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terça-feira, 6 de julho de 2010

Queiroz, a Selecção e o Futuro

Este é longo, desculpem lá.

Cumpriu-se o esperado, sendo ou não o desejado, era o que se previa: Portugal foi eliminado nos oitavos-de-final do Mundial pela fúria espanhola. À partida para a África do Sul, o esperado era ficar atrás do Brasil na fase de grupos e cruzar com a Espanha nos oitavos, derivado de nuestros hermanos ficarem em primeiro no seu acessível grupo. E foi exactamente isto que se passou. Com toda a naturalidade, Portugal foi eliminado por uma equipa superior em todos os aspectos.

Posto isto, o que fazer com Queiroz? Bom, a parte mais interessante seria, para começar, saber o que passou na cabeça de Madaíl para assinar um contrato não de dois mas de quatro anos com o professor. Provavelmente passou etanol em doses industriais, mas isso é o habitual. Mas visto que o treinador tem ainda mais dois anos de contrato e recebe bem mais que o seu antecessor, despedi-lo custaria muito dinheiro, demasiado dinheiro. Por isso terá de se manter na estrutura federativa, por muito que nos custe. E até concordo. Mas não como treinador.

O mais interessante é que Queiroz, aos meus olhos e aos de boa parte dos espectadores, não sai deste semi-desastre como maior culpado. Aliás, eu diria mesmo que a sorte do seleccionador foi ter tido um grupo difícil e um cruzamento nos oitavos ainda pior, pois caso contrário, Portugal seria muito provavelmente eliminado por uma equipa mais fraca (Paraguai, Uruguai, Japão, Eslováquia) e aí Queiroz não sobreviveria.

No entanto não se pense que estou aqui a defender Queiroz, pelo contrário. Na verdade, Queiroz é em boa parte responsável pelas atitudes miseráveis e canalhas dos seus atletas, nomeadamente Ronaldo, Deco e provavelmente Nani. Eu diria mesmo que "o Carlos" é o único homem que consegue passar os sete pecados mortais a dez. No seu caso, foram os seguintes (do geral para o particular):

1 - Naturalizações: muitos portugueses sentem-se identificados com a selecção porque (imaginem...) é composta apenas por jogadores portugueses. Surpresa, não é? O infeliz processo iniciado por Scolari foi amplificado por Queiroz quando naturalizou Liedson e tentou numa viagem a Manchester naturalizar os irmãos gémeos Rafael e Fábio, ambos atletas do United. E ainda se falou no guarda-redes Bruno, o tal que supostamente assassinou a namorada e que já esteve, segundo os jornais, na mira do Benfica. Podem dizer: "Ah, mas Scolari também naturalizou, aliás, foi ele que começou". É certo, têm toda a razão, mas Queiroz é português, Scolari é brasileiro, e "o Carlos" é considerado o "pai" da Geração de Ouro do futebol nacional, é quem lançou essas bases. Ora, se o homem que gera talentos está mais interessado em naturalizar estrangeiros, o que pensarão os jovens atletas nacionais?

2 - Descontrolo Emocional: insultou e ameaçou o jornalista do MaisFutebol, Luís Sobral (ok, mas bater nesse senhor também me apetece, sinceramente), e envolveu-se numa cena de pancadaria com o jornalista e comentador desportivo Jorge Baptista no aeroporto. Queiroz tem revelado uma incapacidade gritante de lidar com a crítica, algo que é surpreendente para um homem tão viajado, tão experiente e que já esteve em locais com uma imprensa muitíssimo mais agressiva, como a inglesa ou espanhola. Não pode ser.

3 - Convocatórias: polémicas desde o primeiro dia. Agradar é todos é difícil, mesmo impossível, mas Queiroz conseguiu desagradar a quase todos em todas as alturas. Convocou Beto quando passou a suplente de Hélton depois de, quando representava muito bem o Leixões, ter sido ostracizado; escolheu Daniel Fernandes, Rolando e Ricardo Costa para irem ao Mundial, jogadores sem qualidade absolutamente nenhuma nem para o actual Sporting; ainda conseguiu convocar craques como Eliseu, Orlando Sá, Edinho entre tantos outros. E agora até me lembrei da não-convocação/afinal parece que há convocação de Manuel Fernandes.

