quinta-feira, 15 de março de 2012

O associativismo dos amadores

Não conheço nenhuma classe de trabalhadores com tantas regalias, tão pouco trabalho e tanta resistência à crítica como a classe de árbitros de futebol de Portugal. Claro que existem os maquinistas do Metro e da CP, que têm ordenados maravilhosos e benesses para eles e para toda a família, usando e abusando dos seus poderes através da incompetência dos seus serviços e das múltiplas greves que fazem, impedindo de trabalhar quem quer e privando essas mesmas pessoas de receberem ordenado (algo que eles recebem mesmo quando fazem greve). Mas ainda assim, os árbitros de futebol em Portugal são a classe mais incompetente, corrupta e paga a peso de ouro por uma actividade amadora em Portugal.

Esta tabela mostra quanto os árbitros portugueses auferiram durante a época 2010-2011. A estes valores falta acrescentar o que receberam (alguns) pela participação em jogos das provas europeias (valores bem mais altos por jogo do que aquilo que auferem por partida na Liga Zon Sagres). De acordo com os dados da Futebol Finance, cada árbitro recebe por jogo efectuado na principal Liga de futebol português 1272€ (318€ se participar como 4º árbitro). Se apitar um jogo da Liga Orangina, receberá 890€ (222€ se for 4º árbitro). Receberá ainda 560€ ou 420€ por jogo da Taça de Portugal que tenha uma ou mais equipas do 1º ou 2º escalão respectiamente. Acrescentam-se ainda um subsídio de treino de 400€ mensais para todos os árbitros. E penso que recebem ainda um subsídio por quilómetro deslocado desde a cidade onde moram até ao local do jogo que arbitrarão.

Mesmo não contando o que alguns recebem por fora, os árbitros são muitíssimo bem pagos. Relembro que é uma actividade extra-laboral, uma vez que todos eles são/estão empregados noutros locais. Por isso, dizerem que andam nesta vida por amor ao futebol e porque gostam da profissião é uma grandessíssima treta. Há aqui muito dinheiro em jogo.

E espanta-me imenso que este bando de incompetentes, corruptos ou o que lhes queiram chamar, a receberem o que recebem, se sintam tão indignados ou incomodados com as críticas de um treinador de futebol, que está igualmente sujeito a críticas violentas como estão de resto todos as outras pessoas deste país, desde o senhor Silva de Belém à Mariazinha que deixa a escada do escritório mal limpa.

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