terça-feira, 2 de outubro de 2012

Faça-se Luz sobre o Barcelona

Segunda jornada da Liga dos Campeões e eis que o Benfica recebe o todo-poderoso Barcelona. Sem mais demoras, eis a crónica "Faça-se Luz".


Fundação, Guerra e Era pré- Camp Nou

Fundado em 1899 por um conjunto de futebolistas espanhóis, suíços e ingleses liderados por Joan Gamper (suíço), o FC Barcelona viveu períodos de instabilidade desportiva e financeira nos seus primeiros anos. As dívidas, as constantes mudanças de estádio e até mesmo alguns maus resultados foram intercalados com sucessos e troféus conquistados nos primórdios de um futebol espanhol muito rudimentar. A profissionalização dos catalães chegou apenas em 1926, mas para azar do sucesso desportivo do clube, a Guerra Civil Espanhola interpôs-se e a política assumiu um papel primordial sobre o futebol. Houve jogadores a alistarem-se para a guerra, outros pediram asilo aquando de visitas ao estrangeiro e até houve repressões políticas nos jogos dos catalães. Com o fim da guerra, vieram os anos de recuperação, nomeadamente o final da década de 40 e início da de 50, conquistando quatro campeonatos em seis anos, mas o sucesso foi uma efeméride. Na conclusão do período pré- Camp Nou, o Barça teria de assistir ao sucesso do Real Madrid, que conquistaria a Taça dos Campeões Europeus por 5 épocas consecutivas. Melhores dias viriam.


Club Fútbol Barcelona
Sob orientação do mítico Helenio Herrera e contando com uma troika de craques húngaros composta por Kubala, Kocsis e Czibor, o Barcelona conquista dois campeonatos (1959 e 1960), uma Taça (1959) e uma Taça das Cidades com Feira, a percursora da Taça UEFA (1960), chegando também à final da Taça dos Campeões Europeus em 1961 após derrotar o arqui-rival Real Madrid nas meias-finais, perdendo a final para o Benfica num jogo onde, rezam as crónicas, os catalães foram superiores e muito infelizes. O futebol é assim, o azar de uns é a sorte de outros. E enquanto este triunfo serviu para o Benfica cimentar um domínio absoluto no futebol português, a derrota do Barça seria o ponto de partida para o período mais pobre a nível desportivo do clube. Nos catorze anos subsequentes, os catalães não voltariam a ganhar o campeonato, polvilhando o seu currículo com três Copas do Rey, uma Taça das Cidades com Feira e nada mais. O Real Madrid tomara conta do futebol espanhol nos anos de Franco, conquistando nove campeonatos nesse período entre outros títulos.


