São, pelas minhas contas, 32 os jogadores que o Benfica tem a rodar em clubes portugueses ou estrangeiros, de primeira ou segunda divisão. Destes 32 - praticamente um plantel - a idade e qualidade variam muito. Possivelmente, poucos serão os que ainda possam vir a dar um contributo importante para o nosso clube. É a pensar neste outro plantel que escrevo hoje o quinto e último de uma série de cinco posts sobre "Os Emprestados".
Fellipe Bastos Chegou muito jovem ao Benfica, numa altura em que nem podia jogar, devido à idade ou ao prazo de inscrições, não me lembro bem, mas acho que era a segunda. De qualquer das maneiras as notícias eram animadoras, visto parecer que o Benfica havia feito uma óptima contratação. Ainda hoje não sei se é bem assim. Se, pelo que vi, parece ter potencial, as sucessivas ausências nas convocatórias também podem ser indicadoras do contrário. Não é muito rápido, mas para médio de características defensivas trata muito bem a bola (é brasileiro), dribla e remata forte. Fisicamente, apesar de não ser muito alto, tem cabedal. Este empréstimo ao Belenenses pode ser muito positivo, mas tem de jogar. Tem mesmo de jogar. Acredito que vai integrar, mais cedo ou mais tarde, os quadros principais do Benfica.
Patric Chegou e saiu num ápice. Um dos reforços mais rápidos do Benfica. Foi rápido, sim, mas também teve as suas oportunidades, e, do que mostrou, deixou muito a desejar. Sempre muito nervoso (o que também é desculpável para um jovem de 20 anos. Mas não se pode permitir que um jogador, nomeadamente um defesa, fique no nosso plantel se não souber defender! E Patric meteu água demasiadas vezes. Contra o Milan tivemos o exemplo mais flagrante do que falo. Pato fez o que quis dele. Claro que não é por este lance que não está cá na Luz, mas, em parte, explica o que se passou na pré-época. Pode evoluir? Pode. E vai, com certeza. Não me convenceu, mas...
André Soares Não conheço muito deste jogador. Sei que é avançado e que se encontra ao serviço do Carregado, não tendo ainda sido escolha do seu treinador para jogar, nesta época. Foi um dos jogadores que o Benfica foi buscar, ainda muito jovem, ao Sporting de Braga, a par de Romeu Ribeiro, que ingressou no Benfica no mesmo ano e Nélson Oliveira, que chegou dois anos mais tarde. Não tenho grandes perspectivas para este jogador, até porque, ao que sei, até na equipa de juniores teve dificuldades em impor-se.
João Pereira Era o capitão dos juniores na época passada, fazendo dupla com Roderick Miranda. Pareceu-me mais limitado em termos técnicos que o seu colega de sector, mas pelo físico e, diga-se, pelas qualidades defensivas, agradou, até porque era júnior. Apesar de quase ninguém ter percebido, foi um dos escolhidos de Jorge Jesus para participar no estágio na Suíça, onde acabou por não jogar, sendo preterido, pois havia Roderick e Miguel Vítor. Não tem jogado pelo Fátima, ao que sei, nem sequer tem sido escolha para o banco de suplentes da equipa de Rui Vitória, mas recentemente, para a Taça de Portugal, frente ao Ribeira Brava, somou 90 minutos. Não o conheço suficientemente bem para falar do seu valor futuro, mas acho difícil que dê jogador, pelo menos para o Benfica.
Romeu Ribeiro Foi pela mão de Camacho, logo na segunda jornada daquela época de má memória, que o médio vindo da nossa formação, após passagem por Braga, se estreou num jogo com o Vitória de Guimarães. Mostrou algumas boas indicações para um jovem da sua idade. Depois disso, esteve emprestado durante dois anos ao Desportivo das Aves, tal como Rúben Lima, tendo efectuado bastantes jogos nessa temporada e meia que passou no norte, muitos deles até como titular, até. Nesta época, com mais futebol nos pés, Romeu Ribeiro encontra-se emprestado a uma equipa com mais ambições, o Trofense, que tentará certamente o regresso ao escalão principal do futebol português. Romeu tem sido pouco utilizado, averbando apenas 1 jogo no campeonato e outro na Carlsberg Cup, num total de 63 minutos. Pouco para quem precisa de afirmar-se para jogar regularmente no Benfica, a médio prazo. Mas há tempo, a época é longa e este jogador terá certamente as suas oportunidades. Mantenham-no debaixo de olho, pode haver muito talento a ser explorado.
Marc Zoro O que dizer deste jogador? Muita gente acha-o mais que capaz para pertencer ao plantel principal do SLB. Eu, pessoalmente, acho-o uma debulhadora: varre e parte tudo o que vê à frente. Não percebe quase nada do jogo, especialmente em termos de agressividade. Do que vi, fiquei extremamente decepcionado. Mas com o salário principesco que aufere, para onde sair? Para o Setúbal onde ninguém recebe? Nem ele quer, seguramente. Encontra-se emprestado ao clube que já referi, sendo que, em princípio será titular indiscutível, não por mérito próprio, mas por demérito dos colegas, que certamente teriam dificuldades em encontrar clube na Liga Vitalis. Enfim, um cepo que consome dinheiro, é o que Zoro é, mas a culpa não é só dele, é de quem o trouxe.
Freddy Adu Deixei o melhor (será?) para o fim. Freddy chegou muito novo ao Benfica, tendo estado sob uma pressão tremenda para obter resultados. Aquele papel ridículo trazido por um miúdo benfiquista que não faz ideia do que é o futebol, explica bem a situação do jovem norte-americano. O que dizia o papel? "Não precisamos do Simão, temos o Freddy Adu!" R-I-D-Í-C-U-L-O. Cada um que tire as suas conclusões. Mas voltando ao Freddy, como se já não bastasse a pressão de adeptos, jornalistas e outros, Fernando Santos, treinador na altura, resolve coloca-lo a jogar no primeiro jogo da época, frente ao Copenhaga, numa pré-eliminatória da Liga dos Campeões, para substituir o lesionado Luisão, numa altura em que o Benfica empatava em casa frente a esse clube dinamarquês, ainda na primeira parte. Adu entrou e jogou como jogam todos os miúdos nas escolinhas: sozinho. "Leva a bola 'pra casa!", ouvia-se. Com razão. Foi deprimente o espectáculo de Adu. Como se isto não bastasse, o próprio jogador continua a revelar, ainda hoje, uma grande imaturidade. Tem dificuldades em impor-se mesmo em equipas mais pequenas. No Belém pouco tem jogado, apesar de ter chegado mais tarde. Vamos ver, mas desconfio que este foi mais um produto de imprensa, como tantos outros.