quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Hora H

Numa altura em que as alternativas para Javi e Witsel não inspiravam grande confiança, eis que os próprios abandonam o clube. Façam um exercício simples: Indaguem sobre as razões para as alternativas aos dois ex-jogadores não receberem grande crédito pela maior parte dos adeptos e próprios responsáveis técnicos. Serão os jogadores que não têm qualidade? Ou será o modelo quase suicida de Jorge Jesus que não potencia da melhor maneira todos os jogadores que possam substituir Javi e Witsel por não terem características semelhantes? Matic muito dificilmente poderá oferecer as mesmas coisas que Javi. São jogadores diferentes. Javi tem um raio de ação superior ao do sérvio, mas isso só é problema num modelo de jogo como o que o Benfica apresenta. O sérvio pode não tomar as melhores decisões a nível posicional, quando a equipa não se encontra com a bola, mas é preciso ver que o modelo de jogo do Benfica oferece inúmeras situações de igualdade/superioridade numérica ao adversário, sobre o meio campo. Com o número de jogadores que o Benfica coloca à frente da linha da bola, é quase impossível não permitir que isso aconteça. A culpa não é de Javi, não é de Matic, nem de outro jogador qualquer que apareça a jogar na mesma posição. É de Jesus. Cabe ao próprio perceber isso e alterar o modelo de jogo para que o Benfica deixe de ser apanhado tantas vezes em situações delicadas. Alguém já tentou trocar Mateus, Candeias, Rondón, por Iniesta, Xavi e Messi e imaginar o resultado? Bem, é melhor não o fazer.

Dentro do clube, existem boas soluções para substituir os jogadores que saíram. A curto prazo, muito dificilmente oferecerão o rendimento individual que os dois ex-jogadores asseguravam (principalmente Witsel), mas talvez seja esta a hora de alguns jogadores mostrarem que podem ser opções num clube como o Benfica. Em relação a Jav, Matic, como já foi referido no primeiro parágrafo deste post, tem qualidade para ganhar o lugar no 11 benfiquista. O sérvio é bom tecnicamente, tem uma boa passada, oferece um leque interessante de argumentos a nível ofensivo (passe vertical à cabeça), mas ainda não toma as melhores decisões a nível posicional. Por vezes, cai no engodo da bola e sai da sua posição para o corredor lateral, acabando por desequilibrar (ainda mais) o corredor central. Existe, também, na equipa B, um jogador com características muito interessantes. Tem sido um caso de má gestão e má formação (mais um ) no Benfica. Fala-se de Cafu, melhor marcador da equipa de juniores do Benfica, na época de 2011/2012. Sim, o leitor leu bem, melhor marcador da antiga equipa de juniores. A explicação para isto é simples: Ao Benfica faltava um jogador para a frente do ataque, dado que as opções para ocuparem a posição tinham pouca qualidade, e Cafú, devido à sua capacidade física, diferenciava-se dos outros e oferecia golos, coisas que nos escalões de formação, infelizmente, ainda conta muito. Cafú, no entanto, é muito mais que um calmeirão qualquer com uma estatura elevada. Cafú é inteligente, ocupa muito bem o espaço, é bom tecnicamente, tem um raio de acção elevado, e tem o bónus de ser forte fisicamente, que lhe oferece um argumento com algum peso nos duelos individuais. Pelas características que detém, é o jogador mais parecido com Javi que o Benfica tem ligado aos quadros. No que diz respeito ao lugar que Witsel ocupava... Bem, o caso também é complexo.  Quer dizer, é simples, mas para Jorge Jesus parece ser complexo. Miguel Rosa. Miguel Rosa é um jogador muito completo. É rápido, vertical, inteligente, boa capacidade técnica, relativamente imprevisível, reage muito bem à perda de bola... É, provavelmente, o jogador mais talhado para ocupar a posição de Witsel, por ser um jogador equilibrado. Com os sucessivos empréstimos a clubes do segundo escalão, Miguel Rosa desenvolveu em si alguma ânsia excessiva em chegar à frente no terreno, que me parece perfeitamente corrigível se for introduzido num contexto diferente. As coisas podiam ser feitas de forma diferente, no entanto, e juntar o útil ao agradável. Miguel Rosa e Aimar, com um terceiro elemento no meio campo, provavelmente Matic. Aimar não é um jogador acabado. Não é um jogador para jogar 30' num jogo. Aimar é o melhor jogador em Portugal. Aimar é genial. Mas é mais um jogador que não beneficia do modo como o Benfica joga. Aimar é um jogador forte em organização defensiva. Sabe os espaços que deve ocupar, interpreta perfeitamente o jogo, mas é impossível pedir a um jogador como Aimar para, em transição defensiva, conseguir recuperar e ficar de frente para o jogo. E, com isto, perde-se um meio campo mais equilibrado e, consequentemente, a impossibilidade de ver o Benfica com um controlo maior sobre o jogo.

