Dito que não votaria em Luís Filipe Vieira e deixando claro que um voto em branco seria desperdiçar uma excelente oportunidade para mudar para mais e melhor que os actuais dirigentes do Benfica, ficou bem claro que votaria (e votarei) na Lista B, de Rui Rangel, na próxima sexta-feira dia 26 de Outubro.
Mas porquê votar em Rangel? Por ser do contra? Por ser doutor? Porque sim? Porque não? Nada disso. Os meus votos no juiz em nada se devem às questões acima colocadas. Se assim fosse, em 2009 teria votado em Bruno Carvalho e não em Luís Filipe Vieira, como efectivamente votei. E fi-lo na altura com a certeza, que ainda hoje tenho, que o candidato da lista então opositora à do actual presidente era composta por um conjunto de gente impreparada e sem noção do que é ou seria dirigir o Benfica. Hoje, passados três anos, tenho a certeza de que, apesar deste mandato de Vieira ter sido claramente negativo, com os dados que tinha à minha disposição na altura e face às listas apresentadas a sufrágio, fiz a melhor das escolhas possíveis, ou pelo menos a menos má.
Mas voltando ao cerne da questão, porquê votar em Rui Rangel?
Por convicção, é a minha resposta.
Será possível votar em Rangel sem se estar a votar contra Luís Filipe Vieira? Sim, é, e é sobre isso mesmo que versa este post, pois é por aí que vai a minha orientação de voto. Voto em Rangel por acreditar que o seu projecto é efectivamente bom. Claro que o facto de Vieira estar a minar o meu clube (não o dele) também faz com que seja mais fácil votar em Rui Rangel, mas não é por aí que vou. Deixando de parte a conversa do projecto [mais que] esgotado de Luís Filipe Vieira e dos múltiplos insucessos desportivos alcançados em quase dez anos de reinado, pretendo demonstrar, ou pelo menos explicar, por que é que acredito que a Lista B é per si, a melhor para o Benfica.
Rui Rangel não acordou ontem para as questões relacionadas com o Sport Lisboa e Benfica. Já em 2009, através do Movimento Benfica Vencer Vencer, tentou apresentar uma lista às eleições, plano entretanto abortado devido à antecipação puramente estratégica de Vieira que visava o impedimento de que certas pessoas se apresentassem a votos. Três anos depois, Rangel volta à luta demonstrando uma coragem que poucos benfiquistas ousaram revelar. Quantos dos chamados "notáveis" é que mesmo discordando da actual política financeira e desportiva do clube se apresentaram para participar no debate de ideias com o público, cara-a-cara, e não apenas através das colunas dos jornais? Quem é que quis arriscar o bom nome e a reputação construída durante anos numas eleições à partida perdidas? Rui Rangel teve a coragem que mais nenhum benfiquista de "nome", com passado na vida pública ou papel de destaque na sociedade portuguesa teve. Rangel teve a ousadia de arriscar o nome a troco de umas eleições que sabia que seriam (serão?) praticamente impossíveis de ganhar. Só por isso merece o meu respeito. Mas para merecer os meus votos precisaria de muito mais.
E Rangel tem esse "muito mais" que faltava. Num grande clube como o Benfica, há e sempre haverá uma falange de adeptos descontente com o rumo da equipa, sobretudo quando não se ganha. Seria fácil aglutinar todas essas vozes de discórdia de forma a provocar instabilidade e algazarra na praça pública de modo a tentar capitalizar o apoio popular. Uma estratégia demagógica que não raras vezes é utilizada. Rangel, felizmente, não escolheu esse caminho. A voz de Bruno Carvalho, uma das mais activas nos últimos três anos de oposição encarnada, não faz parte do seu projecto, tal como a voz, ou melhor, a sombra de Veiga, que de acordo com as listas propostas a sufrágio não fará parte dos órgãos sociais do clube e que, segundo o próprio Rangel em comunicado emitido na sua página do Facebook, não fará também parte da estrutura do futebol profissional do SL Benfica. Pelos vistos, a exclusão de Veiga do futebol do Benfica vai ter o condão de meter muito boa gente a repensar a sua orientação de voto, uma vez que prometeram não votar Rangel devido ao facto de Veiga estar, pretensa e falsamente, como se provou, na sua lista ou na calha para o futebol encarnado. Gente essa que, curiosamente ou talvez não, afirmou que nunca estaria do lado de Veiga esquecendo-se (ou não, uma vez mais) que esteve ao lado de Vieira nos anos em que o ex-empresário foi unha com carne com o actual presidente.
