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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Uma década de... treinadores

Dez anos marcados por muitos treinadores, como vem sendo hábito no Sport Lisboa e Benfica. A instabilidade que se vive fruto da pressão e da dimensão do cargo justificam em parte a grande rotatividade a que os lugares da esquerda do banco de suplente da Luz estão sujeitos. Eis uma análise que não é feita do pior para o melhor, mas sim por ordem temporal. Este é longo, desculpem lá.

Toni

Toni foi o primeiro treinador da década. Mas este não era o mesmo Toni que levara o Benfica ao título em anos anteriores. A promessa de Manuel Vilarinho revelou-se um autêntico tiro no pé, os resultados foram precisamente o oposto do esperado. Por culpa de quem? De todos. O plantel não ajudava minimamente, a defesa era horrível, enfim, um sem-número de problemas. Até final de 2000/2001, Toni conseguiu derrotas humilhantes, com Paços e Alverca em casa, e ainda goleadas contra Sporting, Gil Vicente, Braga (com dois golos de... Luís Filipe) e Porto, esta última para a Taça). Mau demais. Mesmo assim, Vilarinho manteve a aposta em Toni para a época seguinte e renovou o plantel por completo, para bem melhor, diga-se. Os resultados é que voltaram a ficar aquém do esperado. O campeonato inicia-se aos ziguezagues num ano em que todos os candidatos revelavam graves insuficiências. Mas uma série de derrotas (Paços, Boavista e Marítimo, este para a Taça) e o empate com o Sporting na Luz, naquela fabulosa exibição de Duarte Gomes, precipitam a saída de Toni. A sua última passagem pela Luz foi um autêntico desastre, mas isso não apaga o que fez de [muito] bom durante os excelentes anos que passou na Luz. Não belisca minimamente a sua reputação.

Jesualdo Ferreira

Adjunto de Toni, foi também ele o seu sucessor. Pois, é difícil falar deste senhor, não é? Primeiro porque não é senhor nenhum, é um hipócrita vendido. Depois, porque treinador vale zero? Tricampeão no Porto também a minha vizinha era, com o esquema todo montado. Lá fora foi o que se viu: no Málaga não durou até ao fim de Outubro. No Panathinaikos os adeptos já o perseguem, literalmente. Este alcoólico crónico teve a felicidade de treinar o Benfica (para nossa infelicidade) em 2001/2002, após a saída de Toni, e acabou no quarto lugar.

Prepara a época de 2002/2003 que começa em bom estilo, mas a sorte não poderia durar muito. Consegue uma série negra de 2V 2E e 3D para a liga sendo que na semana seguinte, para a Taça de Portugal, comete a proeza de perder, em casa, com o Gondomar. Obviamente demitido. Em boa hora. Porque o treinador seguinte iniciou, com grande mérito, uma autêntica revolução que daria frutos por bons anos.

Fernando Chalana

Dirigiu o Benfica por um jogo apenas, frente ao Braga, vitória por 3-0. Que importância teve no meio disto tudo? Muita. Montou um esquema com 3 defesas-centrais, retirando João Manuel Pinto e lançando Hélder, sendo que Miguel fez boa parte da ala direita, incluindo a posição de defesa direito. E colocou Mantorras a extremo direito. Estranho? Muito, mas resultou.

José Antonio Camacho

Um treinador que mudou a face perdedora e a mentalidade do Benfica dos últimos anos para algo muito melhor. Introduziu benfiquismo ao Benfica, muito provavelmente fruto do madridismo que bebeu durante muitos anos no "Benfica de Espanha". Camacho veio, viu e venceu. Com ele alterou-se tudo, posições de jogadores, mentalidades, espectáculo, foi uma lufada de ar fresco no Benfica. Pegou numa equipa desfeita e em pouco tempo monta o seu 4x2x3x1, imagem de marca: Moreira; Miguel, Argel, Hélder e Ricardo Rocha; Petit e Tiago; Geovanni, Zahovic e Simão; Nuno Gomes. Vence o Gil Vicente na estreia e num curto espaço de tempo a equipa joga um futebol atractivo e eficaz, com vitórias em Alavalade por 0-2, nos Barreiros (quebrando o maldito enguiço), em Setúbal por 2-6 depois de estar a perder por 2-0, no Restelo por 2-4, frente ao Vitória de Guimarães por 4-0 e contra o Braga de Jesualdo, em Braga, por 1-3. O Benfica alcança uns magníficos 75 pontos que em outros anos dariam para ser campeão.