Resumindo, tudo está dependente da alteração da forma de Jesus interpretar o jogo. A alteração do modelo de jogo oferecia um leque inimaginável de soluções para o colectivo. Desde a possibilidade de integrar alguns jogadores com qualidade, oferecendo-lhes um contexto mais apropriado à sua entrada na equipa e às suas características à garantia de um controlo maior sobre o jogo, que não acontece por desequilíbrio notório no meio campo. Infelizmente, tudo isto não passa de um cenário pouco provável.

17 comentários:

Anónimo disse...

Post muito bom disseste tudo pena é que a atual direcçao e treinador nao vejam isso. Estou ansioso que saiam a lista com os candidatos à presidência.

Nirvana disse...

Estou farto de ler a falarem mal do matic....para mim e melhor que o javi Garcia....pressiona mais alto que o javi....o que faz com que no modelo idiota do jesus...não venhamos a sofrer tantos golos de adversários a correr desde o meio campo pelo meio... e recuperar a bola ainda nomeio campo adversário.....

Ou já ninguem se lembra da fixação do Garcia a recuar para 3 central com o adversário 2 metros a progredir com a bola ate a entrada da área do Benfica....

Utilizador disse...

E jogar em 4-1-2-1-2 ou se quiseres 4-4-2 losango, com Matic; Salvio, Enzo e Aimar; achas viável, André?

Cumprimentos de um leitor que gosta bastante dos teus posts

JM disse...

Concordo com o post, acho que de facto temos boas soluções na equipa B, desde o Cafu para trinco, até mesmo o André Almeida que até pode mesmo fazer-se jogador, tinha uma má impressão dele, principalmente depois de o ver a jogar a lateral direito, mas depois no Leiria a trico fez uns jogos interessantes e tenho agora acompanhado mais na equipa B, e parece-me que pode ser uma boa solução, em um ou otro jogo. Quanto ao Miguel Rosa, de facto é craque, tem condições de jogar e há que apostar nele sem medo, lembro-me quando vendemos o Tiago em 2004, onde se apostou no Manuel Fernandes, com 18-19 anos e jogou e muito nesse campeonato de boa memória para nós, portanto não há que ter medo em apostar nestes jovens, com Matic, Aimar, Martins, Rosa, os 2 Andres e até mesmo o B.César, acho que ficamos com um meio campo de qualidade e eventuamente em Janeiro contratar um reforço, que entre de caras na equipa (gostava que esse fosse o jogador que referi em cima...)
De facto o meu maior medo, esse sim chama-se Jorge Jesus, não acredito neste momento que seja o indicado para apostar sem medo nestes jovens e mudar a táctica de maneira a ganhar maior eficácia defensiva, minimizando a perda do Javi e Witsel, sinceramente a maior desconfiança para mim é essa...

M. Silva disse...

Bingo.

André Sousa disse...