Cruyff jogador, Nuñez presidente, Cruyff treinador

Com o fim da ditadura espanhola do general Franco, o Barça iniciou um período de crescimento sem precedentes na sua História. Com a queda do general, o craque holandês Johan Cruyff ingressa nos blaugrana e devolve os catalães aos títulos, conquistando o campeonato catorze anos depois, numa caminhada que envolveu uma manita dada no Bernabéu. Sol de pouca dura, no entanto, uma vez que o Barça só voltaria a ganhar o campeonato em 1985. Entretanto dar-se-iam as primeiras eleições do clube e que levaram Josep Lluís Nuñez ao topo da estrutura catalã, iniciando um reinado de 22 anos que só terminaria em 2000. Amado por uns, odiado por outros, o começo da Era Nuñez foi titubeante, com dificuldade em alcançar troféus nacionais de modo regular. Só no sétimo ano de presidência, já depois de duas Copas do Rey, uma Supercopa e duas Taças dos Vencedores das Taças, é que o Barça almeja o tão desejado campeonato. Nuñez deixou a sua marca bem vincada em Camp Nou, mostrando com clareza que acima dos jogadores estava sempre o clube. Contratou craques, mas rejeitou sempre pagar salários que considerava exorbitantes, deixando-os sair sem perder qualidade e competitividade. Assim foi com Maradona (o Barça ganharia o primeiro campeonato em onze anos imediatamente após a saída de Diego Armando), Romário e Ronaldo (sucedendo-se o mesmo fenómeno que ocorrera com a saída de Maradona), entre muitos outros. Concomitantemente com esta medida, Nuñez dá o pontapé de saída para aquele que seria o maior e melhor investimento feito pelo Barça a longo prazo: a sua cantera. Inaugura La Masia em 1979 e enceta uma luta que venceria contra radicais de extrema-esquerda e direita das claques azuis-e-vermelhas. Nuñez vencia fora do campo e preparava o Barça para vencer dentro dele. E esse ciclo ganhador chegaria finalmente com a ajuda do homem que, dentro de campo, enquanto jogador, devolveu o Barça aos títulos: Cruyff. O holandês assume a batuta da equipa em 1988 e monta uma equipa que passaria a ser merecidamente conhecida por Dream Team. Nela alinhavam Zubizarreta, Romário, Laudrup, Koeman, Guardiola, Bakero, Begiristain, Stoichkov, entre outros. Começa devagarinho, conquistando a Copa del Rey uma Taça das Taças, para depois, entre 1991 e 1994 ganhar quatro campeonatos de seguida, um record na história do clube e uma resposta ao tetra vencido pelo Real nos quatros anos anteriores. Curiosamente, em três dessas conquistas, o Barça partiu para a última jornada como segundo classificado, beneficiando de derrotas do Real Madrid nas Canárias em 1992 e 1993 e do empate caseiro do Deportivo (fruto de um penalty falhado no último minuto) contra o Valência em 1994 para ganhar essas Ligas. Impressionante. E a este fabuloso palmarés, Cruyff deu ainda a primeira Taça dos Campeões Europeus ao Barça graças à vitória sobre a Sampdoria em 1992, com golo de Koeman, perdendo ainda para o Milan a final de 1994. Cruyff sairia em 1996 depois de duas épocas sem nada ganhar, sendo substituído por Bobby Robson, que ganha em 1997 tudo à excepção do campeonato. Mas Robson não era visto como solução a longo prazo e o sonho holandês de Nuñez mantinha-se: queria Van Gaal, treinador que levara o Ajax à conquista de três campeonatos, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões com uma equipa recheada de jovens em seis anos. Van Gaal aterra na Cidade Condal em 1997 e nos três anos subsequentes o Barça ganha dois campeonatos (1998 e 1999), mas falha o tri. O Real Madrid reemergia como principal potência em Espanha e ganha duas Champions em três anos, factor que, aliado à perda de Figo para o arqui-rival, à perda de competitividade e ao brutal incremento de dinheiro e qualidade do Madrid, levou a que o desgaste sobre Van Gaal e Nuñez fosse tanto que ambos se demitiriam no final da época 99/00. Uma nova Era viria.


O melhor futebol que o mundo já viu

Após a saída de Nuñez e van Gaal, sucedem-lhes Joan Gaspart na presidência e Serra Ferrer no banco catalão. O primeiro fora um bem sucedido e competente vice-presidente de Nuñez, o segundo tinha alcançado a fama e o êxito com boas performances ao serviço do Bétis de Sevilla. Nenhum confirmou os créditos atribuídos. Ferrer foi despedido antes do campeonato terminar, sucedendo-lhe Rexach e depois Van Gaal, num regresso absolutamente desastroso para o holandês, que seria despedido nos últimos dias de Janeiro de 2003, seis meses após o regresso, com a equipa num inaceitável 13º lugar. Gaspart terminaria os três anos da presidência com zero títulos conquistados. O Barça parecia afundar-se e só a chegada de Laporta em 2003 é que devolveu esperança e sucesso aos catalães, invertendo uma história que parecia perdida. Com Laporta veio mais um holandês, Rijkaard, que devolveu a filosofia ganhadora a equipa, agora assente em estrelas internacionais contratadas (Ronaldinho, Eto’o, Deco, Giuly, Albertini, Márquez) e em jovens promissores da cantera (Xavi, Iniesta, Valdés, Oleguer e, claro, Puyol). O Barça conquistaria os campeonatos de 2005 e 2006 bem como a Liga dos Campeões de 2006, encerrando assim um período de domínio nacional. A falta de profissionalismo de alguns elementos, nomeadamente dos mais influentes à cabeça, fez com que o Barça não ganhasse nenhum troféu entre Setembro de 2006 e Agosto de 2008. Aí, numa tentativa de inverter o rumo dos acontecimentos, Laporta toma uma aposta que seria a aposta de uma vida: Guardiola como treinador da equipa principal. Em boa hora. O Barcelona presentou os adeptos de futebol com uma das melhores interpretações do jogo, exibições que eram autênticos recitais de bem jogar à bola, numa equipa em que mais de metade dos elementos eram made in La Masia (Valdés, Piqué, Puyol, Xavi, Iniesta, Busquets, Pedro e Messi, por exemplo). Sem surpresas, o domínio foi de tal forma avassalador que o Barça conquistou em três anos outros tantos campeonatos, uma Copa del Rey, três Supercopas, duas Champions, duas Supertaças europeias e dois campeonatos do mundo de clubes. Em 2009 venceria tudo, mas tudo o que havia para ganhar (seis competições). Mas todas as Eras têm um fim e a de Guardiola chegou pela mão pesada do rival Real, agora apoiado em José Mourinho. Vilanova sucedeu ao amigo e a questão impõe-se: conseguirá o Barça continuar a encantar o mundo do futebol e a conquistar títulos regularmente nos próximos anos? Deixem-nos jogar à bola, eles responderão.