Arranca para a época seguinte com poucas alterações na estrutura e no seu onze base. O campeonato foi renhido desde início e nivelado por cima. O Porto descolou da concorrência bem cedo e o Benfica tentou acompanhar como pôde, tal como o Sporting. O verdadeiro campeonato era o da 2ª circular, e esse estava ao rubro. Camacho devolveu o Benfica à Europa e às grandes noites europeias, algo que era impensável depois de algum tempo sem ir a estas provas. 2003/2004 fica marcado pela vitória frente ao Rosenborg numa eliminatória em que Nuno Gomes cometeu um erro de amador quase imperdoável, Moreira fez os jogos da vida dele e Karadas se deu a conhecer ao Benfica. Seguiu-se o Inter de Milão com um 0-0 na Luz (se aquele balázio do Petit entrasse...) e uma derrota por 4-3 em Milão, num jogo de grande carácter dos encarnados. Com a distracção europeia, o Benfica ficou com sete pontos de atraso para o Sporting quando faltavam apenas 8 jornadas para o final. Uma surpreendente derrota leonina por 4-0 em Vila do Conde anima o Benfica, mas voltaríamos a perder pontos na terra de Dom Fábio Coentrão (1-1), ficando a seis pontos do Sporting com apenas quatro jornadas por jogar. E eis que... o impensável acontece. O Sporting perde no Bessa e em Leiria consecutivamente, e o Benfica vence o Estrela e goleia o Braga de Jeusaldo na cidade dos arcebispos. Com 70 pontos à entrada para a 33ª jornada, o derby dos derbies, o Sporting x Benfica. Só a vitória interessava pois um empate mantinha-nos atrás devido à derrota com o rival na Luz. Um campeonato com tanta luta, com tanto suor, com tanto Camacho não poderia ser perdido assim. Com uma gigantesca exibição de Moreira (nota 9 para A Bola, algo que muito raramente acontece), o Benfica segura o empate até aos 88 minutos, quando Geovanni, a 30 metros da baliza, estoira para o golo, para a vitória e para o segundo lugar, roubado ali, em Alvalade, debaixo das barbas leoninas. Mas, mais importante que isto, Camacho devolveu o Benfica aos títulos oito anos depois. Vitória na final da Taça de Portugal frente ao Porto de José Mourinho que se sagraria campeão europeu poucos dias depois. Era o regresso do Benfica à Benfica, pela mão de José Antonio Camacho.

Giovanni Trapattoni

O que traz um treinador com uma carreira recheadíssima de sucessos para um país como Portugal para treinar um clube que não ganha o campeonato há onze anos? Vem treinar o Benfica, porque o Benfica é... o Benfica. A explicação é simples e a justificação difícil, mas é assim que as coisas são. Trapattoni fez aquilo que milhões de benfiquistas sonhavam com um plantel muito, muito fraco. Campeão onze anos depois. Se há obreiro neste título, ele é Trapattoni. Conseguiu, com um plantel composto por 15 jogadores apenas (Moreira, Quim, Miguel, João Pereira, Luisão, Ricardo Rocha, Dos Santos, Petit, Manuel Fernandes, Geovanni, Simão, Nuno Assis ou Zahovic, Nuno Gomes, Karadas e Mantorras), visto que os outros não contavam e constituíam apenas uma dor de cabeça, ser campeão. Expremeu a equipa ao máximo. No seu onze base, os jogadores estavam completamente estoirados no final da época. Foi uma tortura. E foi lindo. Perdeu a Supertaça para o Porto graças a uma birra de Ricardo Rocha que o obrigou a jogar com Argel (que levou um nó gigante de Quaresma, no golo da derrota), foi eliminado na qualificação da Champions pelo Anderlecht e ao fim de poucas semanas já se pedia a cabeça do italiano. Resistiu a iniciou o campeonato em bom estilo com bastantes vitórias e o primeiro lugar isolado, algo que não acontecia há anos, literalmente. Com alguns deslizes (Porto na Luz, grande exibição de Benquerença e Belenenses no Restelo, o dos 4-1), voltou-se a pedir a cabeça de Trapattoni. E ele resistiu, apesar de haver vontade dos altos quadros do Benfica em demiti-lo. Dobra a primeria volta com o mesmo número de pontos de Porto e Sporting e com mais um que Boavista e Braga, num ano muito renhido, fruto de um nivelamento por baixo do nosso futebol. O povo estava entusiasmado e vai à Luz para mostrar o apoio à equipa e partilhar a crença na possibilidade de ser campeão onze anos depois. Resultado? Benfica 0-2 Tanque Silva. Assobios, lenços brancos, quinto lugar e pede-se a cabeça do italiano. Mas ele resiste. Nas jornadas seguintes, o Benfica ocupa praticamente todas as posições do top-5 da tabela: foi quinto, quarto, segundo e terceiro, e eis que chega o dia da derrota anunciada. O Benfica desloca-se ao Dragão para perder uma vez mais contra o Porto. E, surpresa das surpresas, empata, algo que não acontecia há mais de uma década. Sinais de mudança? E à 25ª jornada, um quadro bonito: o Benfica vence o Gil por 2-0, com Mantorras a desloquear o jogo, o Sporting recebe e perde com o aflito Penafiel, num jogo com a marca de Hugo, e o Porto é goleado em casa pelo Nacional da Madeira. O Benfica estava novamente isolado no topo da tabela, com três pontos de vantagem sobre o segundo, o Porto. Na jornada seguinte o Porto perde novamente e o Benfica mostra estrelinha de campeão em Setúbal, ficando com seis pontos de avanço sobre o quarteto de segundos classificados num abrir e fechar de olhos. Surpresa das surpresas, seria este ano? Mas a tremideira começou: vitória por 4-3 na Luz com o Marítimo, com um golo de Mantorras no último minuto, derrota em Vila do Conde com arbitragem vergonhosa ("há que averiguar", disse Petit) e empate no último minuto em casa com a União de Leiria, graças a Mantorras. O Benfica segurava a liderança por um fio. Vence o Estoril com golos de Luisão e Mantorras, o Belenenses com golo de Simão e... perde em Penafiel graças ao sócio Pedro Proença. À entrada para a 33ª jornada, um cenário em tudo semelhante ao da 33ª jornada do campeonato anterior. O derby dos derbies, o Benfica x Sporting, com o Benfica obrigado a ganhar para ser campeão. O jogo é tenso e com poucas chances de golo para ambos os lados. Mas ao cair do pano, no minuto 83, o mesmo minuto da Mão de Vata, Luisão cabeceia com sucesso após livre de Petit para dar a liderança ao Benfica. O Sporting protesta sem razão, alegando mão, depois falta, depois outra coisa qualquer. Com o modo histérico ligado, são capazes de tudo. O Benfica só precisava de um empate na última jornada para se sagrar campeão. Contra tudo e contra todos, onze anos depois. E assim foi, o Benfica de serviços mínimos de Trap, a jogar sobre brasas, consegue empatar no Bessa e sagra-se campeão. Um clube que esteve para acabar, que esteve onze anos sem ganhar o campeonato e oito anos sem ganhar nada, por fim campeão, reerguido e no lugar que merecia. Uma semana de festejos fez com que a equipa não se apresentasse na melhor forma para a final da Taça que acabou por ir para Setúbal, impossibilitando a dobradinha que foge desde os tempos de Mortimore, mas o Benfica tinha alcançado feitos incríveis esta época. Trapattoni agradece aos jogadores, à estrutura e aos adeptos, diferentes de todos os outros e que fizeram a festa mais bonita de sempre, segundo o italiano. Mas era hora de partir, por vontade própria. Quis guardar uma imagem de perfeição junto dos adeptos e saiu. Fez bem. Será sempre recordado como o senhor que nos deu o título.

