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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Uma entrevista e pêras.... Muitas pêras!



Esta noite foi transmitida a primeira entrevista de Jorge Jesus para a nova época. A primeira imagem com que fico, é de que nada mudou. Passo então a explicar...

Jorge Jesus começa por fazer um balanço da última época, e considera-a positiva. Muito positiva mesmo, pois o Benfica chega às decisões. É verdade que chegámos às decisões, e isso é muito giro. Mas chegar lá, no Benfica, não chega. Não somos um clube de quase, somos um clube de títulos, e uma época que termina sem títulos é, necessariamente uma época má e daí não há volta a dar. Também é verdade que com Jorge Jesus o Benfica subiu no ranking. É verdade. Muito verdade! Mas de que serve argumentar que chegou ao Pote 1 da Champions, enquanto perder pontos com os Spartak's e os Celtic's desta vida. 

Face ao bloqueio de final de época, disse ironicamente que se fosse fácil bastava contratar um psicólogo. Posso estar errado, mas desde há um ano que Jorge Jesus dispõe de um motivador profissional no seu grupo de trabalho. 

Prosseguindo rumo à política desportiva do clube, Jorge Jesus fala correctamente quando diz que o Benfica só tem futuro se apostar em jovens e os potenciar. É verdade! Diz mesmo que o jogador alvo é o jogador de 19, 20 anos. O problema advém do facto de Jorge Jesus dizer que o Benfica procura estes talentos pelo mundo, palavras dele, ignorando totalmente que por cá também há talentos destes, nomeadamente no clube. E é incoerente quando diz que João Cancelo é demasiado novo para ser realmente aposta, quando tem 19 anos e é apenas 2 meses mais novo do que, por exemplo, Lazar Markovic. Utiliza a mesma argumentação para Jan Oblak, quando afirma que é demasiado inexperiente, e quando vimos o seu historial vemos que um número de jogos de primeira divisão semelhante ao que tinha Julio César quando chegou ao Benfica, e mais do que Roberto. Mais grave: descarta Jan Oblak por ser estrangeiro e tal facto complicar as contas de jogadores para a Champions, quando na realidade, Jan Oblak conta como formado em Portugal.

Quanto às suas qualidades, Jorge Jesus não hesita em assumir-se como potenciador de talentos. Mas não é verdade que só Saviola fosse já reconhecido internacionalmente: Garay, Ramires, Witsel, entre outros, já o eram. E Lima já apresentava bom cartel em Portugal.

Quanto à época que se segue, Jorge Jesus fala em ter uma equipa mais forte na época vindoura do que na época finda. Tem lógica: até agora só reforçou e não perdeu qualquer jogador fundamental da última temporada. Jorge Jesus mostra-se no entanto preocupado em perder Matic. Eu também estou. e há que reconhecê-lo, Matic é a verdadeira Masterpiece, de Jorge Jesus. Trabalho notável do técnico do clube. Ainda relativamente ao futuro, Jorge Jesus anuncia que o Benfica contratou já dois centrais. Mirkovic e Steven Vitória, pensei eu! Errado. Jorge Jesus anunciou a contratação de Lisandro Lopez, além da de Mitrovic já conhecida, e ignorou totalmente o central português, já contratado e apresentado, dando a entender, à posteriori, que apenas foi contratado por ser Português. No fundo, para encher chouriços... Falou ainda da situação Cardozo. E aí, mentiu. Sim, é verdade que o futebol do Paraguaio evoluiu com Jorge Jesus. Mas mente quando diz que ele não jogava. Nas duas épocas anteriores, Oscar Cardozo já era o ponta de lança com mais minutos de utilização no clube, e com certeza que não foi com JJ que Cardozo descobriu o rumo do golo: já vinha de duas épocas como melhor marcador.

Jorge Jesus diz ainda que o Benfica está próximo de conquistar a hegemonia do futebol português. Lá está, parece que importante é estar próximo. Eu não quero estar próximo, eu quero ganhar, e não é o meu clube que é tricampeão nacional.

Para finalizar, Jorge Jesus, num momento como este é ofensivo para os portugueses queixar-se do que desconta. E quando fala do 32º título ter sido consigo, convem recordar que já lá vão 3 épocas, e que com o seu trabalho é convidado para fóruns dos treinadores de TOP, quando um pino de nome Vítor Pereira foi convidado para os mesmos fóruns. Finalmente, não foi só com Jorge Jesus que chegámos aos quartos da Champions. Koeman também chegou lá, eliminando o, na altura, campeão europeu em título, e sendo também eliminado unicamente pela equipa que se viria a sagrar campeã europeia.

Como nota final: não compreendo como Jorge Jesus pôde conhecer o Museu Cosme Damião antes de mim.

Mas no fundo, eu quero é ser Campeão.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entrevista a António-Pedro Vasconcelos


António-Pedro Vasconelos, uma das mais famosas personalidades do cinema português, realizador de Jaime, Os Imortais, Call Girl ou A Bela e o Paparazzo, colunista do jornal Record, ex-comentador do Trio d'Ataque, acima de tudo, benfiquista. E se tem a sorte de trabalhar com Soraia Chaves, nós, no Eterno Benfica, tivemos a sorte que A-PV aceitasse uma entrevista da nossa parte. Questionado sobre as origens do seu benfiquismo e sobre a actualidade e futuro do nosso clube, respondeu assim:


Como e quando surgiu o Benfica na sua vida?