O que dizem os Blaugrana?

À semelhança do que se faz noutros países, nomeadamente em Inglaterra, com o famoso Spyin' Kop dos adeptos do Liverpool, decidimos também recolher opiniões entre os adeptos do FC Barcelona. Por falta delocais de discussão do clube catalão na net, foi bastante difícil encontrar alguém que respondesse às questões em tempo útil, mas conseguimos. Agradecemos a disponibilidade do aficcionado Bhushan Shah.

            1. Quais as vossas expectativas para a temporada 2012/2013?
Ganhar La Liga (a maior prioridade), a UEFA Champions League e a Copa del Rey também. Não estamos no Mundial de Clubes nem na Supertaça Europeia este ano, e já perdemos a Supercopa espanhola. Gostaríamos de ganhar todos os troféus restantes.

2. Parece que o FC Barcelona tem o campeonato na mão devido aos oito pontos de vantagem sobre o rival directo, o Real Madrid. Esta análise parece correcta?
Definitivamente não. É uma boa vantagem, mas não podemos pensar que temos uma mão no troféu. Estamos com 8 pontos de vantagem. Não seria surpreendente se o Real Madrid nos batesse duas vezes, reduzindo a diferença em 6, e depois fosse para cima de nós através de outros jogos. Vamos perder pontos. Temos de garantir que não passamos para trás do Real Madrid, no entanto.
 
3. O que aconteceu no ano passado ao FC Barcelona, ​​que foi eliminado por uma equipa como o Chelsea, que estava perfeitamente ao seu alcance?
Se viram os dois jogos, podemos dizer que muito se deveu a pura sorte. Claro que o Chelsea tinha uma finalização clínica e defendeu bem ao estacionar o autocarro. Mas o Barça acertou na trave quatro vezes, e houve muitos falhanços. Era muito improvável que o Barça perdesse com o desempenho que produziu. A sorte teve um papel muito importante.

4. O que explica o crescimento progressivo do FC Barcelona desde o início do novo século?
Não estou em posição de responder a esta questão, uma vez que sigo o Barça há apenas alguns anos. Mas um factor muito grande foi definitivamente Guardiola. Ele revolucionou a forma como o jogo do Barça. Além disso, La Masia produz jogadores de qualidade, e cada vez mais estão a ser integrados no plantel principal. Dependemos muito pouco do mercado de transferências, ou, pelo menos, é o que esperamos.

5. Qual é o ponto mais alto na história do FC Barcelona? Porquê?
Uma vez mais, não estou posição de comentar. Mas se eu tivesse que escolher, o ponto alto seria a época em que vencemos os seis títulos em disputa [2009].
 
6. Estão satisfeitos com o sorteio para a Liga dos Campeões? Porquê?
Sim, o sorteio foi muito favorável. É um grupo fácil quando comparado com o “Grupo da Morte” (Real Madrid, Man City, Ajax, Dortmund), ou mesmo a um com o Arsenal, Montpellier e Olympiakos. O Barça provavelmente também passaria se tivesse um grupo mais difícil, mas a verdade é que com jogos a meio da semana torna-se mais fácil um grupo como que temos, pois não deverá afectar tanto o desempenho na Liga. Claro que o Benfica é uma boa equipa, e vamos ter de jogar bem para vencer-vos. E eu também estou cauteloso sobre a partida fora de casa com o Spartak.