Ronald Koeman

Durante dias a fio se falou do sucessor de Trapattoni. Seria Koeman? Seria Zaccheroni? Seria Paul Le Guen? Veio o que eu menos queria, Ronald Koeman. E, para mim, foi uma autêntica desilusão. A participação na Champions foi de sonho, fez recordar o Benfica de outros tempos. Na fase de grupos e vindo do Pote 4, conseguiu a qualificação depois de algumas exibições soberbas. Perde em Manchester apenas no último minuto, perde na Luz com o Villareal fruto de um frango do inexperiente Rui Nereu, empata em Espanha com um golaço de Manuel Fernandes e empata também com o Lille num estádio repleto de benfiquistas em que alinhou com [pasmem-se!] Quim; Alcides, Luisão, Anderson, Ricardo Rocha; Petit, Manuel Fernandes, Nélson e Léo; Simão e Nuno Gomes. Vence em casa o Lille com golo de Miccoli no último minuto e consegue uma vitória de sonho na última jornada. Necessitado de ganhar para seguir em frente, como poderia o Benfica derrotar em casa o todo poderoso Manchester United, sem Simão, Manuel Fernandes, Ricardo Rocha, Moreira e Miccoli? A Luz vestiu-se de gala e com as bancadas completamente cheias, 65 000 benfiquistas fizeram o Inferno da Luz. O United adiantou-se cedo no marcador, mas ainda antes da primeira parte o Benfica já tinha dado a volta: primeiro Geovanni, que mergulhou para um cabeceamento vitorioso após cruzamento de Nélson, depois o surpreendente Beto, com um tiro de fora da área a bater Van der Sar. Léo secou Ronaldo, meteu-o no bolso e por lá ficou o português. Substituído, teve uma atitude indesculpável para com os adeptos da Luz, revelando quão bem formado é. O Benfica venceu o Manchester colocando-se na fase seguinte da Liga dos Campeões. O sorteio ditou o Liverpool como adversário. Depois do Manchester, o campeão europeu! Como? Como era possível eliminar o mítico Liverpool? Na Luz foi Luisão quem deu a receita. Reeditou com Petit o famoso lance que deu a vitória no campeonato e após cruzamento do camisola "6", Luisão surpreende ao aparecer entre os defesas para cabecear nem hipóteses para Reina. A Luz, cheia, entrou em delírio. O Benfica vencia o campeão europeu por 1-0. Na segunda mão, na terra dos Beatles, Koeman teve a sorte dos campeões e o Benfica a felicidade de não ter sofrido cinco golos em meia hora. Aliás, não sofreu nenhum e ainda viu Léo ganhar lances de cabeça a Peter Crouch. Os Beatles, que namoraram Simão durante todo o defeso, aliás, o capitão encarnado chegou a estar no avião rumo a Liverpool, acabaram por ser "traídos" pelo "20" encarnado. Num momento de inspiração, após passe de Nuno Gomes que arrastou a marcação, Simão vê uma brecha e dispara em arco para um dos golos mais bonitos e marcantes da década. No segundo tempo foi Miccoli a confirmar, com um pontapé de moínho, a passagem aos quartos-de-final da Champions. Era o Benfica de volta aos grandes voos do passado. Sucumbiu apenas frente ao poderoso Barcelona de Ronaldinho e companhia, com a mãozinha de Thiago Motta que Steve Bennett deixou passar. "Eu vi, tu viste, ele não viu", escreveu A Bola no dia seguinte a esse empate caseiro, aludindo ao tal lance da grande penalidade que ficou por marcar. Quem sabe o que poderia ter acontecido se o Benfica tivesse partido em vantagem para essa segunda mão.

