse o lugar cativo no 11 inicial mas continuando a ser das primeiras opções, acho q de momento ele pode ser um bom suplente mas ñ um bom titular e nunca um suplente directo do Aimar.

Era importante ganhar um plantel e descansar alguns jogadores para a champions(o Cardozo ñ) e o jogo em casa com o feirense é o cenário ideal para o fazer. Haja CORAGEM e a noção que o plantel É MUITO BOM, será que o treinador está á altura?

Miguel disse...

Concordo que a actual equipa do Benfica tem problemas em controlar o jogo, mas esse não é um problema de jogadores, mas sim de Jesus.

Jesus devia passar uns dias com Ilído Vale (ou Mourinho, de preferência!) e aprender como se controlam jogos sem pressing constante e com pouca posse de bola.

De facto, Jesus quer uma constante pressão sobre a posse de bola e isso não é possível durante um jogo inteiro, quanto mais durante uma época.

É preciso saber controlar o jogo por vez sem pressing e sem bola, para depois por a velocidade quando ela é necessária e torná-la eficaz (vejam os jogos de ontem do Real Madrid e dos putos portugueses, estes últimos tacticamente perfeitos).

Aliás, é por esta forma de jogar desenfreada que temos chegado ao final das épocas com os jogadores todos rebentados e perdido provas importantes (infelizmente, os exemplos ainda são dolorasamente frescos).

Se ainda tivéssemos um ataque muito finalizador deixava-me mais descansado, mas infelizmente essa não é a realidade, por isso temos que ser mais realistas, especialmente nas provas europeias e jogos contra o FCP.

Saudações

Anónimo disse...

Li com atenção as várias opiniões expostas e não poderia deixar de tecer alguns humildes comentários de alguem que procura apenas expressar o seu ponto de vista e nunca de augurar pretendente ao lugar de treinador, por sinal bem difícil.
Achei que na generalidade todos concordam na fragilidade com que os jogadores se posicionam no processo defensivo.
Concordo também que a função de Aimar é de difícil substituição, no entanto creio que com um treinamento adequado, persistente, dando maior rodagem a jogadores como David Simão!!! (porra, não me canso de afirmar que está aquí um caso sério de talento), Bruno César ou mesmo Gaitan ( que por ora tem dificuldade em executar a sua missão defensiva, embora possua enormes qualidades. Tem que ser mais participativo nos movimentos da equipa e não enveredar por vezes em individualismos sem nexo)
Voltando a David Simão: É o melhor executor de bolas paradas ( cantos e livres laterais que a equipa possui)
Quanto à saída para a pressão sobre o portador da bola, não podemos estar apenas dependentes das ações de Javi, pois ele não consegue dobrar laterais e ao mesmo tempo pressionar o médio que progride. Algum buraco tem que ficar por tapar.
Saudações.

Anónimo disse...

Gostei do post e de alguns comentarios especialmente o ultimo, mas deixo aqui a minha opiniao.
O problema parece-me que e mesmo de ordem tactica sim mas que nao resulta directamente tanto de incompetencias dos jogadores, mas mais ate do treinador. Gaitan e segundo avancado ou medio centro ofensivo, vulgo, "10". Quanto muito pode desempenhar funcoes sobre a asa esquerda nunca direita. Se atentarmos nos golos sofridos nos dois ultimos jogos, estes resultam de falhas sobre a direita por causa da incapacidade de Gaitamn para defender e por fracas performances de ambos os laterais(Maxi e R.Amorim). O principal problema e jesus ate ver, mas espero para ver, com confianca que se ele sair quem vier tera redea curta e antes de mais ponha os jogadores nos lugares certos.
Uma palavra ainda para David Simao que deve ser rotinado para ocupar uma posicao ao lado de Javi a meu ver como um genero Box-to-Box ao estilo de alguem que sempre apreciei, Paul Scholes.

Batigol

Miguel Sousa disse...

TEMOS INVENTOR: O Homem (Jorge Jesus) inventa que se farta.
Tem vindo a dizer desde o inicio da época, que agora tem mais soluções que no ano (época) passada. Se assim é porque faz adaptações?, tipo Gaitan no corredor (ala) direito, flectindo para o centro, quando este, a exemplo da época passada fazia e muito bem o corredor esquerdo, ficando o lado direito entregue a Salvio. Se na verdade quer utiliza-lo no lado direito, deixando o lado esquerdo para Nolito (que também flecte para o centro) poderá se assim o entender, fazer alternância dos dois (Ora na direita ora na esquerda).
Ao fazer esta adaptação, deixa de servir o ponta-de-lança (Cardozo) que vê-se na obrigação/contingência de vir buscar a bola ao meio campo, para poder ser útil a equipa, sendo este um jogador pesado, que não é veloz (rápido) dificilmente poderá ser útil á equipa como matador que efectivamente é (a época passada é prova disso).
Se o Sr. Inventor quer uma equipa produtiva (criativa), sem Cardozo, deverá prescindir de Axel Witsel em prol de uma equipa mais ofensiva sem invenções ou adaptações, composta do meio campo para a frente por: Javi Garcia, Witsel ou Matić (trinco), Enzo Pérez (flecte para o centro) ou Urreta (Um puro ala que faz melhor que Jara o lado[ala] direito), Pablo Aimar ou Bruno César no meio, Gaitan no lado esquerdo (onde rende mais e como tal mais útil à equipa), Nolito ou Urreta (adaptado) depois no ataque Nolito (centro esquerda) e Saviola (centro direita), jogando assim no esquema 4X4X2. De salientar no ataque ao contrário do que dizem, tem alternativas bastante válidas (Nelson Oliveira, Óscar Cardozo e Rodrigo), sem contar ainda com Jara (muito batalhador) e Rodrigo Mora que não conseguiram ou dificilmente conseguem lugar neste “Benfica 2011/2012”.
Para segurar o resultado e segurar o jogo a meio campo prescindindo da criatividade, terá que contar em definitivo com o excelente jogador que é Axel Witsel.
Em resumo uma equipa com claramente mais soluções que a época passada não tem necessidade de acabar os jogos a sofrer ou com a angustia de perder o desafio (Gil Vicente e Twente). SEM INVENÇÕES CONSEGUIREMOS SAIR VITORIOSOS EM QUALQUER JOGO OU EQUIPA QUE ENFRENTAR-MOS.