No final dos anos 50, perto dos meus vinte anos, quando saí de casa dos meus pais e comecei a pensar e a viver pela minha cabeça. Entre os sete e os catorze anos (a idade em que se começa a gostar de futebol), vivi em Coimbra. O meu pai era da Académica, clube pelo qual conservei uma grande simpatia até ao 25 de Abril, não só porque deu muitos e bons jogadores ao Benfica, porque era treinada por um homem notável, o Cândido de Oliveira, e jogava um futebol magnífico, mas também por causa do papel que teve na crise académica dos anos 60.
Mas, quando vim para Lisboa, os meus melhores amigos eram do Benfica e isso ajudou-me a dar comigo benfiquista. Depois, porque sempre fui democrata e de esquerda e o Benfica era o clube que melhor representava esses valores. O único, aliás.
Quando o Benfica se tornou campeão europeu em dois anos seguidos, eu vivia em Paris e isso reforçou a minha paixão pelo clube, até porque, naquela altura, o Benfica era um dos poucos motivos que tínhamos para ter orgulho em Portugal, sobretudo quando estávamos no estrangeiro.


Sente saudades do tempo em que o Benfica dominava o futebol nacional e internacional?


Até ao 25 de Abril, o Benfica foi o clube de resistência à ditadura, ao contrário do que apregoam os portistas que, pelo contrário, e como o Sporting e Belenenses, por exemplo, não só não tinham eleições, como tiveram presidentes afectos ao Regime e dominavam as estruturas dirigentes do futebol. Mas, ao contrário do que se passa há trinta anos para cá, esse domínio era repartido entre vários clubes e o Benfica impôs-se porque era o clube mais popular e porque foi, a partir da famosa geração de Coluna e Eusébio, de longe, a melhor equipa.
Nas últimas décadas, com a ascensão de Pinto da Costa à direcção do clube, o F. C. Porto ateou uma guerra contra a capital, fez apelo aos sentimentos regionais, e, sobretudo, construiu uma teia de poder que lhe permitiu dominar o futebol sozinho (embora com aliados que faziam o papel de “idiotas úteis”, como os comunistas chamavam aos aliados passivos), agindo fora das quatro linhas, o que ajudou a criar um clima de confiança, estabilidade, hegemonia e saúde financeira, e com isso construir equipas ganhadoras.
O Benfica, durante muito tempo, não teve dirigentes à altura de denunciar e combater os métodos do F. C. Porto, o que contribuiu para enfraquecer as suas equipas de futebol: Jorge de Brito, Damásio, Vale e Azevedo ajudaram objectivamente o F.C. Porto a consolidar o seu poder sobre o futebol nos últimos anos. Vieira apostou tudo no “Apito Dourado”, a primeira vez que uma investigação judicial revelava alguns dos métodos do F. C. Porto. Mas o facto de os dirigentes envolvidos não terem sido castigados foi um golpe pesado, porque encorajou a continuação de práticas anti-desportivas e de jogadas de bastidores que continuam, como se tem visto, a viciar resultados e campeonatos.
O Benfica tem pela frente um enorme desafio: liderar um movimento de credibilização e transparência do futebol português e, ao mesmo tempo, consolidar as vitórias num ambiente desfavorável e hostil, servindo-se da enorme implantação que o clube tem no país e fora dele. O Benfica tem que impor respeito aos seus inimigos e ser implacável com quem o prejudica. Num quadro de verdade e transparência, o Benfica tem tudo para voltar a dominar o futebol português.


E como, com que medidas específicas, é que o Benfica pode liderar esse movimento com o objectivo de devolver verdade e transparência ao futebol português?

De várias maneiras: fazendo aliados noutros clubes, combatendo a hegemonia da Olivedesportos, fazendo perceber aos inimigos do Benfica que não deixará passar em branco nenhuma manobra ilegítima para o prejudicar, denunciando infatigavelmente todas as formas de batota, retirando a confiança em pessoas que se dizem benfiquistas mas não servem o clube, como Fernando Seara, por exemplo, não deixando que comentadores afectos ao Benfica sejam impunemente perseguidos e sacrificados (casos de Ricardo Araújo Pereira e João Gobern, mas há outros mais graves), exigindo explicações dos dirigentes sobre situações inaceitáveis na arbitragem e na disciplina, batendo-se pela reforma do futebol nos órgãos próprios, denunciando com veemência todas as situações de violência física ou verbal, indo até aos tribunais quando for necessário (os cânticos anti-Benfica, com insultos torpes e grosseiros, entoados pelos jogadores do FCP têm que ser denunciados na Liga, na FPF, nos tribunais, junto do governo, na UEFA e na FIFA, por exemplo), agindo em vez de reagir, estando atento a todas a manobras de bastidores para viciar os resultados e para desestabilizar o clube, o treinador e a equipa, reforçando o gabinete jurídico, etc, etc. Numa palavra: profissionalizando a informação do clube, que tem que obedecer a uma estratégia concertada e permanentemente activa.


