
=> Do treinador que incutiu, desde cedo, no espírito português uma contabilidade estranha para este apuramento. A selecção vice-campeã da Europa, 4ª classificada no último mundial, tem que entrar num jogo de créditos e débitos consoante os jogos realizados fora de portas ou em casa? Mas que grupo “de morte” é este que nos obriga a isso? Em que momento desta “cassete” chamada mística, virámos para o lado B?
=> Do desgaste e até desânimo que venho a notar na face de Scolari quanto a esta Selecção. Suspeita-se (sabemos, pronto) que não vai renovar, mas no seu currículo não ficaria nada bem um não apuramento para o próximo Europeu. A apatia da contabilidade necessária poderá ser, de novo, indicativa de desleixe? Poderá, o Sr. Scolari, estar a antever um futuro menos risonho para esta Selecção, comparativamente ao passado recente? Não existem muitos mais brasileiros de qualidade para naturalizar, convenhamos…
=> Do entra e sai nas convocatórias. Até agora, não se conseguiu estabelecer uma base sólida de trabalho. Acredito e aceito que, pela distância temporal entre os jogos, o factor “momento de forma” seja importante, mas daí até já irmos em 50 e tal convocados para este apuramento (pelo que ouvi)…
=> Dos clubes portugueses (Benfica, sobretudo). A geração de ouro só existiu porque alguém a garimpou. Existe muito metal precioso por todo este Portugal (o Sporting descobre-o), mas insistimos em outros mercados. Sou e sempre fui apologista que o Benfica, particularizando, deveria ter jogadores de qualidade, acima de tudo. Viessem eles de onde viessem. Não podemos é exigir das Selecções aquilo que os clubes não lhes querem dar: matéria-prima. Existem lacunas gritantes em posições fulcrais do terreno, sobretudo pela disparidade de qualidade entre as primeiras e segundas linhas. Não existirá, em Portugal, nenhum defesa esquerdo de raiz em ascensão, por exemplo? E um ponta-de-lança?
=> Dos clubes estrangeiros, que encontram em Portugal a tal mina de ouro. Por uma questão monetária, garimpam o mais cedo possível por terras lusitanas. Resultado? Ou os jogadores assumem-se pela qualidade indiscutível que têm (Cristiano Ronaldo, Nani?) ou perdem-se para o futebol, no conforto do banco de suplentes (mas com o bolso mais cheio). Fico estupefacto pela quantidade de jogadores que saem dos clubes chamados pequenos (ou até mesmo de divisões menores) para clubes de Espanha, Itália e Inglaterra. Seremos nós os visionários e eles (os clubes estrangeiros) os cegos? Não deveríamos contribuir para a maturidade futebolística desses novos Rui Costa’s, Figo’s e João Pinto’s? Sair de Portugal tão cedo é queimar etapas e, quiçá, carreiras.
Tenho receio de, brevemente, voltarmos a acompanhar os Campeonatos do Mundo e da Europa… pelos olhos dos outros. Normalmente era esta a postura quando ficávamos de fora. Olhando para baixo (Sub’s 21, 20….), os resultados não têm sido animadores…
Voltaremos a ser o Portugal apenas dos pequeninos?