Não me lembro de haver mercado de transferências tão movimentado com tantos nomes a serem postos dentro e fora do Benfica pela comunicação social. Se as pseudo-entradas (em algumas das quais houve interesse efectivo) foram 114, as pseudo-saídas também não ficaram atrás. Que me recorde, a continuidade de Moreira, Quim, Maxi, Luís Filipe, Luisão, David Luiz, Miguel Vítor, Sidnei, Peixoto, Coentrão, Javi Garcia, Amorim, Ramires, Menezes, Di Maria, Aimar, Éder Luiz, Cardozo, Nuno Gomes, Weldon e Saviola foi posta em causa. Resumindo, do plantel que terminou a temporada passada, só Júlio César, Carlos Martins, Airton e Alan Kardec não viram os seus nomes associados a transferências. Há coisas fantásticas.
Ainda antes da belíssima vitória no campeonato nacional, para a qual trabalharam, em conjunto e com todo o mérito, Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Jorge Jesus, já o trio estava virado para preparar a época seguinte e dar forma ao Benfica 2010/2011. Começou-se a preparação da nova época de forma sólida e na perspectiva de futuro próximo, com o mercado de Janeiro a possibilitar a inclusão de três jogadores no plantel, dois dos quais vingaram, e ainda contratou-se, neste período ou pouco tempo depois, Gaitán, Jara e Fábio Faria. Tudo isto foi feito ainda antes de o Benfica se sagrar campeão. Diria que, até Maio, a preparação da nova época estava muito adiantada e feita de forma coerente, sólida e profissional.
Com o final do campeonato, sucederam-se os normais festejos que a época convidava, e assim foi: na Luz, no Marquês, foram horas e dias inesquecíveis, Lisboa vivia um ambiente de felicidade, havia caras bem dispostas nas ruas. Do trio de obreiros do título supracitados, foi Jorge Jesus aquele que, por via da sua posição no clube, se desdobrou em mais entrevistas. E foi aqui que a situação começou a ganhar contornos que não me agradaram. Primeiro uma entrevista normalíssima à SIC, onde mostrou como era trabalhar no Benfica, depois o desastre na RTP N, onde a dupla portista Hugo Gilberto/Rui Moreira fez gato-sapato de Jesus e este foi anjinho na entrevista, despedindo Quim em directo (não acredito que o guarda-redes titular tenha sabido da notícia naquele momento, mas de qualquer das maneiras não se faz aquilo) e admitindo o interesse em Klaas Jan Huntelaar, do AC Milan. Ora, sabendo que Jesus não é burro nenhum, não encontro nenhuma outra razão para ter feito aquilo que não a vaidade, foi um autêntico "eu sei, eu quero, eu posso". Não gostei, não caiu bem e, como vemos hoje, Huntelaar não está cá e há quem suspire por Quim. Não esquecer que o segredo é a alma do negócio.
Benfica campeão nacional significa sempre uma coisa: cobiça por parte de grandes equipas europeias nos nossos jogadores. Assim aconteceu em 2005, assim aconteceria em 2010. No entanto, ao contrário do que se poderia pensar, o facto de ser campeão não tem trazido, pelo menos num passado recente, craques ou nomes sonantes até à Luz. Nos últimos anos tivemos Suazo, Reyes, Aimar, Saviola depois de campanhas muito fracas (quarto e terceiro lugar), o que até vem demonstrar que tem sido mais o oposto a acontecer. Mas também como as camisolas não ganham jogos...
Falando das saídas, já todos esperávamos o que acabou por suceder: Di Maria, com a vontade e ambição normais num jovem de grande talento, quis sair, e o Benfica, na minha opinião, fez muito bem em vende-lo, afinal de contas, de que serviria um jogador contrariado por ter lhe terem sido cortadas as asas que o levariam ao Real Madrid? A venda foi efectuada, mas eis o primeiro sinal de menor sucesso negocial: dos tão falados 40 milhões de euros, valor da cláusula de rescisão que seria cumprido (LFV dixit), Di Maria saiu por uns "modestos" (antes que entrem todos com gritos de histeria, reparem que "modestos" está entre aspas) 25 milhões, com um par de cláusulas referentes ao desempenho pessoal e colectivo que são, no mínimo, uma incógnita e uma grande dúvida. "Se" e "quando" receberemos o valor das ditas, não sei. Ramires também saiu, num negócio em que todos-sabemos-mas-na-verdade-ninguém-sabe-bem-ao-certo-o-que-aconteceu. É de facto estranho (para não dizer ridículo) que a opinião pública sobre este caso seja uma e os comunicados digam exactamente o oposto. Já foi dito tudo e mais alguma coisa sobre este negócio, não vale a pena acender novamente o barril de pólvora.
Outros jogadores de menor importância na conquista do título também saíram: Miguel Vítor, por razões desconhecidas (não percebo como consideram Fábio Faria superior ao jogador formado na Luz), apesar de ser público e notório que Jesus não vai à bola com o central, foi emprestado ao Leicester City onde é treinado por Paulo Sousa; Urreta, emprestado ao Peñarol no final da época passada, voltou a receber guia de marcha, desta vez rumo a Espanha, ele que se estreou a titular e logo como melhor em campo no Deportivo da Coruña, num empréstimo ainda hoje mal compreendido pela maioria dos adeptos da Luz; Éder Luiz, jogador que apareceu ocasionalmente na temporada passada, apesar de ter sido contratado no mercado de Janeiro, também recebeu guia de marcha, pois não convenceu Jesus (nem os adeptos), sendo difícil augurar bom futuro a este jogador com a camisola da águia, visto ter mostrado muito pouco para a idade que tem.
