
Como tinha referido anteriormente, a eliminatória seria difícil, mas estava longe de ser impossível. O empate na Luz foi um resultado justo face ao produzido por ambas as equipas, o que deixou a equipa de Jesus de sobreaviso para a segunda mão no Vélodrome. Falou-se muito do temível ambiente de Marselha, mas sinceramente, pela televisão, não me apercebi de nada de especial. Temia mais ir a um estádio onde os adeptos fossem recebidos num ambiente que os próprios dirigentes pediram que fosse hostil, com pedras e garrafas como recepção.
Voltando ao sul de França, Jesus apostou no onze mais provável para este jogo: Júlio César regressou à baliza, Maxi ocupou a lateral direita e Coentrão a esquerda face à ausência de Peixoto, sendo que Martins roubou o lugar a Aimar, mais talhado para jogos onde não é pressionado em cima. Surpreendentes foram talvez algumas opções tomadas por Jesus relativamente a quem se sentava no banco: Sidnei, Amorim, Éder Luís e Nuno Gomes foram preteridos, talvez já a pensar na final de domingo. No jogo, o Benfica entrou mais forte e soube encostar o Marselha às cordas logo nos primeiros minutos. As melhores jogadas foram nossas, e nos primeiros 25 minutos houve tempo para Cardozo enviar um tiraço ao poste da baliza de Mandanda e para Ramires ser derrubado de forma visível e clara, derrube ao qual o esloveno Damir Skomina, árbitro do encontro, fez vista grossa.
A destacar alguma figura na partida, não escolheria nenhum elemento do Benfica, muito menos um do Marselha. Infelizmente, pelos piores motivos, o árbitro da partida teve todo o destaque, fez uma exibição "ruinosa", como a apelidaram na RTP, sendo que teve nota 1 em 10 no jornal A Bola. Foi vergonhoso. Taiwo cometeu nova grande penalidade que o árbitro fingiu não ver. Por apenas uma vez o Marselha se aproximou com grande perigo da baliza à guarda de Júlio César, e foi pelo inevitável Lucho Gonzalez num remate já em tempo de compensação, que rasou o poste.
No segundo tempo o Benfica continuou mais dominador e esteve por cima do Marselha: Di Maria, quando se isolava, foi agarrado por Bonnart à entrada da área e para cúmulo, o argentino é que foi admoestado com cartão amarelo, por protestos. E como Di Maria, Coentrão, Aimar, Luisão (ou talvez não, talvez tenha sido por pretensa mão na bola) e Javi Garcia. Mas dizia que na segunda parte o Benfica foi dominador e falhou o golo num lance em que Saviola demonstrou que está em baixo de forma, apático, sem condições para jogar 90 minutos a alto nível. Não foi só neste jogo, é uma situação que se arrasta à um mês.
E foi precisamente contra a corrente de jogo que o Marselha chegou à vantagem, num lance irregular, pelo menos à luz dos critérios da equipa de arbitragem: Saviola foi apanhado em fora-de-jogo "n" vezes mesmo sem a bola lhe chegar ou estar perto disso; no golo do Marselha, aquando do cruzamento, o jogador do OM que se encontrava ao segundo poste está na mesma situação do internacional argentino. Júlio César fez o que pôde e sabe, mas não foi suficiente. Não o culpo, longe disso, começo a ver-lhe qualidades que não encontro em nenhum dos outros dois guarda-redes, mas neste lance não revelou incompetência mas sim inexperiência.
"Estamos perdidos", "Já fomos", entre outros disparates que recebi no telemóvel. O Benfica, para se manter na eliminatória, continuava a precisar de apenas um golo. Sofrer ou não era relativamente indiferente, a única diferença era se passava logo ou se ia a prolongamento. E eis que cinco minutos depois surge Maxi Pereira, o herói improvável, que depois do golo na primeira mão, resolve repetir a gracinha e desfeiteia Mandanda num remate a uns bons 25 metros da baliza. 1-1 era garantia de prolongamento. Ou não...
Porque Jesus fez uma substituição, ou melhor, duas substituições milagrosas: primeiro retirou Saviola e colocou Aimar; depois tirou Carlos Martins para entrar Kardec. Como surge o segundo golo do Benfica? Cruzamento de Aimar, um ligeiro desvio na área e bola em Kardec que fuzila o guarda-redes francês. Estava feito, o Benfica passava e juntava-se ao restrito grupo das 8 melhores equipas da "Euro Liga". Um final feliz, sem esquecer que a felicidade procura-se e merece-se, como aconteceu no Vélodrome.
P.S. Faleceu Julinho, antigo avançado do Benfica dos anos 50, autor do golo decisivo na Taça Latina. Um ídolo para quem o viu jogar, um exemplo para os que jogaram pouco depois dele, um símbolo e uma recordação para todos os que se lembram apenas do seu nome. Foi um homem à Benfica. Junta-se assim mais um benfiquista àquele "quinto anel que não vemos mas sentimos", tão bem descrito por Fialho Gouveia.

