quinta-feira, 1 de junho de 2006

"O Regresso do Rei"

Não tenho por hábito “imortalizar” nomes, tão pouco números de camisola (no que a futebol diz respeito). Os jogadores com talento, inteligência e força de carácter acabam por merecer (ou não), de forma natural, tal pedestal.

Confesso, no entanto, que me toca apenas uma reduzida parcela deste mundo “infindável” de jogadores que por cá têm passado. Mais estranho se torna quando um dos meus escolhidos partiu “há muito, muito tempo…”. Sim, éramos alguns de nós ainda crianças.

É óbvio que este é mais um post (entre muitos) sobre Rui Costa, mas perdoem-me a indolência. Tenho poucas oportunidades de escrever e não gostava que este meu sentir se perdesse no meio da demais prosa. Não por ser melhor, mas sim por tornar mais fácil a sua pesquisa quando o Rui falhar um golo de baliza aberta, quando o Rui não conseguir render como na Fiorentina ou Milão, quando o Rui não chorar no dia em que perdermos contra os Leirias, os Gil’s ou os Paços de Ferreira do nosso futebol.

Encarem este post como um lembrete global ou um mea culpa antecipado. Não, não serve de desculpa para impropérios futuros (não alinho por esse diapasão), mas o futebol, cada vez mais, não é só paixão. É também razão… e as razões físicas podem não estar tantas vezes do lado do Rui como todos nós gostaríamos. O Benfica está acima de tudo e só espero que todos nós tenhamos a clarividência para perceber que o Rui que voltou, não foi o mesmo que partiu. Para o bem e para o mal…

As qualidades do agora nosso n.º 10, 24, ou 75 (é indiferente a questão do número), já foram mais que explanadas neste mundo cibernauta. Sobre as vantagens e desvantagens de se ter um jogador de craveira internacional (benfiquista, ainda para mais), mas em fase final de carreira, já todos nós opinámos. Então deixem-me prestar uma homenagem àquele que foi o “actor” da mais longa novela futebolística alguma vez conhecida (12 anos).

Como pessoa nostálgica que sou, revivi algumas das emoções da Trilogia do Senhor dos Anéis no passado Domingo. Não é que ao chegar ao último DVD (com um raio… depois admiram-se de haver pirataria neste meio – um roubo o preço dos DVD’s), deparo-me com o título: “O Regresso do Rei”. De forma instantânea esbocei um sorriso e lá comecei a fazer analogias.

Primeiro que tudo, à semelhança do que aconteceu com o Exército das Sombras (ainda que no filme estes façam algo proveitoso pelo povo), Rui Costa libertou a escória jornalística que, ao longo dos anos, foi “alimentando-se” através deste nosso manifesto desejo de regresso. Finalmente, não mais os teremos de aturar nesta fatigante e já aborrecida história do “bom filho à casa torna”. Uma coisa é inegável: temos de admitir nesta comparação que, nos dois casos (Exército das Sombras e Jornalistas), estávamos perante autênticos interesseiros e aldrabões.

Depois, temos de admitir que um verdadeiro líder une tropas ao seu redor e, dificilmente como agora, uma contratação (ainda que nos pareça tardia) mereceu tantos “vivas” e “hurras” do povo benfiquista. Se é uma “tábua de salvação”? Dificilmente… e ainda bem! Apesar de existirem Orc’s, Nazgûl’s ou Troll’s no futebol português, por cá temo-nos safado com os nossos Frodo’s, Sam’s e Gandalf’s. Mas, numa época em que se fala tanto da saída de “símbolos” do clube, quiçá esta entrada possa atiçar de novo a chama da mística… quiçá.

Chamam-lhe o “Maestro”. Um Maestro dirige, orienta, guia... tal qual um Rei. É certo que os reis contemporâneos não têm a preponderância de outros tempos (acho que entendem a analogia), mas um rei é um rei e este distingue-se dos demais pelo carácter, humildade e experiência. Será um bom “farol” para os mais novos.

Aragorn, uniu diferentes reinos (opiniões) e arrastou multidões em busca de um objectivo comum. Embora no âmbito da ficção, é-me difícil não associar estes felizes acasos com a realidade do nosso Benfica.

Poucos jogadores foram aqueles que, estando tão longe… estiveram tão perto do pulsar benfiquista. Se lhe juntarmos a lacuna evidenciada no sector durante estes largos anos, arrisco-me a dizer que a sua contratação é como que “pão para a boca”.

Reafirmo a minha convicção da não idolatria a pessoas que não os meus pais ou o meu Deus, mas existem “tronos” que merecem ser ocupados. Não esquecendo, obviamente, o nosso Eusébio, atrevo-me a dizer que o Rei da 10(?) voltou!

Luzes… câmara… acção!

2 comentários:

Galaad disse...

Boa prosa PTeixeira. E muito bem vindo...
Abraço

Sir disse...

O Regresso do Rei, coincide com o ingresso do pteixeira no eternobenfica. Concordo inteiramente com esta tua prespectiva em relação à vinda do príncipe de Florença.