Nirvana, o Matic não é melhor que o Javi. Pelo menos neste modelo de jogo, não consegue abranger um espaço tão grande como o espanhol, coisa que é fundamental. Sobre o recuo do Javi: Isso acontece quando o Benfica tem a bola. Funcionava tendo o Benfica um central capaz de progredir no terreno com bola controlada, como fazia o David Luiz, obrigando um adversário a sair-lhe ao caminho, criando um desequilíbrio na organização defensiva da equipa contrária. Actualmente, o que acontece, é que o Benfica recua o trinco para o meio dos centrais, esses abrem, ficando na fronteira entre o corredor central e o corredor lateral, os laterais sobem até ao meio campo e... É um mar de ideias. Ninguém se movimenta para dar linha de passe ao portador da bola e fica tudo estático. Mas ainda sobre o Matic e sobre o Javi. O Matic, num meio campo a três, pode oferecer coisas que o Javi não conseguia. Mais opções ofensivas, mais criatividade e mais imprevisibilidade.

AG, acho que é uma alternativa. Resta saber o tipo de losango. Se um losango à Jorge Jesus, com os interiores bem abertos, a fazer de alas, se um losango com verdadeiros interiores, e com laterais ofensivos. Pelos jogadores que temos, parece-me que seria um losango típico do Jesus, com o Salvio a fazer de extremo e o próprio Enzo a dar muita largura, mas fechando no corredor central em certos momentos do jogo. Um problema, na utilização desse esquema com os jogadores em questão, é que tanto o Salvio como o Enzo são jogadores que rendem mais no corredor direito, mas com um lateral esquerdo como o Melgarejo, podia-se perfeitamente hipotecar algum do rendimento individual do Enzo em prol do colectivo. Aliás, a jogada do primeiro golo em Setúbal mostra uma boa combinação desse tipo, com o Enzo a flectir para dentro, o espaço no corredor lateral a ser criado, e o passe a entrar, dando origem ao primeiro golo. Contra adversários com maior qualidade é que já fico de pé atrás. Parece-me que, mesmo com Enzo, os desequilíbrios continuariam a aparecer, embora menos.

Obrigado, AG.

JM, o Jesus precisa de perceber onde reside o problema do Benfica. Ele até pode ter o Busquets no lugar do Javi, que se continuar a levar com avalanches ofensivas dos adversários, vai ter situações onde será demasiado para apenas um homem. O reforço do meio campo dependerá daquilo que o Jesus fizer com a matéria prima que tem à mão. Pode, por um lado, vender dois jogadores por 60 milhões de € e colmatar essas perdas com elementos já ligados ao clube. Seria perfeito. Mas para isso é preciso que os jogadores em questão cimentem a sua posição até Janeiro, porque se chegarmos ao mercado de Inverno e isso ainda não tiver acontecido, muito dificilmente não iremos ao mercado. E, por norma, é mais vantajoso ir ao mercado em Julho. Há tempo para integrar o jogador, para que este se adapte a um novo contexto, as equipas começam todas do zero, não há nenhuma competição de clubes a decorrer na Europa... Em Janeiro, muito dificilmente alguém se verá livre de um jogador importante na sua equipa. Mas até lá ainda muita água vai correr.

Anónimo disse...

Até que enfim, conseguí lêr um post inteligente, assino por baixo, o problema não está nos jogadores mas no treinador em usar melhor as características de cada jogador, e mais, é a grande oportunidade de jovens formados na "cantera" de poderem aparecer para isso existe o projecto Benfica B.
Abraço

Pedro disse...

O engraçado é que o melhor substituto de Witsel dentro do plantel do SLB é...MATIC.

O problema é encontrar um substituto para Javi.

Anónimo disse...

A meu ver uma boa solução para o meio-campo do Benfica seria Nigel Reo Coker que actualmente está sem clube.

GAD

Anónimo disse...