O que falhou ao Benfica 2011/2012 para não se ter sagrado campeão nacional?


Quatro coisas:

1. A inexistência de uma estrutura profissional de informação do clube, que saiba prever e antecipar as estratégias do F. C. Porto, que tem vivido, com sucesso, da criação de situações de conflito e do aproveitamento de todas as oportunidades que lhes damos para minar a confiança dos adeptos nos treinadores, jogadores e dirigentes, o que contribui para a constante desestabilização do clube e da equipa.
2. A inexistência de um verdadeiro director desportivo que, juntamente com o departamento de comunicação, proteja a equipa e o seu treinador. Nem Rui Costa nem Carraça cumpriram esse papel. O que se passou este ano, em que o treinador foi sempre deixado sozinho a “dar o peito às balas”, não se pode repetir.
3. O aproveitamento do voto de confiança que Vieira deu a Fernando Gomes e às estruturas da FPF (arbitragem e disciplina). O “voto de silêncio” em relação às arbitragens foi muito bem aproveitado para viciar os resultados a partir do último terço do campeonato. Sem isso, nunca este F. C. Porto teria ganho este campeonato.
4. Finalmente, o facto de o Benfica ter-se batido em três frentes na fase crucial do campeonato. Ao contrário do F. C. Porto, que foi afastado da fase de grupos depois de uma prestação vergonhosa, e do Braga, o Benfica teve que jogar, na fase decisiva do campeonato, sempre duas vezes por semana.


Jorge Jesus é parte do problema ou da solução?

Parte da solução, evidentemente.


Corrobora as críticas de que Jesus tem sido alvo, nomeadamente a sobranceria com que trata alguns adversários, a incapacidade de lidar com alguns jogadores do plantel e inclusivamente deficiências tácticas apresentadas durante os jogos?

Não. Acho que enfatizar eventuais defeitos do Jorge Jesus, como fizeram alguns benfiquistas no final da época passada, é branquear as vergonhosas arbitragens que “deram” o campeonato ao FCP e ignorar que, ao contrário do FCP e do Braga, o Benfica continuava na Champions, o que obrigava a equipa a fazer dois jogos por semana, quando os adversários mais directos tinham uma semana para recuperar. Veja-se o que aconteceu ao Barça e ao Real, que, apesar de terem duas das melhores equipas e dois dos melhores treinadores do mundo, foram afastados da final da Champions por terem sido obrigados a jogar o jogo do título três dias antes!
Toda a gente, e os treinadores não escapam à regra, tem os defeitos das suas qualidades. A enorme confiança que Jesus tem nas suas capacidades e na sua competência tornam-no, por vezes, autista e mesmo deslumbrado com a qualidade de jogo das suas equipas e com os bons resultados; a sua obsessão pelo treino e pelo jogo podem fazê-lo, por vezes, descurar a relação humana com os jogadores. Mas como treinador, pelo que sei, todos eles o respeitam e admiram.
Aliás, se o Benfica tivesse perdido o campeonato pelas más opções do treinador e pelas suas carências de comunicação no balneário e com a comunicação social, como é possível que um homem como Vítor Pereira, que é um treinador medíocre e um desastre como comunicador, tenha ganho o campeonato?


Como vê a presença e as funções de Rui Costa nos quadros do clube?

Com alguma perplexidade. Rui Costa foi um dos melhores jogadores de sempre, é um grande benfiquista, conhece bem o futebol mundial, é respeitado na UEFA e na FIFA, mas foi um erro de casting pretender que ele seria um bom director-desportivo. Devia ter um papel claro no Benfica: embaixador junto das estruturas internacionais e conselheiro para o futebol, nomeadamente para as contratações. Esta indefinição não se pode manter. Este ano, em nenhum momento Rui Costa “deu a cara” pelo Benfica.


Após longos anos de ligação à Olivedesportos, o contrato que liga o Benfica à empresa de Joaquim Oliveira está a chegar ao fim. Em que condições deve o Benfica renovar este contrato?

O problema da negociação dos direitos é complexo. É óbvio que a Olivedesportos é um aliado do F. C. Porto. A parcialidade das filmagens, dos comentários, das repetições, dos resumos e dos jornalistas no flash-interview não podem ser toleradas. Mas é preciso ter em conta dois factores: nenhum clube tem condições para negociar sozinho os direitos televisivos. Sozinho, dificilmente o Benfica obterá valores compatíveis com as suas legítimas exigências. Mas há valores que se sobrepõem ao mero cálculo do encaixe financeiro.
Em segundo lugar, é preciso que os benfiquistas percebam que, mesmo que o Benfica não renove o contrato com a Olivedesportos, Joaquim Oliveira continuará sempre a ter os direitos das transmissões dos jogos fora e de outras competições nacionais ou internacionais que a Olivedesportos venha a adquirir. E que a ruptura com a Olivedesportos representa “comprar uma guerra” e exige que o Benfica esteja preparado para que, nesses jogos, a parcialidade das filmagens, dos comentários, das repetições, dos resumos e dos jornalistas no flash-interview, se agrave. Sou favorável a que não renove, mesmo se isso tiver, a curto prazo, custos altos para a SAD, mas entendo que, se o fizer, os sócios devem ser consultados ou, pelo menos, postos ao corrente do que está em jogo.


