terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Diabos Vermelhos não vão à Feira

Os Diabos Vermelhos (ler o comunicado) tomaram uma atitude corajosa mas inconsequente. Corajosa porque amando o clube como amam, deixar de ir ao estádio para apoiar a equipa custará a muitos deles eventualmente mais do que os 25 euros pedidos pelo Feirense. Inconsequente por outro lado porque quem manda e vai continuar a mandar nesta brincadeira do preço dos bilhetes são os clubes. Esta conversa tem mais de 15 anos e acaba por ficar invariavelmente em águas de bacalhau. Têm dúvidas? Há anos que isto é assim. O preço dos bilhetes tem de ser regulado (eu disse regulado, não disse "imposto") por uma entidade externa, neste caso a Liga de Clubes.

Quanto ao comunicado em si, apenas mais um pequeno apontamento: os Diabos têm toda a razão em fazer este comunicado e este protesto, dando como exemplo uma situação que já foi aqui discutida neste blog (ver aqui). Infelizmente trata-se de uma batalha hercúlea que estamos a travar e que dificilmente terá o desfecho que os adeptos desejam.

A propósito, se estão encandalizados com estes preços, relembro-vos estes.

P.S. Entretanto o Sporting fez um musical, o primeiro de uma equipa de futebol em Portugal. Já sabem: mais um título.

21 comentários:

Anónimo disse...

Independentemente de não ter conseguido ler o comunicado, percebi o que está em causa. É assim: todos querem “ganhar a vida” à conta do Benfica! O Feirense não é excepção. Isto é um péssimo exemplo daquilo que os clubes fazem para matar a galinha dos ovos de oiro. Concordo com o que é referido no post: alguém (porque não a Liga de Clubes?) tem de impor limites a estas situações.

Respeito a opinião dos adeptos que optaram por não ir ver o jogo e apoiar a equipa, porque ninguém gosta de ser roubado à descarada. Neste país, parece que o roubo está institucionalizado. Também respeito a opinião dos adeptos que optem por ir ver o jogo e apoiar a equipa, numa altura crucial do campeonato. É um dilema muito complicado. Espero que aqueles que forem ver o jogo que levantem bem alto o seu protesto por esta situação.

Mas se há maus exemplos, também há positivos. É o caso do próximo jogo entre o Leiria e o Paços de Ferreira, onde a entrada no estádio Municipal será gratuita.

MM

Anónimo disse...

vamos ser campeões mesmo contra esta merda toda!!!

Unknown disse...

eu discordo, acho que são os clubes que devem fazer os preços e se há procura e provavelmente vais ver os lugares dos 60 euros esgotados, então é porque o preço está bem fixado. Quem tem preços incorrectos não é quem aproveita as ondas para facturar à grande e mesmo assim tem estádios lotados. Quem tem preços incorrectos é quem tem habitualmente 10, 15, 20 ou 30 mil lugares permanentemente vazios.
Se a sobrevivência dos clubes pequenos depende destes momentos, acho que Liga alguma se deve meter nesses assuntos porque não é a Liga que depois vai pagar os salários. Quem não quer pagar não paga e se o estádio ficar vazio, então sim já se deve ou pode discutir se o pricing foi o correcto, mas quem deve fazer isso são os sócios do Feirense e não os adeptos do Benfica. Nós devemos discutir é porque é que o Estádio da Luz não tem sempre assistências superiores a 60.000, porque isso sim representa que os preços são incorrectos

Unknown disse...

E péssimo exemplo, não é mau, é fazer um jogo à borla, pois se pretendemos um futebol profissional com jogadores melhores, dificilmente o conseguiremos com jogos à borla. Este é o exemplo que o nosso futebol não comporta tantos clubes, pois que optam por não emitir bilhetes para evitar que os custos dessa emissão sejam superiores aos encargos e isso sim deveria ser motivo de reflexão.

JNF disse...

MM,

problema resolvido, basta clickar no link.

Quanto ao Leiria, não é novidade a questão dos bilhetes de graça. Tenho um colega de Leiria, sportinguista, que me contou que vão às escolas dar bilhetes de borla para todos os jogo da União.

Rui Sérgio Guerra disse...

Tal como comentei em post semelhante num outro blog SLB,...

Querem mamar?
"Vão à 5a. pata do Cavalo da Praça"!

De facto, seria divinal:
- Antes do jogo,...
... a melhor e mais entusiástica recepção à equipa!
- Durante o jogo,...
... o maior FORçA BENFICA possível!
- No fim do jogo,...
... o devido OBG À EQUIPA E UMA FESTA LOUCA PELA N/ VITÓRIA!