7. O jogo contra o SL Benfica situa-se entre a viagem a Sevilla e a recepção ao Real Madrid. Poderia isto afectar a concentração de jogadores do FC Barcelona no jogo contra o SL Benfica?
Esta não é a primeira vez que uma situação destas surge. Na última temporada tivemos Chelsea-Real Madrid-Chelsea numa semana, naquela que foi uma semana decisiva em relação à temporada. Perdemos tudo nessa semana. No entanto, desta vez o Real Madrid está 8 pontos atrás de nós, e não o contrário, como foi o caso no ano passado. Além disso, a moral dentro do campo está definitivamente em alta devido ao começo perfeito que tivemos. Por isso, acho que o calendário não afectará os jogadores muito do ponto de vista mental. Além disso, temos um plantel com bastantes soluções disponíveis neste momento (excepto centrais, lesionados), e os jogadores estão a regressar de lesões a tempo (Iniesta, Adriano, Puyol), e podemos esperar alguma rotação.

8. O que sabem sobre o futebol Português, especialmente sobre o Benfica?
Não muito, excepto que o campeonato Português é a sexta melhor liga europeia baseada nos coeficientes da UEFA, e que o Benfica é uma das melhores equipas do campeonato, ao lado de Porto.

9. O que pensam sobre cada um dos portugueses que estão em Madrid? Gostariam de ver Mourinho como treinador do FC Barcelona? Gostariam de ver Ronaldo de azul e vermelho? O que pensam de Coentrão, Pepe e Carvalho?
O Real Madrid tem uma série de jogadores portugueses de qualidade, como Pepe, Coentrão, e, claro, “o Deus de si mesmo”. São jogadores extremamente talentosos que podem causar problemas reais para o Barça, como já aconteceu no passado. Eu não gostaria de ver Mourinho como treinador do Barça uma vez que a sua filosofia de jogo é completamente diferente e oposta da do Barça, algo que eu particularmente gosto no meu clube. Além disso, a sua gestão de recursos humanos é frágil, dada a forma como ele aliena alguns jogadores (Kaká, Granero, Sahin). Eu não gostaria de o ver no Barça. Além disso, é um pouco excêntrico. E também não gostaria de CR7 vestido de “blaugrana”. Poderia ocorrer um agravamento da qualidade de jogo de Ronaldo e Messi se jogassem juntos.

10. Se pudessem contratar um jogador português ou que jogue no campeonato Português, quem escolheriam?
Não consigo pensar em ninguém agora. Existe por acaso algum central de qualidade por aí?

11. Quem consideram ser o melhor jogador do FC Barcelona? E o pior (daqueles que em princípio jogarão contra nós)?
Melhor: Messi. Ponto final. Pior: Bem, apesar de eu querer que eles executassem bem, temo que Mascherano e Dani Alves não terão exibições para recordar mais tarde.

12. Qual será o onze titular com que Barcelona vai alinhar contra o Benfica?
Víctor Valdés, Alves, Song, Mascherano, Alba, Busquets, Xavi, Cesc, Tello, Messi, Villa.

8 comentários:

Unknown disse...

Que grandes imprecisões na história, o Generalíssimo tomou o poder em 1939, a guerra foi uma década após 1926 e nesse período de 10 anos só conquistaram 1 campeonato.

O Franco já estava no poder (a guerra civil espanhola acabou em 39, salvo erro), no período em que o Barcelona em que o Barcelona conquistou esses 4 campeonatos e 3 taças em 6 anos e já antes disso o Barcelona conquistara o campeonato em 44/45.

Quando o Cruyff foi para o Barcelona, em 73/74 e foram novamente campeões, ainda o Franco estava no poder, pois só saíu em 1975, salvo erro em Novembro.

Quanto ao Maradona não saíu por causa de dinheiro, mas antes porque um basco lhe partiu o tornozelo e em espanha era alvo de marcações duríssimas perante a complacência dos árbitros.