Não o preocupa ver os postos de direcção do clube serem ocupados por indivíduos cujo clube do coração não é o Benfica? Casos de Domingos Soares de Oliveira, Paulo Gonçalves, António Carraça, por exemplo.

Em certos lugares, não. Tal como o treinador e mesmo os jogadores, que não têm que ser necessariamente adeptos do clube, alguns funcionários qualificados devem ser escolhidos pela sua competência e não pela sua cor clubista. Mas, sem comentar nomes, faz-me confusão que não haja mais gente nalgumas estruturas-chave da organização do clube e da SAD a “vestir a camisola”.


E em termos de competência, acha que os dirigentes supracitados têm feito um bom trabalho? Não haverá benfiquistas mais competentes para os cargos?

Como deve calcular, não tenho dados suficientes para falar da competência de pessoas que trabalham para o Benfica. Nem o faria publicamente. O que posso dizer é que o Benfica tem uma falta de estratégia e um timing deficiente na comunicação do clube, uma deficiente protecção do treinador, e falta-lhe uma estrutura profissional ao nível da informação que antecipe, previna e reaja à batota e à intoxicação.


Compreendeu o apoio demonstrado por Vieira a Fernando Gomes?


Sempre me fez confusão, e disse-o, que um homem com o passado de Fernando Gomes, portista confesso e envolvido directamente no “Apito Dourado”, cujo primeiro acto na Liga foi de afastar Ricardo Costa e de criticar a sua actuação, que acaba de nomear Tiago Craveiro, conhecido no meio como o “cachecol do F. C. Porto”, para seu assessor, que permitiu, sem comentários, que as arbitragens (e a disciplina) durante os seus dois anos de mandato fossem vergonhosamente sectárias, tivesse condições para fazer a revolução necessária, e que o Benfica reclama, nas estruturas, nas leis e nos regulamentos do futebol.
Em meu entender, Gomes abusou da confiança de Vieira. Como escrevi há dias no “Record”, “no ano passado, depois de, na época anterior, o Benfica ter sido descaradamente prejudicado pelas arbitragens, Vieira decidiu, num gesto de pacificação, não comentar as arbitragens, e esse silêncio foi aproveitado para branquear um campeonato viciado. O Benfica não pode deixar que a boa-fé do seu Presidente seja usada contra os interesses do clube. É altura de concluir que o benefício da dúvida dado a FG acabou.”


Concorda com os actuais estatutos, nomeadamente com a distribuição do número de votos pelos sócios mais antigos?


Acho que, num clube, a antiguidade dos sócios deve contar. E concordo que, numa eleição para Presidente do clube, se exijam condições especiais de idade, antiguidade e continuidade. Mas essas condições não podem ser mais pesadas do que as que se exigem para o Presidente da República. Sobretudo, o timing e as condições em que os estatutos foram alterados não foi o mais feliz nem o mais correcto. Eu disse-o na altura.


Foi recentemente acusado de ter “virado a casaca” ao manifestar apoio a Luís Filipe Vieira em algumas intervenções públicas. Como explica a sua mudança de posição?

Eu fui apoiante de Vilarinho e, depois, de Vieira, nas primeiras eleições. Mas, no penúltimo mandato, discordei de algumas opções e disse-o publicamente: o despedimento de Fernando Santos e a contratação de Camacho e, depois, de Quique Flores; a nomeação de Rui Costa para director-desportivo, como já disse; a forma como convocou antecipadamente eleições em 2009 e a mudança dos estatutos que fez aprovar, pelas razões que apontei acima.
Entretanto, Vieira contratou e manteve Jorge Jesus, reforçou o plantel, criou um Fundo de jogadores, fez óptimos encaixes financeiros (em grande parte, graças ao trabalho de Jesus), investiu na recuperação da memória do clube (o trabalho dos arquivos é notável e vai inaugurar um Museu que será um dos maiores, senão o maior do mundo), chegou quase aos 250 mil sócios, e apesar da decepção do último campeonato, manteve a confiança no treinador. Com Jesus, o F. C. Porto percebeu que nunca mais pode dormir descansado. Mas, como digo acima, se Vieira ganhar, resta muita coisa a fazer no próximo mandato, no plano da informação e da direcção do futebol.
Nunca fui um anti-Vieirista primário. Ponho o que julgo, em cada momento, serem os interesses do Benfica acima de tudo. E entendo que se alguém mudou foi Vieira. Para melhor. Eu não.


Mas faz depender assim tanto o apoio que dá ao presidente pela escolha do treinador, neste caso, Jorge Jesus? Ou, por outro lado, se Jesus tivesse sido despedido no final desta temporada, teria mantido o seu apoio a Vieira?


Vieira cometeu um erro fatal quando despediu um dos melhores treinadores portugueses, Fernando Santos (se houvesse dúvidas, bastava ver o trabalho que ele está a fazer na Selecção grega), na primeira jornada de um campeonato, e não ia repetir esse erro, quando tem, finalmente, um dos melhores treinadores portugueses. O treinador não pode continuar a ser o bode expiatório dos desaires da equipa, o que serve apenas para adiar soluções e evitar analisar as verdadeiras razões desses desaires. Portanto, é uma hipótese que nem ponho. Despedir Jesus? Para vir quem?


