domingo, 29 de agosto de 2010

À terceira foi de vez

Demorou, custou, sofremos, mas os primeiros três pontos já cá cantam. E que se sigam muitos mais, de preferência rapidamente. Depois das duas derrotas nas duas primeiras jornadas, tantos desaires quantos os averbados em todo o campeonato 2009/2010, o Benfica precisava de vencer urgentemente para não deixar os rivais na luta pelo título dispararem na tabela classificativa. E assim foi, com mais medo que dificuldades pelo desenrolar do jogo, o Benfica conseguiu vencer mais que merecidamente este Vitória de Setúbal.

À partida para este jogo, a questão colocava-se: quem será o guarda-redes titular esta noite? Roberto ou Júlio César? A escolha acabou por recair sobre o brasileiro, que se mostrou bastante seguro nos minutos inicias (e que foi muito aplaudido pelos adeptos), conseguindo um par de intervenções bem seguras. Com Roberto relegado para o banco, os colegas do sector defensivo pareciam mais confiantes, a equipa jogava um futebol agradável e, sem surpresas, à semelhança do que acontecia não raras vezes na Luz na época transacta, o marcador foi inaugurado bem cedo, com a assinatura de Óscar Cardozo.

O primeiro estava feito e o Setúbal, que até tem uma equipa "jeitosinha", não conseguia sair do seu sector defensivo e causar perigo perto da baliza encarnada. Tudo calmo, tudo tranquilo, até Maxi Pereira ter uma autêntica paragem cerebral e entregar um presente envenenado a Júlio César, que, com a bola no pé mais fraco e surpreendido pelo atraso, nãp a consegue chutar acabando por cometer penalty sobre um jogador do Vitória, que se isolava para a baliza deserta. O guardião encarnado foi bem expulso e, naquele momento, não houve certamente uma pessoa naquele estádio que acreditasse naquilo: eis Roberto novamente. Jesus leva as mãos à cara ao ver a situação: o guarda-redes que ele tinha acabado de relegar para o banco e que estaria com a moral certamente bem baixa, tinha de entrar em campo, defender um penalty e aguentar o resto do jogo com apenas dez jogadores. Poderia ser mais difícil? Grande abraço entre o goleiro e o portero, lá ia Roberto para a baliza. Frente-a-frente com Hugo DesLeal, jogador que à custa da ambição desmedida deu um passo maior que a perna e acabou por fazer uma carreira à medida da qualidade de pessoa que é, ou seja, minorca, Roberto encheu a baliza e voou para defesa relativamente fácil face à péssima execução da grande penalidade, mas o que interessa é que o penalty foi bem defendido e, para um guarda-redes, nada melhor que defender um penalty para dar moral, acreditem.

O jogo encerrava agora uma questão muito importante: como iria o Benfica reagir face ao resultado e ao desenrolar do jogo, sabendo que teria de jogar com dez por mais de 70 minutos e que estava a vencer? Reagiu à campeão: com serenidade, muita entreajuda nos diversos sectores, e com bom futebol. O Vitória nem conseguiu equilibrar bem o jogo, tal foi a competência evidenciada em campo pelos discípulos de Jesus, e por isso mesmo, o Benfica matava o jogo perto do intervalo com um cabeceamento fulminante de Luisão após canto apontado na direita por Pablo Aimar. Com 2-0 ao intervalo, o Benfica só tinha de saber gerir o jogo.

E foi isso que fez em toda a segunda parte, fruto de uma substituição muito bem vista por Jorge Jesus, que ao retirar o apagado Saviola e ao colocar em campo Rúben Amorim, conseguiu que o Setúbal não tivesse condições para assumir a partida, acabando por ter menos bola e menos chances de golo que o Benfica. E o jogo acabou por morrer definitivamente com o golo de Aimar após mais uma boa incursão de Gaitán (craque, não engana) pelo flanco esquerdo. Depois disso, pouco mais houve para além de um ou outro remate do Vitória sempre muito longe da baliza de Roberto.

