domingo, 28 de novembro de 2010

O Cardozão voltou

O Benfica saiu de Aveiro com uma vitória que teve tanto de importante como de merecida. Num jogo de sentido praticamente único, o Benfica conseguiu três importantes pontos que o deixam com três de vantagem sobre o Vitória e cinco sobre o Sporting na luta directa pelo segundo lugar. Título? Não acredito, os oito pontos que nos separam do Porto parecem-me irrecuperáveis atendendo às carências da nossa equipa e à força da deles. Nem quero imaginar o que teria sido se o Benfica não tivesse garantido a vitória hoje, o cataclismo que seria e onde estaria Jorge Jesus a esta hora. Felizmente correu tudo pelo melhor. E muito graças àquele "tosco" chamado Cardozo. Que lufada de ar fresco! Mas não se deixem enganar pelo resultado, o Benfica voltou a revelar carências visíveis durante os 90 minutos.

Com mais de 15.000 nas bancadas, ficou uma vez mais provado que os adeptos do Benfica estão com a sua equipa mesmo nos piores momentos, mesmo após humilhantes derrotas como a do Dragão ou a de Tel-aviv. E estar a apoiar os jogadores num momento extremamente difícil como este é muito mais importante que qualquer boicotezeco. Tenho pena, mas não me surpreende, que as altas esferas do Benfica não percebam isso, afinal de contas nunca devem ter tocado numa bola de futebol e não fazem ideia de quão importante é sentir o apoio dos adeptos num momento difícil como este. Mas é assim o futebol.

O Benfica entrou forte no jogo e deixou bem claro que queria o Beira-Mar encostado às cordas. Ataques sucessivos pelo centro, esquerda e direita com o perigo a rondar a baliza de Rui Rego. Saviola, ainda antes do quarto de hora, enviou a bola à barra e depois foi Luisão a cabecear para defesa difícil do guardião aveirense, com a bola a ressaltar para o braço de um defesa da equipa da casa, que aproveitou-se para impedir que esta sobrasse para um jogador encarnado. Penalty nítido, mais um, que ficou por assinalar. Nada de novo, portanto.

Até final da primeira parte foi ver o Benfica mais perigoso que o Beira-Mar, nomeadamente graças a Carlos Martins, muito inspirado, a confirmar o excelente momento que atravessa desde o início da época e a colocar mais pontos de interrogação acerca da sua não utilização em Israel. No entanto os aveirenses equilibraram um pouco a partida e chegaram a criar algumas situações de aflição, nomeadamente em lances de contra-ataque em que galgavam 40 metros sem oposição encarnada, revelando a deficiente transição ataque-defesa do Benfica. Felizmente, quando o jogo já caminhava para o intervalo, Cardozo foi puxado dentro da área por Kanu na marcação de um pontapé de canto. Bruno Paixão, muito atento, apontou e bem para a marca de grande penalidade. Chamado à marcação, Cardozo não perdoou e fez o primeiro golo da partida no seu regresso depois de quase dois meses parado. O Benfica seguia para o intervalo em vantagem.

No primeiro quarto de hora do segundo tempo houve perigo a rodos perto de ambas as balizas. Na aveirense foi Cardozo a chegar atrasado ao cruzamento de Amorim e depois Coentrão a deixar-se antecipar por Pedro Moreira quando tinha apenas o guarda-redes pela frente. Na do Benfica foi Roberto a defender perdida escandalosa de Ronny, o famoso avançado que marcou um golo em Alvalade com a mão, e depois o mesmo Ronny a acertar na base do poste de Roberto após desmarcação onde David Luiz fez de Edcarlos tal a forma indecente como perde o lance. E foi neste ritmo elevado e de qualidade para a nossa Liga que surgiu novamente o homem-golo do Benfica, Óscar Cardozo, que conseguiu chegar a uma bola sobre a ala direita, esperou pelo colega que arrastou o defesa na sua marcação e, com espaço, disparou em jeito mesmo ao canto da baliza, sem hipóteses de defesa. 0-2 no marcador, Cardozo tinha voltado e a vitória tranquila estava aí à porta.

E praticamente a seguir ao segundo veio o terceiro, com Cardozo novamente em excelente plano a dar um nó fantástico a esse grande central chamado Hugo, tão elogiado ontem à noite, e a servir Saviola que só teve de encostar para marcar o terceiro da noite, seu segundo apenas nesta Liga. Tudo mais fácil. A partir deste momento, com o jogo no bolso, o Benfica só tinha de gerir o esforço e assim o fez: saíram Cardozo, Martins e Saviola para as entradas respectivas de Kardec, Salvio e Jara, por esta ordem. Mas, já perto do final do jogo, eis que o Benfica sofre o golinho da praxe. Adivinham em que tipo de lance? Bola parada, pois claro. Mas está tudo bem, Pavlov ensinou alguns adeptos a abanar a cabeça compulsivamente para cima e para baixo apesar de serem visíveis as falhas e défices desta defesa à zona. Mais um para juntar à lista. Depois do golo sofrido eis que o Benfica entra em modo de auto-destruição e começa a deitar por terra tudo o que fez de positivo durante os 88 minutos até então jogados. Erros em catadupa, incapacidade em segurar a bola (mas isso era pedir muito ao Bergessio, perdão, Jara), espaços abertos na defesa, enfim, uma sucessão de erros primários impressionante. Felizmente, por falta de engenho adversário, o Beira-Mar não soube aproveitar-se disto e o Benfica saiu de Aveiro com os três pontos numa vitória justa e limpa, numa exibição próxima daquelas exibidas fora de casa na época passada.

5 comentários:

Miguel Nunes disse...

sobre o tosco Cardozo... um post lá no tasco.

Dogus disse...

Provavelmente será falado aqui...

1) grande jogo de Cardozo
2) ENORME jogo de Ruben Amorim
3) obrigado Saviola!
4) MERDA de jornalistas da tvi...

vose jeiga disse...

Finalmete Amorim no apoio ao meio campo, nomeadamente ao Javi.

Cardozo em altas em contraste com a defesa que está um passador.

tvi, record, jornal i, o nojo, correio da manha, entre outros: tudo a bater com o nariz da porta das instalações do BENFICA!

viva o Benfica!!

Jotas disse...

Benfica venceu com inteira justiça e com momentos de qualidade um Beira-Mar muito bem organizado, com Cardozo a mostrar a todos os que o assobiaram, que desde há muitos anos que o Benfica não tinha quem marcasse tantos golos, esses que nos jogos do Benfica, são tão prontos a assobiar seja quem for, fustigando as suas frustaçoes, são os mesmos que ironicamente tanto pedem o Nuno Gomes e quando ele jogava tanto o assobiavam.
Claramente Amorin confere equilibrio a equipa.
Sobre o flash interview julgo que o parvo foi incompetente de tal forma que nem vale a pena dizer mais nada, Jesus fez o que devia.
Uma palavra para o nosso futsal, Equipa brilhante que vai defender o seu titulo de campeao europeu com toda a gana.

JorgeVeríssimo disse...

Não esqueçer um pénalti por assinalar por falta sobre o Luisão, num lançamento longo do Maxi, onde saltam 2 jogadores em cima dele, que a TVI por acaso repetiu (que estranho!).
Mais dois para juntar á lista... Parece que o trabalho está a ser bem feito...