Dez anos de Vieira, dois campeonatos e uma Taça de Portugal. Isto não lhe parece manifestamente pouco? Se sim, por que motivo continuar a apostar neste presidente?

É pouco para aquilo que o Benfica representa, para o futebol que joga e para as expectativas que o futebol de Jesus criou. Mas as razões, repito, têm que se encontrar onde elas estão: no escândalo das arbitragens e nalgum amadorismo que o Benfica continua a revelar no modo como gere a informação para dentro e para fora do clube.
Acrescento uma coisa: apesar de nenhum benfiquista (nos quais me incluo) se contentar com estatísticas, e de a frustração dos últimos dois anos (depois das expectativas que a equipa legitimamente havia criado) não se limpar com números, a verdade é que, desde que Jesus tomou conta da equipa, o FCP nunca mais pôde dormir descansado. E, em termos de resultados (relação entre vitórias, empates e derrotas), Jesus é o terceiro melhor treinador do Benfica dos últimos 40 anos. Só fica atrás de Jimmy Hagan e de John Mortimore, e surge à frente de Lajos Baroti e de Eriksson. Isso tem que querer dizer qualquer coisa.


Gostaria que fossem apresentadas outras listas além da de Vieira às próximas eleições? Se sim, quem é que gostaria de ver à cabeça dessas listas?

Claro que gostaria. Eleições democráticas e disputadas é uma coisa que está no ADN do clube. Mas, a aparecer, terá que ser alguém credível. E, até agora, ninguém anunciou que se poderia candidatar.
Não estou a pensar em ninguém nem é essa a minha preocupação. Apoio Vieira e espero que ele perceba finalmente o que está mal e que tem que ser corrigido neste novo mandato. Se o fizer, pode sair pela porta grande, como um dos melhores presidentes do clube. Senão, pode sair sem glória. Mas acredito que tenha aprendido.


Por que motivo deixou o programa Trio d’Ataque da RTPN? Sentiu-se, por alguma vez, pressionado dentro do programa, para que não desse a sua opinião ou revelasse algum dado importante?

Nunca fui pressionado, nem recebi “ordens” da direcção, como fazem alguns comentadores de outros clubes, e isso é uma das coisas que me fazem ter orgulho em ser benfiquista, como disse no programa em que me despedi. Já tinha pensado deixar o “Trio de Ataque” porque estava a tornar-se um programa igual aos outros, porque os representantes dos outros clubes não revelavam independência e porque a defesa que o representante do Sporting fazia dos interesses do F.C. Porto me parecia obscena.
Mas, como disse na altura, em directo, precipitei a saída quando soube que o governo se preparava para privatizar um canal da RTP e queria estar á vontade para defender o Serviço Público, sem poder ser acusado de servir interesses pessoais.


Se o actual Benfica fosse um filme, qual seria?

Porquê o actual? Tal como para a águia-real, “O Céu é o Limite”!


Em poucas palavras…

Um jogo: O 3-6, no Sporting-Benfica de 1994.

Um título: Sem esquecer os títulos dos anos 60 e 70, que se tonaram uma banaldiade, o de 94 e o de Jesus, há dois anos, que espero ver repetido nos próximos dois anos, pelo menos.

Um jogador: Eusébio, claro, que fez esquecer Coluna, que era um génio. E Chalana, nos tempos modernos.

Um treinador: Sem falar de Bella Guttman e de Otto Glória, que são eternos, acho que Jorge Jesus é o melhor treinador que passou pelo Benfica de há pelo menos trinta anos para cá.

Um dirigente: Borges Coutinho.

Um sonho: Assistir um dia (e que seja próximo) ao castigo dos batoteiros. Ver a verdade desportiva voltar ao nosso futebol. Com isso, o Benfica pode voltar ao lugar que merece. Sem isso, arrisca-se a perder mesmo quando joga melhor.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Rui Gomes da Silva e Leonor Pinhão

Os blogs Novo Geração Benfica e Ontem vi-te no Estádio da Luz levaram a cabo duas entrevistas inéditas na blogosfera, a Rui Gomes da Silva e Leonor Pinhão, respectivamente. É de saudar o trabalho levado a cabo pelos bloggers em questão e a disponibilidade (ou interesse...) dos entrevistados em responderem às perguntas efectuadas. Duas entrevistas muito diferentes na forma e no conteúdo, como não poderia deixar de ser, até pelos entrevistados.

