Diz-se que a velocidade é uma condição necessária para vencer no futebol moderno. Talvez de todas as velocidades, a menos importante seja a que diz respeito à correria. É, a meu ver, mais importante executar depressa que correr depressa. Mas neste Benfica, correr depressa, ainda que mal, é o mais importante. A velocidade furiosa que o Benfica imprime nos seus jogos é impar no futebol português, mas nem sempre (quase nunca, até) é adequada. E hoje podia ter-nos custado pontos.
O Rio Ave justificou em campo o porquê da sua classificação na Liga. Não sendo uma equipa com grandes capacidades físicas nem técnicas, a sua organização e o perigo com que chegam à baliza explicam o 4º lugar na prova. Mas as dificuldades que criou ao Benfica foram, em boa parte, mais concedidas e facilitadas por nós que de mérito próprio dos vila-condenses. O Benfica voltou a dar muitos espaços a defender, a sair com dois e três jogadores ao portador da bola, e perdeu sistematicamente a luta no meio-campo, onde um esforço hercúleo de Matic, sobretudo após a saída de Enzo por lesão, evitou que houvesse mais trabalho por parte dos defesas. Ainda assim, os sobressaltos e a quantidade de vezes em que o Benfica foi posto em sentido foram excessivas. André Almeida fez uma exibição terrível, por oposição ao enorme jogo feito pelos centrais e, claro, por Artur. No ataque, entre o azar de Cardozo e a desinspiração de Salvio, sobraram a energia e desequilíbrio de Ola John, o melhor em campo, na minha opinião, e a letalidade de Lima, que deu mais dois pontos ao Benfica em jogos fora.
Velhos vícios, os mesmos erros, mas, mais importante que isso, três pontos. E de três em três pontos se fazem os campeões. Preocupa-me o facto de o Benfica cometer demasiados erros, sobretudo defensivos, em campo, mas fico naturalmente contente com as vitórias. É, no entanto, necessário apontar estes erros, pois a sorte não dura sempre, ou se preferirem, mais cedo ou mais tarde estes erros poderão ter consequências nefastas (como tiveram no ano passado, por exemplo). Corrijam os erros e continuem a ganhar. Até porque mesmo enfraquecidos no meio-campo, os nossos rivais não são mais fortes do que nós.
6 comentários:
Horrível, mais uma vez, Gaitán. Não suporto este jogador, espero sinceramente que saia no mercado de Janeiro. Está a mais no clube. Não só não contribui para não guardarmos a bola, como íamos sofrendo um golo à custa da sua indolência.
Em grande parte não concordo com o teu comentário. A equipa esteve bem posicionada, organizada a defender e mais equilibrada porque não tivemos as desventuras do Maxi. André Almeida só perdeu o flanco uma vez, na primeira parte. E para jogos fora com equipas mais durinhas, como foi o caso, prefiro isso que o Maxi e as suas correrias que destapam o corredor. Notou-se que a saída do Enzo não foi colmatada, mas o Matic fez um jogo enorme.
Gostei da atitude, da concentração, da seriedade com que os nossos jogadores enfrentaram o jogo, tendo a perfeita noção das dificuldades. E parece-me também que esta equipa do Rio Ave, a continuar assim, não permitirá que outra equipa saia de Vila do Conde com os 3 pontos.
Temos de continuar com esta abordagem ao jogo, mas até final! Prioridade total campeonato!
Aiiiiiiii, se não fosse o árbitro, os 3 pontos já ca não moravam...
Algumas notas breves, condicionadas, como sempre, pelo tempo disponível.
Como podemos defender melhor, se perdemos a dupla do meio campo e Enzo Pérez, que vinha formando dupla com Matic, teve de sair lesionado (mais um!)?
Numa opinião muito pessoal, acho que Kardec devia ter ficado de fora dos eleitos para o jogo (porque já tínhamos no banco de suplentes um avançado,) tendo como contrapartida a entrada de João Cancelo para o banco de suplentes. Quando Enzo Pérez saiu, deveria ter entrado João Cancelo para a direita e André Almeida deveria ter passado para o meio-campo, dando maior consistência defensiva à equipa.
Concordo que Matic fez um grande jogo, compensando, de certa forma, o desequilíbrio que se verificava no meio-campo do Benfica, até porque Bruno César não foi o companheiro ideal para pautar o jogo nessa zona nefrálgica do campo.
Se os nossos avançados tivessem tido mais pontaria (ou, dito de outra forma, ou um pouco mais de sorte), o jogo na primeira parte poderia ter ficado decidido a favor do Benfica e não teríamos passado, na segunda parte, por um certo sufoco.
Discordo da frase final onde se refere o seguinte: “Até porque mesmo enfraquecidos no meio-campo, os nossos rivais não são mais fortes do que nós”. Comparando com o rival do norte do país, não sei se teremos um plantel mais forte. Julgo que, este ano, o Porto está a jogar mais como equipa (é preciso não esquecer que já está apurado para a fase seguinte da Liga dos Campeões), enquanto, no ano passado era muto Hulk dependente. O que nos safa, caso contrário a situação seria mais complicada, é a equipa B.
MM
Gus,
explica-me se achas normal que a equipa que está em vantagem no marcador a poucos minutos do fim do jogo sofra sucessivos contra-ataques em igualdade numérica. É que isto aconteceu! E uma vez mais, demos o flanco ao adversário não tendo ninguém de prevenção nas costas do lateral quando este é batido (como aconteceu com Miguel Vítor nos últimos minutos). A equipa defende mal, mal, mal e só não sofremos mais golos por inépcia dos adversários.
Anónimo,
enganaste-te no blog, isto não é do Sporting.
MM,
qualquer pessoa que veja os jogos do Benfica sabe que o problema não está nos jogadores mas sim na abordagem ao jogo. Porque mesmo com craques como Javi e Witsel, erros destes já eram cometidos. E não eram por culpa dos referidos atletas, mas sim do modelo tresloucado que é posto em prática.
Quanto à questão que levantas sobre Cancelo, concordo quando referes que deveria ter estado no banco, no lugar de Kardec, mas compreendo a atitude de Jesus ao optar por César na medida em que não queria, certamente, mexer em duas posições de uma só vez.
Jogamos bem na primeira parte, bem posicionados e com um grande Cardoso, o melhor Matic e a classe do Garay, sempre bem apoiado pelo Jardel. Na segunda parte contra o Vento e com dois jogadores a menos ( curiosamente os que entraram, Bruno César e o Gaitan) o SLBenfica soube resistir a um Rio Ave mais atacante. Temos um plantel mais curto e mais fraco estamos a trabalhar bem. Se alguém no final do ano passado me conta-se que o Benfica ia jogar a Vila do Conde sem Luisão, Javi, Witsel, Maxi, Aimar e Gaitan eu dizia que somos o Benfica e temos de ganhar mas pensava que iamos passar muito mal. E afinal foi só aquilo.
Luis
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