terça-feira, 27 de novembro de 2012

De luto


"Sou benfiquista desde os três anos". E que benfiquista. Guilherme Espírito Santos representava perfeitamente o que é o Benfica. O cavalheirismo, a genica, a humildade, o ecletismo e a qualidade.

Chegou ao Benfica em 1936, proveniente de uma filial, o Sport Lisboa e Luanda. Chegou, jogou e encantou, roubando o lugar a outra glória da história centenária do Benfica, Vítor Silva, que teve de abandonar devido a problemas no joelho. Esteve ligado ao clube durante 14 épocas (2 onde não jogou por problemas de saúde), conquistando 4 Campeonatos Nacionais, 3 Taças de Portugal e 1 Campeonato de Lisboa. Utilizado em 211 jogos oficiais pelo Benfica, marcou 152 golos ao serviço do clube. Internacional por oito vezes, foi o primeiro negro a representar a seleção portuguesa. Era um extraordinário jogador, como Peyroteo, maior lenda do Sporting e uma das principais figuras da história do futebol português, disse: "O Guilherme sempre foi melhor jogador de futebol que eu: mais técnica, mais jogo. Menos prático, menos golos, etc.? Sim, também é verdade. Mas mais jogador". O percurso de Espírito Santo não fica por aqui. “Estava num treino e a determinada altura a bola saiu do campo, fui a correr apanhá-la e sem dar por isso saltei uma barreira de salto em altura. Estava a 1,70 metros e ninguém tinha conseguido fazê-lo”. Foi convidado para o atletismo e bateu o recorde nacional em 1940, fazendo 1,88m, recorde que perduraria até 1960, altura em que Júlio Fernandes e Rui Mingas, atletas de salto em altura do Sporting e do Benfica, respectivamente, igualaram a sua marca, sendo superada no ano seguinte pelos mesmos intervenientes. Foi, também, recordista nacional de salto em comprimento (6,98m) e de triplo-salto (14,15m), entre 1938 e 1940. Mais tarde, representou o Benfica no Ténis, conseguindo ser campeão nacional em terceiras categorias, já com 60 anos.

75 anos de sócio (recebeu o anel de platina a 25 de Fevereiro deste ano), condecorado pelo Comité Olímpico Internacional, em 1999, com o prémio fair-play, e presidente honorário do centenário do Sport Lisboa e Benfica, Guilherme Espírito Santo foi um dos atletas mais completos que o desporto português já viu. Enorme atleta, enorme benfiquista e enorme pessoa. Obrigado por tudo, caro Guilherme.

Paz à sua alma.

4 comentários:

Miguel A. disse...

André, obrigado pelo teu post.

Guilherme Espírito Santo merece a nossa eterna vénia.

Anónimo disse...

espero que o Museu do Benfica esteja à altura de prestar a devida monenagem/reconhecimento a um monstro desta envergadura.

que descanse em paz

aalto

Unknown disse...

Nunca será esquecido.


RIP.

Anónimo disse...

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