No entanto, felizmente, a base da equipa campeã não foi destruída. Como não o foi em 2005, ao contrário do que muita gente diz por aí (foi sim em 2007, com a saída de 6 jogadores do núcleo duro: Simão, Miccoli, Manuel Fernandes, Karagounis, Ricardo Rocha e Anderson). Jogadores como Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão e Cardozo, sobretudo estes quatro, resistiram, tanto eles como a direcção, às investidas de alguns tubarões europeus como Manchester City, Barcelona, Shakhtar ou Real Madrid. Apesar de uns terem sido menos cuidadosos com as palavras e inclusivamente terem dito que queriam sair, casos de Luisão, já os outros três mantiveram-se no Benfica não por sacrifício pessoal mas por amarem o clube pelo qual jogam, inclusivamente Cardozo, que anda sempre com aquela cara de frete, mas que é um profissional exemplar (e que tem um empresário asqueroso).
Tratados os melhores jogadores e os outros de segunda linha nesta luta pelo título, também foi com agrado que registei a saída de alguns pernas-de-pau por bom dinheiro, casos de Edcarlos, Binya, Sepsi ou Halliche. E foi ainda positiva a colocação de alguns jogadores, como Jorge Ribeiro, Adu, Fellipe Bastos, Shaffer, mas também a dos jovens David Simão e Nélson Oliveira, bem como aquilo que se pode chamar de "contingente Fátima".
Chegados a este ponto do texto, altura para uma avaliação intercalar: o Benfica soube mover-se no mercado em relação a vendas e contratações antecipadas, nomeadamente as de antes de Maio. Até aqui, tudo bem, a gestão feita por Vieira, Rui Costa e Jesus tem nota positiva.
Os problemas começam depois: entre Maio e Agosto não foi contratado nenhum reforço no verdadeiro sentido da palavra, com a agravante de se ter gasto rios de dinheiro que, imaginem, fizeram com que o Benfica, neste defeso, tivesse gasto mais do que aquilo que recebeu.
Primeiro, havia que resolver a questão do guarda-redes. Com a saída de Quim, a vaga ficava em aberto para o tal guarda-redes que "desse pontos". Akinfeev esteve perto em Janeiro (o tal mês), Eduardo não foi opção para o presidente e De Gea não era negociável aos olhos do Atlético de Madrid. Veio Roberto. Em tempo útil, e face ao que sabia, disse aqui que o jogador não valia aquilo que pagámos nem era o que precisávamos. Vieram as virgens ofendidas e foi a histeria que se viu. Hoje, todos temos uma opinião sobre o valor deste guarda-redes e não é tão boa quanto a inicial. O que mais me impressiona neste negócio não é o erro em contratar o guarda-redes, porque os erros, até mesmo os óbvios, acontecem e são desculpáveis. O que me "choca" é o preço pago por ele quando o Atlético cederia por bem menos. Porquê? Eu não sei. Mas que houve incompetência, houve, é um facto.
E depois de Roberto, quem vem? O Benfica vai ao mercado determinado em contratar um defesa-esquerdo e "uma espécie de Ramires", que segundo Vieira chegaria em dois dias. Não veio, nem um nem outro, e é aqui que eu coloco nova questão: se o Benfica tinha mesmo intenção em contratar jogadores para as referidas posições, por que razão desistiu tão facilmente? Os alvos estavam identificados (Traoré, Drenthe, Hleb, Wesley, Elias, Maylson) e, como se vê, havia um plano A, um plano B, um plano C. Todos falharam, uns por ambição desmesurada dos atletas, outros por preço elevado dos mesmos, outros por incapacidade negocial do Benfica. Agora, se estávamos tão necessitados de jogadores, por que é que avançámos tão tarde e por que é que não foram contratados? E se não precisávamos assim tanto, por que raio era para virem?
Mas Roberto não veio sozinho. Depois de Maio, outro jovens jogadores vieram, e não acredito que nenhum deles fosse perspectiva de ingressar directamente no plantel encarnado. Gastaram-se vários milhões de euros em Rodrigo e Alípio, mais dois canteranos do Real Madrid, e ainda quase dois milhões em Oblak. No total, quase dez milhões de euros, pelo menos a avaliar no que vem escrito nos comunicados e na imprensa. Porquê e para quê, não sei. Se estes três jovens não são apostas para o presente e o actual plantel está necessitado de jogadores para o presente, para que vieram? Não havia dez milhões para Wesley, mas para estes três já havia? Não percebo, e gostaria que estas questões fossem esclarecidas pela Direcção não em praça pública mas sim nos sítios onde devem ser feitas, as AG's. Já agora, quem percebeu o que se passou, chegue-se à frente.
Vieram os primeiros jogos oficiais e as primeiras derrotas, logo três de seguida. Primeiro com o Porto, na Supertaça, o Benfica é derrotado de forma clara e justa por 2-0, num jogo em que tinha obrigação de vencer, perdendo assim uma soberana hipótese de abater psicologicamente o seu adversário, que com um treinador demasiado jovem poderia começar a ter alguns problemas especialmente devido aos elementos mais antigos do balneário azul-e-branco. Infelizmente, não aconteceu. Depois, na estreia para o campeonato, derrota surpreendente com a Académica na Luz, a terceira em quatro épocas, em que ficou bem patente aquilo que alguns benfiquistas vinham dizendo: bolas paradas mal defendidas, guarda-redes de qualidade duvidosa, ausência de profundidade nos flancos, quebra nas transições. Essencialmente estes quatro problemas. Como seria de esperar, os yes man fizeram-se ouvir bem expressivamente e cheguei a ouvir alarvidades daquelas bocas que se situam perto do coração, tais como "perdemos por causa dos adeptos benfiquistas que nos criticam". Idiotas. Só um idiota não compreende que, quando se critica construtivamente, o objectivo é ajudar o clube, sendo depois normal ouvir o chorrilho de disparates e insultos que pessoas menos esclarecidas vêm gritar, acusando uns de serem mais benfiquistas que outros. Adiante...