Aos grunhos que queriam chular-nos,
... "QUE SE VÃO PÔR NUM PORCO"!...

Força BENFICA!
Com raça, querer e ambição!

Força Diabos! O meu apoio de sócio!

Um abraço,
RSG

Anónimo disse...

É bom haver opiniões diferentes sobre os mesmos assuntos, porque, na minha perspectiva, enriquece o debate.
Gostaria de esclarecer melhor o meu ponto de vista:
1. Eu não sou apologista de que os mercados resolvem tudo (vê-se o que está a acontecer em Portugal e na Europa). Essa teoria da lei da oferta e da procura que regula tudo é muito bonita no papel, mas não é solução para todas as questões.
2. A sobrevivência dos clubes pequenos não passa, nem pode passar, apenas pelas assistências aos jogos com os clubes grandes e, principalmente dos jogos com o Benfica. Deve passar por uma política consistente de atrair adeptos aos seus jogos com regularidade e a outras formas de financiamento.
3. O futebol é um desporto de massas e colocar os preços a níveis exorbitantes, numa altura em que a população atravessa sérias dificuldades, é um absurdo e um insulto. Até pode ser que uma ou outra vez resulte, mas sistematicamente não vai resultar e a médio prazo vai levar a um afastamento das pessoas dos estádios.
4. Aquilo que leva este grupo de adeptos do Benfica a não ir ao jogo com o Feirense é um exemplo daquilo que acabei de dizer. Quem fica a perder é o Feirense, o Benfica e o futebol. E são os adeptos que vão sistematicamente assistir aos jogos aqueles que interessa preservar.
5. Considero um bom exemplo a iniciativa do Leiria em permitir o acesso gratuito ao jogo com o Paço de Ferreira, porque, caso contrário, o clube arriscava-se a ter o estádio vazio. A pouca assistência que iria ter, não dava para pagar a limpeza das casas de banho. Assim, sempre poderá ter uma assistência razoável a assistir ao jogo e captar adeptos para futuros jogos.
6. Aquele exemplo que é dado no comunicado do campeonato alemão é significativo. É o campeonato que tem mais assistências. Por alguma razão havia de ser.
MM

PS:
Obrigado JNF, assim já é possível ler o comunicado.

Pedro disse...

Bcool, não concordo ctg em relação às borlas. Tudo o que for para levar pessoas aos estádios é bem vindo.

Lembro-me de um Belenenses-Boavista que teve quase casa cheia pq abriram as portas ao público. Todos ganham com isso.

Com bilhetes a pagar o Leiria-Paços se calhar tinha 1000 espectadores. À borla se tiver 5000 são mais 4000 potenciais clientes à zona comercial do estádio (bares, etc), mais público para a publicidade e mais calor nas bancadas q dá uma melhor imagem do nosso campeonato.

JNF disse...

MM(1) e Pedro(2):

1 - De nada. Mas ainda em relação à União de Leiria, não acredito que o Estádio tenha mais de 3500 pessoas (e já estou a ser muito simpático). A cidade não se identifica com o clube e nem que pagassem às pessoas para irem elas iriam.

2 - Isso foi por volta de 2002 ou 2003, lembro-me que fui ver um Belenenses x Varzim graças a essas borlas. Foram ainda uns 4 ou 5 jogos em que o Restelo abriu as portas ao público.

Apoiamos(por)fora disse...

Carissimos autores e visitantes do blog,

na sequência deste post e também do protesto que se está a preparar blogosfera (ver link em baixo), puxando pela equipa de fora do estádio, foi criado o blog e respectivo email com o título: apoiamosporfora.blogspot.com

A nossa intenção foi de apenas e só aglomerar as pessoas que tiveram a ideia original e organizar este "movimento popular", nada mais.

Visitem, e cheguem-se à frente por favor (enviando email ou post) as pessoas que querem participar desta organização, para ficarmos em rede.

P.S: Já colocamos o vosso blog na lista de blogs, se concordarem com a causa façam o mesmo p.f.

Unknown disse...