É verdade que os catalães gostam de dizer que o Barcelona foi muito prejudicado pelo Franco porque este era Madridista ferrenho, mas a verdade é que esses fabulosos jogadores húngaros do Barcelona eram inferiores aos do Real.

Aliás esse mito do franquismo é tão verdadeiro que nos 15 anos pós-Franco o Real Madrid ganhou 9 títulos e o Barcelona apenas 1. O Real ganhou 14 campeonatos durante os 36 anos de Franco e 16 nos 37 após o Franco.

A verdade é que o Barcelona só se assumiu como o segundo grande em Espanha na década de 90 pois até aí só tinha conquistado 10 campeonatos contra 8 do atlético de madrid e 8 do atlético de bilbao, que eram os clubes que disputavam com o Barcelona o lugar atrás do Real como melhor de Espanha.

Obviamente que os 6 campeonatos na década de 90 e os 4 na primeira década do século XXI, bem como as vitórias na champions os elevaram a um nível que os outros apenas podem sonhar.

Unknown disse...

Desta feita não há análise táctica ?

Anónimo disse...

¿"Putadas arbitrales" en Benfica/ Barça del 2006?

el cuarto tiempo disse...

JNF, Histórias de Franco e Real Madrid são semelhantes aos do Benfica e do Estado Novo.

Barca sempre soube como lidar bem com o poderoso, ele poderia construir seu estádio Camp Nou graças a uma re-zoneamento (que não era permitido para o Real Madrid!), Foi possível obter uma nacionalização de Kubala (exílio húngaro e, portanto, anti-comunista símbolo ) quando os estrangeiros não foram autorizados, e até mesmo o General Franco foi homenageado pelo clube catalão com duas medalhas (ver link: http://www.elcorreogallego.es/indexSuplementos.php?idMenu=15&idNoticia=534626)
para todos os serviços prestados.

A verdade é que, durante a ditadura, Barça e Real foram estreitamente alinhados em termos de títulos nacionais, e apenas na Europa (onde o tamanho da Espanha como era irrelevante) Real Madrid marcou muitos sucessos mais.

Durante os anos 80, e Barcelona nacionalismo catalão tornou-se uma história de lado para esconder todas essas verdades.

Só queria acalarar este tópico para leitores devuestro fantástico blogue lelven não enganosa.

Desculpe meu tradutor Português do google, saudações Força Real e Hala Benfica.

JNF disse...

B Cool,

ou estás a fazer confusão ou não percebeste. Franco toma o poder em 38 e não em 39 (enquanto presidente do Governo Espanhol), como referes. Além disso, com o início da profissionalização, segundo as informações que recolhi, o Barça preparava-se para tentar dominar o futebol espanhol, ganha o campeonato de 29 mas depois disso aconteceu o que eu escrevi no texto. E sim, Franco já estava no poder aquando desses quatro campeonatos. Alguém disse o contrário?! Não. Se leres o primeiro parágrafo, vês que a partir do momento em que eu falo da profissionalização dos catalães até acabar esse parágrafo, corro toda a História do Barça desde os anos 20 até 1957. Anos 20, após a profissionalização, marcados pela tentativa de conquistar o sucesso, anos 30 marcados pela interposição da guerra com as consequências desportivas que falei que se alastraram até ao início dos anos 40 e final dessa década com a recuperação desportiva. Qual é o problema, contra-senso ou imprecisão? Acho que percebeste mal.

Franco morre em Novembro de 1975, mas o que conta é que deixa o cargo de presidente do Governo de Espanha a 8 de Junho de 1973, continuando no entanto como chefe de estado até à data da sua morte, a 20 de Novembro de 1975. Ou seja, Cruyff ingressa no Barça imediatamente após a queda de Franco enquanto presidente do governo (o equivalente a "primeiro-ministro" actualmente), continuando como chefe de estado (o equivalente a "Rei"). Com esta transição, Franco perdeu grande parte do poder, e foi isso que motivou também a ida do holandês para Barcelona.

E do que li, espacialmente sobre o presidente Nuñez, os motivos para as saídas de Maradona, Romário e Ronaldo, entre outros, foi a rejeição face às pretensões dos jogadores em serem aumentados.