O Matic é um excelente médio está a ser tratado de forma injusta pelos Benfiquistas (assim como o Melgarejo), no entanto permite-me discordar com a opção Cafu, sim prefiro ele como médio a avançado mas acho que tem caracteristicas de um médio b2b e não de um trinco, agravante que ainda não jogou na B e não tem ritmo e claro precisa de crescer. Acho a opção Andre Almeida muito mais fiável, Andre Almeida no centro é um enorme jogador totalmente diferente de DD que foi mais um invenção do Catedratico. Miguel Rosa já devia estar na A à algum tempo. A minha questão é: Terá o velhote catedrático mão para motivar os jogadores mais jovens ou irá trata-los como todos os outros Portugueses?

Anónimo disse...

Eu tinha prometido a mim mesmo que não escrevia nada...mas mesmo nada...que desviasse as atenções da única coisa que verdadeiramente interessa no SLB: ter um novo presidente.

Mas como o tema é demasiado interessante...não resisto!

Na minha opinião este assunto tem dois pontos de vista: o das competições internas, e o da champions. Nas competições internas, o nosso campeonato tem demasiadas especificidades (equipes de autocarro, dimensões de campo, treinadores ardilosos, equipes que se transformam para jogar com o glorioso, rotação de jogadores...) para que qualquer equipe não tenha várias nuances tácticas, que no limite podem até permitir a uma equipe em 4-4-2 losango ser campeão...foi o que aconteceu com JJ no primeiro ano.

Nesse mesmo ano e no seguinte, em que eram goleadas e exibições de nota artistíca elevada no campeonato, o SLB nunca passou de uma equipe sofrida (ai aqueles jogos com o Macabi!!!) enquanto JJ não meteu no capacete que a equipe precisava de um 3º médio.

Poupava tempo se olhasse para os grandes da Europa, não há nenhum que não o faça, normalmente com esta tipologia: 1 médio de recuperação (MR) um médio de transição (MT) (duplo pivot quando jogam a par) e um médio de construção (MC):
REAL MADRID
Xabi Alonso + Khedira + Ozil
BARCELONA
Busquets + Xavi + Iniesta
BAYERN
Luiz Gustavo + Schweinsteiger + Kroos
CHELSEA
(com mais variações, mas normalmente)
Obi + Ramires + Mata

Fico-me pelos 4 semi-finalistas da Champions, para não ser exaustivo.
No SLB o melhor meio-campo da época passada foi Javi+Witsel+Aimar.

O exercicío que vos proponho é o seguinte: com que meio campo é que querem ir levar menos de 5 a Camp Nou?
Matic + Enzo + Aimar ?
nem Matic tem a capacidade de cobertura suficiente, nem Enzo é suficientemente rotativo para fazer as dobras do sérvio, e ao mesmo tempo reter e entregar a bola como fazia Witsel (Mais depressa Enzo é mais capaz como Médio de Construção).

Por outro lado qualquer equação que meta Martins, não resolve o primeiro problema.

Por isso é que estas vendas foram um suicídio, e por incrível que pareça vejo pior o problema de Javi (nunca...mas nunca na vida Matic será um 6), do que a saída do belga, que pode ser remendado por Enzo ou Martins.

Há uma outra hipótese (completamente impossível no SLB)...jogar á Juventus de Antonio Conte. Colocar um terceiro central, adiantar Maxi e Melgarejo (para beneficío do Paraguaio) e transformar Matic num 6 e 1/2. Mas isto nunca vai acontecer por duas razões: JJ não sabe, e porque Luisão é completamente impossível de colocar a jogar num sistema de 3.

Resumindo: esta gestão apocaliptíca do plantel, vai ter maus resultados na frente interna...mas na chanpions vai ser humilhante. Já agora, quem será o lateral direito no primeiro jogo com o Celtic? (Maxi está castigado)

aalto

PS - antes de começar esta tourada toda, no final da época passada coloquei aqui aquele que seria o meu plantel para 2013. (com realismo) Lá estavam o Paulo Machado que foi para a Grécia por uns trocos, e o Lucas Biglia que não saiu para nenhum colosso, e continua ao alcance no plantel do Anderlecht...que jeito dariam.