4 - Falta de Liderança no Banco: Querioz não é respeitado essencialmente porque não se dá ao respeito. Não vemos um líder, algo que considero muito importante numa selecção. As equipas nacionais, mais que táctica, apelam à inspiração e ao querer, daí exigir-se um líder natural no banco.

5 - Falta de Liderança em Campo: Habituámo-nos a ver Fernando Couto e depois Luís Figo como capitães de equipa, verdadeiros líderes dentro de campo. E havia ainda um conjunto de jogadores consagrados e respeitados como Baía, Rui Costa, Nuno Gomes, Jorge Andrade, ou mesmo Pauleta. Hoje, retirando Ricardo Carvalho, não vejo ninguém com perfil para liderar a selecção. Por ventura nem o próprio Ricardo Carvalho terá esse perfil, pois o seu low-profile não parece conseguir lidar com todos os egos que estão naquele grupo. Muito sinceramente, eu nem sou grande admirador de alguns dos jogadores supracitados, mas devo reconhecer que dentro do campo eram respeitados pelos colegas e temidos pelos adversários. Hoje não há nada disso, e em boa parte porque Queiroz resolveu afastar um líder de balneário, respeitado pelos colegas da selecção. Quem é? Está por demais evidente.

6 - Indisciplina: Como se o que mencionei no ponto anterior não bastasse, Queiroz nomeou como capitão o rei da indisciplina. Não duvido que Ronaldo seja um miúdo sonhador que gosta de ganhar e tem esse como o maior objectivo, mas se ainda não adquiriu maturidade intelectual aos 24 anos, também não a adquirirá mais tarde. O descontrolo emocional que evidencia dentro do campo, a vida boémia e de luxo, ostentação e despudor intelectual que evidencia fora dele não são compatíveis com o cargo de capitão de uma nação. Pelo menos de uma nação decente. E ainda gostava de me explicassem por que é que o treinador é "mister" para uns e "Carlos" para outros. E a juntar ao caso de Ronaldo há o de Deco, jogador toda a vida pouco mais que mediano e que foi alvo de um empolamento brutal por parte da imprensa, que teve declarações nojentas para com o país que representa, país esse que teve a infelicidade de o acolher e que ouviu da sua boca palavras que evidenciam um "'tou-me cagando" à Vilarinho para com a pátria da qual agora é cidadão. E ainda há Nani, cujo caso é... um caso. Um tabu. Alguma coisa se passou, o quê... não sabemos. Mas nas entrelinhas percebe-se que a clavícula deve estar a 100%, como sempre esteve.

7 - Mudança de Estilo: Sempre me ensinaram para me manter fiel aos meus princípios. A Queiroz não, pelos vistos. A sua atitude mudou radicalmente ao longos destes dois anos, com aquela cena final tão mal ensaiada e tão artificial de, qual estrela de cinema, qual boxeur profissional rasca, de atirar o blazer ao chão como forma de expressão da sua raiva contra uma decisão do árbitro. Ah mauzão!

8 - Bodes Expiatórios: Encontrou-os, ou melhor, criou-os. Escolheu um culpado em particular depois daquela memorável derrota com o Brasil: nada mais nada menos que Quim, o guarda-redes. Normal, vindo de quem vem, incapaz de admitir os erros, arranja-se sempre uma desculpa. E as últimas declarações sobre a grande falta que Varela e Micael fizeram na África do Sul são, no mínimo, ridículas.

9 - Substituições: Esta é uma desculpa para os mais nostálgicos. Quem não se lembra da mítica troca de Paulo Torres por Pacheco que valeu um título ao Benfica, com 3 golos na segunda parte todos com preciosa ajuda de Vítor Paneira que fez o que quis daquele deserto corredor esquerdo defensivo leonino (sendo que num dos lances há uma fífia monumental de Paulo Sousa, ah, o doce sabor da vingança!)? É a vida. E no Porugal x Espanha, Queiroz voltou a demonstrar todo o seu know how ao retirar Hugo Almeida, que por sinal estava a ser dos melhores portugueses em campo, para colocar Danny e libertar a defesa espanhola para que pudesse e conseguisse jogar à vontade, não tendo o homem que mais dores de cabeça estava a dar a Puyol e Pique. Depois do golo, eis que arrisca tudo ao retirar Pepe e Simão para colocar Pedro Mendes e Liedson. Uau! Que coragem, que garra, que vontade de vencer!

