sexta-feira, 1 de julho de 2011

Olho na Águia: Enzo Pérez

 

Enzo Nicolás Pérez nasceu para o futebol no Godoy Cruz, clube modesto argentino onde esteve durante 4 temporadas entre 2003 e 2007. Enzo não demorou muito a impor-se no futebol profissional e a ser um titular indiscutível na equipa, e conseguiu fazer história ao marcar o primeiro golo do Godoy na primeira divisão do seu país a 9 de Setembro de 2006. 84 jogos e 34 golos depois, em 2007 ingressou no Estudiantes de La Plata, e o seu impacto foi de novo imediato, constituíndo-se como um das pilares da equipa nos recentes sucessos, entre eles a fantástica conquista da Copa Libertadores em 2009.

Enzo é um médio extremamente versátil capaz de actuar em diversas posições do meio campo. No Estudiantes desempenhou variadas funções, desde médio interior com mais preocupações defensivas, a médio ala por ambos os flancos, ou até mesmo actuando atrás dos avançados como se de um playmaker se tratasse. Actualmente a sua zona de acção é sobretudo o flanco direito, mas não propriamente como um extremo típico, antes como um médio ala, capaz de diambulações muito perigosas da direita para o centro, aparecendo muito bem nas zonas de finalização, resultado da sua velocidade e capacidade de finalização. Não é um jogador que se assemelhe muito a Salvio, mas pode ser um excelente substituto para Toto, ainda para mais porque as suas características são mais necessárias à equipa. Já volto a esse assunto mais adiante.

Aprofundando as suas características ofensivas, Enzo é um jogador que consegue progredir bem com a bola em velocidade, pois tecnicamente é evoluído, o que faz com que seja muito assertivo no controle de bola e domínio da mesma, não importando se está em movimento ou não. Isso distingue os bons jogadores dos outros. É muito forte no primeiro pique em velocidade, e quando embalado muito difícil de parar, embora seja muito mais perigoso quando recebe a bola de frente, não tanto quando lançado em profundidade, com passes nas suas costas. Senhor de uma forte meia distância, não se inibe de rematar à baliza, o que aliado à sua frieza no último terço do terreno, coloca muitas dores de cabeça aos guarda redes adversários. Apesar de gostar como anteriormente referi de efectuar movimentos oblíquos da faixa para dentro, tem uma boa precisão no cruzamento caso procure a linha de fundo, e sabe assistir com acerto os avançados, o que dá ao seu jogo uma grande dose de imprevisibilidade, perfeito para o 4-1-3-2 de Jorge Jesus.

Desde a saída de Ramires que é tão falada a necessidade do Benfica contratar alguém que conseguisse impor ao jogo da equipa a mesma dinâmica seja nos momentos de pressão sem bola, seja na capacidade de desiquilíbrio com ela. Pois bem, vejo em Enzo, um misto entre Ramires e Salvio, alguém igualmente competente nesses dois domínios, e por isso pensar que face à contratação de Nolito e o regresso de Urreta, para não referir Gaitán, que o Benfica precisava não tanto de um extremo típico como Salvio (não está em causa a sua grande qualidade), mas de um outro tipo de jogador, que fosse capaz de equilibrar a equipa, dando uma ajuda preciosa a Javi Garcia ou ao médio que ocupar a posição "6", e se possível ter quase a mesma perigosidade nos movimentos ofensivos.

Ora no Estudiantes, Enzo já tem essas rotinas, já jogou inúmeras vezes sendo esse tal médio com essa dupla função. Estamos a falar de um futebolista com uma intensidade de jogo muito elevada, capaz de pressionar o adversário de forma intensa, essencial nas alturas em que é preciso recuperar a bola. A tal pressão alta que era tão bem feita com  Di Maria e Ramires, e que não era possível ser feita da mesma forma com Gaitán e Salvio, agora pode ser reeditada com a ajuda deste futebolista. Enzo dá a Jesus a possibilidade de esticar o jogo da equipa, de conferir às transicções defesa-ataque a velocidade necessária para desiquilibrar os adversários, e ao mesmo tempo utilizar essa mesma velocidade no sentido inverso, recuando rapidamente no terreno, fechando o seu flanco com critério.

