sábado, 6 de outubro de 2007

Quem dá mais?

Quem dá mais?... Tal qual um leilão, a imagem que acima exponho vai no sentido de: quem dá mais?

Com um cenário negro em fundo, apesar de toda a estabilidade financeira que se diz ter, é mais que tempo de olharmos para trás e percebemos até que ponto queremos este presidente “financeiro” ou este presidente “desportivo”. Os dois, parece-me difícil de conciliar e acredito mesmo que sócios existam que não desejam qualquer um deles.

A dado ponto do caminho, é mais que necessário parar e olhar para trás. Vejo um novo estádio/centro de estágio e a segurança/credibilidade financeira que permitem pagá-los; constato vitalidade ao nível do marketing e da projecção do nome Benfica (não tanto ao nível dos títulos, infelizmente); acredito que exista um projecto financeiro que viabiliza o presente e, sobretudo, o futuro; denoto um renascer das modalidades do clube, ainda que exista muita volatilidade de resultados; reconheço o enorme esforço do Presidente em prol do clube e em detrimento da sua vida pessoal; comprovo a realidade que nos mostra que este é um Benfica diferente, fresco e revitalizado face a Direcções anteriores.

No entanto, “nem só de pão vive o Homem”! O futebol só é paixão se existirem vitórias que nos apaixonem. Quantos de nós, apesar do sentimento pelo clube, não pensaram mandar o futebol às urtigas durante uns tempos? Nos dias que correm, “dia de jogo” é como “dia de chuva” (para quem não gosta dela). Por outro lado, é motivo “para a gente se rir”, como diz um amigo meu de outro clube. Repetidamente… incomoda!

Por n vezes afirmei: construir bases financeiras sólidas, por si só, não basta. Sem dinheiro não há títulos e sem títulos não há dinheiro. É no equilíbrio que reside a chave do sucesso, penso eu. Mas apercebi-me de uma coisa preocupante neste defeso: não sabemos ter dinheiro nas mãos. Não quero particularizar, mas claramente existiu desnorte na política de contratações agora assumida (em termos de dinheiro e quantidade de jogadores). De uma suposta equipa constituída pela espinha dorsal da Selecção (não, não foi só Vale e Azevedo que nos vendeu esta ideia), apercebemo-nos de uma Sociedade das Nações no clube. Temos a obrigação de criar as estrelas da nossa Selecção. Penso que o caminho ainda é longo. Noutro contexto, não se percebe a estratégia de possuirmos boas condições financeiras e deixarmos sair as nossas melhores soluções. Onde está a tão falada estabilidade quando adquirimos quase 20 novos jogadores?

Ao nível dos técnicos principais, sem falar na sumidade que foi o Professor Jesualdo Ferreira e no desencanto de Fernando Santos, as restantes apostas desportivas pareceram-me adequadas à nossa história e à nossa ambição. Mas quando temos treinador, não temos jogadores. Quando temos jogadores, não temos treinador. Triste sina! Para mudar à segunda jornada, mudava-se a tempo de se preparar uma época, Sr. LFV!

Quanto a Luís Filipe Vieira, é por demais evidente que expõe-se e expõe-nos cada vez que fala ou assume-se como o responsável máximo pela equipa de futebol. Este facto não constituiria motivo de preocupação ou estranheza dada a posição que ocupa no clube e na SAD, mas convenhamos: “quem não tem unhas, não toca viola”… ou então toca mal. Neste Benfica, ao contrário de “outro” clube, o regime não pode ser “presidencialista” por manifesta falta de capacidade de tudo saber e de tudo controlar.

E é na detecção das fraquezas que nos tornamos mais fortes! Contudo, gozando de um elevado nível de popularidade, LFV sujeita-se ao enfraquecimento desse altar que o sustenta. Ao desviar a incidência das suas acções de construção da já referida estabilidade financeira para o papel de “pai ausente” da equipa de futebol, o nosso Presidente abriu caminho à “abertura da caça”, na qual ele próprio se transforma em presa a abater. Era tão mais fácil contratar um “boi cansado” para enfrentar as piranhas (se existisse qualidade, poderia até sobreviver) e só depois então passar pelo rio seguro para chegar à outra margem. Má estratégia!

Já sem José Veiga, entregue a si próprio na organização e resolução dos casos do nosso futebol, Luís Filipe Vieira tem nas suas mãos uma bomba que ele próprio ajudou a montar: tic-tac… tic-tac… tic-tac…

O problema de tudo isto é que não existe oposição. Ou melhor, oposição suficientemente capaz, credível, que justifique um alternar de voto. O Benfica é, sem margem para dúvidas, mais apetecível nos dias de hoje, mas continua a ser um desafio demasiado grande para muitos de nós que criticamos. A verdade é esta e não outra!

Enquanto assim for, continuaremos a puxar do rosário para que a bola entre, a desejar que os micros das rádios e das televisões se desliguem à passagem do nosso Presidente e, finalmente, a subsistir às intempéries que teimam em nos assolar ao longo dos tempos. Até lá, ficaremos à espera que o tempo mostre que Luís Filipe Vieira continua a ser o homem certo para o lugar indicado e que “o mais” que possamos dar neste leilão, seja o nosso contributo para o engrandecer desta grande instituição.

Que o nosso espírito crítico não se atenue em momento algum!

1 comentário:

Sir disse...

Grande análise, pteixeira! Certeiro, como sempre, sem sequer deixar margem para grandes comentários.

Também eu já estou agastado com a direcção de LFV, e creio que está na altura de um novo ciclo. Mas, quando pensamos melhor, não vemos ninguém à altura para o substituir. Fernando Seara? Ainda não chegou a altura dele. Luiz Nazaré? Está a trabalhar muito bem nos CTT.

É muito complicado, por isso destaco esta passagem.

"O problema de tudo isto é que não existe oposição. Ou melhor, oposição suficientemente capaz, credível, que justifique um alternar de voto. O Benfica é, sem margem para dúvidas, mais apetecível nos dias de hoje, mas continua a ser um desafio demasiado grande para muitos de nós que criticamos."

Enquanto não houver ninguém melhor, irei votar em LFV.