Posto isto, como é possível afirmar que Koeman foi uma desilusão? Porque utilizou o Benfica para se promover em vez de promover o Benfica. Koeman colocou-se em bicos de pés, menosprezou o futebol português e não foi campeão com um grande plantel. A estrutura base manteve-se e recebeu quatro grandes presentes: o defesa central Anderson, que justificou a escolha com grandes exibições, o médio grego Karagounis, incrivelmente preterido por Beto, o médio russo Karyaka, tão mal aproveitado, e o ponta-de-lança italiano Miccoli, que ainda hoje deixa saudades. Com este plantel e com esta estrutura, Koeman não foi campeão, tendo ficado a mais de dez pontos do Porto e com o segundo lugar praticamente perdido desde Março. É certo que para a História ficam as vitórias no Dragão, a primeira desde César Brito em 1991, com bis de Nuno Gomes e na Luz sobre o Porto, com golo de Laurent Robert. Mas o desprezo que apresentou para com o nosso campeonato e a falta de preparação dos jogos mais pequenos ditaram dois empates com a Naval, duas derrotas com o Sporting, uma derrota caseira com o Gil Vicente e mais um conjunto de péssimo resultados, com o Benfica a perder pontos com 12 dos 17 adversários em prova. Um treinador que usa o Benfica para se promover, como fez com o Valência e com o AZ Alkmaar, não merece as loas que muitos lhe tecem. Koeman não me deixa saudades. Os resultados europeus sim, ele não.

Fernando Santos

Amado por uns, odiado por outros, incompetente em Portugal, Deus na Grécia, é assim a vida de um treinador. Fernando Santos chegou ao Benfica como sucessor de Koeman, que fora literalmente vendido ao PSV por meio milhão de euros, salvo erro. Pessoalmente, senti-me aliviado com a vinda do Engenheiro por duas razões: primeiro, significava que Koeman saía, ele que havia prometido que com ele o Benfica passaria a jogar em 3x5x2 (medo!); segundo, porque a SIC falou todo o santo dia que Carlos Queiroz seria o treinador do Benfica e que estava a assinar contrato com Vieira dentro do estádio. Menos mal, veio o Fernando Santos, de quem não era fã, longe disso, mas que tem as suas qualidades e os seus defeitos. Infelizmente, os defeitos custaram-nos o campeonato. A sua passagem pelo Benfica resume-se a uma época com altos e baixos: na Europa o Benfica foi eliminado da Champions num grupo que estava ao nosso alcance, e uma vez relegados para a Taça UEFA conseguímos uma eliminatória muito bem conseguida frente ao PSG (com aquele golaço de Petit aqui referido), mas caímos aos pés do Espanyol com dois jogos terríveis, primeiro em Barcelona, onde sofremos três golos que revelaram falta de concentração e vontade, depois na Luz foi o festival de golos falhados, com Nuno Gomes, Mantorras, Simão, Miccoli e Rui Costa com oportunidades para matar a eliminatória, a falharem. Na Liga, o Benfica começou o campeonato muito mal com derrotas no Bessa (por 3-0), no Dragão (3-2), em Braga (3-1) e um empate em Paços de Ferreira (1-1), ficando a 9 pontos do Porto à 10ª jornada, com um jogo em atraso fruto do Caso Mateus. A partir daqui, o Benfica encetou uma recuperação memorável, com 10 vitórias e 2 empates em 12 jogos, incluindo a banhada de bola em Alvalade (0-2), chegando ao clássico da 23ª jornada, frente ao Porto, a um ponto do líder azul-e-branco. O Benfica deu meia parte de avanço ao adversário que conseguiu o empate na casa do rival, não obstante a grande segunda parte encarnada. E o Benfica não voltou a ver os dragões, fruto de uma série terrível de quatro empates em cinco jogos que além de tornarem o título numa miragem, impossibilitaram o segundo lugar. Onde é que Fernando Santos tem culpa? Essencialmente falta de coragem. Colocou Luisão a jogar quando o camisola "4" estava preso por arames e perdeu-o, lesionado, lançando em campo David Luiz, que não tinha a confiança de Santos. David Luiz acabou por surpreender pela positiva e foi sofrível vê-lo tomar conta da defesa com o central Anderson, que fez birra e não queria jogar, comprometendo a equipa. Houvesse coragem desde início, e teríamos Luisão para estes jogos finais, podendo ser campeão. Não foi assim. Vieira é, no entanto, o outro grande responsável pela não-conquista do campeonato, ao vender Ricardo Rocha e Alcides em Janeiro, deixando o Benfica quase sem centrais. Genial. A época termina com o Benfica em terceiro e com Santos sobre enorme pressão. Vieira mantém o seu treinador contra a vontade dos sócios e quem sabe, se contra a sua vontade ou não, nunca percebemos.

Fernando Santos inicia a nova época como treinador do Benfica, sendo o primeiro treinador do Benfica desde Artur Jorge (94-95) que consegue realizar uma época completa e iniciar a seguinte. Desde cedo se criam grandes expectativas sobre a equipa, esperanças essas fundamentadas, com um plantel fortíssimo especialmente no meio-campo, com Simão, Rui Costa, Petit, Katsouranis, Manuel Fernandes, Nuno Assis, Karagounis, mas também no ataque, com Cardozo, Bergessio, Nuno Gomes e a possibilidade Miccoli. Vieira diz que é a equipa mais forte dos últimos dez anos, sobe a fasquia. Santos diz que perder Simão seria uma catástrofe, Vieira promete que o capitão fica. Três dias depois, Simão sai e Vieira não tem coragem para dizê-lo a Santos. Karagounis é dado a custo zero ao Panathinaikos e Manuel Fernandes vendido para Inglaterra. Em poucos dias, Vieira destrói a equipa, destrói a base de Camacho, como Geovanni aludiu e bem nessa altura. Fernando Santos empata com o Leixões na primeira jornada e já sem Veiga no Benfica, Vieira escolhe o caminho mais fácil e demite o treinador, decisão apoiada pela grande maioria dos sócios (eu incluído). A decisão revelar-se-ia parcialmente correcta, o modo foi asqueroso, foi sacudir a água do capote de uma forma baixa. E assim terminou mais uma relação de amizade. Fernando Santos não voltaria a treinar em Portugal.

