quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um Benfica Europeu


Lembra-se disto? Provavelmente, não. Era o Dream Team. A melhor equipa que Portugal alguma vez viu, a nível de modalidades colectivas. Sobre este jogo, disputado em Almada: Vitória por 96-87, frente ao todo poderoso Panathinaikos. Carlos Lisboa com 32 pontos e Jean Jacques com 24 pontos e 9 ressaltos, lideraram o Benfica à vitória sobre a equipa que se viria a sagrar... Campeã europeia.

Isto serve de mote para o que vem a seguir: Qual é a razão para não vermos mais isto? Incompetência. Incompetência e desprezo. Há alguma razão para o Benfica, ainda para mais com o afastamento do concorrente directo da modalidade, não apostar num projecto que garanta a hegemonia total na modalidade a nível interno e capaz de competir por uma Eurochallenge? O Benfica, neste momento, vê-se dono e senhor da modalidade em Portugal. Tem um plantel e um orçamento infinitamente superior a todas as equipas a actuarem no país. Mas este está longe de ser o limite, bem longe. Com a dimensão que o clube tem, com as condições que tem, que são de elevada qualidade, e com a massa adepta, que neste momento se encontra adormecida, é um desperdício ver um clube com todo este potencial, a bater em cegos a nível nacional.

Há que montar um projecto ambicioso. Recrutar os melhores jogadores nacionais, oferecer-lhes estímulos internacionais, para que não optem por outros campeonatos, recrutar bons estrangeiros, que com a presença do Benfica nas competições europeias, tornará o clube ainda mais aliciante para jogadores estrangeiros, maioritariamente, e apostar, ainda mais, no desenvolvimento da formação. Já agora, palmas para o projecto da equipa B, a competir na Proliga. Passando as coisas para exemplos mais práticos, mesmo que no campo subjectivo: Ivan Almeida, Nuno Oliveira e Pedro Pinto, jogadores do Vitória SC, Barcelos e Galitos, respectivamente, são jogadores de qualidade bem acima da média. São jogadores que fariam sentido num Benfica que quisesse competir a nível europeu. A nível de estrangeiros: Jogadores como Doliboa, ainda no clube, Ted Scott, ex-jogador, importantíssimo no título do ano passado, Will Frisby, Marquin Chandler, que mostrou imensa qualidade ofensiva... Tudo jogadores de qualidade elevada, e que permitiram ao Benfica dar um salto qualitativo enorme. A nível de formação: Formar bem. Métodos modernos, de acordo com as melhores academias, recrutar bem, gerir bem a evolução (de nada vale ter jovens jogadores a jogarem, praticamente, sem oposição) e apostar.

Para finalizar, e para não dar azo a interpretações incorrectas. Não se está a defender que o Benfica tenha um plantel com um número absurdo de jogadores. A limitação, a nível de estrangeiros, está bem presente, também. Pede-se, apenas, que o Benfica seja o mais competente possível. Sim, sabemos que há um orçamento para cumprir. Mas está na altura de dar um passo em frente. Os dividendos serão retirados no futuro. A secção do clube merece.

12 comentários:

rui disse...

Que se foda o basketball eu quero é saber do futebol,depois ai sim o futebol,terceiro o futebol,e para acabar,o futebol.

O Prospector disse...

Gostava muito de voltar a ver isto (sim eu vi e festejei muitas vezes no pavilhão ao lado da porta 0 e por baixo de rampa 3), mas não concordo com o texto, não estamos numa situação em que isto possa acontecer, esta modalidade nada tem a ver com o Hoquei onde os melhores jogadores são nossos e poucos países competem, o Basket é um desporto com muita competição na Europa e a volta do Benfica a esses palcos está neste momento completamente fora do contexto actual!

troza disse...

Só uma coisa... Portugal (em geral) está péssimo no nível de basket. O Pedro Pinto (se for um jogador da formação do Barreirense chegou a jogar várias vezes contra o meu irmão) nã defendia nada. Conheço também alguns dos melhores jogadores que não apostaram numa carreira de basquetbol porque isso aqui não dá.