10 - Incompetência: Tanto para escrever neste ponto...

Posto isto, que selecção para o futuro, com quem contar? Parece-me óbvio que "a porcaria tem de ser varrida da federação", a começar por um tal de Madaíl. A presunção, a incompetência, falando mal e porcamente "a mama" e "o tacho" que tem na FPF têm de acabar. Queiroz foi mais que desrespeitado pelos jogadores e nem uma palavra se ouviu da boca do presidente, absolutamente zero. Carlos Queiroz... tem um ordenado principesco mas não é no banco que deve ficar. Nem como presidente o concebo, especialmente por defender abertamente a naturalização. A ficar deveria ser num cargo qualquer como coordenador do futebol jovem, ou algo parecido. Continuar como treinador seria arriscar uma "Domenechização" da selecção nacional, arriscar um neo-Saltillo em 2012, se lá chegarmos.

No futuro, um seleccionador novo, português obviamente. Quem? Com Manuel José e Humberto Coelho ostracizados, com Paulo Bento num período fetal enquanto treinador e sem idade suficiente para lidar com estas vedetas todas, com Fernando Santos pela Grécia, com Jesus no Benfica, só vejo um nome: Manuel Cajuda. Português, experiente, com provas dadas a nível interno sobretudo o trabalho realizado em ambos os "grandes do Minho", seria o grande desafio da sua carreira. Mais que um teórico, é um treinador de campo, como recentemente fez questão de referir, motivador, com capacidade para levar esta selecção a voos mais altos. Pelo menos mais altos que os de Queiroz. E além do treinador, é preciso criar uma identidade na selecção, dar-lhe uma cara nova. Essencialmente, dar-lhe uma liderança. E a braçadeira passará naturalmente pelo braço de jogadores como Ricardo Carvalho, Simão ou Eduardo. Não gostam? Aguentem. Não querem? Porta da rua é serventia da casa. Quem está mal deve sair, sem olhar a nomes, e às vezes as surpresas acontecem: o Brasil foi campeão em 2002 sem Romário, a Grécia venceu em 2004 com o criativo Tsartas e meio-gás, a Itália ganhou depois da saída de Maldini e mesmo com a ausência de Vieri, a Espanha venceu sem Raúl e a Alemanha ganhará (?!) em 2010 sem Ballack. A vida é assim.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Lapidar #14

Estive nove meses, mas a primeira reunião dos capitães - eu, Couto, Figo e Rui Costa - foi suficiente para o entender. Chamou-nos à parte e disse-nos que estava ali para treinar a selecção e dar o salto para um grande europeu. Mas estamos a brincar ou quê? Mas que é isto? Um homem na selecção, que deve ser um privilégio, o maior privilégio, e ele só pensava em sair para um grande da Europa. Mas brincamos ou quê? Falava em seriedade e disciplina. Aliás, afastou carismáticos, como Baía e João Pinto, com base na disciplina. Isso é tudo muito bonito, mas ele não aplicava a regra. Nos almoços da selecção, a mesa dos jogadores é sempre maior que a dos treinadores, porque há mais jogadores que treinadores. Com o Scolari, não! A nossa tinha 18/20 pessoas. A dele era maior. Mas estamos a brincar? Mas estamos onde? Ele levava os amigos brasileiros, os amiguinhos da Nike. Sim, porque ele é patrocinado pela Nike e entre um jogador da Nike e um da Adidas, escolhia sempre o da Nike. Mas depois, lá vinha com a lengalenga da disciplina. Então mas eu, que nasci em Coimbra, em Portugal, deixo-me ficar? Numa situação destas, deixo de agir? Mas estamos onde, pá? Que é isto? Ele ganhou o quê? Foi a uma final em casa e perdeu-a [Euro-04]. Mas há mais. O Dr. Merdaíl. Disse Merdaíl? Enganei-me. É Madaíl, Madaíl. Depois do fiasco do Mundial-02 [Portugal eliminado na fase de grupos por EUA e Coreia do Sul], escondeu-se atrás de uma carcaça, atrás de um campeão do mundo [o Brasil venceu esse Mundial-02, com Scolari a seleccionador]. Isso é atirar areia para os olhos dos outros. Desculpe lá, mas apetece-me partir a loiça toda. Nasci aí, em Portugal, e não aceito que arruínem o nosso futebol.