E havia ainda Milan Badelj(MT), Sime Vrsaljko (DD), Franck Tabanou(DE), e Paulinho (MR)...todos com lugar no plantel do SLB...mas não...tinha que ser Ola John!


SLB4EVER disse...

Tentando ver um lado positivo pode ser que JJ deixe de vez de apostar numa espécie de 442 clássico inerrável, sem ser Matic não temos mais ninguem com capacidade para ocupar as posiçoes no centro, Martins e Aimar nao tem estaleca pra isso e mesmo o Enzo duvido muito.
Ao menos que seja o regresso ao 442 losango que apesar das debilidades defensivas permite ter bastante mais volume de jogo e qualidade neste, já que no acima referido nao temos uma coisa nem outra.
Cafú a trinco não , acho que era bem mais interessante fazer dele uma espécie de Ramires! Miguel Rosa é grande jogador mas como substituto do Witsel o vejo o David Simao como um sucessor mais natural, pena que nao tenha ficado, o Rosa acho que não vai ter grandes oportunidades com o mestre mas gostava de estar enganado.
Cancelo é que é um diamante em bruto será que vai ser aposta ou que se vai andar a inventar? Para quem faz de Melgarejo lateral em 1 mes e perde 2 pontos a abrir por causa disto não me venham agora com desculpas...
Faz-me confusão ver como se gasta 9 milhões sem problemas no Olá João quando se tem um jogador como o potencial do Cavaleiro, espero que este no futuro tenha a oportunidade, esta mentalidade tem que mudar.

Anónimo disse...

Café é um crack, mas não é um 6.
Jogava como 8 antes da invenção de se tornar um 9 devido às suas caracteristicas fisicas e à escassez de avançados em portugal.
É muito parecido com Manuel Fernandes, Se tiver hipotese de jogar ao lado de Matic no centro do terreno de certo que não vai falhar.

Miguel Rosa é um médio de ataque, um avançado, julgo que nunca poderia fazer de 8, pelo menos tão bem como o Cafú, mas sim de 10 ou 2.º avançado.

Há males que vêm por bem, apesar de não se compreender como é que se forma um plantel com 6 extremos e apenas 2 médios (Matic e Martins), pode ser uma oportunidade valiosa para os jovens da casa, gostava mesmo muito de ver Cafú, André Gomes e Miguel Rosa a jogar na equipa principal.

Cafú e André Gomes, em estilos bastante diferentes, dois "box-to-box" emprestam qualidade de passe ao meio campo e capacidade fisica nas tarefas defensivas.

Miguel Rosa é um daqueles que carrega a "chama" do glorioso, raça e técnica, também existe cá e não apenas na Argentina...O Aimar não dá os 90 minutos e este miúdo, apesar de não ser bem um "passador", poderia começar a substitui-lo, mas com tantos "Bruno César", "Gaitan" e companhia ali enconstados de certo que as oportunidades para jogadores de ataque não serão muitas...

Matic e Carlos Martins são bons, um 6 e um 8, mas não se substituem um ao outro, e principalmente o segundo não tem sido jogador para fazer 40 jogos....é pouco para duas posições chave, principalmente nos jogos "grandes" e de "champions", mas os miúdos estão aí e esperemos que sejam fortes mentalmente para aproveitar se forem chamados, pois qualidade não é problema!

Luís Cardoso

André Sousa disse...