Começando pela entrevista no Geração Benfica, diga-se que a estrutura da mesma está muito bem conseguida, questionando RGS nos pontos mais importantes, havendo uma linha de raciocínio que é facilmente seguida. Ainda assim, faltaram algumas questões importantes. Por exemplo, o que diria o Rui Gomes da Silva de 2000, forte contestatário de um Benfica amorfo e sem campeonatos ao Rui Gomes da Silva de 2012, que apoia o presidente que matou a democracia no Benfica e que não trouxe grandes novidades em termos de campeonatos? Ou se é verdade que se reuniu com outras figuras benfiquistas em 2009 para buscar uma alternativa face a Vieira, que era visto como alguém que estava a mais no clube? Não foi perguntado, mas talvez surjam, brevemente, revelações interessantes no mesmo blog. Globalmente, reforço, foi uma entrevista bem conseguida em que foram abordados os principais temas da actualidade do clube. Pena que o entrevistado não tenha estado à altura. Ou por outra, se quisesse, talvez até poderia ter estado, mas não quis. E RGS foi aquilo que aprendeu a ser ao longo da vida: um político. Respostas politicamente correctas, finatando as questões como Pablo Aimar finta adversários no campo, evadindo-se da marcação adversária como Rodrigo. Se estava a responder na condição de sócio e não na de vice-presidente (como se fosse possível dissociar a pessoa do cargo, acredite quem quiser), não parecia. Mas compreendo a motivação da entrevista: [tentar] limpar a imagem junto da blogosfera que não raras vezes vilipendiou no programa O Dia Seguinte. Lembra-se de dizer que havia blogs com uma candidatura por trás? Não foi há décadas, anos ou meses. Foi há poucas semanas. E se calhar, quem sabe, até foi sobre o Novo Geração Benfica, blog que aproveitou para "polir" na passada segunda-feira à noite no supramencionado programa da SIC Notícias. Pegando numa frase muitas vezes dita pelo nosso presidente, caro Rui, "as pessoas precisam de ter memória". E eu não esqueço. Para ler, aqui e aqui.

Já no Ontem vi-te no Estádio da Luz, o Ricardo foi o Ricardo e a Leonor Pinhão foi a Leonor Pinhão. Perguntas incómodas, "rasgadinhas", respostas à letra, umas vezes sinceras, outras em que preferiu esconder o jogo. Mostrou que acredita em Vieira mas que não segue cegamente tudo o que o presidente faz, como se pode ler nas respostas dadas quanto à renovação dos direitos televisivos ou quanto ao apoio a Fernando Gomes. A não perder, aqui.

P.S. O próximo blog que quiser entrevistar Luís Filipe Vieira, que envie as perguntas directamente para João Gabriel, poupa trabalho a todos.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Valeu pelo Fernando "Viagra"

Foi demasiado curta a entrevista dada por Luís Filipe Vieira a Judite de Sousa, esta noite, na TVI. Esperava mais. Apesar de a entrevista ter sido frenética, num ritmo pouco habitual, durou pouco tempo para os benfiquistas perceberem o que se está a passar com o negócio de Júlio César. E posso ter sido eu a perceber mal, mas até houve uma pequena contradição: primeiro, LFV referiu que não havia intermediários na transferência, depois falou num tal de Cristo que negociou o jogador pedido por Jesus com clube da Cruz de Cristo. Hã?!

Gostava que tivesse respondido a algumas questões que deixou em aberto e não gostei de o ouvir vitimizar-se outra vez, falando na família. A imagem que fica é a de um presidente que se desculpa demasiadas vezes. E num clube como o Benfica, as desculpas evitam-se. Ficou também garantido que Coentrão só sairá pela cláusula (30 milhões, alguém acredita?), sendo que finalmente reconheceu que houve erros graves na preparação da época, algo que já aqui tínhamos dito e antecipado antes de o campeonato ter começado.

P.S. Os jogadores são como melões? Isto diz bem do critério usado nas transferências...

P.P.S. Fernando Viagra? Muito bom.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Um Bagão Félix à Benfica

«Em vez de comprar um kit de jogadores sul-americanos ou outra nacionalidade, com esse dinheiro todo comprava um craque, que resolvesse jogos, que chamasse multidões e amanhã pudesse ser transferido por um valor mais alto.»;

«Lembro-me do Thern, do Schwartz, do Magnusson...Agora não interessa apostar nesse mercado, os jogadores são baratos e as contratações estão dependentes do valor da comissão»;

«Confrange-me é o Benfica servir de alavanca de empolamento para transacções que depois não são para nós. O Benfica não pode servir de isco aos empresários inflacionadores»;

Alguma vez pensou em ocupar a cadeira da presidência do clube?
-Pensei, pensei..:Cheguei a encarar essa hipótese. E tinha vontade. Acontece que preciso de trabalhar para ganhar o meu dinheiro, não tenho bens para além do meu trabalho e, em Portugal, infelizmente, isso inviabiliza uma candidatura. Na altura em que pensei nisso, a questão colocou-se assim.

Bagão Félix concedeu uma entrevista ao jornal A Bola em que aborda diversos aspectos da gestão do Benfica. Como é seu hábito, falou bem, disse as verdades de forma correcta, abordou os assuntos de forma inteligente e, mais do que criticar, apontou saídas, indicou o caminho, deu soluções. Para azia de muitos, alguns dos quais benfiquistas, que não suportam nem toleram que se diga que nem tudo o que o Benfica faz está certo. E como é hábito nesta gente, à falta de melhor, criticam-se fait divers idiotas: desde a "cor" política, a altura, a voz, enfim, um chorrilho de disparates. O que é importante, ou seja, as ideias, ficam de fora. Nem vale a pena analisar as ideias de alguém que não segue a corrente. Porque os que não o fazem são, nas palavras dessa gente intelectualmente superior, "abutres", "anti-benfiquistas" e outros disparates. Ao estilo Salazar, estão a ver? Gente sem coluna vertebral.