José Antonio Camacho

Destruída a base de Camacho, Vieira chama... Camacho, amigo pessoal, com quem havia passado férias, para liderar o futebol benfiquista. Sem Veiga à vista, era a altura ideal para trazer o homem-forte do banco e das decisões do futebol, para agrado dos sócios (eu incluído) que sempre viram no espanhol o Dom Sebastião que precisávamos. Podia ser fraco em termos tácticos, mas a garra e paixão que tinha, a capacidade ímpar em motivar atletas, era preciosíssima. O plantel era fraco, os melhores anos dos melhores jogadores já tinham passado e os melhores anos dos outros jogadores ainda não tinham chegado. Um misto de experiência e juventude que estava destinado ao fracasso desde início. Um jogador sul-americano precisa, regra geral, de um ano de adaptação quando chega à Europa. O Benfica trouxe, nesse ano, Cardozo, Di Maria, Maxi Pereira, Edcarlos, Andrés Diaz, Bergessio e o norte-americano Freddy Adu. Com tanta gente nova que nunca tinha jogado na Europa, não era de esperar um milagre. No entanto, ao contrário do que se faz crer, a segunda passagem de Camacho pelo Benfica não foi má. Claro que não foi positiva, longe disso, mas não foi tão má quanto a pintam. Nos 21 jogos que fez para o campeonato, Camacho averbou apenas duas derrotas. Muitos empates, mas deixa o Benfica à 22ª jornada e nos oitavos-de-final da Taça UEFA. Por que razão sai? Cansado, farto de não conseguir motivar os jogadores. Se Camacho não consegue motivar jogadores, quem consegue? Ninguém. Zangou-se e teve a hombridade de sair. Camacho sentiu-se sozinho, desamparado, sem o apoio dos jogadores nem da Direcção. Mais uma amizade de Vieira que ruiu.

Fernando Chalana

Camacho deixou o Benfica no segundo lugar da Liga depois de ter empatado com a União de Leiria (último classificado) na Luz e já depois de ter empatado em Alvalade. Tinha dois pontos de vantagem sobre o Guimarães e seis sobre o Sporting. Posto este cenário, o que fazer? Contratar um treinador já a pensar na época seguinte ou colocar um interino? A segunda opção foi a escolhida e Chalana assumiu os comandos do Benfica. Em má hora, dizemos hoje. Chalana averba 3 vitórias, 3 empates e 2 derrotas com o Benfica a cair para o quarto lugar final. Como se isto não bastasse, é humilhado em Alvalade por 5-3 na meia-final da Taça de Portugal depois de estar a ganhar por 0-2 ao intervalo. Chalana sairia da equipa técnica na época seguinte.

Quique Flores

Enrique Sánchez Flores foi o escolhido por Rui Costa, quando o ex-camisola "10" assumiu a pasta de director desportivo. O espanhol veio e mostrou-se um treinador bastante diferente de todos os antecessores, nomeadamente no que ao discurso diz respeito. Mostrou sempre uma atitude construtiva, mas os resultados ficaram muito longe das expectativas. Nas taças internas, foi eliminado na de Portugal pelo surpreendente Leixões, mas venceu a da Liga numa final memorável por todas as razões contra o Sporting. Mas as provas europeias foram a grande desgraça: apesar de ter conseguido o apuramento frente ao complicado Napoli, numa eliminatória marcada por muita violência na primeira mão e pelo talento de Reyes e Nuno Gomes na segunda, com os golos da vitória, a fase de grupos revelou-se uma tragédia. Um empate (com o Hertha) e três derrotas (com Galatasaray, Olympiakos de goleada e o desconhecido Metalist Kharkiv). No campeonato tenho uma opinião diferente da da maioria dos benfiquistas: acho que o Benfica, apesar do futebol de fraca qualidade que apresentava, só não foi campeão porque não deixaram, porque cortaram-nos as pernas quando nos podíamos isolar na liderança. Com o Nacional da Madeira, na Luz, Pedro Henriques anula mal um golo a Cardozo aos 90 minutos que deixaria o Benfica com 4 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, e depois no Dragão, com o Porto, há o célebre penalty fantasma de Yebda sobre Lisandro. Duas oportunidades de ouro desperdiçadas não por culpa própria, mas por culpa da arbitragem. O campeonato iniciou-se praticamente com a recepção ao Porto de... Cristián Rodriguez, que tinha saído do Benfica para vestir de azul-e-branco. E num jogo de nervos, em que Rodriguez foi humilhado (soube bem por acaso) o Benfica empatou com os dragões num jogo que fica na memória por metade da nossa equipa ter ficado completamente de rastos. Seguiu-se um excelente ciclo de bons resultados que colocou o Benfica na liderança, mas o empate imposto pelo Nacional na Luz (que referimos anteriormente) e a derrota humilhante contra o Trofense fizeram com que o Benfica descolásse da liderança. O empate no Dragão deitou por terras as esperanças, e de seguida a derrota em Alvalade desmobilizou os benfiquistas, fartos de promessas e más exibições. Derrotas na Luz com o Guimarães e Académica fizeram aumentar as nuvens negras, agora, mais que o título, o segundo lugar parecia longe, quatro pontos pareciam uma montanha uma vez que o Benfica não jogava nada. A Bola fez a sua campanha asquerosa para tentar despedir Quique, nem nas vitórias o largavam, lembro-me das parangongas "Exibição Miserável" depois da vitória contra o Estrela na Reboleira, o treinador espanhol estava condenado ao despedimento. Com a vitória na final da Taça da Liga pelo meio, o Sporting fez o choradinho que faz sempre e o Benfica ficou, naturalmente mal visto. Resultado? O Benfica vence seis dos últimos dez jogos, o Sporting venceu... nove. Esclarecedor. Quem não chora não mama. Os últimos dias de Quique pareceram um enterro. "O último take" e outras capas foram feitas. Com o lugar em risco, Quique sente-se ameaçado pelo treinador do Braga, Jorge Jesus, que é dado como cada vez mais certo na Luz. E aí, perde as estribeiras no Braga x Benfica da 29ª jornada, numa demonstração de outro Quique. Não lhe valeu de nada, acabou despedido pela estrutura, num processo que de pacífico e consensual teve muito pouco. Mais uma vez, ninguém ficou bem na fotografia. Jorge Jesus seria a personagem seguinte.

