sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Melgarejo


Melgarejo tem qualidade. É um bom extremo esquerdo. Como defesa esquerdo, ainda é cedo para se fazerem avaliações definitivas, mas há alguns apontamentos interessantes que nos permitem verificar que a adaptação do jovem paraguaio vai trazer a Jorge Jesus aquilo que pretende para o jogo encarnado. Melgarejo é muito rápido, sabe cruzar e tem bom remate, incorporando-se com enorme facilidade nas acções ofensivas do Benfica. Num campeonato como o nosso, onde o Benfica passa 80% do tempo a atacar e apenas 20% a defender, as acções ofensivas são mais frequentes que as defensivas. No entanto, para um jogador que não sabe defender (e Melgarejo, neste momento, não sabe), são as acções defensivas que merecem maior relevo. E nesta pré-época, os erros defensivos do jovem paraguaio surgiram em catadupa. Com o PSV acaba por andar perdido no lance do terceiro golo holandês. No jogo com o Real Madrid acabou por cometer uma falha gravíssima no lance do primeiro golo madrileno, em que perde totalmente a noção do espaço, preocupando-se exclusivamente com a bola e esquecendo-se inclusive da hipótese de não chegar a tempo do corte, o que deixaria, e deixou, o extremo dos blancos com caminho livre até praticamente a pequena área da baliza de Artur. Aquele lance é o melhor retrato possível de um jogador perdido em campo, que não sabe o que fazer num lance básico. Um erro de amador para um lateral. E os problemas de Melgarejo são estes mesmos: não ser [ainda] um lateral nas mãos de um treinador que acha que é lateral num clube sem tempo para adaptações de risco.

O que eu coloco em causa no meio de toda esta adaptação é a razão pela qual foi feita. Ao contrário do que aconteceu com casos passados (e de sucesso) no nosso clube, nomeadamente com Miguel e Fábio Coentrão, a adaptação de Melgarejo ao lugar de defesa esquerdo nasce de uma necessidade imperativa de o fazer. Ou seja, a pressa em adaptar este jogador (e foi este como poderia ter sido outro qualquer) não é o melhor caminho para o sucesso. Não é o melhor, não é o mais fácil nem o mais rápido. Na cabeça de Jesus, a linha de pensamento parte da necessidade de haver alguém que faça o lugar e não das características que determinado atleta possui e que podem torná-lo um defesa lateral de eleição. Para tal, basta comparar Coentrão, Melgarejo, André Almeida e Yannick Djaló, todos eles tão diferentes uns dos outros. E se recuarmos alguns anos, verificamos também que aquando das adaptações de Miguel e Coentrão havia jogadores nos respectivos plantéis que eram, com maior ou menor qualidade para as equipas de então, capazes de assegurar a titularidade, ou seja, as adaptações de Miguel e Coentrão resultaram, a meu ver, não da necessidade urgente em encontrar um lateral mas sim da observação de que as características daqueles jogadores eram mais favoráveis às novas posições do que às que desempenhavam. E o grave é que, para Jesus, qualquer jogador que não renda na sua posição de origem e que seja minimamente rápido pode ser adaptado a defesa lateral. Foi assim com Coentrão, Melgarejo, André Almeida e, imagine-se, Yannick Djaló. Quatro anos, quatro adaptações. Umas resultam, mas a maioria não. Pelo menos desta forma, em que o método parece passar mais por atirar no escuro a ver se acerta em vez de observar e ver quem pode ser e por que motivos.

Isto não se trata de um julgamento a Melgarejo. Acho-o um bom extremo mas duvido que seja um lateral minimamente capaz para defrontar um Alan, um Carrillo, um Hulk ou um qualquer médio-ala ou extremo de uma equipa de médio plano europeu. Toda esta situação tem uma resolução simples: contratar um defesa esquerdo. Mas um a sério, não o Luisinho. Um daqueles em que já estivemos efectivamente interessados este verão ou outro de qualidade semelhante. E não há-de ser assim tão difícil, num clube onde o dinheiro até parece abundar. O problema passa por saber se vai haver esse tal defesa esquerdo ou se vamos andar mais uma época a penar com exibições sofríveis nesse lugar. E isto só depende da competência da direcção e da vontade do treinador. Mas eu não confio em nenhuma delas.