Anónimo 1, prefiro ver o Cafu mais recuado no terreno. Alia uma capacidade táctica bastante boa, a uma capacidade física assinalável. Mas nem é por isso. Parece-me que é um jogador mais talhado para construir a partir de trás, fazendo de pivot defensivo. Tem qualidade técnica e boa capacidade de decisão para o fazer. O André Almeida, como eu sempre achei, dado que conhecia o jogador dos juniores, é um jogador interessante no meio campo. Não prima pela técnica, mas sabe jogar com as suas limitações. É forte tacticamente, ocupa bem o espaço e denota algumas dificuldades em dificuldades em decidir com bola. A colocação do André Almeida como lateral direito não é responsabilidade de Jesus. Ele já tinha jogado variadíssimas vezes como lateral, nos seniores do Belenenses. O que não desculpa o erro de ser, sequer, considerado para essa posição. Sobre a sua capacidade para motivar os jovens... Sendo algo ligado ao aspecto humano, Jesus terá sempre dificuldade para o fazer.

André Sousa disse...

Anónimo 2, o Benfica não deve funcionar em função dessas especificidades. Pode fazer alterações pontuais, de acordo com o adversário e outros factores que variam de jogo para jogo, mas nunca jogar em função do adversário. Daí que seja preciso uniformizar um modelo de jogo de equipa grande, um modelo de jogo que não se baseie na vertigem da velocidade, que não ofereça inúmeras situações de igualdade/superioridade numérica no meio campo. Sucintamente, um modelo de jogo que permita ao Benfica ter o controlo do jogo. Como? Simples: Tendo bola. E este modelo de jogo, que vemos todas as semanas, não oferece isso. Alterando isso, o Benfica continuará sujeito às dificuldades que o jogo lhe irá colocar. As dimensões do terreno, as condições do mesmo, equipas a jogar com 11 elementos atrás da linha da bola, etc. etc., mas terá o controlo do joga na maior parte do tempo, o que é fundamental.

Jorge Jesus é, de facto, alguém com várias ideias pouco... Lúcidas. As razões que levam a isso podem ser variadas: Arrogância perante o jogo, tentativa de provar o que quer que seja, ou, simplesmente, incompetência. Sinceramente, com o passar do tempo, cada vez mais acredito na última. Jogar com dois médios é demasiado arrojado, tendo em conta a maneira como Jesus os coloca sobre o campo. Provoca um desequilíbrio enorme na equipa, daí que a solução talvez passasse pela inclusão de um terceiro elemento no meio campo. E isto não é só necessário agora, que Javi e Witsel saíram, é necessário desde o dia em que Ramires abandonou o clube e não apareceu ninguém com as suas características para o substituir.

Javi, Witsel e Aimar, eram, sem sombra de dúvidas, o melhor triângulo para o meio campo do Benfica. Mas alguma vez o Benfica jogou com Javi, Witsel e Aimar no meio campo? E saliento a parte do "meio campo, porque ter os três em simultâneo não é sinónimo de ter os três sobre a zona onde se sentem mais confortáveis. O Benfica, no ano passado, quando jogou com os três jogadores em questão, ou colocou Aimar numa posição que fez corar Quique Flores, ou puxou Witsel para o lado direito, tentando fazer lembrar Ramires. Isto, infelizmente, nunca se pareceu com um meio campo decente.

Dependerá sempre da forma como o Benfica abordar o jogo. O meio campo que já idealizei, aqui, é um com Matic, Miguel Rosa e Aimar. É uma incógnita, dado que Miguel Rosa não está habituado a estas andanças e poderia ser arriscado, mas não me passa pela cabeça ver o Benfica a colocar uma equipa que esteja pouco rodada, pelo que daria algum tempo para ver como funcionaria a coisa. Enzo também é uma solução interessante. Martins está fora de questão. Por tudo o que envolva. Desde a irresponsabilidade táctica à incapacidade de temporizar o jogo e evitar o passe longo.

Matic pode oferecer ao colectivo aquilo que Javi ofereceu. Mas voltaremos à questão do modelo.

Adoraria ver o Benfica a jogar em 3-4-3, por exemplo, mas parece-me que com o Jesus no comando, isso ainda seria mais perigoso e arojado.