E quanto à ditadura franquista, importa não esquecer que ao contrário de Salazar, Franco adorava futebol e adorava um clube específico, o Real. Daí se contarem algumas histórias que explicam algumas derrotas. Se são verdadeiras? A história parece indicar que sim.

Desta vez não há análise táctica, o Phant não teve tempo para fazê-la.

JNF disse...

el cuarto tiempo,

em primeiro lugar, obrigado por participares num blog português sobre o Benfica. Quanto ao conteúdo, tenho de discordar em alguns pontos: ao contrário de Franco, Salazar não tinha por paixão clubística o clube que mais ganhou nos anos do regime. Aliás, o Benfica e os benfiquistas estão muito mais ligados aos movimentos de oposição que ao regime. O que Salazar fez, para que Portugal ganhasse notoriedade no estrangeiro, foi ir à boleia do sucesso do Benfica. Não foi o Benfica que foi atrás de Salazar para garantir sucesso desportivo, mas sim Salazar a ir atrás do Benfica para tentar elevar o nome de Portugal.

Quanto ao facto de Franco ter sido agraciado pelos catalães, isso é uma situação infelizmente anormal em todos os clubes de futebol dos países que são comandados por ditadores. Por cá também há imagens de jogadores do Benfica, Sporting e Porto a fazerem a saudação fascista.

No período de Franco, o Real conquistou 13 campeonatos, por oposição aos 7 do Barça. Por isso, em termos de títulos nacionais, nãoe estiveram assim tão alinhados como referes.

E devo dizer que, para mim, isto não é uma discussão que envolva futebol e política directamente. Aliás, em Espanha, mesmo não apoiando nenhum clube, simpatizo mais com o Real do que com o Barça (e isto não se deve aos portugueses que estão em Madrid). Muito obrigado pela participação.

Unknown disse...

A questão JNF é que até à eleição do Adolfo Suarez do PP em 1976, os sucessores foram todos franquistas que continuaram a política dele, ou seja, essa relação que queres fazer entre o Franco exercer o poder e o Cruyff não ir para o Barcelona parece-me demasiado ligeira, os problemas eram devido aos montantes envolvidos e não ao Franco querer impedir ele de ir jogar para o Barça. Se assim fosse, os húngaros nunca teriam ido para o Barcelona.

Mas acima de tudo queria demonstrar que essa propaganda catalã anti-madrid, é equivalente à propaganda tripeira, pois o que lhes convém ignorar limpam para baixo do tapete.

Acima de tudo o Franco perseguia Comunistas, Sindicalistas e Anarquistas ou seja Republicanos. O Nacionalismo Catalão, não é o que luta na Guerra Civil de Espanha, mas antes a Esquerda Republicana, o Nacionalismo é algo que há semelhança dos bascos vai crescendo ao longo do franquismo. Posteriormente começaram a utilizar o Barcelona como bandeira de um separatismo devido ao facto de o Barcelona ganhar importância desportiva.

O Barcelona ganhou o primeiro campeonato e depois não ganhou mais nenhum até à guerra, vários anos depois, ou seja a guerra nada teve a ver com o insucesso, o Franquismo nada teve a ver com os pobres resultados do Barcelona, isso é um mito que os catalães de hoje gostam de propalar como os tripeiros fazem com o Salazar.

el cuarto tiempo disse...

JNF, muito obrigado por me deixar responder. Primeiro de tudo dizer que eu sou um grande fã do seu blog e Benfica. Além disso, acima de tudo, um adepto do Real. Eu gostei do seu blog quando você denunciou práticas corruptas, sejam eles quem foram os autores: o FC Barcelona e FC Porto, por exemplo.

O problema é mais complexo. Franco não realmente interessado em futebol, em vez de fins de propaganda. Ele tomou a chegada dos húngaros a Barca de propaganda anti-comunista e mais tarde assumiu os triunfos do Real no TCE para a propaganda da grandeza de Espanha e seu regime.

Não é minha intenção de encher o seu blog de spam, mas recentemente escreveu um artigo-resumo desses problemas, se você preferir, você pode lê-lo no seguinte endereço:
http://www.el-cuartotiempo.blogspot.com.es/2012/08/nacido-el-18-de-julio.html

Saudações, eu espero que você ir longe na competição europeia deste ano e ganhar o campeonato sucesso.