8 comentários:

Jotas disse...

Claramente JNF, nesta matéria estou completamente de acordo, no fundo, O melgarejo poderá ser até solução em alguns jogos, mas nunca poderá para já ser o lateral para a época.

Anónimo disse...

Nessa situação toda o que eu não percebo é o seguinte: o JJ apenas tem no seu plantel um defesa esquerdo - Luisinho. Apesar de ele não ser LE de origem, jogou uma época toda no Paços nessa posição fazendo exibições bastante agradáveis. Será que não seria mais fácil o JJ pôr o Luisinho a jogar a maior parte do tempo na pré-época e ir aperfeiçoando o seu desempenho? Pelo menos acho que seria mais fácil do que pegar num extremo e querer transformá-lo em LE em meia dúzia de jogos na pré-época.
Precisamos de um LE e acho que ele virá (José Angel?) e o Luisinho tem capacidade para ser o seu suplente. Mas o que eu tenho medo se o LE vier é: o JJ "encostá-lo" e continuar a apostar no Melgarejo. Teimoso como ele é nunca sabe. E se vier o LE, o Melgarejo não sei se ficará no plantel face ao grande nº de extremos que temos.

bivolta disse...

Pronto...
para a estrada
O Melgarejo nunca foi aquilatado pela estrutura do clube, no ano que esteve no Paços...

Só te falta dizer o que andaram a fazer os incompetentes que acompanham a evolução dos emprestados.

Vai gamar para a estrada.

John Wakefield disse...

Concordo, JNF. O Melgarejo até pode dar num bom lateral, mas isso requer tempo de rotina na posição. Quanto a Luisinho, parece-me um jogador razoável.
Agora não percebo como é que dão 11 milhões por um extremo que nem era necessário, e não estão dispostos a dar 4 Milhões por um bom lateral esquerdo que precisamos urgentemente.
Critérios à Vieira...

Nuno Bártolo disse...

Já somos dois a não acreditar.
Faz falta a mudança, mudança de treinador, direcção e de pensamento.

A historia do Benfica vem de pessoas com sonhos, vontades e coragem para tentar executá-las. É bonito falar, mas também so custa dar o primeiro passo.

Otto disse...

Façam um favor, vejam o que se escreveu e disse sobre o Fábio, sim o Fábio Coentrão, na altura não havia defesa-esquerdo (apesar do César vir para essa opção) e o que a malta disse e escreveu nos blogs, CS, e, as bocas que se ouviam no estádio...passado um tempo, o que se escrevia sobre o César e, sobre o Fábio... Na terceira época, nem César, nem Fábio, vieram dois, mas só jogou o Emerson, que enquanto não saiu do 11 ninguém descansou (circo inverso se assiste agora com a marca de gelado), tudo isto, para dizer, que se o Emerson não fosse queimado por nós, ainda estaria aqui, e, teriamos margem e espaço para formar um defesa-esquerdo, de seu nome Melgarejo!!

P.S.: Não se esqueçam que na equipa B está o Carole, se não estou em erro, e, o Luís Martins!! Duas alternativas jovens!!

P.S.: Os que defendem o "marca de gelado", comparando as atitudes de JJ com aquele que supostamente é o melhor treinador do mundo (mas que levou não sei quantos jogos para ganhar ao FCB!!), deviam de ver o histórico dele na relação com alguns jogadores...

JNF disse...

Aí sim, Otto, na parte do Coentrão dou-te toda a razão. Mas quanto ao resto, enfim, então o Ola John, de jogador intocável e que precisava de tempo para crescer, já passou a "marca de gelado"?

paulo Chagas disse...

Deixei de suspirar pelo defesa esq...o Jesus numa das suas alucinações já meteu na cabeça que vai fazer do Melga um grande lateral esq e só quando já tiver perdido muitos pontos é que vai acordar da sua alucinação e ver a merda que fez...Jesus deveria de ter saído no final da época quem perde 2 campeonatos como ele perdeu não pode ter uma 3ª oportunidade...VIVA O GLORIOSO SPORT LISBOA E BENFICA