Mais um clássico, mais uma não-vitória frente ao FC Porto. Um apanágio do Benfica nos últimos 20 anos, que conheceu um novo significado com a chegada de Jorge Jesus, ou não fosse este o treinador com os melhores plantéis à sua disposição nestas últimas duas décadas.
Começando pelo princípio: o onze titular era o esperado (e era o melhor, quanto a mim, para a táctica predilecta de JJ), mas do outro lado estava um 4-3-3 do mais consistente que há (infelizmente) na Europa. Só um louco não pode reconhecer qualidade naquele trio do meio-campo portista. Contudo, o 4-4-2 de Jorge Jesus, devoto ao futebol de ataque, não conseguiu criar vantagem numérica no ataque... Nem na defesa. Incrível a quantidade de vezes que os jogadores do FC Porto apareciam no último terço do campo em vantagem numérica. Incrível também O que é que se anda a treinar durante a semana?
Mais: inacreditável a quantidade de vezes que sofremos golos de bola parada do FC Porto e ainda mais inacreditável a inabilidade de criarmos perigo quando beneficiamos de cantos ou livres perto da área adversária.
Apontamos a reter:
Minuto 58 - o momento em que Jorge Jesus abdica de vencer o encontro. Se com Enzo o meio-campo já não era nosso, com a sua saída e posterior entrada de Carlos Martins conseguiu acabar com quaisquer probabilidades de vencermos o encontro. Depois desde fatídico minuto, ainda entrou Aimar que não veio trazer nada à equipa, para além de uma primorosa assistência para Cardozo desperdiçar.
Artur - Uma coisa é frangar num remate traiçoeiro, em que a bola passa por baixo do nosso corpo ou não a conseguimos agarrar bem. São azares do momento. Outra coisa, perfeitamente imbecil, é ter a bola no pé, controlada e fazer merda duas vezes em dois segundos, dando um golo de bandeja ao adversário! Mas que é esta merda? Foda-se. Por mim ficava no banco no próximo jogo. Isto não é para dormir à sombra da bananeira.
Melgarejo - Esforçado, mas continua a ser insuficiente. Por um lado aprendeu a defender bem; por outro, desaprendeu a atacar. Para um jogador que era extremo/avançado, é inaceitável tanta inoperância na manobra ofensiva da equipa.
Salvio - Horrível. Lamentável, aliás. Está a passar por um grave processo de Capelização, há várias semanas. Está na hora de inverter este cenário.
Enzo - Grande jogo. Juntamente com Matic foi conseguindo disfarçar a vantagem que o Porto sempre teve a meio campo. Levou amarelo e JJ substituiu-o por Carlos Martins. O Benfica nunca mais endireitou. A não convocatória de André Gomes foi mais que um erro, foi negligência (a não ser que esteja lesionado, mas o Benfica não publicou nada no boletim clínico). Quando, por força das circunstâncias, foi preciso tirar o Enzo, meteu-se... Carlos Martins. Diferença? Não cobre nem um terço da área que Enzo e o André conseguem cobrir.
Matic - Fantástico. Não só pelo soberbo golo, mas pela entrega, pela atitude, pela frieza... Pela capacidade de jogar à Benfica.
Arbitragem - Não vou comentar a arbitragem, apesar de ter perdoado a expulsão a Moutinho e a Matic. Maxi também se pôs a jeito.
Estádio da Luz - Talismã... Para o FC Porto. Com um estádio onde conseguem controlar jogo após jogo, marcando sempre golos, para que precisam do Dragão? Enquanto benfiquista, sinto-me humilhado por ver o Benfica a ser constantemente subjugado a este FC Porto.
Estádio da Luz - Talismã... Para o FC Porto. Com um estádio onde conseguem controlar jogo após jogo, marcando sempre golos, para que precisam do Dragão? Enquanto benfiquista, sinto-me humilhado por ver o Benfica a ser constantemente subjugado a este FC Porto.
É certo que isto são palavras escritas muito a quente, com o amargo do empate, mas não significa que não se tenha o discernimento para ver a maior parte das coisas bem. E, como disse Vitor Pereira no final do jogo, «vi um Porto personalizado e o Benfica, o grande Benfica, a bater bolas para a frente».
Por outro lado, as palavras de Jorge Jesus mostram bem de que fibra é feito este homem: «o empate não beneficia nenhuma das equipas». A cagança de um senhor que não faz a menor ideia do que é uma postura à Benfica.
Por isso te digo, Jorge, que nós, benfiquistas, não andamos a comer gelados com a testa. Não somos uns dementes que acreditam nas tuas balelas de que nada se decidiu neste jogo, de que ninguém fica satisfeito, de que só por azar não ganhámos, e mais não sei quê e tal que desculpe a tua incompetência gritante. Hoje era o dia para começar a carburar fundo rumo ao título. Hoje era o dia em que enfrentámos um Porto sem o seu melhor jogador e sem o seu melhor defesa. Hoje era o dia em que nada tínhamos a temer. Hoje foi apenas o dia em que, sem espanto, borraste novamente a cueca.
E, como já referi, não andamos todos a comer gelados com a testa, e sabemos perfeitamente do que a casa gasta, já sabemos de como irá ser daqui para a frente. Esperem só até o Porto ganhar o seu jogo em falta para o campeonato e vamos ver como corre o resto da época.