Apoiou-se Fernando Gomes, defendeu-se Queiroz, perdeu-se tempo em fait-divers que pouco ou nada trouxeram. O Benfica perdeu jogos porque não foi competente e porque houve mãozinha (mãozona!) da arbitragem, que habilidosamente impediu a vitória na Luz frente aos estudantes, por exemplo. No entanto não se pode, nem se deve, fazer capas de jornal onde se diga que ficaram cinco penalties por assinalar, vamos ser sérios e não cair no ridículo, porque dessa forma ninguém nos leva a sério. Já se percebeu que não é através da imprensa própria do clube que o Benfica consegue exercer pressão sobre quem manda. E porque todos nós sabemos que "quem pode, manda, obedece quem tem juízo", é importante não sermos comidos nestas situações. Vistas estas situações e os jogos de Sporting e Porto frente a Naval (ambos) e Rio Ave (dragões), há que saber reagir. Não se trata de "pegar nas armas", como um pobre coitado disse, há que reagir apropriadamente. Para isso servem os chorões dos directores de comunicação, que goste-se ou não deles, cumprem um trabalho importantíssimo.
O Benfica viu-se afectado pelos maus resultados e correu apressadamente para o mercado. Sacou Salvio ao Atlético de Madrid por empréstimo, mais um jovem de qualidade mas que, face às vicissitudes do momento, poderá ter dificuldades em impor-se além de não se enquadrar no tipo de jogadores que Jesus pediu. Tentou ainda algumas situações de última hora, mas não conseguiu. Findo o mercado, acabou por não contratar um substituto natural de Ramires, jogador que assegurava que as transições se fizessem sem ser de forma quebrada (um dos quatro problemas acima mencionados), tendo ainda emprestado Yebda, jogador que, apesar das devidas diferenças para Ramires, era o que, trabalhado por Jorge Jesus, se poderia mais assemelhar ao queniano.
Por fim, no último dia de mercado de transferências, onde já não esperava nenhum reforço, fiquei apreensivo ao ver que não conseguimos colocar alguns dos monos do plantel, casos de Balboa e Zoro, e ainda muito surpreendido ao ver que o melhor marcador da Liga Turca, que não é assim tão inferior à nossa, também não arranjou clube para jogar. Como é possível que ninguém queira Makukula, e como é que não se conseguiu coloca-lo? [Enquanto escrevia este post, Makukula foi vendido a título definitivo para o Manisaspor, não se sabendo os valores da transferência. Era um jogador que eu apreciava mas que não tinha espaço no plantel. Face à boa época que fez, até pode ter sido vendido por bons valores, mas o seu salário era demasiado alto].
Se em termos de vendas a avaliação que eu faço do trio Vieira-Rui-Jesus é positiva, em termos de contratações já não posso dizer o mesmo, infelizmente. Gaitán e Jara são reforços no verdadeiro sentido da palavra, mas, nomeadamente no caso do primeiro, as soluções de jogo que oferecem, não são nada de novo. São bons, foram boas compras, mas não acredito que Gaitán consiga ser o "abre-latas" que Di Maria era. Sobre Roberto não me vou voltar a repetir, já disse tudo o que tinha a dizer, inclusive que custou mais que o Alasca custou aos Estados Unidos (isso é que era, até tínhamos petróleo). Oblak, e os canteranos são um caso que deve ser esclarecido. No total, estamos objectivamente mais fracos e perdemos dinheiro nesta janela de transferências. Pode isto ser considerado bom? Não, não pode.
Ainda antes da belíssima vitória no campeonato nacional, para a qual trabalharam, em conjunto e com todo o mérito, Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Jorge Jesus, já o trio estava virado para preparar a época seguinte e dar forma ao Benfica 2010/2011. Começou-se a preparação da nova época de forma sólida e na perspectiva de futuro próximo, com o mercado de Janeiro a possibilitar a inclusão de três jogadores no plantel, dois dos quais vingaram, e ainda contratou-se, neste período ou pouco tempo depois, Gaitán, Jara e Fábio Faria. Tudo isto foi feito ainda antes de o Benfica se sagrar campeão. Diria que, até Maio, a preparação da nova época estava muito adiantada e feita de forma coerente, sólida e profissional.
Com o final do campeonato, sucederam-se os normais festejos que a época convidava, e assim foi: na Luz, no Marquês, foram horas e dias inesquecíveis, Lisboa vivia um ambiente de felicidade, havia caras bem dispostas nas ruas. Do trio de obreiros do título supracitados, foi Jorge Jesus aquele que, por via da sua posição no clube, se desdobrou em mais entrevistas. E foi aqui que a situação começou a ganhar contornos que não me agradaram. Primeiro uma entrevista normalíssima à SIC, onde mostrou como era trabalhar no Benfica, depois o desastre na RTP N, onde a dupla portista Hugo Gilberto/Rui Moreira fez gato-sapato de Jesus e este foi anjinho na entrevista, despedindo Quim em directo (não acredito que o guarda-redes titular tenha sabido da notícia naquele momento, mas de qualquer das maneiras não se faz aquilo) e admitindo o interesse em Klaas Jan Huntelaar, do AC Milan. Ora, sabendo que Jesus não é burro nenhum, não encontro nenhuma outra razão para ter feito aquilo que não a vaidade, foi um autêntico "eu sei, eu quero, eu posso". Não gostei, não caiu bem e, como vemos hoje, Huntelaar não está cá e há quem suspire por Quim. Não esquecer que o segredo é a alma do negócio.
