domingo, 3 de fevereiro de 2008

De volta ao "normal"

Bem me parecia que a exibição do fim-de-semana passado tinha sido fruto do acaso. Frente ao Nacional, no Estádio da Luz, não conseguímos dar sequência ao bom resultado alcançado no Minho e ao deslize do praticamente-campeão-nacional-que-já-tem-as-faixas-encomendadas. Assim, com este resultado, o segundo lugar fica em risco, quando a deslocação a Alvalade já não está assim tão longe.

Ontem, mais uma vez, o Benfica voltou a entrar tímido no jogo. Não conseguiu durante toda a primeira parte fazer uma jogada com princípio, meio e fim. Não há fio de jogo. Não se faz uma jogada completa com bola a correr pelo relvado, isto sobretudo devido à ausência da peça fundamental da equipa, que já tem 35 anos, Rui Costa. Algo está mal quando uma equipa vê nela o melhor jogador com aquela idade e se sente tão dependente dele.

Para não variar, o adversário do Benfica entrou forte no jogo. Começaram a incomodar Quim ainda antes dos 10 minutos, chegando à nossa baliza com uma impressionante facilidade. O nosso meio-campo defensivo está de rastos. Petit e Katsouranis estão completamente fora de forma. Não conseguem recuperar nos contra-ataques, não têm envolvimento nos lances ofensivos e não conseguem transmitir garra a uma equipa atafulhada de sul-americanos.
Ofensivamente, os jogadores (à excepção de Di Maria e Nuno Gomes) estavam simplesmente parados. Lá no 3º piso é que dá para ver quem corre e quem não o faz. É incrível ver Maxi Pereira, Cardozo, os dois trincos e os laterais parados, sem procurarem desmarcações ou linhas de passe. Dá dó ver um Benfica que parece que não treina durante toda a semana.
E como a situação não estava assim tão má que não pudesse piorar, eis que se lesiona um dos poucos jogadores que poderia conseguir fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque, Nuno Gomes. Felizmente não tivemos que "gramar" com o Assis, pois estava lá no banco C. Rodriguez, que até acabou por ser um dos melhores em campo. A primeira parte terminava pouco depois com pouquíssimo futebol.

No segundo tempo o Benfica entrou mais objectivo, fruto das investidas de Di Maria e Rodriguez, mas também algo desorganizado, não se percebendo em que posições estavam a actuar os três médios sul-americanos. O Benfica até teve boas oportunidades com Maxi Pereira num remate frontal e dois cabeceamentos, por Cardozo (tão apagado...) e Mantorras, que foi inconsequente. Nos vários lances de bola parada que tivemos, nem um resultou em perigo. Mas será que eles treinam? Tudo marcado ao segundo poste onde não aparecia ninguém, quando toda a gente sabe que o melhor jogador do Benfica nestes lances é Katsouranis, que costuma aparecer em antecipação ao primeiro poste. O Nacional apenas a espaços procurou a sorte, sorte essa que lhe ia saindo num cabeceamento de Ricardo Fernandes, após livre de Spadacio.
Nas substituições Camacho esteve desastroso: primeiro tirou o Nélson e colocou Léo, quando devia ter retirado o apagado Luís Filipe e colocado o luso-cabo-verdiano na direita, e segundo tirou Di Maria, que foi claramente o melhor em campo, o que valeu uma monumental assobiadela ao técnico espanhol.
Resultado final, 0-0, que premeia o esforço do Nacional sobretudo na primeira parte e castiga a desorganização colectiva do Benfica.

No final, lenços brancos e bastantes vaias para a equipa e para José Antonio Camacho, que, com a vinda de Makukula, terá mais uma solução para um ataque que parece cada vez mais ineficaz.

P.S. Comportamento vergonhoso das claques: os Diabos Vermelhos praticamente não apareceram, mais uma vez. Só põem os pés no Estádio quando jogamos com os rivais. Os No Name Boys fizeram a única coisa que sabem: mandar very lights para o campo, dando razão a quem diz que as claques são fonte de problemas e que não dignificam o espectáculo, dando uma imagem de insegurança ao futebol.

Ficha de jogo

Bwin Liga - 18ª jornada
Estádio da Luz, Lisboa
Assistência: 31 694 espectadores
Árbitro: Olegário Benquerença (AF Leiria)

SL Benfica

Quim; Luís Filipe, Luisão, Edcarlos e Nélson (Léo, 67 min); Petit, Katsouranis, Maxi Pereira e Di Maria (Mantorras, 79 min); Nuno Gomes (cap.) (C. Rodriguez, 39 min) e Cardozo
Suplentes não utilizados: Butt, Sepsi, Adu e Nuno Assis
Treinador: José Antonio Camacho

CD Nacional

Bracalli; Patacas (cap.), Ricardo Fernandes, Cardozo e Alonso; Edson, Cléber, Juninho (Adriano, 68 min), Juliano Spadacio e Fábo Coentrão (Pateiro, 75 min); Rodrigo (Lipatin, 63 min)
Suplentes não utilizados: Belman, João Coimbra, Filipe Lopes e Reinaldo
Treinador: Pedrag Jokanovic

Disciplina: Cartão amarelo a Di Maria (76 min) e Adriano (80 min)

Marcador:

Melhor em campo: Di Maria (SL Benfica)

7 comentários:

Anónimo disse...