Além disso, os portugueses só servem para as 3 posições exteriores... para as interiores é preciso contratar estrangeiros e os melhores não veêm para cá.

Para finalizar... o pessoal na formação só se interessa por títulos. Por isso é que os bases portugueses são, apesar de bons, burros a jogar. O Benfica na formação apenas substituíu o Barreirense no recrutamento... quando o mais importante é ganhar do que formar jogadores para a equipa sénior, é difícil fazer algo mais.

Isto tudo para dizer que o basket português precisa de uma reviravolta grande, a comeaçar pela formação. Depois, e só depois, é que o Benfica pode dar esse salto.

Bernardo disse...

tens várias equipas estrangeiras, de vários países que hoje em dia tem jogadores de nível de nba e orçamentos brutais. falar de um benfica a competir com estes clubes é um engano acerca da realidade da modalidade portuguesa. nem que o benfica fosse a selecção portuguesa e pudesse contratar alguns estrangeiros conseguiria competir neste momento e nos próximos 10/15 anos com estas equipas.

A Bola Indígena disse...

Era realmente uma grande equipa, mas não estou a ver o Benfica apostar na modalidade nos próximos anos. Neste momento acho que o Vieira quer é ser campeão de futebol.

Cumps

André Sousa disse...

Percebo, Rui. Acho que o teu clube, portanto, deve ser o Futebol Lisboa e Benfica.

O Prospector. Percebo que isto implique um aumento de orçamento, que vai contra a política que o Benfica deveria adoptar. Agora, interessa é ver qual é a influência desse aumento, no clube. E esse, provavelmente, será mínimo. Quando se fala em competições europeias, não se fala na principal liga europeia, como é óbvio. Isso é algo impensável, para os dias de hoje. Fala-se de uma Eurochallenge. É observar a prestação que o Benfica teve, no ano anterior ao último título, e relacioná-la com o plantel que tinha, na altura.

Troza, concordo. O Pedro Pinto evoluiu bastante e está um jogador bastante apetecível. Mas, o busílis da coisa, não está nos jogadores. Está na ideia. Os jogadores em questão variam. Até porque não possuo um grande conhecimento acerca da modalidade.

Agora, convém lembrar que o Benfica jogou a Challenge com Jenkins e Élvis. Será que o Cláudio Fonseca está longe do nível deles? Creio que não.

Triste mas verdade. Aliás, em todas as modalidades, principalmente no futebol, que é a que acompanho mais, é o que acontece.

Anónimo disse...

Lembro-me deste jogo e da vitória, após prolongamento, no pavilhão do Juventut Badalona, futuro campeão europeu desse ano.
Épico! Vi o jogo na Tve2, os comentadortes espanhóis, ao início, estavam cheios de moral, e ainda hoje me recordo do desespero deles, principalmente nos ressaltos ofensivos.

Pedro Miguel, Carlos Lisboa, Jean Jacques, Zé Carlos Guimarães, Mike Plowden

Nuno M.

Anónimo disse...

Tenho pena que este Blog que já foi o meu favorito de futebol da Blogosfera se tenha tornado apenas um braço armado de critica
Ganhamos em Braga e só vejo aqui criticar a politica do Basket

Anónimo disse...

Resta dizer que esse afundanço do Jean Jacques é sobre o... Dominique Wilkins. Para quem não conhece aconselho uma pesquisa na Wikipedia e no Youtube

Baresi disse...

Nós temos o Betinho na equipa, que já disse em público que se tivesse a oportunidade de jogar em QUALQUER equipa da Liga Espanhola, rapidamente deixava Portugal

Tens a ideia de quanto é o orçamento de uma equipa qualquer espanhola?

João Tomaz disse...

André Sousa, felicito-te por teres escrito este post porque significa que gostarias de voltar a ver o Benfica na elite europeia do basquetebol. Também eu!

No entanto, revelas desconhecimento sobre a modalidade. E como se tal não bastasse, faltou-te humildade ao apontares incompetência e desprezo a quem gere o Benfica, mesmo faltando-te, aparentemente, alguns conhecimentos básicos.