Benfica campeão nacional significa sempre uma coisa: cobiça por parte de grandes equipas europeias nos nossos jogadores. Assim aconteceu em 2005, assim aconteceria em 2010. No entanto, ao contrário do que se poderia pensar, o facto de ser campeão não tem trazido, pelo menos num passado recente, craques ou nomes sonantes até à Luz. Nos últimos anos tivemos Suazo, Reyes, Aimar, Saviola depois de campanhas muito fracas (quarto e terceiro lugar), o que até vem demonstrar que tem sido mais o oposto a acontecer. Mas também como as camisolas não ganham jogos...
Falando das saídas, já todos esperávamos o que acabou por suceder: Di Maria, com a vontade e ambição normais num jovem de grande talento, quis sair, e o Benfica, na minha opinião, fez muito bem em vende-lo, afinal de contas, de que serviria um jogador contrariado por ter lhe terem sido cortadas as asas que o levariam ao Real Madrid? A venda foi efectuada, mas eis o primeiro sinal de menor sucesso negocial: dos tão falados 40 milhões de euros, valor da cláusula de rescisão que seria cumprido (LFV dixit), Di Maria saiu por uns "modestos" (antes que entrem todos com gritos de histeria, reparem que "modestos" está entre aspas) 25 milhões, com um par de cláusulas referentes ao desempenho pessoal e colectivo que são, no mínimo, uma incógnita e uma grande dúvida. "Se" e "quando" receberemos o valor das ditas, não sei. Ramires também saiu, num negócio em que todos-sabemos-mas-na-verdade-ninguém-sabe-bem-ao-certo-o-que-aconteceu. É de facto estranho (para não dizer ridículo) que a opinião pública sobre este caso seja uma e os comunicados digam exactamente o oposto. Já foi dito tudo e mais alguma coisa sobre este negócio, não vale a pena acender novamente o barril de pólvora.
Outros jogadores de menor importância na conquista do título também saíram: Miguel Vítor, por razões desconhecidas (não percebo como consideram Fábio Faria superior ao jogador formado na Luz), apesar de ser público e notório que Jesus não vai à bola com o central, foi emprestado ao Leicester City onde é treinado por Paulo Sousa; Urreta, emprestado ao Peñarol no final da época passada, voltou a receber guia de marcha, desta vez rumo a Espanha, ele que se estreou a titular e logo como melhor em campo no Deportivo da Coruña, num empréstimo ainda hoje mal compreendido pela maioria dos adeptos da Luz; Éder Luiz, jogador que apareceu ocasionalmente na temporada passada, apesar de ter sido contratado no mercado de Janeiro, também recebeu guia de marcha, pois não convenceu Jesus (nem os adeptos), sendo difícil augurar bom futuro a este jogador com a camisola da águia, visto ter mostrado muito pouco para a idade que tem.
No entanto, felizmente, a base da equipa campeã não foi destruída. Como não o foi em 2005, ao contrário do que muita gente diz por aí (foi sim em 2007, com a saída de 6 jogadores do núcleo duro: Simão, Miccoli, Manuel Fernandes, Karagounis, Ricardo Rocha e Anderson). Jogadores como Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão e Cardozo, sobretudo estes quatro, resistiram, tanto eles como a direcção, às investidas de alguns tubarões europeus como Manchester City, Barcelona, Shakhtar ou Real Madrid. Apesar de uns terem sido menos cuidadosos com as palavras e inclusivamente terem dito que queriam sair, casos de Luisão, já os outros três mantiveram-se no Benfica não por sacrifício pessoal mas por amarem o clube pelo qual jogam, inclusivamente Cardozo, que anda sempre com aquela cara de frete, mas que é um profissional exemplar (e que tem um empresário asqueroso).
Tratados os melhores jogadores e os outros de segunda linha nesta luta pelo título, também foi com agrado que registei a saída de alguns pernas-de-pau por bom dinheiro, casos de Edcarlos, Binya, Sepsi ou Halliche. E foi ainda positiva a colocação de alguns jogadores, como Jorge Ribeiro, Adu, Fellipe Bastos, Shaffer, mas também a dos jovens David Simão e Nélson Oliveira, bem como aquilo que se pode chamar de "contingente Fátima".
Chegados a este ponto do texto, altura para uma avaliação intercalar: o Benfica soube mover-se no mercado em relação a vendas e contratações antecipadas, nomeadamente as de antes de Maio. Até aqui, tudo bem, a gestão feita por Vieira, Rui Costa e Jesus tem nota positiva.
Os problemas começam depois: entre Maio e Agosto não foi contratado nenhum reforço no verdadeiro sentido da palavra, com a agravante de se ter gasto rios de dinheiro que, imaginem, fizeram com que o Benfica, neste defeso, tivesse gasto mais do que aquilo que recebeu.
Primeiro, havia que resolver a questão do guarda-redes. Com a saída de Quim, a vaga ficava em aberto para o tal guarda-redes que "desse pontos". Akinfeev esteve perto em Janeiro (o tal mês), Eduardo não foi opção para o presidente e De Gea não era negociável aos olhos do Atlético de Madrid. Veio Roberto. Em tempo útil, e face ao que sabia, disse aqui que o jogador não valia aquilo que pagámos nem era o que precisávamos. Vieram as virgens ofendidas e foi a histeria que se viu. Hoje, todos temos uma opinião sobre o valor deste guarda-redes e não é tão boa quanto a inicial. O que mais me impressiona neste negócio não é o erro em contratar o guarda-redes, porque os erros, até mesmo os óbvios, acontecem e são desculpáveis. O que me "choca" é o preço pago por ele quando o Atlético cederia por bem menos. Porquê? Eu não sei. Mas que houve incompetência, houve, é um facto.
