O Benfica atravessa uma crise desportiva de dimensões ultrajantes. Não há volta a dar, senão lutar para a ultrapassar - estou em crer que não vamos lá com demagogia, artigos n'aBola e mais uns quantos sul-americanos. Antes de se debruçar sobre esses problemas, o Benfica tem que remediar a crise que o afecta a nível organizacional e direccional. Mas não é disso que vos quero falar hoje.
Como já devem ter reparado, a Comunicação Social, oportunista, como sempre, tem vindo a aproveitar-se cada vez mais do estado de desagrado dos benfiquistas para enxovalhar o clube. O Benfica é um dos clubes mais históricos do mundo. Não é um clube do quase, a miar, de fininho, pela Europa, nem um clube regional, monoteísta, que faz uso da corrupção para triunfar. Não. O Benfica é mais que isso, é mais que qualquer dirigente, seja ele Presidente, Director Desportivo ou Preparador Físico. O Benfica é superior e não é efémero - fazendo jus à denominação deste blogue, o Benfica é eterno. Benfica rima com glória, e é essa glória, o respeito e admiração que muitos nutrem pelo nosso clube, que não podemos deixar esvair-se.
Rogo-vos, benfiquistas de todo o mundo, que defendam o vosso clube em qualquer circunstância. Não vos peço para serem acríticos - basta lerem este espaço para saberem que a minha conduta não contempla a carneirice. Passa-se, que o Benfica, alvo apetecível e extremamente rentável, é, ao mesmo tempo, odiado por muitos. Palavra puxa palavra, e não tarda nada até que todos os problemas do clube sejam debatidos em praça pública, condenando-se culados, gozando com o presidente, com o treinador, deturpando factos e moldando reacções a seu favor.
O mais recente exemplo é o de Oscar Cardozo. De tão badalada que foi a transferência, todo o mundo soube do seu valor. 9 milhões, primeiro; agora 11, comprada que está a totalidade do passe. O paraguaio mostrou serviço: 20 golos (11 deles no campeonato, que lhe valem o posto de segundo melhor marcador). Marca que prometeu, que suscitou dúvidas e gozo, mas que cumpriu. E há que dar-lhe o devido mérito. Cardozo é forte, inteligente, tem bons pormenores técnicos e um remate espantoso de grande potência. É um jogador de área muito possante que, ao contrário do mito que se instaurou, marca bastantes golos de cabeça. Chegou, sem férias, estafado, sem pré-época, nem tempo de adaptação ao futebol português, e vingou. Essa é a verdade. Tudo bem que é lento, e um pouco preso de ancas. É também muito jovem e tem, por essa mesma razão, uma larga margem de progressão.
Muito se discutiu, aqui e ali, o preço do jogador. Se o Benfica quer qualidade, tem que a pagar. Era essa a mentalidade dos benfiquistas mais optimistas. Mas foi da massa adepta do clube adversário que vi exigir muito de um jogador que, na verdade, eles temem. Cardozo veio solucionar uma das grandes lacunas do clube: a de um ponta-de-lança capaz de marcar um carregamento de golos por época. Foi dos nossos adversários que mais farpas vi, como se eles tivessem alguma legitimidade para falar do nosso orçamento. O sentimento, esse, é geral: o jogador é craque. Mas, e alegam eles, não é craque para custar o que custou. Se calhar não, mas é um bom jogador. E já fico feliz com isso. De maus negócios está o Benfica cheio e, asseguro-vos, este não é o caso.
Talvez por isso a imprensa comece a querer empurrá-lo para fora do clube, sabendo das propostas vantajosas que o paraguaio recebeu para sair do clube em Janeiro. Ignorando o facto de estar lesionado desde a partida com a Académica, e de a ter abandonado antes do seu interregno, os media continuam a dar destaque à sua presença no banco. O mesmo aconteceu, inversamente, com Bynia, que é desvalorizado por ter sido muito barato. Os media ignoram o desempenho nesta primeira época na Europa, os seus atributos físicos, os lançamentos longos e a sua chamada à Selecção Camaronesa para uma grande prestação na CAN. Não, preferem falar da suposta agressividade de um jogador que foi mais do que severamente punido. Outros há que agridem adversários, intencionalmente, todas as semanas, chegando ao final do campeonato só com dois amarelos, e são recompensados com vídeos para o site da UEFA - maldito G-14!