Jorge Jesus

Entrou na Luz com "a certeza de que seria campeão nesta casa", palavras do mesmo. E foi. Chegou, viu e venceu, como nos filmes. Pôs o Benfica a jogar mais do que o dobro e venceu com classe, a jogar um futebol de qualidade que não se viu desde havia 20 anos, com goleadas, com emoção, com a maré vermelha a invadir estádios. Foi um ano lindo, proporcionado por Jesus, o maior responsável pelo sucesso desportivo. A ele se aliaram e conjugaram todos os factores: contratações de grande qualidade como Javi Garcia, Ramires e Saviola, a confirmação de Di Maria e o aparecimento de Fábio Coentrão, vindo do "mundo dos mortos" do futebol. Cardozo numa grande forma, Aimar a estar próximo do Aimar dos tempos de Valência, David Luiz a fazer, finalmente, uma época completa a defesa central, Luisão num dos melhores momentos da carreira, Maxi em bom plano e até Quim salvou o Benfica por algumas vezes, como em Alvalade ou na Choupana. A nível interno o Benfica limpou a Taça da Liga e o campeonato. Na Taça da Liga ficam na memória as goleadas nas meias ao Sporting em Alvalade (1-4) e na final contra o Porto (3-0), no Estádio do Algarve. Vitória justíssima nesta prova. No campeonato, começou a tremer com um empate caseiro frente ao Marítimo e uma vitória no último minuto em Guimarães, mas seguiu-se o rolo compressor com os famosos oito ao Vitória sadino. Depois, goleadas atrás de goleadas, ao Belenenses, ao Leixões, ao Nacional, ao Marítimo, Académica, Olhanense, todos provaram do veneno do Benfica. O Braga não nos largou e foi um candidato duro de roer, mas há jogos que, pela força demonstrada, pelo querer e pela qualidade marcam esta época: em Olhão, num jogo de nervos, foi Nuno Gomes quem falou mais alto e deu o empate que nos deixava à frente do Porto antes do clássico; depois, frente aos dragões, Saviola mostrou toda a sua classe ao derrotar o campeão com um golo oportuno numa autêntica batalha num ambiente infernal e de dilúvio; frente à Naval, a equipa tem dois jogos memoráveis, primeiro na Luz com o golo da vitória no último minuto, autoria de Javi, e depois na Figueira, em que recupera de 2-0 para 2-4, muito graças a Weldon, o 1-0 ao Braga, com golo de Luisão, os 2-0 ao Sporting, de Cardozo e Aimar, enfim, a lista é gigantesca e como se pode ver, todos os jogadores tiveram acção directa importante no título. Mas a revolução de mentalidade, de atitude, de dinâmica de ganhar foi introduzida por Jesus, e por isso ele é o obreiro maior do título. O título só foi conseguido na última jornada, mas em beleza, com a vitória por 2-1 sobre o Rio Ave, com dois golos de Cardozo que conquistou A Bola de Prata, sucedendo a Rui Águas, o último benfiquista a ganhar o troféu. A nível europeu, o Benfica venceu com uma facilidade incrível a fase de grupos da Liga Europa e derrotou também com facilidade o Hertha nos 16-avos. Depois, na eliminatória seguinte, um dos jogos da década, com os encarnados a derrotarem o Marseille no Vélodrome por 1-2, numa das melhores exibições europeias da última vintena de anos. Cairíamos aos pés do Liverpool que soube dar a volta à eliminatória, não dando hipóteses a um Benfica colectivamente mais forte mas sem capacidade defensiva para superar os reds. Chegava ao fim uma época de ouro, a recordar os 60's gloriosos da nossa História.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Uma década de... grandes flops

Nesta década também houve grandes flops, alguns deles pelo que prometeram e não jogaram, outros pelo que simplesmente não jogaram e outros ainda pelo que custaram. Somados todos os atributos, eis o top-10 da marretice e aselhice no Benfica desta década:

10 - Edcarlos, o homem que acompanhava a bola com os olhos

Edcarlos chegou ao Benfica depois de ter sido considerado como o melhor em campo na final da Taça Intercontinental que opôs o São Paulo ao Liverpool. Defesa-central, brasileiro, acabou por se revelar o melhor amigo dos avançados contrários. Acompanhava os lances com os olhos, um número sempre arriscado e que nos custou alguns golos (Leiria, por exemplo). E jamais me esquecerei do dia em que resolveu acompanhar Ytalo por uns 50 metros, lado a lado, sem fazer nada. Um craque. Hoje espalha magia no Cruzeiro.