E depois de Roberto, quem vem? O Benfica vai ao mercado determinado em contratar um defesa-esquerdo e "uma espécie de Ramires", que segundo Vieira chegaria em dois dias. Não veio, nem um nem outro, e é aqui que eu coloco nova questão: se o Benfica tinha mesmo intenção em contratar jogadores para as referidas posições, por que razão desistiu tão facilmente? Os alvos estavam identificados (Traoré, Drenthe, Hleb, Wesley, Elias, Maylson) e, como se vê, havia um plano A, um plano B, um plano C. Todos falharam, uns por ambição desmesurada dos atletas, outros por preço elevado dos mesmos, outros por incapacidade negocial do Benfica. Agora, se estávamos tão necessitados de jogadores, por que é que avançámos tão tarde e por que é que não foram contratados? E se não precisávamos assim tanto, por que raio era para virem?
Mas Roberto não veio sozinho. Depois de Maio, outro jovens jogadores vieram, e não acredito que nenhum deles fosse perspectiva de ingressar directamente no plantel encarnado. Gastaram-se vários milhões de euros em Rodrigo e Alípio, mais dois canteranos do Real Madrid, e ainda quase dois milhões em Oblak. No total, quase dez milhões de euros, pelo menos a avaliar no que vem escrito nos comunicados e na imprensa. Porquê e para quê, não sei. Se estes três jovens não são apostas para o presente e o actual plantel está necessitado de jogadores para o presente, para que vieram? Não havia dez milhões para Wesley, mas para estes três já havia? Não percebo, e gostaria que estas questões fossem esclarecidas pela Direcção não em praça pública mas sim nos sítios onde devem ser feitas, as AG's. Já agora, quem percebeu o que se passou, chegue-se à frente.
Vieram os primeiros jogos oficiais e as primeiras derrotas, logo três de seguida. Primeiro com o Porto, na Supertaça, o Benfica é derrotado de forma clara e justa por 2-0, num jogo em que tinha obrigação de vencer, perdendo assim uma soberana hipótese de abater psicologicamente o seu adversário, que com um treinador demasiado jovem poderia começar a ter alguns problemas especialmente devido aos elementos mais antigos do balneário azul-e-branco. Infelizmente, não aconteceu. Depois, na estreia para o campeonato, derrota surpreendente com a Académica na Luz, a terceira em quatro épocas, em que ficou bem patente aquilo que alguns benfiquistas vinham dizendo: bolas paradas mal defendidas, guarda-redes de qualidade duvidosa, ausência de profundidade nos flancos, quebra nas transições. Essencialmente estes quatro problemas. Como seria de esperar, os yes man fizeram-se ouvir bem expressivamente e cheguei a ouvir alarvidades daquelas bocas que se situam perto do coração, tais como "perdemos por causa dos adeptos benfiquistas que nos criticam". Idiotas. Só um idiota não compreende que, quando se critica construtivamente, o objectivo é ajudar o clube, sendo depois normal ouvir o chorrilho de disparates e insultos que pessoas menos esclarecidas vêm gritar, acusando uns de serem mais benfiquistas que outros. Adiante...
Apoiou-se Fernando Gomes, defendeu-se Queiroz, perdeu-se tempo em fait-divers que pouco ou nada trouxeram. O Benfica perdeu jogos porque não foi competente e porque houve mãozinha (mãozona!) da arbitragem, que habilidosamente impediu a vitória na Luz frente aos estudantes, por exemplo. No entanto não se pode, nem se deve, fazer capas de jornal onde se diga que ficaram cinco penalties por assinalar, vamos ser sérios e não cair no ridículo, porque dessa forma ninguém nos leva a sério. Já se percebeu que não é através da imprensa própria do clube que o Benfica consegue exercer pressão sobre quem manda. E porque todos nós sabemos que "quem pode, manda, obedece quem tem juízo", é importante não sermos comidos nestas situações. Vistas estas situações e os jogos de Sporting e Porto frente a Naval (ambos) e Rio Ave (dragões), há que saber reagir. Não se trata de "pegar nas armas", como um pobre coitado disse, há que reagir apropriadamente. Para isso servem os chorões dos directores de comunicação, que goste-se ou não deles, cumprem um trabalho importantíssimo.
O Benfica viu-se afectado pelos maus resultados e correu apressadamente para o mercado. Sacou Salvio ao Atlético de Madrid por empréstimo, mais um jovem de qualidade mas que, face às vicissitudes do momento, poderá ter dificuldades em impor-se além de não se enquadrar no tipo de jogadores que Jesus pediu. Tentou ainda algumas situações de última hora, mas não conseguiu. Findo o mercado, acabou por não contratar um substituto natural de Ramires, jogador que assegurava que as transições se fizessem sem ser de forma quebrada (um dos quatro problemas acima mencionados), tendo ainda emprestado Yebda, jogador que, apesar das devidas diferenças para Ramires, era o que, trabalhado por Jorge Jesus, se poderia mais assemelhar ao queniano.
Por fim, no último dia de mercado de transferências, onde já não esperava nenhum reforço, fiquei apreensivo ao ver que não conseguimos colocar alguns dos monos do plantel, casos de Balboa e Zoro, e ainda muito surpreendido ao ver que o melhor marcador da Liga Turca, que não é assim tão inferior à nossa, também não arranjou clube para jogar. Como é possível que ninguém queira Makukula, e como é que não se conseguiu coloca-lo? [Enquanto escrevia este post, Makukula foi vendido a título definitivo para o Manisaspor, não se sabendo os valores da transferência. Era um jogador que eu apreciava mas que não tinha espaço no plantel. Face à boa época que fez, até pode ter sido vendido por bons valores, mas o seu salário era demasiado alto].