Visto que estou sozinho na defesa da minha idéia, vamos ver se consigo explicar o racional dela.
Ponto 1, a Alemanha é o país que tem os maiores estádios (em média) e as maiores assistências e não tem a ver com o baixo valor dos ingressos, mas antes com o facto da dimensão, porque é mais fácil numa cidade com 1 ou 2 milhões de pessoas ter estádios cheios do que em cidades de 20 ou 30.000 habitantes.
Ponto, no estudo feito sobre o futebol português era indicado que Portugal tem cerca de 250 lugares vendidos por cada 1000 habitantes, a Alemanha tem 160, França 130, Itália cerca de 165, Espanha 210 e só a Inglaterra tem mais que Portugal, cerca de 270. Ao analisar as coisas em valores relativos vê-se que os Portugueses vão mais ao futebol que a maioria dos europeus. Mais ainda, a receita total em % do PIB é maior em Portugal que nesses países todos, portanto não é uma questão de não ter capacidade de atracção e de fazer as pessoas pagarem.

Unknown disse...

Ponto 3, ao contrário do que se quer fazer passar recentemente, os direitos televisivos representam muito mais para os pequenos clubes, 37%, do que para os grandes 14% (este valor no caso do Benfica desce para cerca de 10 % se analisarmos as contas)
Ponto 4, em Portugal há essencialmente 3 marcas, sendo o Benfica a mais forte das 3, e esse é o principal problema dos estádios vazios e das assistências de merda. Não há adeptos de clubes pequenos em número significativo, sendo que os que há têm como 2.º ou mesmo 1.º clube 1 dos 3 grandes.

Unknown disse...

A palavra anterior de verificação era brand e nem de propósito, não há praticamente brands sem serem as dos 3 grandes. O guimarães é uma boa brand mas mal explorada e cujas receitas de bilheteira são demasiado ligadas ao desempenho desportivo. O braga é uma mistificação, pois a menos que as portas estejam abertas a sua assistência é sempre reduzida, bastante inferior há de guimarães para o mesmo desempenho desportivo. Sem política de portas abertas ou preços de uva mijona, com excepção dos jogos dos 3 grandes nunca o braga consegue meia casa.
A académica é outra brand mal explorada mas tem um target muito específico e com pouco dinheiro.
O leiria pouco diz aos leirienses, caso contrário nunca teriam aceite jogos na Marinha Grande.
Até agora estive a falar de cidade de média dimensão em Portugal, ou mesmo de concelhos com bastante população.
O pior são as equipas que nem população têm e estão, estiveram ou estão em vias de voltar à 1.ª.
O moreirense é o paradigma de muitos clubes que são de uma vilória, ou uma micro-cidade que nem praticamente tem habitantes para encher o estádio se forem todos adeptos do clube da casa.

Unknown disse...

Por isso a ideia que a política de estádios abertos vai trazer mais sócios ou adeptos dispostos a pagar é um erro. Ou estão dispostos a pagar 5, 10 ou 15 euros em jogos normais ou nunca terão capacidade de fazer receitas, excepto nos jogos grandes e aí entende-se que sendo a procura muito maior que a oferta de bilhetes, os preços sejam colocados a um valor que maximize as receitas e mesmo assim assegure uma boa casa.

Unknown disse...

até o Feirense ter uma base social de apoio significativa que permita ter o estádio permanentemente composto com receitas de bilheteira significativas, é muito complicado. Mais ainda quando o risco de descida é muito grande e a queda nas receitas é demasiado grande quando comparada com a queda de despesas. Os salários da segunda liga não diferem muito dos salários das equipas que lutam por não descer, mas as receitas são muito diferentes, quer as de bilheteira - não têm jogos com grandes equipas (talvez só taça da liga ou taça de portugal se tiverem muita sorte), quer as de direitos televisivos.

Unknown disse...

Se tiverem cerca de 10 a 30.000 pessoas a quererem bilhetes quando têm só 5.000 para vender, não acham que faz sentido para os clubes pequenos aproveitar esse momento para fazerem a receita ?
Se o jogo fosse em Aveiro, não tenho dúvidas que os preços seriam mais reduzidos, porque a oferta de lugares era significativamente mais próxima da procura e com mais espectadores podiam fazer uma receita maior com preços mais baratos.

Unknown disse...

Eu conheci bem a realidade do Estrela quando estiveram na 1.ª, falei várias vezes com vários directores, do futebol e não só e sei bem o que é um clube sem sócios. Também fui várias vezes ao Restelo e perguntei lá o que se passava e esse antigo 4.º grande está completamente exangue de sócios.
Sem criar marcas consolidadas, com bases sociais de apoio significativas, dificilmente se conseguem criar equipas com adeptos para encher estádios de 25.000 lugares, nem 10.000 quanto mais 25.
O Braga subsiste sem base social de apoio, com o declínio de reesultados acontecer-lhe-á o mesmo que ao Belenenses, Boavista, Farense, etc. As receitas de vendas de jogadores e de provas europeias não vão durar para sempre e com o fim do alan e do hugo viana irão fazer companhia às equipas que lutam para não descer, independentemente dos esquemas menos claros de que têm beneficiado. O porco logo arranja outro aliado.