Termino por aqui este apelo. Defendam as vossas cores, orgulhosamente, não enterrem mais o vosso clube na lama. Saibam perder. Saibam ganhar. Mas respeitem aquele que ainda é um dos maiores símbolos de Portugal e do futebol. Se o que sinto quando o Benfica perde é frustração, canalizo-a para outras expressões da minha alma. Costumo dizer que de cada vez que o Benfica perde, o meu benfiquismo adensa-se. Digamos que, este ano, tem crescido exponencialmente. Talvez por essa razão, luto e lutarei contra as injustiças do nosso futebol e do nosso clube até ficar sem forças.
PS: Não percam, no ESPN, canal 26 da TV Cabo, um grande documentário sobre o que é Ser Benfiquista. Hoje (22h), Amanhã (14h30) e Sábado, dia 26 (11h e 16h).
A "Dobradinha" em 1963/1964 (Parte III)
Há 12 horas
3 comentários:
Nós (benfiquistas, em geral) somos responsáveis pela situação que os nossos pontas-de-lança (os actuais e os antigos) passam. Pomos sempre demasiada pressão, obrigamo-los a marcar sempre que podem, não lhes perdoamos um falhanço. Não olhes damos tempo. Está a ser com Cardozo e Nuno Gomes como foi com Bergessio, Karadas, Delibasic entre outros. Não digo que seja todos jogadores para a camisola que vestem, mas devem ser apoiados desde o primeiro dia que envergam o manto sagrado.
Mas atenção, que muitos jornalistas também são culpados. Algum deles se debruçou sobre a ineficácia de Lisandro López nos primeiros dois anos de FC Porto? Ou de Hélder Postiga, que raramente marca e quando marca é em fora-de-jogo? Disto eles não falam...
Os benfiquistas são exigentes, habituamos-nos a ganhar com muita regularidade, portanto ainda não nos acostumamos a esta seca de títulos. Isto acaba por nos tornar impacientes e deixamos-nos levar, facilmente, pelas críticas. Eu pauto a minha paixão encarnada pela coerência e,por isso estou de acordo com o apoio que devemos prestar à equipa. Temos de perceber que começa por nós as vitórias.
O nosso lema é bem claro.
Et Pluribus Unum.
Sir muitas vezes estou em desacordo. Hoje adorei o teu post. ès um grande benfiquista. Alguém acredita que um jogador que marca um golo com o joelho é muito bom se o fosse estava como o Alexandre Pato ou o Cristiano Ronaldo ou o Fernando Torres ou o Ballack nos maiores clubes e na selecção do seu país, a Argentina. Pois só que esse jogo foram treze jogadores de uma equipa contra nove da outra e ão estou falar de arbitros, estou a falar e jogadores emprestados. Há um clube que tem doze jogadores emprestados ou seja uma equipa sombra, é disso que estamos a falar. Colocados de forma criteriosa, temos de perceber isso e hoje o SIR tocou muito bem no assunto
O Cardozo é muito bom, a maoria dos nossos jogadores são muito bons, jogam nas suas selecções.
Andarem dizer que nós andamos a divagar isso não é verdade, nós temos é duas frentes a da competência e a da verdade desportiva e eu não estou a falar de arbitros, fazem o que sabem. Nós deviamos era lutar pela verdade desportiva, hoje ovi que a liga nem consegue marcar as horas dos jogos, agora vejam se em Inglaterra, França, Espanha, Itália isso acontece. E é por terem verdade desportiva que conseguem evidenciar competência desportiva.
Obrigado SIR
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