Em primeiro lugar, o panorama do basquetebol europeu na actualidade é completamente diferente do existente nos anos 90. Desde logo por existir a Lei Bosman. Depois por existir algo que se chama "Bosman B". Grosso modo, todos os jogadores europeus "são" da União Europeia. Além disto, e apesar das grandes diferenças orçamentais que já se verificavam nos anos 90, o gap é agora muito, mas mesmo muito maior.
Tudo isto implica que há uma concentração dos bons jogadores nas ligas mais fortes europeias. E depois há o refugo. E depois há Portugal.
Aquela equipa do Benfica só foi possível por existirem dois jogadores ímpares na nossa realidade ao mesmo tempo e na mesma equipa: O Carlos Lisboa e o Jean-jacques. Hoje em dia, um Carlos Lisboa não jogaria mais que uma época em Portugal. E, para agravar, um Jean-Jacques nem sequer cá jogaria. Isto porque em Angola paga-se bem mais que em Portugal. E na Coreia também, por exemplo.
Acresce a isto tudo o fraco trabalho realizado pela nossa federação nos últimos anos, que tem deixado a modalidade morrer lentamente. Fala-se em participação europeia e eu relembro a taça da liga entre deslocações do Benfica há dois anos... Se é assim que a federação quer um Benfica na Europa, não obrigado! Preocupem-se menos com campeonatos secundários das selecções e mais com as dificuldades dos clubes...
Mas voltemos ao Benfica...
A participação nas competições europeias é bastante onerosa e nem sequer temos acesso à principal competição. Mesmo à segunda competição, só lá poderemos aceder por convite, e não pelo mérito desportivo. E se tal acontecer, como poderia eventualmente ter acontecido, tal deve-se a sermos o Benfica, apesar de sermos de Portugal. Essa segunda competição, só em deslocações, estadias e organização de jogos, significaria um investimento entre os 150 e os 250 mil €, conforme o sorteio. E não nos esqueçamos que essa possibilidade, a ter surgido para esta época, terá sido numa altura em que se desconhecia que o porto iria abandonar a modalidade.

Abordas ainda o plantel...
Temos os dois melhores postes portugueses: Elvis e Cláudio. Temos três dos cinco melhores bases portugueses: Carreira, Minhava e Barroso. Temos os dois melhores extremos: Andrade e Betinho. Temos ainda os dois melhores naturalizados: Heshimu e Gentry. Mais quatro americanos. Um deles foi um dos melhores marcadores do campeonato israelita na época passada (em que se paga bem mais que cá) e outro andou a jogar na Alemanha e Turquia antes de regressar, países em que se paga muitíssimo mais que cá. Os jogadores que referes são bons e estão mais que identificados por quem quer que acompanhe a modalidade, mas não podemos ter todos.
Referes ainda a formação e a necessidade de formar bem, seja lá o que isso signifique... O que vejo actualmente é o Benfica a detectar jovens jogadores, a ganhar as competições jovens, a dar continuidade à formação com a equipa B e a "soltá-los" para que se tornem melhores jogadores e voltarem um dia se o justificarem. Vejo também o Tomás Barroso no plantel (e não ignoremos que o Cláudio, não sendo da nossa formação, tem 23 anos). E mais veremos nos próximos anos. Fomos campeões três vezes nas últimas quatro temporadas e perspectiva-se que continuemos a conquistar títulos. Deve haver alguma competência e não haverá certamente desprezo...

João Tomaz disse...

Rearviewmirror, a malta não tem noção que o Real Madrid e o Barcelona têm orçamentos superiores ao sporting. E muito menos têm noção que o Caja Laboral, o Unicaja, o Valencia Basket e o Gescrap Bilbao gastam mais dinheiro que o Braga.

Faltou-me acrescentar o seguinte: O SLB compete em 6 modalidades para ganhar: Atletismo, Andebol, Basquetebol, Futsal, Hóquei em Patins e Voleibol. O porto investe em duas, o sporting em três. O orçamento para 2012/13 nestas 6 modalidades é 7,7M€...