A destacar alguma figura na partida, não escolheria nenhum elemento do Benfica, muito menos um do Marselha. Infelizmente, pelos piores motivos, o árbitro da partida teve todo o destaque, fez uma exibição "ruinosa", como a apelidaram na RTP, sendo que teve nota 1 em 10 no jornal A Bola. Foi vergonhoso. Taiwo cometeu nova grande penalidade que o árbitro fingiu não ver. Por apenas uma vez o Marselha se aproximou com grande perigo da baliza à guarda de Júlio César, e foi pelo inevitável Lucho Gonzalez num remate já em tempo de compensação, que rasou o poste.

E foi precisamente contra a corrente de jogo que o Marselha chegou à vantagem, num lance irregular, pelo menos à luz dos critérios da equipa de arbitragem: Saviola foi apanhado em fora-de-jogo "n" vezes mesmo sem a bola lhe chegar ou estar perto disso; no golo do Marselha, aquando do cruzamento, o jogador do OM que se encontrava ao segundo poste está na mesma situação do internacional argentino. Júlio César fez o que pôde e sabe, mas não foi suficiente. Não o culpo, longe disso, começo a ver-lhe qualidades que não encontro em nenhum dos outros dois guarda-redes, mas neste lance não revelou incompetência mas sim inexperiência.
"Estamos perdidos", "Já fomos", entre outros disparates que recebi no telemóvel. O Benfica, para se manter na eliminatória, continuava a precisar de apenas um golo. Sofrer ou não era relativamente indiferente, a única diferença era se passava logo ou se ia a prolongamento. E eis que cinco minutos depois surge Maxi Pereira, o herói improvável, que depois do golo na primeira mão, resolve repetir a gracinha e desfeiteia Mandanda num remate a uns bons 25 metros da baliza. 1-1 era garantia de prolongamento. Ou não...

P.S. Faleceu Julinho, antigo avançado do Benfica dos anos 50, autor do golo decisivo na Taça Latina. Um ídolo para quem o viu jogar, um exemplo para os que jogaram pouco depois dele, um símbolo e uma recordação para todos os que se lembram apenas do seu nome. Foi um homem à Benfica. Junta-se assim mais um benfiquista àquele "quinto anel que não vemos mas sentimos", tão bem descrito por Fialho Gouveia.
4 comentários:
Muito de LFV na recuperação deste clube.
Muito de JJ nesta Mística reencontrada !!
A melhor equipa portuguesa dos últimos 20 anos? Ah, bom!
O dia amanheceu como outro qualquer, o pensamento, esse era só um, o jogo do Benfica. A hora é que nem era a melhor, era complicado estar em casa às 18h. A manha passou depressa, a tarde é que nem por isso. Por fim chegaram as 18h, rádio ligado, o caos no transito do costume, os nervos a subirem de "tom" com a chegada do intervalo. Segunda parte em frente da tv, o golo marselhês, o estoiro do empate do maxi já com o filhote nos braços e o festejo em conjunto. O sentimento sempre de que era possível resolver a "coisa" já, sem necessidado de tempos extra. O petardo do Alan Kardec, os gritos na vizinhança, o aflorar da lágrima que insistiu em correr na face rubra da emoção.
A minha noção de mística esteve ontem presente nos jogadores do Benfica em Marselha.
Parabéns rapazes da luz.
Red Devil.
Concordo sim! Já á 20 anos que o meu Benfica não jogava assim.
Mas os adeptos dos outros dizem que não, que não jogam nada.
Glorioso SLB
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