domingo, 29 de julho de 2007

Até já

Quando, no passado domingo, parti para um curto período de férias, já levava na consciência uma eventual e extremamente provável saída do Simão. Era inevitável. O jogador queria sair, e depois de tantos anos de contenção e dedicação, estava no seu direito. Não o disse na crónica, mas notei que jogou sem alma contra o Cluj, como que contrariado, sem vontade. Vieira fez o que era possível: garantiu, para além dos 20 milhões, dois jogadores do clube madrileno ou, em contrapartida, mais 7 milhões de euros. O Simão esteve para sair por 20, no ano passado, e não me parece que num ano sem competições internacionais de grande relvância, em que o Benfica não venceu nada nem sequer brilhou na Europa, o desejo de o contratar tenha aumentado tanto que o valor exigido possa subir 5 milhões. Por isso, e porque 20 milhões de euros também é muito dinheiro, está-se bem.

Ontem, enquanto passava os olhos pela minha pasta com mais de uma centena de fotos do Simão, que fui recolhendo durante estes 6 anos de vínculo, antes de a passar para a pasta de ex-jogadores, não evitei emocionar-me ao recordar - para além da extensa panóplia de diferentes penteados - os grandes momentos de alegria que ele me fez passar. Foi o maior símbolo do Benfica na última década. A estrela que mais cintilou desde a saída de João Vieira Pinto, era eu um miúdo de 7 ou 8 anos, e chorava em frente à tv. O Benfica sofre um tremendo rasgão na sua ligação com os adeptos. Simão Sabrosa soube emendar-se - pudera! - quando se deparou com a grandeza do Benfica. A equipa perde carisma, perde força, alma e espírito de liderança de um capitão que irá deixar saudades.

Se no campo emocional as perdas são incalculáveis, no plano desportivo parecem-me, a mim, ao contrário do que a maioria dos benfiquistas dá a entender pensar, mais facéis de suplantar. Sou um crítico do treinador que previlegia o sistema e encaixa nele os jogadores, em vez de criar um sistema que se coadune com as características dos elementos do plantel. Fernando Santos é um deles. Simão, como fabuloso jogador que é, também deu nas vistas a 10, mas nunca foi a mesma coisa. Eu gostava tanto, mas muito mais, de o ver a jogar a extremo, logo agora que parece que achamos um goleador, um homem de área. Mas, tendo em conta que isso é impossível, a sua preponderância diminui um pouco, e a sua saída será menos sentida se for contratado um 10 de qualidade para o seu posto.

Se Rui Costa já está velho de mais para evitar recuar no terreno para recolher e distribuir jogo, e Nuno Assis não me parece muito talhado para a função, ficamos, como já tinha referido há uma semana atrás, com uma lacuna. Di María pode fazer a posição, mas dará prioridade ao posto de interior esquerdo. Adu, que vem a caminho, creio ser um homem com mais propensão para jogar a segundo avançado, não possuindo a classe que um 10 necessita. Hoje fala-se em Daniel Carvalho, mas no lo credo.

Em suma, o saldo será feito no final, mas não entender a saída do Simão é não entender o que é o mundo futebolístico actual, e pior, o que é Benfica, e a sua incomensurável grandeza, independente de qualquer jogador.

Boa sorte Simão.

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