Épico, histórico, sublime, empolgante, vencedor... faltam adjectivos para conseguir descrever este Benfica. E todos os que há parecem ser escassos. Contra tudo e contra todos, este Benfica parece conseguir as mais extraordinárias proezas, e a vitória em Marselha, contra o onze francês e o senhor esloveno, entra directamente para o top 10 dos grandes jogos da década que agora finda. Foi lindo. Quem vier a seguir morre! Vamos a eles, só faltam duas eliminatórias para estarmos no jogo mágico. Faltam-me palavras, deixo-as para depois.
Como tinha referido anteriormente, a eliminatória seria difícil, mas estava longe de ser impossível. O empate na Luz foi um resultado justo face ao produzido por ambas as equipas, o que deixou a equipa de Jesus de sobreaviso para a segunda mão no Vélodrome. Falou-se muito do temível ambiente de Marselha, mas sinceramente, pela televisão, não me apercebi de nada de especial. Temia mais ir a um estádio onde os adeptos fossem recebidos num ambiente que os próprios dirigentes pediram que fosse hostil, com pedras e garrafas como recepção.
Voltando ao sul de França, Jesus apostou no onze mais provável para este jogo: Júlio César regressou à baliza, Maxi ocupou a lateral direita e Coentrão a esquerda face à ausência de Peixoto, sendo que Martins roubou o lugar a Aimar, mais talhado para jogos onde não é pressionado em cima. Surpreendentes foram talvez algumas opções tomadas por Jesus relativamente a quem se sentava no banco: Sidnei, Amorim, Éder Luís e Nuno Gomes foram preteridos, talvez já a pensar na final de domingo. No jogo, o Benfica entrou mais forte e soube encostar o Marselha às cordas logo nos primeiros minutos. As melhores jogadas foram nossas, e nos primeiros 25 minutos houve tempo para Cardozo enviar um tiraço ao poste da baliza de Mandanda e para Ramires ser derrubado de forma visível e clara, derrube ao qual o esloveno Damir Skomina, árbitro do encontro, fez vista grossa.
A destacar alguma figura na partida, não escolheria nenhum elemento do Benfica, muito menos um do Marselha. Infelizmente, pelos piores motivos, o árbitro da partida teve todo o destaque, fez uma exibição "ruinosa", como a apelidaram na RTP, sendo que teve nota 1 em 10 no jornal A Bola. Foi vergonhoso. Taiwo cometeu nova grande penalidade que o árbitro fingiu não ver. Por apenas uma vez o Marselha se aproximou com grande perigo da baliza à guarda de Júlio César, e foi pelo inevitável Lucho Gonzalez num remate já em tempo de compensação, que rasou o poste.
No segundo tempo o Benfica continuou mais dominador e esteve por cima do Marselha: Di Maria, quando se isolava, foi agarrado por Bonnart à entrada da área e para cúmulo, o argentino é que foi admoestado com cartão amarelo, por protestos. E como Di Maria, Coentrão, Aimar, Luisão (ou talvez não, talvez tenha sido por pretensa mão na bola) e Javi Garcia. Mas dizia que na segunda parte o Benfica foi dominador e falhou o golo num lance em que Saviola demonstrou que está em baixo de forma, apático, sem condições para jogar 90 minutos a alto nível. Não foi só neste jogo, é uma situação que se arrasta à um mês.
E foi precisamente contra a corrente de jogo que o Marselha chegou à vantagem, num lance irregular, pelo menos à luz dos critérios da equipa de arbitragem: Saviola foi apanhado em fora-de-jogo "n" vezes mesmo sem a bola lhe chegar ou estar perto disso; no golo do Marselha, aquando do cruzamento, o jogador do OM que se encontrava ao segundo poste está na mesma situação do internacional argentino. Júlio César fez o que pôde e sabe, mas não foi suficiente. Não o culpo, longe disso, começo a ver-lhe qualidades que não encontro em nenhum dos outros dois guarda-redes, mas neste lance não revelou incompetência mas sim inexperiência.
"Estamos perdidos", "Já fomos", entre outros disparates que recebi no telemóvel. O Benfica, para se manter na eliminatória, continuava a precisar de apenas um golo. Sofrer ou não era relativamente indiferente, a única diferença era se passava logo ou se ia a prolongamento. E eis que cinco minutos depois surge Maxi Pereira, o herói improvável, que depois do golo na primeira mão, resolve repetir a gracinha e desfeiteia Mandanda num remate a uns bons 25 metros da baliza. 1-1 era garantia de prolongamento. Ou não...
Porque Jesus fez uma substituição, ou melhor, duas substituições milagrosas: primeiro retirou Saviola e colocou Aimar; depois tirou Carlos Martins para entrar Kardec. Como surge o segundo golo do Benfica? Cruzamento de Aimar, um ligeiro desvio na área e bola em Kardec que fuzila o guarda-redes francês. Estava feito, o Benfica passava e juntava-se ao restrito grupo das 8 melhores equipas da "Euro Liga". Um final feliz, sem esquecer que a felicidade procura-se e merece-se, como aconteceu no Vélodrome.
P.S. Faleceu Julinho, antigo avançado do Benfica dos anos 50, autor do golo decisivo na Taça Latina. Um ídolo para quem o viu jogar, um exemplo para os que jogaram pouco depois dele, um símbolo e uma recordação para todos os que se lembram apenas do seu nome. Foi um homem à Benfica. Junta-se assim mais um benfiquista àquele "quinto anel que não vemos mas sentimos", tão bem descrito por Fialho Gouveia.