Num clube democrático tem de haver voz para todos. Não significa isso que se acolha toda a gente que pensa de maneira diferente, claro está. Mas tentar calar ou menosprezar a opinião válida e ainda por cima correcta de alguém como Bagão Félix recorrendo a argumentos baixos é idiota. Dizer que é um "betinho" é um atestado de estupidez tão grande, é cuspir na presidência de grandes senhores como o Dr. Borges Coutinho, entre outros.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Uma das piores entrevistas que vi na vida

E a culpa nem é de Luís Filipe Vieira. Que raio de preparação de entrevista por parte de Rodrigo Guedes de Carvalho foi aquela? Numa altura em que tanto havia para falar sobre a actualidade do Benfica, a SIC reservou um espacinho de 25 minutos para o presidente do Benfica responder a um par de perguntinhas. Perguntas essas que pareciam ter sido feitas hoje de manhã depois de ter lido as capas do Record e do Correio da Manhã: "então houve interesse por Simão e este foi vetado por Jesus?", "o Benfica vai virar-se para o mercado russo?", o que foi aquilo? "Mercado russo" depois do mercado ter fechado é um pouco absurdo.

A juntar a isto, quase metade do tempo foi passado a falar de fait-divers que, podendo (e devendo) ser abordados, eram questões de segundo plano. A selecção, Queiroz, Laurentino Dias, tudo questões que pouco dizem aos portugueses, em visível afastamento com "a equipa de todos nós", dizem ainda menos aos benfiquistas neste momento. Basicamente, o que interessava desta entrevista foi abordado em dez minutos, o resto foram questões secundárias. Em relação ao que Luís Filipe Vieira disse, eis o melhor e o pior:

Muito Bom: O desprezo mata Pinto da Costa, e aqui Vieira esteve "cinco estrelas". "Ignoramos tudo o que daí vem.", afirmou o presidente. Também esteve bastante bem ao levantar o véu sobre o negócio Di Maria, faltou apenas referir em que condições é que as cláusulas estipuladas são activadas.

Bom: Caso FPF/Queiroz/Laurentino Dias/Luís Horta. Percebeu-se, oficialmente, a posição do Benfica: atacar o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, e o presidente do ADoP, Luís Horta, pelas posições tomadas no caso Nuno Assis e ainda pelo não-envolvimento do Apito Dourado no caso do primeiro. Pode não ser bonito, mas defende os interesses do Benfica, esteve bem aqui, LFV.

Razoável: A mensagem dada no final da entrevista sobre a arbitragem, apesar de estar bem direccionada, devia ter sido abordada noutra altura, pareceu encaixada "a martelo". O negócio de Eduardo (e Evaldo?) também foi razoavelmente gerido.

Mau: A questão Roberto. Vieira não deveria ter falado tanto tempo do jogador, neste momento. Na véspera de um jogo que tem tanto de difícil como de importante, penso que o presidente, como figura máxima do clube, não deveria ter dado tanta importância ao caso. Era mais simples ter dito "Roberto tem toda a nossa confiança, é um excelente guarda-redes e não é caso nenhum, é um jogador como qualquer outro." Matava-se logo o caso à nascença, mesmo que o que fosse dito não correspondesse à verdade.

Muito Mau: Logo no início da entrevista, após a questão das quatro derrotas consecutivas, Vieira respondeu como adepto e não como presidente. Não pode ser. Esteve melhor no final da entrevista ao voltar a abordar o tema, mas aqui a resposta soou a má desculpa (apesar de termos sido efectivamente prejudicados). Quero que o Benfica, no local e no momento oportuno, se queixe das arbitragens, não ali num Jornal da Noite.

Concluindo, esta entrevista serviu para muito pouco, como tinha referido antes de ela acontecer. Não esclareceu, foi insípida, curta e cheia de questões de importância menor, o que revelou má preparação por parte do jornalista. Foi pena, mas também não esperava mais que aquilo. Alguém esperava?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Entrevista a Luís Filipe Vieira

Hoje, no Jornal da Noite da SIC, Rodrigo Guedes de Carvalho vai entrevistar o nosso presidente Luís Filipe Vieira. Num tempo de alguma contestação e de algumas decisões polémicas, questiono-me sobre a necessidade desta entrevista. Pode parecer um contra-senso, mas não é. Vieira costuma, ao contrário do que é ventilado por aí, sair-se bem nestas entrevistas, pode não ser o mestre das palavras, mas consegue fazer chegar as suas ideias aos sócios e adeptos. No entanto, numa altura destas em que a situação no futebol não é preocupante (muito por "culpa" de Jorge Jesus), e ainda por cima na ante-véspera de um jogo tão importante como o de sexta-feira, qualquer palavra pode ser mal interpretada e servir de foco de instabilidade, pois "temas quentes" como Roberto, o mau arranque de campeonato, a proximidade entre Jorge Jesus e Pinto da Costa poderão e deverão ser abordados.