9 - Zach Thornton, nunca se percebeu para que veio

Não se sabe quem o trouxe, ao que veio, para que veio, como veio nem como se foi embora. Sei que esteve cá, mas nunca calçou as luvas neste magnífico período em que conheceu a Europa. Sobre ele sabemos apenas que era grande, mas não era grande coisa. Nem ao pobre Bossio conseguiu tirar o lugar no banco de suplentes.

8 - Marc Zoro, a debulhadora humana

E eis que chega Marc Zoro, a debulhadora humana trazida por José Veiga a custo zero. Brilhante aquisição. Custo zero sai sempre barato, não é? Bom, excepto quando se ganha quase 100.000 € ao fim do mês. Pudera, ninguém lhe pega hoje e estamos a contar os dias para que o seu contrato acabe. Tão depressa é emprestado ao Setúbal como se fala no interesse do Marselha, PSG, Juventus ou Bayern. Só gostava de conhecer o seu agente, podia ser que até eu fizesse carreira no mundo do futebol.

7 - Emanuele Pesaresi, faltavam adjectivos para o classificar

Este é um daqueles marretas inesquecíveis. Dois tijolos nos pés e uma dificuldade grave de locomoção que faziam dó. Mas este senhor que até chegou a ser treinado em Itália por Eriksson conseguiu um feito especial no nosso clube que nenhum outro atleta conseguiu: foi expulso na estreia e na despedida. E não estou a falar do mesmo jogo, infelizmente. Com tanto talento, hoje anda pelas divisões italianas inferiores.

6 - Paulo Almeida, Mr. Platini mas com dois pés esquerdos

Chegou com pompa e circunstância para ser o médio-defensivo chave da equipa de Trapattoni rumo ao título de 2005. Contratado ainda sobre a alçada de Camacho, Mr. Platini era o capitão do Santos e constituía a esperança benfiquista em ter um meio-campo mais sólido. Mas estamos a falar de Paulo Almeida. E quando se fala de Paulo Almeida fala-se em lentidão de corrida, de processos, de tudo. Um jogador das ligas amadoras de domingo. Depois de uma época nesse mítico clube brasileiro, o União Rondonópolis, hoje está a "jogar" no Irão.

5 - Everson, quando a comissão é boa...

Outro. Mais um jogador que se sagrou campeão sem saber ler, escrever ou jogar futebol. Tinha um percurso discreto no futebol profissional mas vinha rotulado de craque com um pé esquerdo fortíssimo, um soberbo marcador de livres. Mas nunca o vi jogar à bola ou coisa parecida. Depois de sair do Benfica foi sempre a descer, passou pela Suíça, Tunísia, e divisões inferiores da Alemanha e França.

4 - Ivan Dudic, quase conseguiu ser campeão

Provavelmente todos nos lembramos daquela terrível época de 2000/2001 em que levámos uma ensaboadela de Dudic até ficarmos tontos. Mas o facto é que este sérvio esteve por cá até... 2005! Sim, a treinar com a equipa B, mas a chupar milhares de euros todos os meses. Trazia bom currículo, mas esse não joga.

3 - Alejandro Escalona, o pior defesa-esquerdo da história do Benfica

Defesa-esquerdo chileno, o pior da história encarnada, Escalona fez aquilo que os chilenos tão bem sabem fazer: abrir buracos. Sempre que jogávamos com ele, a faixa esquerda tinha via verde. Será sempre recordado pela brilhante manchete do Record que dizia que tinha um pé esquerdo como o de Roberto Carlos e também pelo 6º lugar alcançado. A juntar ao ramalhete, conseguiu ter problemas com o passaporte, numa contratação típica de Vale e Azevedo.

2 - Carlos Bossio, o nosso maior pesadelo

Quando me falam em Bossio, a primeiro coisa ue faço é dar graças por ter jogado tão poucos jogos. Chegou em 1999 para ser titular da baliza encarnada, mas as suas qualidades ficavam à vista até nos treinos. Na estreia, substituiu Preud'homme no seu jogo de despedida e... pumba, um frango monumental. Sem surpresas, Enke, jovem alemão também ele contratado nesse ano para ser o suplente de Bossio, agarra a titularidade. E depois foi vê-lo penar no banco de suplentes e fazer um ou outro jogo quando o Benfica já tinha assegurado o segundo ou terceiro lugar. Só não ganha o prémio de maior flop porque até era bastante eficiente a chamar os colegas que estavam no aquecimento para as substituições. Provavelmente a única qualidade deste moço.

1 - Javier Balboa, o homem que já jogou no Real e no Benfica

Quando daqui a uns anos perguntarem a este atleta o que fez na sua carreira, ele responderá "joguei no Real Madrid e no Benfica". E pouco mais. Quique pediu e Vieira deu 4 milhões de euros por esta nulidade futebolística. Se era bom por ser rápido mais valia estar na secção de atletismo, porque na de futebol não tem utilidade nenhuma. O próprio Quique raramente apostou nele e quando o fez chegou a substituí-lo ainda antes do intervalo. Zero, zero, zero. Não vale nada. Pagava para que saísse do clube.