Voltando ao sul de França, Jesus apostou no onze mais provável para este jogo: Júlio César regressou à baliza, Maxi ocupou a lateral direita e Coentrão a esquerda face à ausência de Peixoto, sendo que Martins roubou o lugar a Aimar, mais talhado para jogos onde não é pressionado em cima. Surpreendentes foram talvez algumas opções tomadas por Jesus relativamente a quem se sentava no banco: Sidnei, Amorim, Éder Luís e Nuno Gomes foram preteridos, talvez já a pensar na final de domingo. No jogo, o Benfica entrou mais forte e soube encostar o Marselha às cordas logo nos primeiros minutos. As melhores jogadas foram nossas, e nos primeiros 25 minutos houve tempo para Cardozo enviar um tiraço ao poste da baliza de Mandanda e para Ramires ser derrubado de forma visível e clara, derrube ao qual o esloveno Damir Skomina, árbitro do encontro, fez vista grossa.
A destacar alguma figura na partida, não escolheria nenhum elemento do Benfica, muito menos um do Marselha. Infelizmente, pelos piores motivos, o árbitro da partida teve todo o destaque, fez uma exibição "ruinosa", como a apelidaram na RTP, sendo que teve nota 1 em 10 no jornal A Bola. Foi vergonhoso. Taiwo cometeu nova grande penalidade que o árbitro fingiu não ver. Por apenas uma vez o Marselha se aproximou com grande perigo da baliza à guarda de Júlio César, e foi pelo inevitável Lucho Gonzalez num remate já em tempo de compensação, que rasou o poste.
No segundo tempo o Benfica continuou mais dominador e esteve por cima do Marselha: Di Maria, quando se isolava, foi agarrado por Bonnart à entrada da área e para cúmulo, o argentino é que foi admoestado com cartão amarelo, por protestos. E como Di Maria, Coentrão, Aimar, Luisão (ou talvez não, talvez tenha sido por pretensa mão na bola) e Javi Garcia. Mas dizia que na segunda parte o Benfica foi dominador e falhou o golo num lance em que Saviola demonstrou que está em baixo de forma, apático, sem condições para jogar 90 minutos a alto nível. Não foi só neste jogo, é uma situação que se arrasta à um mês.
E foi precisamente contra a corrente de jogo que o Marselha chegou à vantagem, num lance irregular, pelo menos à luz dos critérios da equipa de arbitragem: Saviola foi apanhado em fora-de-jogo "n" vezes mesmo sem a bola lhe chegar ou estar perto disso; no golo do Marselha, aquando do cruzamento, o jogador do OM que se encontrava ao segundo poste está na mesma situação do internacional argentino. Júlio César fez o que pôde e sabe, mas não foi suficiente. Não o culpo, longe disso, começo a ver-lhe qualidades que não encontro em nenhum dos outros dois guarda-redes, mas neste lance não revelou incompetência mas sim inexperiência.
"Estamos perdidos", "Já fomos", entre outros disparates que recebi no telemóvel. O Benfica, para se manter na eliminatória, continuava a precisar de apenas um golo. Sofrer ou não era relativamente indiferente, a única diferença era se passava logo ou se ia a prolongamento. E eis que cinco minutos depois surge Maxi Pereira, o herói improvável, que depois do golo na primeira mão, resolve repetir a gracinha e desfeiteia Mandanda num remate a uns bons 25 metros da baliza. 1-1 era garantia de prolongamento. Ou não...
Porque Jesus fez uma substituição, ou melhor, duas substituições milagrosas: primeiro retirou Saviola e colocou Aimar; depois tirou Carlos Martins para entrar Kardec. Como surge o segundo golo do Benfica? Cruzamento de Aimar, um ligeiro desvio na área e bola em Kardec que fuzila o guarda-redes francês. Estava feito, o Benfica passava e juntava-se ao restrito grupo das 8 melhores equipas da "Euro Liga". Um final feliz, sem esquecer que a felicidade procura-se e merece-se, como aconteceu no Vélodrome.
P.S. Faleceu Julinho, antigo avançado do Benfica dos anos 50, autor do golo decisivo na Taça Latina. Um ídolo para quem o viu jogar, um exemplo para os que jogaram pouco depois dele, um símbolo e uma recordação para todos os que se lembram apenas do seu nome. Foi um homem à Benfica. Junta-se assim mais um benfiquista àquele "quinto anel que não vemos mas sentimos", tão bem descrito por Fialho Gouveia.
4 comentários:
Muito de LFV na recuperação deste clube.
Muito de JJ nesta Mística reencontrada !!
A melhor equipa portuguesa dos últimos 20 anos? Ah, bom!
O dia amanheceu como outro qualquer, o pensamento, esse era só um, o jogo do Benfica. A hora é que nem era a melhor, era complicado estar em casa às 18h. A manha passou depressa, a tarde é que nem por isso. Por fim chegaram as 18h, rádio ligado, o caos no transito do costume, os nervos a subirem de "tom" com a chegada do intervalo. Segunda parte em frente da tv, o golo marselhês, o estoiro do empate do maxi já com o filhote nos braços e o festejo em conjunto. O sentimento sempre de que era possível resolver a "coisa" já, sem necessidado de tempos extra. O petardo do Alan Kardec, os gritos na vizinhança, o aflorar da lágrima que insistiu em correr na face rubra da emoção.
A minha noção de mística esteve ontem presente nos jogadores do Benfica em Marselha.
Parabéns rapazes da luz.
Red Devil.
Concordo sim! Já á 20 anos que o meu Benfica não jogava assim.
Mas os adeptos dos outros dizem que não, que não jogam nada.
Glorioso SLB
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