O Di Maria foi substituido a pedido dele próprio!!! Quem estava atento no estadio viu ele a fazer sinal para o banco a pedir substituição logo a seguir a um lance em que nós iamos sair para o contra-ataque e ele nao conseguiu arrancar e começar a correr, ficando agarrado às pernas a queixar-se!

Anónimo disse...

com o devido respeito pela opiniao de cada um...a ignorancia eh santa....
o q se passa com os diabos nao eh de agr e para dizer a verdade espelha o resto do estadio...ou seja..vazio tambem! dos no name, convem tb saber q aquilo sao tochas e nao very lights... mas pronto na altura de dizer mal vale tudo!

JNF disse...

Tochas, very lights, até podiam ser fósforos.

Tenho um estranho gosto de não pactuar com violência, só isso, se é que me é permitido.

E também sei que as claques não se portam mal, quem se porta mal é o cidadão comum que vai ao futebol em paz e fica em pânico ao ver atirarem objectos com fogo para o relvado, quando estão no sector imediatamente ao lado da claque.

E claro, que "na altura de dizer mal, vale tudo", claro! O problema é que só constatei uma realidade.

Anónimo disse...

começando pelo proverbial inicio :

- o extremismo é errado, não importa o extremo em que se esteja...e a sua posição é de facto extremista e a sua definição de violência com certeza não é a mesma que a minha

- O problema das tochas existe pois alguém não entendeu que seria tudo mais fácil se uma pessoa pudesse acender a tocha e depois depositar junto ao relvado, onde seria devidamente apagada pelos bombeiros...leis opressivas geram reacções agressivas..

- aproveito para dizer que sou 100% contra petardos, very lights, os esfaqueamentos, a violencia contra adeptos comuns da equipe adversária, vandalismos, e os outras acções normalmente usadas por pessoas muito informadas como o senhor para descrever o que faz uma claque ...

- relativamente a ficar com pânico de ver tochas a cairem no relvado no sector ao lado do seu....eu também tenho pânico estar ao lado de sectores e sectores de benfiquistas silenciosos, mas sei que o silêncio não me vai afectar..pois está no sector ao lado!!!

-as claques não são, nunca foram, nem nunca se tentaram passar por santos.


O problema é que também eu só constatei uma realidade.

JNF disse...

Pelos vistos não fui suficientemente claro:

O futebol é um desporto que deve ser visto num clima de segurança para todos, incluindo das crianças que vão acompanhadas pelos seus pais. É difícil acalmar uma criança quando vê objectos de fogo a cairem perto dela.

Ainda não consegui encontrar nos textos onde escrevi onde é que fiz referência aos petardos, esfaqueamentos, do que o senhor diz que eu falo.

E por fim, "O problema das tochas existe pois alguém não entendeu que seria tudo mais fácil se uma pessoa pudesse acender a tocha e depois depositar junto ao relvado, onde seria devidamente apagada pelos bombeiros" é possivelmente uma das ideias mais ridículas e inconcebíveis que já ouvi alguém dizer.

P.S. Sou extremista, pois concerteza. Uma pessoa que quer tranquilidade e paz no futebol é um extremista, pelo que acabo de perceber.

Anónimo disse...

Claro que deve ser visto em segurança....mas entre segurança e pieguice vai ainda um grande caminho. Esse primeiro parágrafo quase me fez chorar de comoção...é muito bonito.

Inconcebível? as tochas estiveram presentes durante anos no estádio da Luz sem um único problema...


Caso tivesse lido o texto mais do que uma vez, teria certamente percebido que a expressão utilizada foi "e os outras acções normalmente usadas por pessoas muito informadas como o senhor", se reparar não existe uma única referência à sua pessoa, pelo que é natural que não tenha encontrado referências nos textos que escreveu.


Já agora...isto de andar a puxar pelo benfica e fazer barulho também é muito desconfortável não é? Se calhar o melhor é proibir isso também, assim já pode adormecer aos 20 mins da primeira parte. Longe de mim perturbar a sua paz e tranquilidade.

Cumprimentos

Sir disse...

Haja alguém que seja contra os esfaqueamentos...