Do que mais gostei no Benfica de hoje foi... Jorge Jesus. Não teria escolhido outro onze, não teria feito outras substituições, correu tudo perfeito. Para mim, o MVP é o mister. Relativamente a jogadores, gostei da asa esquerda encarnada, com Gaitán em excelente plano apesar de um ou outro lance em que não soube definir bem a jogada, à semelhança do que acontece muitas vezes com os sul-americanos que chegam à Europa no primeiro ano, e também de Fábio Coentrão, que está claramente em rotação elevada, num fabuloso pico de forma. Aimar e Javi também estiveram em bom plano. Pela negativa Maxi Pereira, com muitas decisões ofensivas completamente disparatadas e aquele atraso homicida a Júlio César, que certamente não gostou de perder a titularidade por um erro inacreditável do uruguaio, e ainda David Luiz, que hoje usou e abusou de jogo violento desnecessariamente (uma coisa é virilidade, outra é violência), tendo provocado dois ou três livres laterais completamente dispensáveis, e ainda por alguma anarquia evidenciada no posicionamento defensivo, nomeadamente numa jogada em que consegue ser médio esquerdo, médio centro, médio defensivo, defesa direito, defesa central sobre a meia direita e finalmente sobre a meia esquerda, tendo ouvido raspanetes de Luisão e Javi Garcia. Saviola também esteve muito ausente do jogo, acabando por ser bem substituído.

Gostei do jogo e da entrega e disponibilidade física dos nossos jogadores, sempre prontos a dar uma ajuda a um colega ou sector sempre que necessário. O pragmatismo e a forma séria como o jogo foi encarado merecem também destaque. Não foi uma goleada, nem precisava. Sempre defendi que ganhar 1-0 ou ganhar 7-0 não difere muito, porque numa prova de regularidade como esta, a vitória vale sempre três pontos. Claro que é mais agradável golear, mas nem sempre é possível e o que este Benfica necessitava mesmo era de uma vitória, bem conseguida, ainda por cima por três golos de diferença com menos um jogador. Sem entrar em euforias, ou nessa bipolaridade de alguns, o jogo mostrou pontos positivos neste Benfica, mas ainda há trabalho de casa por fazer.

8 comentários:

Éter disse...

O raio do Maxi está mesmo a fazer a pré-época, caraças. Ele que normalmente nunca complica, agora dá-lhe para estas parvoíces. O homem anda bêbado.

Anónimo disse...

Foi o único erro dele no jogo!

De resto fez um excelente jogo!

http://eternobenfica.blogspot.com/2010/08/sem-comentarios.html

lj disse...

Quem impingiu aquele corte azeiteiro ao Ruben Amorim?

#benficanoSM disse...

Foi bom para o Roberto ter defendido o penalty. Para além de lhe elevar a moral, também sentiu o apoio dos sócios, adeptos e colegas.
Seria quanto a mim, a altura ideal para o colocarem a jogar numa outra equipa a título de empréstimo.
Saudações.

Inferno da Luz disse...

apesar da muito boa exibição do Roberto penso que ainda tem de trabalhar mais na saída as bolas porque ainda se sente um pouco de desconfiança quando há um cruzamento para a pequena área
mas gostei de o ver a jogar bem porque a sua confiança aumentou e muito
muito bem Jesus
Força Benfica !!!

Francisco disse...

Boa tarde,

Escrevi no meu blog o mesmo.o Maxi Pereira está com a cabeça no mundial..só pode! A raça e a disponibilidade estão lá..só falta o resto!

O campeonato começou ontem!

http://bancadameo.blogspot.com/

Vermelhusco disse...

O Roberto esteve bem neste jogo mas nao o suficiente para justificar a titularidade contra o Guimaraes. Ainda para mais os vitorianos arranjaram um 10 que mete medo, a entrar assim de hat-trick e a fazer um jogo genial.

Meter o Moreira a titular e o Roberto que va jogando na Taca da Liga e de Portugal ate ganhar confianca.

Os proximos dois jogos e que sao cruciais para definir se ha retoma ou nao e nao podemos arriscar essa retoma com o Roberto a titular contra o Guimaraes.

Bimbosfera disse...

A minha opinião é, querem queimar, queima-se de vez e perde-se o amor aos 8,5M que custou. Se é para apoiar apoia-se, não é cá com empréstimos. Agora é 8,5 deste, mais 6 do Rodrigo, mais não sei quem... Ou seja, compra-se para se emprestar??? Mas alguém é assim tão mau num mês??? Em meia dúzia de jogos? Eu apoio, por muito que me doa o coração...

Abraço

Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

Bimbosfera.blogspot.com