Se em termos de vendas a avaliação que eu faço do trio Vieira-Rui-Jesus é positiva, em termos de contratações já não posso dizer o mesmo, infelizmente. Gaitán e Jara são reforços no verdadeiro sentido da palavra, mas, nomeadamente no caso do primeiro, as soluções de jogo que oferecem, não são nada de novo. São bons, foram boas compras, mas não acredito que Gaitán consiga ser o "abre-latas" que Di Maria era. Sobre Roberto não me vou voltar a repetir, já disse tudo o que tinha a dizer, inclusive que custou mais que o Alasca custou aos Estados Unidos (isso é que era, até tínhamos petróleo). Oblak, e os canteranos são um caso que deve ser esclarecido. No total, estamos objectivamente mais fracos e perdemos dinheiro nesta janela de transferências. Pode isto ser considerado bom? Não, não pode.
19 comentários:
Confesso que me surpreende o facto de alguns adeptos reagirem neste e noutros blogues com alguma urticária às críticas construtivas, entrando mesmo numa aferição de quem é mais ou menos benfiquista.
Por outro lado, deixam escapar ou pelo menos não comentam situações ou notícias presumivelmente encomendadas que podem ter consequências bastante negativas no seio da estrutura dirigente do futebol. Recordo, por exemplo, uma manchete recente do jornal “Record”, cujo teor era: “ Vieira recua e dá nega a Jesus, técnico queria Maylson mas maioria da SAD era contra”. No mesmo texto, o jornalista intercalou uma frase verdadeiramente assassina”, salientando que “o representante em causa, mandatado pelas águias, foi o empresário Costa Aguiar, um agente próximo do treinador do Benfica”. Para bom entendedor…
O que tem contribuído para algum desconforto no seio da massa associativa não é só uma politica de aquisições que escapa à racionalidade, mas fundamentalmente a ausência de explicações, que não carece necessariamente da realização de uma Assembleia.
Na época passada, alguns sectores da sociedade civil e desportiva manifestaram perplexidade perante novas aquisições sem que o clube tivesse vendido algum dos seus activos mais valiosos. Nessa altura, Luis Filipe Vieira sentiu necessidade de vir a público tranquilizar os adeptos, defendendo a transparência das aquisições e justificando o sigilo da solução para que os adversários directos a não copiassem. Viríamos mais tarde, no final do prazo para inscrições, a compreender que as operações estavam apoiadas na criação legal de um Fundo de Investimento.
Na presente época, estando em causa um maior caudal de dúvidas sobre a bondade das opções tomadas, qual é a justificação para que exista uma dualidade de comportamentos por parte do presidente do clube? Qual seria a dificuldade em explicar aos adeptos, mesmo enfrentando uma eventual reacção desfavorável, a dispensa do Urreta e se a mesma inclui uma opção de compra pelo Corunha? Ou o real valor da venda de Di Maria e se este inclui a contabilização do valor dos passes do Rodrigo e do Alípio? Ou os critérios que conduziram ao abandono de alternativas mais económicas para solucionar o problema criado por Jorge Jesus com a dispensa de Quim? Ou porque é que na venda dos primeiros 50% do passe de um internacional do Brasil, o seu passe foi apenas avaliado em € 12.000.000 e fomos “obrigados” a vender ao desbarato os restantes 50% quando tinha sido propagandeado na primeira operação que os direitos desportivos, avaliados em € 30.000.000, pertenciam integralmente ao Benfica? Ou quais os custos e qual o formato da operação de empréstimo do Salvio? Ou qual o alcance da garantia de nos irmos “endividar ainda mais” e de a preparação da próxima época de 2011/2012 (!) já estar em curso quando o plantel não foi devidamente constituído para esta? Ou porque é que continuamos a desperdiçar o investimento na formação de novos valores (será que o Roderick consegue escapar?), enquanto assistimos constrangidos à permanência do Luis Filipe e do César Peixoto no plantel, apoiados num conceito novo e bastante lato de polivalência?
Não se compreende esta alteração de comportamento de uma época para a outra. Será que é a primeira consequência das recentes alterações estatutárias, ocorrida numa Assembleia manifestamente pouco concorrida? Infelizmente, estes assuntos da organização interna do clube são pouco atractivos para a maioria dos sócios, mais preocupados com os resultados desportivos e quando despertam, como diz a publicidade de uma imobiliária: “já era”…
Abraço do Jardim do Regedor
Já agora o Ruben Amorim tambem foi apontado ao Genova...
Ainda não tive tempo de ler inteiramente o post mas desde já uma pequena correcção:
O nome do Amorim foi associado ao Génova ;)
Pois foi! Na mesma altura do Veloso! Obrigado, já está corrigido.
Tive um blogue de desporto e sei que há sempre poucos comentários qd é apenas para concordar ou congratular. os comentadores da blogosfera gostam mais de malhar... Não vou cair nesse cliché e vou dar-te os parabéns pela excelente análise aqui feita
Perdemos dinheiro???
Como assim???
Di Maria 25+5-6(Rodrigo e Alípio)=24
Ramires 6+(22/2)=17
Makukula=2
Halliche=2
TOTAL= 45 milhões
Roberto= 8,5
Gaitán= 8,4
Jara= 5,5
Fábio Faria= 1
Sálvio= 2
Oblak= 1,7
TOTAL= 27,1 milhões
SALDO= 17.9 milhões
Como perdemos dinheiro???
Jardim do Regedor,
Não podemos criticar a direcção quando deixa escapar a informação para o exterior, e depois criticarmos quando as decisões ficam no segredo dos deuses.