Dentro do actual mercado, são muito poucos os jogadores na relação preço/qualidade, com a mesma qualidade de Enzo Pérez. Tive a oportunidade de há uns dias e observando esse mercado de falar nele como possível grande reforço para o Benfica, e foi com muita satisfação que verifiquei que o clube avançou de forma incisiva para a sua contratação, assegurando não só um dos melhores jogadores do campeonato argentino da actualidade, como um jogador de selecção argentina, que pelas suas características, não precisará de muito tempo para se adaptar à forma como se joga na Europa.

Poderá desta forma, estar resolvido um dos grandes défices do plantel na época anterior. Com esta aquisição, não acho que fosse incompatível caso existisse essa disponibilidade financeira, a entrada de Salvio, pois são jogadores que podem perfeitamente caber no mesmo plantel e no mesmo onze titular. Mas se foi feita uma escolha entre um e outro, e optou-se pela contratação de Enzo Pérez, apesar de ser um admirador das qualidades de Toto Salvio, não posso deixar de dizer que entenderia perfeitamente essa preferência.

Veredicto: Aprovado.

11 comentários:

Pedro Tomaz disse...

Se já tinha um pouco de água na boca com o Enzo, acabaste de me a encher por completo! Estou morto para o ver a correr no Seixal, e a jogar na Luz.


Seguindo a tua análise: Que maravilha!

Krak disse...

É sem sombra de dúvidas o reforço que deposito mais esperanças e quem julgo que nos dará mais alegrias.
Bom trabalho Far

|OnE| disse...

Estavas mortinho, lol.

Carrega Enzo!

Mentiroso disse...

Em condições normais Enzo Pérez será titular. No entanto, pelas suas características, julgo que se enquadra melhor no 4-3-3, tal como acontece com Nolito. O desafio coloca-se neste ponto: se vamos tirar o melhor partido destes dois quem vai sair da equipa (de Javi Garcia para a frente)?
Como compatibilizar no mesmo onze jogadores como Aimar, Bruno César, Gaitán, Enzo Pérez, Nolito, Cardozo, Jara ou Saviola?

Quem avança para a titularidade de Javi para a frente?

Mentiroso disse...

“O jornal de Bolton refere que a eventual cedência de Rodrigo terá incluída uma cláusula de compra no valor de 4,4 milhões de euros, um valor abaixo do que o Benfica gastou para garantir o espanhol (6 milhões de euros) na temporada passada.”

Luís Filipe Vieira continua a surpreender-me pela incompetência. Nenhum de nós lhe exige que venda treinadores por 15 milhões, como acontece lá mais acima, mas deveria ser responsabilizado por delapidar o património financeiro do clube ao contratar jogadores para emprestar, com cláusulas de compra que prevêem prejuízos de milhões de euros. Com presidentes destes não surpreende que o passivo do Benfica esteja já acima dos 360 milhões de euros.

patriarca disse...

Vamos ver, estou ansioso por vê-lo a Jogar a pré-Eliminatória da Champions League e aí SIM, se FOR BOM tem que prová-lo em campo.
Já agora não é só ele, TODOS os NOVATOS.

Far(away) disse...

Mentiroso a tua pergunta sobre quem avança para a titularidade do meio campo para a frente é pertinente à frente de Javi, mas é daquelas dores de cabeça saudáveis que qualquer treinador gostaria de ter, boas opções.

Anónimo disse...

Aprovadíssimo! Quanto ao empréstimo do Rodrigo com clausula, espero que seja uma piada de mau gosto...

Arrenka disse...

Vai ser a revelação do campeonato.
Um excelente jogador, pelo que vi será mais completo que o Sálvio (no binómio defesa/ataque).

Gostava de propor alo para enriquecer ainda mais estas tuas crónicas sobre os jogadores: colocar um vídeo que aches que exemplifica as tuas ideias.

Um grande abraço e continua o excelente trabalho.

PS: tal como já foi dito anteriormente as escolhas para o onze são mais complicadas pela, aparente, qualidade dos jogadores, porque se bem me recordo no fim da éoca transacto com lesões e castigos tinhamos que recorrer frequentemente a jogadores como Kardec e Filipe Menezes, quando este ano podiam ser mora/rodrigo ou David Simão/Nolito/Bruno César etc...

Far(away) disse...

A tua sugestão é pertinente, abraço.

Nelson disse...

acho que este ano se impoe cada a rotatividade do 11, com os jogadores que temos do meio campo para a frente podemos investir em todas as frentes e rodar bastante a equipa motivando assim o plantel. O ano passado pecámos neste aspecto. Este ano não temos desculpa para não o fazermos