Mesmo numa questão tão delicada como a dos direitos televisivos, Rangel optou sempre pela verdade, pela transparência e pelo esclarecimento dos sócios, referindo que a hipotética
não-renovação com a Olivedesportos passará pelo cumprimento de um conjunto de cláusulas assinadas no contrato que hoje vigora, e que consistem no direito de preferência de Joaquim Oliveira quanto à renovação do contrato se igualar a melhor oferta que o Benfica venha eventualmente a receber. Ainda assim, Rangel recusou o silêncio nesta matéria, política da outra lista, e prometeu a tentativa de abrir o concurso relativo aos jogos caseiros do Benfica ao mercado internacional, onde o nosso clube poderia, eventualmente, fazer um maior encaixe financeiro.
Rangel não envereda pela crítica oportunista e fácil. Em praticamente todas as suas intervenções públicas desde que anunciou a candidatura vi-o elogiar ocasionalmente o trabalho feito pela Direcção vigente em algumas áreas. Seria extremamente fácil (e populista, uma vez mais) adoptar o discurso do bota-abaixo, mas o juiz optou pelo caminho que achou e que é o mais correcto: não esconder o que de bom foi feito nestes anos. E não raras vezes aproveita o que a actual Direcção construiu para lançar e reforçar as ideias que tem para o Benfica demonstrando onde Vieira e seus aliados falharam. Rangel tem um projecto. Tem ideias. Tem um plano. E tem, como já se viu, vontade de discutir o clube, falar dele abertamente e dar a palavra aos sócios. Um dos casos mais badalados é o do possível reatamento de relações com o FC Porto. Enquanto que na lista adversária Moniz diz que quer, Gomes da Silva rejeita liminarmente e Vieira mantém-se calado a ver os dois contradizerem-se, Rangel não esquece quem decidiu esse corte de relações e promete dar a palavra aos sócios. Diz o juíz que tal reatar de relações só será possível se os sócios do SL Benfica assim decidirem em Assembleia-Geral do Clube. Enquanto uns dirigentes põem e dispõem a seu bel-prazer, Rangel compromete-se a dar a palavra e o voto aos sócios. É neste espírito de discussão positiva que Rangel não se esconde e não foge às perguntas dos adeptos. Enquanto uns rejeitam debates, outros escutam activamente o eleitorado, incentivando à colocação de perguntas e respondendo apesar de algumas não serem propriamente fáceis. Basta ver a actividade que o Facebook do candidato da Lista B promoveu. Enquanto uns se escondem, outros discutem com adeptos anónimos, com vontade de esclarecer, de ouvir e de se darem a conhecer a si e ao seu projecto.
Mas para além de acreditar no projecto e na pessoa que o lidera, tenho a mais profunda confiança em quem Rangel escolheu para o rodear. Rangel não está sozinho. Rodeou-se de uma equipa de benfiquistas, não uma espécie de cristãos-novos do benfiquismo oriundos de Alvalade ou das Antas, homens experientes e que, em boa parte, até já passaram pela nossa casa em funções administrativas ou directivas. Fernando Tavares, à cabeça, é um desses homens. Foi director das modalidades no período relativo ao nascimento do futsal, onde ganhou múltiplos títulos, lançou as bases para equipa de hóquei que ganharia o campeonato e as provas internacionais anos mais tarde sob a égide de outros, e foi ainda o único director das modalidades que na última vintena de anos conseguiu ganhar os campeonatos de Andebol e Voleibol. Cunha Leal, Paulo Olavo Cunha e José Ribeiro e Castro são outros nomes do conhecimento dos benfiquistas.
Por tudo isto, voto na Lista B, presidida por Rui Rangel e faço-o por convicção. Por acreditar na pessoa que lidera a lista, por me identificar com o projecto que tem para o Benfica e por saber que está rodeado de pessoas competentes e capazes de devolver o Benfica ao lugar que lhe pertence por direito.