sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

«Estamos de parabéns pela maturidade»

A frase é de Luisão, capitão no campo, e reflecte precisamente aquilo que venho dizendo há muito tempo: maturidade. Foi isto que faltou na Champions e no Dragão, até Novembro, e que hoje conseguimos conquistar e demonstrar, maturidade. A qualidade está neste grupo de trabalho desde início, a capacidade de ter maturidade para a evidenciar e exponenciar a qualidade é que não existiam. Hoje, a situação é bem diferente, para melhor. Nem sei bem o que dizer, estou felicíssimo, não caibo em mim de contentamento. O Benfica acaba de concluir um ciclo de três deslocações dificílimas, em três semanas, ao Dragão, a Alvalade e a Stuttgart, todas com vitórias por 0-2. Porquê? Maturidade. O meu "obrigado" a este grupo de trabalho e nomeadamente a Jorge Jesus. Muito, muito obrigado. Hoje faleceu um borrego com mais de cinquenta anos de história europeia. Acabou o pesadelo e o trauma alemão. Morreu a ideia da incapacidade em ganhar em solo germânico. Obrigado, Jorge Jesus.

Depois da vitória suada arrancada na Luz uma semana antes, o Benfica deslocou-se à Alemanha, onde nunca ganhara antes a uma equipa germânica, para tentar inverter a história. Depois de dezoito jogos de tentativas frustradas, era a vez de, como Jesus previra na conferência de imprensa do dia anterior, mudar a história. Na cidade maldita onde Veloso falhou o fatídico penalty da final da Taça dos Campeões Europeus de 1988, o Benfica escreveu a primeira bela página europeia desta década.

Privado de Saviola por indisposição de última hora, Jorge Jesus manteve-se fiel ao esquema de jogo habitual e lançou Jara na partida, no lugar de El Conejo. No entanto, as principais dúvidas residiam na forma como a equipa se apresentaria. Estaria o Benfica em boas condições físicas para bater os alemães, depois do desgastante derby de segunda-feira? Como aqui dissemos, fisicamente este Benfica não está bem nem muito bem: está quase perfeito. É isso que permite que Coentrão faça sprints aos 90+3 minutos em que passa por três adversários, é isso que permite que Gaitán, mesmo depois de ter descansado menos de 72 horas após o duelo de Alvalade, em que acabou visivelmente estoirado, se apresente fresco que nem uma alface.

O Benfica entrou forte e pressionou o Stuttgart bem alto desde início, tendo conseguido as melhores oportunidades do primeiro tempo. Fábio Coentrão deu o primeiro sinal de golo, mas não conseguiu repetir aquilo que já fez este ano noutros jogos grandes (Porto e Lyon). Curiosamente foi na sequência de um pontapé de canto que o Benfica chegou à vantagem, com um remate fortíssimo de Salvio, rasteiro, sem hipóteses de defesa. Em vantagem na eliminatória, os alemães teriam de marcar três golos para passar.

No segundo tempo, logo no recomeço, foi Jara quem testou os reflexos do guarda-redes alemão, que sairia lesionado após um choque aparatoso com Gaitán e com Delpierre. O Benfica sabia defender bem e saía para o ataque sempre com muito perigo, tendo Luisão desperdiçado uma oportunidade soberana para matar a eliminatória, ao falhar um golo quase feito após uma desmarcação perfeita na sequência de um livre. O Benfica acreditava e sabia que um golo sentenciava a partida. Cardozo testou a qualidade de Ulreich, num remate alto e forte, com aparatosa defesa do camisola "1". E tantas vezes o cântaro foi à fonte que acabou por partir, num livre perfeito de Cardozo, mais fácil que um penalty, com a bola a bater no poste e a entrar junto ao outro. Execução sublime, dança da galinha, 0-2 e primeira vitória na Alemanha. Era o coroar de uma exibição quase perfeita, com classe, magia e pragmatismo.

Queria ainda destacar a exibição de dois jogadores: primeiro, Roberto, que fez quatro defesas que garantiram a continuidade nesta prova. A defesa a cabeceamento de Okazaki é de um grau de dificuldade elevadíssimo, só ao alcance de um grande guarda-redes. O espanhol mostra-se cada vez mais confiante entre os postes, apesar de nas bolas aéreas ainda andar, não raras vezes, aos papéis. O segundo a destacar é Nico Gaitán, jogador que tem sido comparado a Di María. Não me parece que sejam minimamente parecidos, aliás, vejo em Gaitán um estilo de jogo muito parecido (com potencial para ser bem melhor) com o de Deco. Gaitán parece-me cada vez mais um "10", e ontem teve mais um jogo com nota artística. Bravo!

16ª vitória consecutiva em todas as competições, novo record do clube. Numa época com tantas dificuldades, este é um feito magnífico, muito graças ao treinador que soube refazer uma equipa, potenciando jogadores que tinham acabado de chegar. Bravo Jesus!

6 comentários:

Portillo disse...

Nem mais, aliás nota-se até a diferença em relação à época passada que quando faltava um dos titulares indiscutiveis se notava a diferença em campo, e neste momento não se sente isso como hoje em que perdemos 2 dos habituais titulares..
Só mais uma questão: Fui só eu a achar que o banco hoje estava fraquissimo? Luis Filipe, Menezes, Roderick, Kardec (estes 2 com capacidade de evoluir)

Olho Gordo disse...

Que jogo espectacular! Ambas as equipas mostraram que queriam marcar e não faltaram oportunidades de golo. Grandes exibições dos Guarda-Redes... de todos. Fantástico!

Anónimo disse...

acho ainda mais significativo, que ontem o Benfica de Jesus bateu o seu recorde DE SEMPRE de vitórias seguidas em jogos para todas as ocmpeticoes... nem hagan nem eriksson tinham feito 16.

Carlos Alberto disse...

Uma equipa muito consistente!

Anónimo disse...

O meu orgulho continua. Só espero que a caganeira do Saviola não se estenda ao resto da equipa.

1ª nota: Jesus pregava que o mundial iria atrapalhar o inicio de época, outros riam-se.

2ª nota: Esta qualidade que o Benfica demonstra, é fruto do trabalho diário. Conclusão: Além de 1 treinador e equipa técnica cometente, o Benfica tem no momento 1 grupo de jogadores do mais profissional que pode haver.

Penso que não se deve dissociar ao facto do Benfica ter argentinos na equipa. Camacho disse ás uns anos que os argentinos são os melhores profissionais no futebol. Têm o que de bom têm os brasileiros e não têm o que de mau têm os brasileiros.

O resto é CLASSE

GNR

Jotas disse...

Antes de mais devo dizer que ontem se assistiu a um grande jogo de futebol.
Um jogo que contou ainda com um grande Benfica, com uma criatividade assinalável e mais importante ainda, com uma disponibilidade física impressionate após jogos sucessivos e aí, como noutras matérias há dedo de JJ, um treinador de eleição.
Em suma, uma grande noite europeia, com o Benfica a passear classe em Estugarda.