segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Adrenalina

Já me tinha esquecido do que é sofrer na Luz pelo golo do Benfica. Há uns meses que tal não acontecia. Depois da jornada europeia, o Benfica apresentou-se visivelmente cansado frente a uma Naval que não recorreu ao anti-jogo apesar de ter encostado não um mas dois autocarros à frente da baliza de Peiser, que fez um jogo memorável. Assim, e face à ausência de Cardozo, o Benfica teve enormes dificuldades em chegar ao golo. O Estádio da Luz, com cerca de 42.000 pessoas, estava mudo perante a ineficácia ofensiva não obstante os 72% de posse de bola que a equipa apresentava. Receou-se que o segundo "set point" este ano (o primeiro fora em Braga) fosse perdido. Mas a cabeçada vitoriosa de Javi Garcia desfez as dúvidas, derrubando um muro tão forte como aquele que caíra há vinte anos. Afinal o Estádio estava quase cheio, e aqueles festejos, aqueles cachecóis no ar e o público de pé trouxeram um cheirinho daquilo que todos esperamos ver em Maio...

Mas até Maio há um longo caminho a percorrer, com diferentes obstáculos pelo caminho. Um desses obstáculos será novamente a Naval, equipa disciplinada e ultra-defensiva que não recorreu ao anti-jogo. É verdade que Augusto Inácio estacionou o autocarro em frente da baliza, mas não é menos verdade que a Naval não partiu para o anti-jogo, jogando leal, sem muitas faltas nem com entradas muito duras. O Benfica apresentou-se numa forma desoladora. Muitos jogadores estavam visivelmente cansados, como Saviola ou Aimar, enquanto outros estavam desinspirados, casos de Di Maria, Nuno Gomes e Maxi Pereira. Tudo isto aliado à pressão de ganhar para regressar ao topo da tabela, em igualdade pontual com o Braga, pesa bastante. Talvez por isso se tenha sentido um certo ambiente de desespero ou resignação com o passar do tempo.

Não obstante tudo o que já disse, o jogo foi de sentido único. Não lhe chamaria de massacre, pois, para além de já estar muito mal habituado à exigência de Jesus e ao que a equipa consegue jogar, o facto é que o Benfica apesar das muitas oportunidades de golo que teve, não exibiu uma frescura física e uma qualidade semelhantes à dos jogos com Marítimo, Setúbal, Leixões ou Nacional. Estou a reler o que escrevi e até parece que jogámos mal... nada disso! Na primeira parte, e não fosse a enorme exibição de Peiser, o Benfica poderia ter chegado ao intervalo a ganhar confortavelmente por 3 ou 4 golos. Livres de Di Maria e Javi Garcia (sabe chutar?!) muito bem defendidos, Saviola e novamente o espanhol em pontapés-de-canto poderiam ter levado o Benfica a vencer por esses tais 4 golos. Mas não foi.
No segundo tempo o caudal ofensivo manteve-se, mas as oportunidades não foram tão flagrantes. O mal-amado Nuno Gomes desperdiçou um lance de difícil execução que muitos apelidam de aselhice. Pouco depois, foi substituído por Weldon que, em abono da verdade, não trouxe rigorosamente nada de novo ao ataque encarnado. Aimar tentou a sua sorte num cabeceamento que quase enganava Peiser, mas também não resultou. Depois foi Di Maria que rematou a bola ao poste, depois de desvio do guarda-redes francês da Naval. Sólido na defesa, com Luisão e especialmente David Luiz em grande plano, Jesus decidiu arriscar retirando Maxi Pereira para lançar Keirrison, que foi uma nulidade completa, mais uma vez. Mas o tempo ajuda e Keirrison vai provar o que realmente vale. Aimar, esgotado, foi o seguinte a sair para a entrada de Felipe Menezes. E quando parecia que o nulo se iria manter até final, eis que num livre EXISTENTE, por muito que os Coroados e outras amibas desta país queiram dizer contrário, o Benfica chegou à vantagem que só pecou por escassa.

Final feliz numa jornada em que o Benfica ganhar três pontos a Braga e Porto e ainda mais dois ao Sporting. Uma vitória importantíssima. Agora o campeonato pára 3 semanas para jogos de selecções e para a Taça de Portugal. Depois, Alvalade. E eu espero lá estar.

P.S. E eu ainda não recebi o cachecol...

6 comentários:

Vermelhusco disse...

Acho que a Naval jogou assim porque se jogasse de outra maneira saía da Luz com 4 ou 5 golos como muitos clubes até hoje. E mesmo assim tiveram sorte por o redes deles estar numa noite inspirada.

Neste jogo notou-se bastante o cansaço de algumas peças fulcrais e a ausência do Cardozo e do Ramires. O Saviola e o Di Maria estavam exaustos (o Di Maria no fim do jogo mal corria).
O Nuno Gomes foi uma nulidade e perdeu uma oportunidade de se afirmar como uma alternativa viável ao Cardozo. Está bom para suplente e do Saviola. O Keirrison só enterrou! O Weldon passou despercebido.

Só me apetece dizer VOLTA MAKUKULA!! Melhor marcador do campeonato turco num clube de média dimensão não é para todos.

O árbitro, surpreendentemente esteve a um nivel aceitável cometendo só uns lapsos mínimos.

O Di Maria e o Javi fizeram exibições fantásticas de grande sacríficio.

A Naval apesar de jogar com o autocarro á frente da baliza foi relativamente leal e não tentou partir as pernas aos nossos jogadores (tirando um lance ou outro na 1ª parte). O Inácio no fim também mostrou grande correção ao fazer a análise do jogo ao contrário de outros aziados de jornadas anteriores.

By the way (armando-me em cotonete), seria o terceiro set perdido pois também empatamos contra o Marítimo na Luz...

Mr. Shankly disse...

O Estádio não estava mudo, mas vá...

Orgulho Benfiquista disse...

Neste jogo fiquei sem unhas valeu a pena.
Carrega Benfica

www.cantobenfiquista.blogspot.com

JNF disse...

A partir dos 70' foi um desespero Mr. Shankly. Só os NN com o "Faz o Golo allez" e um ou outro "Benfica, Benfica, Benfica", mas foi esporádico.

dosul disse...

JNF,

a forma mais correcta de dizer é:
- a partir dos 70' aquilo só animava do havia aquelas 4 vagas seguidas que eles não passavam do meio campo e nas bolas paradas.

- o momento do golo foi um daquele momentos marcantes...já se fazia sentir algum apoio, o David Luis pede mais apoio, o estádio acorda de vez....o Di Maria atira lá para dentro, o Javi marca golo e o estádio explode!

JNF disse...

Lá está, dosul, aí está a diferença. Foi preciso ser um jogador a pedir o apoio do público, algo nunca visto noutro jogo da época.