O Benfica tem um grande plantel, e esse mérito é da direcção. De mais ninguém.
Há uns anos atrás (não muitos),pareceria impossível conseguirmos ter um plantel desta categoria. Agora que o temos, não me parece honesto perder tempo a discutir Alípios e Rodrigos (obviamente englobados no negócio DI Maria).
Também não me parece honesto criticar a contratação de Roberto (que poucos conheciam e foi caríssimo), e depois criticar a não contratação de Maylson (que a maior parte dos benfiquistas também não conhecia, e por quem também pediam uma fortuna).
Cometeram-se erros (como outros cometeram, veja-se Prediguer, Valeri, Diego, Luis Fabiano, Pongolle etc), mas globalmente a gestão é positiva.
Há coisas que nem toda a gente pode saber. A avaliação deve ser feita pelos resultados, e esses dizem-nos que o Benfica tem uma grande equipa, é campeão nacional, está na Champions, tem aumentado as receitas, e tem uma situação financeira estável.
O resto é má vontade...ou (nalguns casos) oportunismo.
LF,
em primeiro lugar Di Maria não foi vendido pelos ditos 25 milhões, pois nem a totalidade do seu passe pertencia ao Benfica (uma parte do mesmo já havia sido alienado ao Benfica Stars Fund, mas antes deste mercado de transferências e é disso que se fala aqui). E ainda não percebi (nem eu nem ninguém, acho, pois os comunicados não são esclarecedores, aliás, nem os vi ainda, penso eu) os valores envolvidos nos negócios de Alípio e Rodrigo. Halliche também não era todo do Benfica.
Com a venda de Makukula, penso que o Benfica conseguiu igualar a balança de gastos e receitas. Irei ver de seguida e se assim se confirmar, corrigirei o texto.
Cumprimentos e parabéns pelo grande trabalho feito no Vedeta da Bola ao longo destes anos.
Obrigado pelas palavras elogiosas.
Quanto ao tema em análisem devemos ter consciência que não seria possível construir um plantel com internacionais argentinos e brasileiros como Ramires, Di Maria, Saviola, Aimar etc, sem algumas cedências.
A criação do fundo foi uma das fórmulas encontradas. As negociações com este ou aquele empresário, o negócio com o Real Madrid, ou com o Atlético de Madrid, terão sido outras.
Haverá, no meio disto, coisas que talvez não se possam saber, não necessariamente por se tratarem de ilegalidades, mas para evitar especulações ou interpretações abusivas.
Acho tudo isso natural, e fico feliz por o Benfica ter a equipa que tem. Embora a do ano passado fosse superior, esta também é muito boa.
No mundo perfeito o Benfica teria 100% do passe de todos os jogadores, não teria de vender ninguém, e ainda poderia comprar o Hleb, o Wesley, o Huntelaar e todos esses que o treinador queria, para, então sim, se candidatar a ganhar a Champions.
Nós sabemos que não é esse o mundo real. E este, o real, obriga a algum jogo de cintura, a alguma ginástica negocial e financeira, que nem sempre agrada a todos os adeptos.
Se o bom é inimigo do óptimo, creio que a gestão desportiva deste defeso (Roberto à parte) até foi boa.
Só se venderam dois, ganhou-se dinheiro, e a qualidade global da equipa não sofreu tanto quanto cheguei a temer.
Mas, claro, só no final poderemos ter certezas.
Esqueci-me de referir que para mim é claro que o Rodrigo e o Alípio foram contrapartidas de Di Maria.
Foram dissimuladas? Talvez, e há explicações para isso, até sob o ponto de vista contabilístico.
O Di Maria foi mal vendido? Qual seria a alternativa, se ele não queria mesmo ficar, ninguém dava mais, e lhe tinha sido prometido que saía?
Recordo que o Ozil, uma das estrelas do Mundial, foi para o Real por 15 milhões.
Não tenho dúvidas que os interesses do Benfica foram protegidos.
Mas erros (como pode ter sido, veremos, o caso de Roberto) todos cometem.
Ozil foi um caso à parte, o jogador alemão do Bremen estaria livre para negociar com quem quisesse a partir de Janeiro de 2011, tal como, por exemplo, Simão Sabrosa.
Seja como for.
A verdade é que ninguém fez uma proposta superior.
Caramba, o Di Maria também não é o Messi. Nem sei se será titular indiscutível no Real.
Isto choca um pouco com o discurso do presidente, de que não vendia ninguém abaixo da clausula etc etc.
Mas isso também se explica enquanto estratégia negocial: mostrando que os jogadores eram importantes para o Benfica (e como tal, que os considerava muito bons), e ao mesmo tempo que o clube não precisava de dinheiro e não ia vender ao desbarato, valorizou os seus passes até ao limite possível.
boas, recorda-me só essa situação do akinfeev em janeiro. é a segunda vez que vejo essa referência e blogs e não me lembro disso, para ser sincero.
Caro LF,
Penso que há alguma confusão no seu comentário. A referência ao caso Maylson surge num contexto bastante claro de intriga desportiva e jornalística. Não tem nada a ver com uma eventual insatisfação pessoal na sua não contratação. Pelo contrário, dado o histórico de contratações falhadas para substituir Ramires e as dúvidas consistentes sobre o seu real valor até achei sensato este desfecho, lamentando apenas que todos os passos estivessem expostos durante largos dias na imprensa.
Por outro lado, alegar sigilo negocial é um argumento demasiado fácil e falacioso para negar o direito à informação que deve existir em qualquer sociedade, independentemente de ser comercial ou desportiva. A mudança de comportamento a este respeito é clara e indesmentível.
Os sócios dispensarão conhecer o diário dos preparativos e dos processos negociais, apesar de vir quase tudo na imprensa. Pretendem, sim, conhecer o seu desfecho e as colunas do "deve" e "haver".