Unknown disse...

Preocupa-me volto a dizer não haver um pricing correcto do Benfica. É inadmissível uma assistência média de 40 ou 45.000 espectadores num estádio com 65.000 luares dos quais só 3.250 são para o outro clube.
Ainda agora enquanto via o Real estava a falar com um amigo que dizia que gostava de ir com a mulher e a filha ver um jogo, mas entre as portagens, a gasolina, os bilhetes e a comida (vivo no Algarve) era impensável o valor gasto. Através de uma casa do Benfica, para um jogo pequeno se calhar a festa fica em 50 euros por pessoa, o que para 3 pessoas dá 150 (independentemente de ser sócio ou não do Benfica). Quem é que neste momento pode pagar 150 euros ? E quem pode ir ver um jogo ao Domingo às 20.30 (maioria dos jogos) vivendo a mais de 50 km do estádio ? Preocupa-me muito mais a gestão feita pelo meu clube em termos de bilheteira, do que a gestão dos pequenos que tentam sobreviver e rezam para apanhar um dos grandes na segunda volta, com a malta a ambicionar o título para fazerem a receita que lhe salvará a época - 150 ou 200.000 euros. Quem os pode condenar ?

Anónimo disse...

Só mais umas adendas:
1. As horas impróprias em que são realizados determinados jogos são válidas para os clubes pequenos ou grandes;
2. Enquanto não for mudada essa política, o número de espectadores não aumentará, antes pelo contrário – por exemplo, no Benfica – Setúbal realizado num Sábado ao final da tarde estiveram presentes 56.155 espectadores, já no Benfica – Gil Vicente, realizado no Domingo à noite, estiverem 43.214, uma diferença significativa que não tem a ver com questões desportivas;
3. A política de preços elevados é válida para clubes pequenos ou grandes;
4. Apesar de tudo o que se possa dizer, em Portugal não temos uma cultura desportiva que leve as pessoas a interessarem-se por ver provas desportivas e, ainda assim, o futebol é dos que atrai mais espectadores (por isso, as estatísticas apresentadas, de que o número de espectadores em Portugal por número de habitantes é superior à de outros países, não me convencem);
5. Exemplo disso foi o jogo disputado esta terça-feira para a Taça da Liga Inglesa entre duas equipas da segunda divisão (Cardiff e Crystal Palace) com o estádio COMPLETAMENTE CHEIO, o que nunca aconteceria em Portugal, nem que fosse entre equipas da Primeira divisão, tirando os chamados grandes;
6. As assistências aos jogos do Benfica são influenciadas por diversos factores, alguns deles já antes referidos (horas impróprias e preços elevados para o custo de vida das pessoas);
7. Para além disso, os jogos dão todos na televisão, o que leva muitas pessoas a ficar em casa, onde se está mais confortável e vê-se melhor o jogo do que em determinados locais do estádio (imagine-se o que é ver o jogo no topo de qualquer bancada do estádio).
MM

Unknown disse...

Podes pôr em causa os números do estudo se fôr isso que te interessa não sei baseado em quê ? Normalmente há muitas pessoas que acham do que sabem do falam mas quando são confrontadas com factos continuam a negá-los. Eu vou dizer a minha fonte:
"Competição fora das 4 linhas
Reflexão estratégica sobre a sustentabilidade do futebol profissional em Portugal
Trabalho realizado pelo Centro de Estudos em Gestão e Economia Aplicada da Faculdade de Economia e Gestão da Católica, no Porto, juntamente com a Deloitte."
Se achas que os teus conhecimentos ultrapassam quem fez o estudo, tudo bem, mas eu por norma não vou alimentar discussões baseadas em opiniões versus factos

JNF disse...

Eu acho que o principal problema é sermos um país com demasiados centros comerciais e total ausência de cultura desportiva. Duvido que a Luz estivesse sistematicamente cheia mesmo que os bilhetes fossem vendidos a 5 euros para todos os jogos. O português não gista disto. A área metropolitana de Lisboa tem mais de dois milhões e meio de pessoas. Como é possível, havendo tantos benfiquistas, ter assistências tão baixas mesmo quando a equipa joga bem?