Independentemente disto, há uma série de questões que eu gostaria que fossem discutidas entre os sócios (nos blogues, por exemplo) e efectuadas numa futura AG: algumas questões como termos exactos dos negócios Roberto, Rodrigo, Alípio, Ramires e Di Maria, notícias sobre a rejeição de Jesus a Simão, apoio a Carlos Queiroz e Fernando Gomes, o actual passivo, função de Rui Costa, direitos televisivos, explicar a conversa das cláusulas de rescisão, a compra do restante passe de Mantorras e as suas declarações, Benfica Stars Fund e ainda a falha na transição júnior-sénior de quase todos os jogadores.

Os sócios preocupam-se com o Benfica e não sendo como objectivo ter o poder de tomar as decisões, é natural que queiramos ver simplesmente esclarecidas algumas dúvidas. Com seriedade, educação e sem fugir às questões, era isto que gostava que fosse perguntado e respondido numa próxima AG.

quarta-feira, 31 de março de 2010

"Já não nos víamos há alguns anos"

Foi assim que Judite de Sousa começou. Cordial e amigavelmente, ao contrário daquilo que vem sendo hábito nos últimos dois anos, onde se tem demonstrado mais agressiva. Em vez de entrevistar ou perguntar e encostar o entrevistado à parede, Judite de Sousa conseguiu durante boa parte do programa complementar o raciocínio débil de Pinto da Costa. É o que acontece quando alguém não sabe separar devidamente as águas, separar o trabalho do clubismo.

O diálogo (chamar àquilo "entrevista" é um bocadinho forçado) foi perto do esperado pela maioria das pessoas. A palavra "Benfica" foi a mais mencionada durante os 45 minutos que durou o programa. Mas à parte do que o senil disse, e o que disse não interessa, sempre me ensinaram que ouvir maluquinhos não é boa ideia, olhando para Pinto da Costa vê-se todo um destroço humano à beira do colapso. Velho, frágil, parece um daqueles idosos que de bengala se aguenta, mas se vier um bocadinho de vento abana e cai redondo no chão.

Só consegui ver 15 minutos daquilo, mas o discurso de Pinto da Costa mantém-se igual desde o início. Inclusive a maneira como se referiu a LFV, dizendo que não se lembra de o ter convidado ou de ter estado em casa dele (isto faz-me lembrar qualquer coisa). Ou a maneira patética como argumentou sobre a qualidade do plantel do FCP, demonstrando que havia jogadores nas selecções (A. Pereira no Uruguai, Varela em Portugal, "Falcao no Paraguai"), esquecendo-se que há quem meta dois na do Brasil e Argentina, etc.

Basicamente foi a prova cabal de que há quem não esteja em condições para o cargo. A senilidade apoderou-se do homem. Voltou o discurso do ódio a Lisboa e ao presidente da câmara do Porto. Sinais da crise.

Vieira passa no "exame" de Miguel Sousa Tavares

Não foi propriamente difícil o "exame" que Miguel Sousa Tavares impôs a Luís Filipe Vieira. Fiquei surpreendido com a atitude do jornalista afecto ao FC Porto que, mesmo não escondendo a sua cor clubística, soube separar minimamente as águas, não obstante ser visível que esperava um ou outro deslize de Vieira para poder explorar esse assunto onde o presidente do Benfica se mostrasse menos confortável.

Claro que se espera de um jornalista que saiba levar a isenção ao máximo no seu trabalho. Sousa Tavares não o fez, mas, para meu espanto, e conhecendo o seu trabalho como conheço, fiquei surpreendido com a actuação do jornalista: não foi rude nem mal-educado e, sobretudo, foi um bom entrevistador, soube deixar falar, algo pouco comum na maioria dos jornalistas.

Sobre a entrevista em si, parecia existir pouca formalidade e um quase um pacto de não-agressão, mas um grande à-vontade entre ambos. Vieira começou muito bem ao deixar clara a sua posição em relação a José Eduardo Moniz, mas patinou no tema Rui Costa: parece que o ambiente entre ambos não é, ou pelo menos não foi, o melhor durante muito tempo, especialmente na questão Quique vs. Jesus. O presidente do Benfica teve tempo ainda para brilhar noutros temas, como Jesus, Falcao, Hulk, e ainda os dois onde se sente como peixe dentro de água, o Apito Dourado e a Economia do Benfica, com o famigerado e já aguardado ano de 2013, onde o encaixe por receitas televisivas será grandemente ampliado.

Soube ainda fazer uma diferenciação muito importante, a meu ver, entre o FC Porto e o seu presidente, Pinto da Costa, e ainda teve tempo para não fechar a porta, nem pelo contrário dar a mão a beijar, a Fernando Gomes, candidato a presidente da LPFP e mais que provável vencedor nessa corrida.

Resumindo, gostei da entrevista, do entrevistador, bela surpresa, e do entrevistado, que apesar de não ser tão eloquente como desejaríamos, sabe, ou melhor, tem vindo a aprender, o momento exacto para usar da palavra. Esteve bem Luís Filipe Vieira, ele que nesta entrevista ainda abriu a porta a mais uns quantos mandatos. Hoje saiu vencedor.