Assim, ficaremos todos confortados com a estabilidade financeira que o LF garante.
Fazendo-se a avaliação pelos resultados recorde-se a perda da Supertaça, que serviu "só" de caução desportiva ao treinador do principal adversário, e a Taça Eusébio, embora esta menos importante e de carácter particular. Mas também por isso não faz sentido apostar na sua promoção e acabar por expor os jogadores e o homenageado a exibições e resultados humilhantes, "justificados" com a necessidade de rodar o plantel...
Por último, a sua referência de que Rodrigo e Alípio estão "obviamente englobados" no negócio de Di Maria será sempre "obviamente especulativa" até que surja a indispensável confirmação oficial, designadamente quando os dirigentes garantiram durante todo o defeso que o interesse nos jovens madrilenos era independente de uma eventual venda de Di Maria.
A convicção que eu ou o LF tenhamos sobre este ou outros negócios carecerá sempre de ser validada por que tem essa responsabilidade junto dos sócios e dos adeptos.
basten,
soube disto há poucos dias. Do que me contaram, em Janeiro, houve a possibilidade de o contratar por cerca de 7 ou 8 milhões, se não me engano. O problema era o salário do jogador...
acho estranho porque falou-se bastante no interesse do manchester utd e em ofertas bastante superiores recusadas pelo cska. mas sim, o ordenado dele é proibitivo, dali só sai para um clube daquele$.
Boas. Primeiro que tudo GRANDE POST. Nos dois sentidos, crítico e de dimensão. Concordo com quase tudo, mas até deixo uma dúvida extra. Alípio não veio para o Benfica, creio. Foi falado muito tempo, como sendo os dois jogadores «do pacote», mas só o Rodrigo veio. O outro o Bolton conseguiu mesmo, conseguiu o Rodrigo também por empréstimo nosso. E se para o ano o Bolton quiser pagar uns, sei lá, 5 ou 6 milhões de libras, 7 ou 8 milhões de euros, pelo passe dele, para ficarem com ele como era seu interesse desde o início? Já ficam contentes? O Bolton queria os dois. Tem lá os dois. Um deles, o outro por empréstimo. E se o Benfica, portanto, ganhar dinheiro com um jogador que nunca cá calçou, ficam contentes? Quanto a estas coisas, sinceramente, acho que se dá demasiada importância. Por exemplo, Halliche, que nunca cá calçou também. No post é referido como boa venda, certo? Como ele há muitos outros. A sério. Há jogadores, não no plantel, mas na lista de encargos do Benfica, que servem tão só para estarem espalhados por vários clubes para serem vistos se evoluem em certas condições, ou, na maioria dos casos para se realizar dinheiro com eles. Não são para virem para o Benfica.
Há que deixar trabalhar quem trabalha. Questionar onde deve ser questionado. De resto, acho que tudo tem sido positivo. Outra coisa, a premissa que é levantada para o post, apesar de mencionada de forma leve, é o «dever e haver», entre entradas e saídas, quer de jogadores, quer de dinheiro, com base na notícia do Record que tínhamos saldo negativo. Convém não acreditar em tudo o que se lê. O próprio Jogo, um ou dois dias depois vem tratar só do defeso e dizer que é positivo, a agora há que acrescentar, creio, Makukula.
Um último pormenor, o fundo é em grande parte do Benfica, logo, o dinheiro que lá entra, entra também para o Benfica, pois creio que são cerca de 40% do mesmo, ou seja, se o Di Maria rendeu 6 milhões ao fundo, 2 milhões e meio são do Benfica por aí, se não estou em erro. O Benfica é o sócio maioritário do fundo.
Abraço
Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera
Bimbosfera.blogspot.com
Acho que dar 6 milhões por um jogador cujo objectivo é vende-lo imediatamente sem calçar é, no mínimo, absurdo. Até pode vir a ser um bom negócio (hoje não é, certamente), mas o risco é tremendo.
Olá de novo. Aceito plenamente a afirmação de que hoje o risco é tremendo. Mas Di Maria também era um risco, Coentrão era um risco, todos os jovens jogadores são um risco. Creio que o negócio está sempre salvaguardado. Apesar se ser «chato», por exemplo, em caso de «rebentar» o Real poder querê-lo de volta por 14, salvo erro, sempre somos nós os que o estão a valorizar, mas, se isso acontecer, certamente também temos retorno desportivo por ele «rebentar» dessa maneira. É uma aposta de alto risco, e, mesmo que se perca a aposta, com tantos interessados nele, por exemplo o próprio Bolton, se ele se valorizar por lá certamente que pagam o que pagámos por ele, pelo menos isso, pois eles de início queriam logo os dois e tudo... Creio que não é nada de especial. Conquanto que haja dinheiro para o fazer, não me incomoda que o Benfica faça negócios mais arriscados. Há uns anos seria fatal, basta dizer que Vieira recusou comprar Ronaldinho Gaúcho, ainda no PSG, por ter medo de meter nele praticamente tanto dinheiro como meteu no Simão, que se lesionou com gravidade em 2002, e, disse ele Vieira, ficou «com eles apertados», numa altura em que a pujança do Benfica não era nada comparada com o que é agora.
Se todos estiverem com o clube, os tais 300.000 ou mais, creio que temos potencial para sermos mesmo maiores. E atenção, não sou Vieirista, nem um pouco, mas pensando um pouco por mim vejo que os negócios de entrada de capitais que temos me parecem bastante interessantes, por isso... Bom, é esperar pelo futuro apesar de concordar, ainda assim, que é uma aposta de alto risco neste momento.
Abraço
Márcio Guerra
Enviar um comentário