Tendo em conta que o Jesus disse que o Cancelo era a alternativa ao Maxi, podia partir dessas palavras para dizer que será o ainda júnior, mas tenho algumas dificuldades em ver o Jesus a apostar num jogador como o Cancelo para um jogo fora, nas competições europeias. Eu não teria medo em apostar no Cancelo, mesmo sabendo todos os riscos que isso acarreta. O miúdo tem um potencial fantástico, mas defensivamente ainda deixa a desejar, principalmente fazendo uma projecção para um jogo do grau de dificuldade daquele que irá acontecer na Escócia. Há ainda Miguel Vítor, que oferece coisas completamente diferentes.

André Sousa disse...

SLB4EVER, um 4-4-2 clássico pede jogadores muito completos em todas as posições. Tudo dependerá da dinâmica e da filosofia, como sempre acontece, mas é uma táctica que não gosto.
Jogadores para se moldarem à imagem do Ramires não há por aí aos pontapés. É preciso reunir um determinado tipo de características que é pouco usual ver concentradas em apenas um jogador. Uma disponibilidade física fora do normal (aceleração, velocidade, agilidade, resistência) e uma capacidade táctica fora do normal. Cafú é disponível fisicamente, mas de uma forma diferente da de Ramires. Um jogador mais forte fisicamente no que concerne ao choque, mas claramente inferior no que diz respeito à velocidade de deslocamento, à agilidade, aceleração...
David Simão tem qualidade, mas aprecio imensamente mais Miguel Rosa. Por tudo. É um jogador mais completo e equilibrado que David Simão, e igualmente forte naquilo que o último tem de melhor, a sua capacidade técnica.

O Cancelo, como disse atrás, é um jogador com potencial tremendo. Dependerá sempre daquilo que acontecer com Maxi. Vejo Jesus a apostar em Cancelo, internamente, em caso de suspensão ou lesão do Maxi. Na Europa já tenho mais dificuldades em vê-lo a fazer isso.

O problema não foram os 9 milhões gastos no Ola John. Foram os 9 milhões gastos no Ola John e, de seguida, os 11 gastos na transferência do Salvio. Foi um erro de amador na gestão do plantel. Havia Gaitán, Nolito e Bruno César. Enzo voltou ao Benfica e contratou-se Salvio e Ola John. Se em relação a Salvio o Benfica já sabia o que esperar, em relação a Ola John a coisa já não era tanto assim. O Benfica falhou. Devia ter avançado para a contratação de Salvio e ter fechado a torneira. E ainda havia Yartey, mas esse nunca contou.
Sobre Ivan Cavaleiro... Está muito bem onde está, neste momento.


Luís Cardoso, Cafú foi médio defensivo no Vitória de Guimarães, e chegou a jogar variadas vezes como trinco no Benfica, antes de ter sido expulso num jogo contra o Vitória de Setúbal (creio) e ter perdido o resto da época por lesão.

Miguel Rosa é um jogador que pode jogar onde quiser, pela qualidade que tem. Pela diferença de qualidade existente entre o próprio e a maioria dos adversários que encontrou durante estes anos na Segunda Liga, os treinadores acabaram por subi-lo no terreno. Aparece muito bem a finalizar, é rápido, agressivo sobre a bola, tem bons pés... Claro que na ideia de um José Mota da vida, um tipo de jogador como este só pode jogar balanceado para o ataque. Mas Miguel Rosa é muito mais que isso.

O André Gomes tem qualidade, mas teria imensas dificuldades num modelo deste tipo. Vejo-o a ter sucesso num meio campo a três, com um jogador atrás de si e um interior ou mesmo um médio de propensão mais ofensiva ao seu lado.


Obrigado pelas respostas de todos, no fundo, é isto que se procura.

Nirvana disse...

so para relembrar o meu post "Ou já ninguem se lembra da fixação do Garcia a recuar para 3 central com o adversário 2 metros a progredir com a bola ate a entrada da área do Benfica..."

vejam o 3 golo do Real frente ao Man City....onde está Javi versus onde deveria estar