Sérgio Conceição

Ora bem: é uma entrevista que cheira a frustração autêntica, mas acho que o Sérgio não deixa de ter razão em relação a muita coisa que diz. O triângulo de quatro lados (apeteceu-me fazer de Gabriel Alves) Scolari-Brasil-Nike-Jorge Mendes foi bastante notório ao longo da estadia de Felipão. Exemplo? Rui Costa era português, patrocinado pela Adidas e o seu empresário era, salvo erro, um italiano. Deco era brasileiro, patrocinado pela Nike e o seu empresário era Jorge Mendes.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Deco


Lembro-me muito bem desta capa. Por isso mesmo, hoje fui busca-la ao "arquivo" das manchetes do jornal Record para falar do problema (flagelo?) que são os jogadores brasileiros na selecção, nomeadamente Deco, que foi o responsável pelo despoletar desta situação.

Em Março de 2003, há 6 anos já(!), Deco foi chamado para representar a selecção portuguesa. Trazia esperança, trazia bom futebol jogado no FC Porto de Mourinho, trazia ilusão e até disse que cantaria o hino! Mas não chegou. Não chegou porque tudo isso que Deco trazia não conseguiu pôr em campo nestes seis anos.

Neste período, Deco averbou presenças no Euro-2004, onde fez uma prova muito fraca a todos os níveis (sendo de longe suplantado em termos futebolísticos por Rui Costa), no Mundial-2006, onde a rasgos se viu algum bom futebol, mas onde podia ter prejudicado seriamente a selecção portuguesa com uma expulsão totalmente infantil frente à Holanda, e no Euro-2008, onde efectivamente rubricou duas boas exibições, mas não conseguiu nem soube levar Portugal a bom porto.

Lesões e mais lesões, castigos e até zangas entre jogadores e staff técnico conseguiu provocar: foi o famoso Figo vs Scolari da capa, e também um Rui Costa vs Scolari, se bem se lembram. Ainda hoje, inquirido sobre a questão dos jogadores não-portugueses na selecção, Rui Costa foi taxativo: quem não é português, não devia jogar. Como é óbvio...

Mas uma das consequências mais nefastas da presença de Deco na selecção foi a maneira abrupta com que o antigo número 10 do Benfica, Rui Costa, decidiu abandonar a selecção. Aí, senti mesmo alguma revolta, pois um jogador brasileiro (bem pior que Rui Costa), com a conivência de um seleccionador brasileiro, retiraram um dos, se não o maior, símbolo da Geração de Ouro do Futebol Português. E isso meus amigos, não podemos esquecer.

Seis anos passaram desde a sua estreia. Neste últimos seis anos, jogadores como Paulo Ferreira, Tiago, Quim, Miguel, Petit, Postiga, foram sempre presença assídua na nossa selecção. Todos jogaram tanto quanto sabiam, muitas vezes melhor que Deco, só que hoje, aconteceu ao luso-brasileiro aquilo que nunca aconteceu (nem acontecerá, perspectivo eu) a nenhum dos outros: usou a braçadeira de capitão. E escolher um estrangeiro para capitanear a nossa selecção, é "crime que lesa a pátria". Francamente.

P.S. Rui Costa defendeu, e bem, Nuno Gomes. Realmente não se percebe como é que o 4º melhor marcador de sempre da selecção (sem golos de penalty) fica de fora.

P.S. 2 - Como diz o Pedro do Mágico SLB, Deco é um bluff.

P.S. 3 - Deco era tão importante que nem tinha uma "etiqueta" aqui no blog. Até o Edcarlos tinha uma, vejam só.

P.S. 4 - A partir de hoje deixei de me preocupar com a Selecção. Se ganharem tudo bem, se perderem já nem me importo nem fico chateado. Viva o Togo.