P.S. O meu agradecimento especial ao Shoky, que ajudou a elaborar este post.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma década de... grandes golos

Termina daqui a uns dias mais uma década. Como não há post em que não haja confusão já estou preparado para argumentar sobre a data do fim desta década, se foi a 31 de Dezembro de 2009 ou se será a 31 de Dezembro de 2010. Venham de lá essas teorias.

Mas este será o primeiro de um conjunto de posts que aqui aparecerão até ao dia 31 de Dezembro sobre o resumo de mais uma década de Benfica. Em forma de top-10, o post de hoje é sobre os 10 melhores golos desta década. E eles são...

10 - A força da técnica e a técnica da força, por Karadas - 24 de Outubro de 2004. O recém chegado Azar Karadas era ainda uma incógnita para muitos benfiquistas. A linha que separava o tosco do génio ainda não estava bem traçada, mas este golo deixou os mais cépticos rendidos ao norueguês. Mal saberíamos nós que afinal o nórdico era um semi-barrete.



9 - Apontar, disparar, fogo, de Mantorras - Na viragem da década anterior, o Benfica tinha contratado uma pérola angolana ao Alverca de seu nome Pedro Mantorras. Num jogo em casa frente ao Vitória de Setúbal, Mantorras apontou os três golos da suada vitória encarnada por 3-2 frente aos sadinos, mas um deles permaneceu na memória. O terceiro golo é num livre frontal a cerca de 30 metros da baliza. Mantorras frente à barreira e Marco Tábuas e... pum, um disparo gigantesco com a bola (ainda daquelas pesadas, pré-Fevernova) a sair disparada a uma velocidade estonteante. A bola entra entre a barra e a mão do guarda-redes, um golo memorável.

8 - Nem dez, vinte ou trinta, foram os quarenta metros de Laurent Robert - "Robert baaaaaaaaaaaaaate, gooooooooloooooooo!" Parece que ainda estou a ouvir o relato da Antena1 desse jogo. Livre frontal a mais de 40 metros da baliza de Vítor Baía. Robert enche-se de fé e remata a bola a uma velocidade incrível, com Baía a ficar mal na fotografia apesar dos desvios que esta sofreu no seu trajecto. Era a primeira vitória do Benfica sobre o Porto na Luz em jogos para o campeonato em alguns anos.



7 - O belissimo cappello de Miccoli - Num jogo como tantos outros, num estádio semi-vazio como tantos outros, há sempre um jogador que valia o preço que se paga por um bilhete. E Miccoli era esse jogador, proporcionava momentos de génio. Como este belíssimo chapéu em Leiria. Perfeito, sem espinhas.



6 - Di Letra de Di Maria - Três épocas de Luz, mas só numa delas conseguiu provar toda a sua categoria. Já o disse noutras ocasiões, Di Maria foi o jogador mais importante no 32º campeonato encarnado. Era o abre latas quando as coisas não sucediam como queríamos. E este foi mais um jogo em que exemplificou isso mesmo de que falo. Foi também na Liga Europa que Di Maria brilhou alto ao marcar este golaço. Classe, muita classe que hoje passeia por Madrid.



5 - Simplesmente Rui Costa - Rui Costa é sinónimo de arte. Foi provavelmente o último grande artista da velha guarda, um número dez com características únicas. O seu jogo era classe pura. E este golo é um excelente exemplo dos vários momentos de magia que nos deu ao longo de muitos anos de bom futebol. O golo do jogador que não sabia jogar mal.



4 - Pontapé de moinho rumo aos quartos, por Miccoli - A vitória e a passagem aos quartos estavam garantidos, mas Miccoli, com a classe que o caracterizava, decidiu abrilhantar as coisas ainda um pouco mais. Após passe (que até era um remate) de Beto, o italiano recebe a bola no ar e dispara um pontapé de moínho sem hipóteses de defesa para Reina. Caía o campeão europeu, levantava-se o campeão nacional.



3 - Corre corre, Saviola - Já vi muitos jogadores correrem desalmadamente para no final da jogada... falharem. Mas não daquela vez em que Saviola pegou na bola ainda antes do meio campo e fez aquilo que todos recordamos. Um golo que nem se faz na PlayStation. Que golo!



2 - Para inglês ver... e rever e rever, por Simão - O Liverpool teve oportunidade de contratar Simão Sabrosa no final da época de 2005. Não o fez. Felizmente para nós, diria eu. E infelizmente para os reds da cidade dos Beatles. O destino quis que o Benfica e o campeão europeu se encontrassem nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Depois da vitória por 1-0 na primeira mão, o Benfica deslocou-se a Anfield e escreveu uma página de História que tem tanto de belo como de inacreditável. Derrotou o Liverpool por 0-2, com um golão de Simão Sabrosa. Era o destino.



1 - Grande Petit - Quando em frente à baliza de Landreau, Petit recebeu a bola, todos pensámos para nós mesmos: "chuta Petit, chuta com força!". Era o seu hábito. De frente para a baliza e com algum espaço, Petit disparava em força e para golo. Mas não desta vez. Petit fez um golo do tamanho do estádio e o chapéu ao guarda-redes do PSG foi o golo mais mágico da década.



P.S. O meu agradecimento especial ao Shoky, que ajudou a elaborar este post.