sexta-feira, 12 de março de 2010

Bravos!

Sentimentos contraditórios no final do jogo. Por um lado contente com o regresso das grandes noites europeias, mesmo sendo na Liga Europa, pois jogámos com um adversário com qualidade para estar na Liga dos Campeões (Olympiakos? Porto? Estugarda?). Além disso, o nosso Benfica bateu-se de forma brava e corajosa, e mesmo sem grande brilho em algumas ocasiões de jogo, pouco há a apontar aos nossos jogadores, que tiveram uma atitude à Benfica. Por outro lado o resultado não é o mais agradável uma vez que entraremos já a perder no Vélodrome mal soe o apito inicial. Ainda por cima aos 90 minutos... não se sofre um golo assim.

Já tinha uma opinião formada sobre este nosso adversário e por isso, em primeiro lugar, umas palavras para e sobre este Marselha: gosto bastante da Liga Francesa e até a sigo regularmente, há bom futebol, ao contrário do que se passa em Itália. À partida para este encontro já sabia que o Marselha seria o mais forte adversário com que nos bateríamos desde que começou a época, é um clube organizado e disciplinado e por alguma razão está a um ponto e com um jogo a menos (salvo erro), que o Lyon, que eliminou precisamente o Real Madrid. Tem um meio-campo fortíssimo com Cheyrou, Lucho, Abriel e Ben Arfa, o que obriga que um jogador com a classe de Valbuena passe alguns jogos no banco. Tem o melhor marcador do Championnat, Niang, que apesar de velhote não perdeu um bocadinho de qualidade. E tem um guarda-redes que, apesar de irregular, são muitas mais as vezes que salva que as que compromete. Por tudo isto, e por ser uma equipa que troca a bola como poucas, saberia que o jogo seria complicadíssimo.

E foi. O Marselha foi a única equipa, a par do Barça em 2005/2006 que, na Luz, conseguiu por algumas vezes no jogo, trocar a bola com bastante segurança e em ataque continuado por alguns minutos, nomeadamente na primeira parte. São raríssimas as vezes que isto sucedeu na Luz. E o Marselha foi capaz de faze-lo, ao contrário de Manchester e Liverpool, por exemplo.

Por todas estas razões foi um jogo bastante difícil. O Marselha foi mais forte na primeira parte e acabou por ter azar na forma como não conseguiu chegar ao golo. Lucho, por duas vezes, esteve bem próximo de concretizar, ele que continua a ser um jogador de classe mundial. Também por um sub-rendimento de Javi Garcia e principalmente Pablo Aimar, o Benfica não foi tão dinâmico, nem ao ataque nem na defesa. Ramires fechou demasiado ao centro quando os franceses atacavam pela esquerda, permitindo que pudessem passar rapidamente ao ataque do lado oposto. Mas não foi por aí que o Benfica não venceu este jogo.

Este jogo decidiu-se fora das quatro linhas, nas cabeças nos treinadores. Jesus esteve muito bem ao retirar Aimar para colocar Martins, que conseguiu imprimir uma maior velocidade ao jogo encarnado, algo que o argentino não conseguiu fazer. O Benfica foi mais rápido e conseguiu chegar ao golo num lance de felicidade: Di Maria cruzou, Cardozo falhou o remate, Mandanda não segurou a bola e Maxi, num ressalto, acaba por introduzir a bola na baliza marselhesa. Num ressalto, repito. Foi um golo à Maxi. Mas talvez só mesmo Maxi o conseguiria marcar, aquilo não ia lá com um pezinho, só ia lá com garra.

Depois, Jesus fez asneira. Coentrão entrou mas para o lugar que não devia. Após o golo seria muito mais natural e plausível substituir Saviola para que Di Maria avançasse para que pudéssemos jogar em contra-ataque, mas não, resolveu tirar Peixoto, que defensivamente estava a realizar um jogo positivo. Depois foi Éder Luís, jogador que todos os adjectivos que conheço são meros eufemismos para a sua qualidade real: zero. E o golo do Marselha, como surge? Éder Luís falha um domínio de bola que nenhum júnior falharia e Coentrão é facilmente ultrapassado pelo médio do Marselha. Com Miguel Vítor e Rúben Amorim no banco...

Empate justo sobretudo pelo que o Benfica não fez na primeira parte e pelo que fez na segunda. Exibições muito positivas de Júlio César (aquela dupla defesa é um hino a bem defender), Maxi Pereira e Luisão, como sempre nos grandes jogos europeus; estiveram bem David Luiz, no plano defensivo, César Peixoto, Ramires, Di Maria, Martins, Saviola e Cardozo, que esteve muito marcado mas conseguiu algumas acções positivas; razoável Javi Garcia, mais pelo que fez na segunda parte; desastrosos Aimar e Éder Luís, por razões diferentes. O resultado não é bom e assim que entrar no Vélodrome o Benfica estará a perder, tendo de marcar para seguir em frente. É muito difícil, mas não impossível.

4 comentários:

Homem da Luz disse...

Grandíssimo jogo de futebol, quem dera muitas equipas que andaram a fazer figuras tristes na champions (assim de repente lembro-me de duas) jogar metade do que Benfica e Marselha jogaram ontem na Catedral.
Estou de acordo, apesar do ingrato golo ao cair do pano, acho que o resultado é justo (só um benfiquista para ter tanto desportivismo!)

Acredito e tenho muito orgulho em todos os jogadores e equipa técnica do Benfica. Lá ganhamos 0-1!
Força Benfica!

Manuel Oliveira disse...

Boa análise, caro JNF!
Mas, como disse Jesus, está tudo em aberto. Já sabem com o que contam em França, só têm de tomar as devidas precauções.
Abraço.

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o comentário. De facto, acho que desta vez Jesus fez a substituição errada. Aliás, penso que na conferência de imprensa, ao afirmar que esteve para defender o 1-0, acaba por ser o reconhecimento de que também erra. Esperemos que sirva de emenda. Carrega Benfica.

Jotas disse...

Concordo em grande parte contigo, o Benfica jogou mal? Não, acho que não, o que houve sim, foi também um grande Marselha na Luz e embora custe muito sofrer um golo no minuto 90, a verdade é que apesar do empate ter sido obtido no seu pior período, atendendo ao que foi o jogo, esse golo acabou por dar justiça ao marcador.
Portanto, assistiu-se sim a um jogaço na Luz e tal como são as equipas, em Marselha, o jogo não deverá ser muito diferente e embora complicado, julgo que o Benfica também tem capacidade para ir a França e ganhar, vamos ver.